Domingo, 27 de Março de 2011
in Todos Somos Portugal
Carreira
Em qualquer actividade das nossas vidas, com excepção do futebol, uma carreira inicia-se pelos níveis mais baixos. Naturalmente, o contrário, iniciar-se por cima, sem conhecimentos, experiência, preparação e maturidade, reduz a possibilidade de sucesso. Ultimamemente em Portugal, acontecem, com alguma frequência, situações deste tipo a nível de treinadores e dirigentes. O facto de alguém ter sido um grande ou mesmo um extraordinário jogador de futebol não lhe confere, de imediato, garantia de êxito numa dessas actividades, assistindo-se, nalguns casos, a um desmoronar de uma imagem construída por muitos anos de trabalho, sacrifício e qualidade alcançada dentro do terreno de jogo. Misturar e confundir esta situação por parte de outros, num bajular inacreditável, é ainda mais grave porque não passa de um oportunismo descarado de quem o faz deliberadamente, omitindo dessa forma inconsequente os princípios basilares da vida e do profissionalismo.
Violência
Venha de onde e de quem vier é sempre para lamentar e condenar. Seja de que tom venha vestida, quais os trajes que utilize, é uma situação que choca. Estando no estrangeiro e sabendo e vendo as notícias, mais espanto causa, dado que a distância ajuda a afastar-nos de estados de espírito que têm muito com a guerra e pouco com o desporto, e o futebol, embora profissional, é e será sempre um desporto. Nada me comovem todos os apelos contra a violência que por aí se fazem porque, na realidade, não é difícil encontrar os culpados. Não nos esqueçamos que a violência puxa pela violência e se há gente descontrolada, ela existe, no norte, no centro e no sul do país. Só um dia, quando algo de verdadeiramente grave surgir, como já aconteceu, por exemplo, numa final da Taça de Portugal, lamentaremos a ineficácia daqueles que a vários níveis vêm protelando medidas mais duras e necessárias. Se nada se fizer e se continuarmos a olhar e a assobiar para o lado, esse dia chegará e aí, embora tarde, tomaremos medidas e procurar-se-ão culpados. Como disse, provavelmente tarde de mais.
publicado por Luis Moreira às 11:00
editado por Carlos Loures às 09:49
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Quinta-feira, 23 de Setembro de 2010

Na noite de terça para quarta assisti a algo de indescritível num dos canais da Sportv. Uma reportagem de um combate de kickboxing entre crianças, com idades bastante baixas, de certeza entre quatro e seis anos. O "combate" disputou-se no Casino Solverde, penso que em Espinho, e o que vi foi verdadeiramente lamentável. As duas crianças davam murros e pontapés e uma delas, a mais pequena, olhava permanentemente para fora das cordas tentando encontrar, concerteza, o pai. Bem triste. As imagens não dignificaram nem o desporto nem todos os que colaboraram naquele triste espectáculo.
Essa tristeza, aí em cima , que fui buscar ao" Todos Somos Portugal" do Carlos Godinho, é o resultado de os paizinhos quererem à força que os filhos lhes preencham as frustações que lhes ficaram de, eles próprios, não terem tido a coragem de andar ao murro e ao pontapé .É ver os miúdos a correr para os treinos de captação de talentos dos grandes clubes; ver os miúdos e miúdas em filas de espera à porta dos "castings" para novelas e filmes; para modelos, enfim, para tudo que dê dinheiro sem trabalho,sem estudar, para preencher o ego e a vaidade aos paizinhos.
Em muitas reuniões de pais eu ficava chocado com o que os pais diziam sobre o que queriam para os filhos, nenhum falava em alegria de viver, ser feliz, deixar os miúdos serem miúdos, todos queriam que o filho fosse o próximo Einstein...
Nestas condições, sonhos perdidos, amargura quanto baste, acabam na violência, no abandono escolar e na droga.
Há bem pouco tempo lemos na imprensa o desejo de uma jovem de catorze anos, com o apoio incondicional dos pais, querer dar a volta ao mundo num veleiro, sozinha, meteu tribunais e tudo o que é comunicação social, tudo o que contribua para que, no fim da aventura, se tudo correr bem, o livro que se vai escrever venda muito e bem, que os convites para os shows televisos sejam pagos milionariamente e que ,os paizinhos fiquem muito orgulhosos de terem posto a vida da filha em perigo com a sua estupidez e a bolsa cheia ...
Sexta-feira, 3 de Setembro de 2010
Luis MoreiraQuerem tirar as crianças gordas aos pais. Boa! Nem eu me lembrava de tal genialidade. E os magros, muito magros, e os filhos dos alcoólicos, e os filhos dos desempregados e os filhos de casais onde existe violência doméstica, e os filhos de pais solteiros, e de pais fumadores? Tudo para a Casa Pia! Sim, porque se os tiram aos pais para algum lado irão, digo eu, que ainda não estou em mim após esta ideia genial de tirar os filhos aos pais.
E educar os pais, ensinando-os a não beber? e ensinar os pais que se pode comer bem e muito mais barato que nos Mcmalcheirosos? e deixar o fumo à porta? e travar essa batalha urgente da violência doméstica? e proibir de mostrar na televisão os bébés gordos e anafados muito felizes a comerem papa e sumos cheios de açucar? e retirar as crianças de frente da televisão onde passam horas? e contratar nutricionistas para seguirem as crianças gordas? e mandar para o raio que os parta esta gente que não tem mais nada que fazer do que "armar ao preocupado" com a criancinha?
Tirar as crianças aos pais quando os pais não têm dinheiro para comprar os livros da escola, ou as crianças que vão para a escola sem tomarem o pequeno almoço, ou só comeram "sopas de cavalo cansado" ou desmaiarem por chegarem ao almoço e ainda não terem comido uma só refeição...
Mas a publicidade enganosa com crianças felizes a empanturrarem-se de hidratos de carbono, de açucar, mil vezes repetida, aí não, aí não se tira nada às televisões, aí estamos no negócio, coisa intocável e sem culpa nenhuma...