Um texto da Standard & Poors, apresentado por Júlio Mota
Os governos locais e regionais
Tabela 8
A projecção de redução de notações dispara nos países de situação mais difícil
A transição de notação resultante do nosso cenário hipotético reflecte a evidente gravidade da situação económica na Grécia, Espanha, Portugal e na Irlanda. Como seria de prever, a notação dos resultados obtidos por cada país deveria em grande parte ser espelharem as situações descritas nos quadros 2 e 3. Os resultados projectados quanto a baixas de notação, expressos como uma média do número de níveis de classificação, são de descida muito mais acentuada nos países do Grupo A (6,9 níveis, ver tabela 9), do que para os países do Grupo C, onde a descida de rating foi em média de 1 nível apenas. A descida de notação média projectada para o Grupo B, que compreende apenas a Itália, está mais próxima do Grupo A, está em 4,6 níveis.
As situações de incumprimento projectadas reflectem geralmente a ordem de notação dos países, com as notações mais baixas a terem uma frequência mais elevada de situações de incumprimento do que as notações mais elevadas. No cenário da situação hipotética simulada para os créditos de países do Grupo A, no entanto, créditos notados 'A' e 'BBB', são considerados como tendo a mesma frequência. Isso pode ser explicado pela maior base absoluta dos créditos de 'A' versus 'BBB', e também pelo grande número de bancos com rating'A', e que na base do nosso cenário acreditamos que necessitam de ajuda do governo. A outra razão é que o perfil de crédito (stand-aloneperfil of credit(SACP, ver nota 4) ) de muitos dos bancos com rating 'A' está verdadeiramente mais baixo e em vários níveis, indicando estar a acreditar-se que essas instituições precisarão de beneficiar de um extraordinário apoio do governo. Por isso, achamos que a melhor medida de transição poderia ser avaliá-los com base no SACPs, ao invés de notações de crédito dos países emitentes .
A muito pequena amostra de créditos de grau especulativo explica em parte o baixo nível de incumprimento nessas categorias para créditos nos Grupos de países B e C. E a julgar pela transição dos poucos créditos de notação 'B' na amostra dentro do nosso cenário, acreditamos que o número de situações de incumprimento teria sido muito maior se tivéssemos uma grande amostra nessa categoria de notação.
Um cenário extremo - e um grande teste para a Europa
O cenário acima descrito expressa um quadro muito desolador das economias da Europa ocidental, se este cenário tivesse acontecido e os países já com elevados níveis de dívida e uma base económica frágil seria de esperar ainda que o pior acontecesse. Mas nem tudo é tristeza: consideramos que as economias maiores e que as economias mais diversificadas seriam menos severamente afectadas e provavelmente iniciariam a sua retoma.
Apêndice 1
Gráfico 2.
Gráfico 3. Irlanda no período 2003-2011.
Um texto da Standard & Poors, apresentado por Júlio Mota
A Estabelecer a gravidade dos efeitos do teste de resistência
Em primeiro lugar vamos definir as hipóteses quanto às taxas efectivas de rentabilidade dos títulos para avaliar qual o aumento dos custos de refinanciamento e, em seguida, apresentamos uma variedade de efeitos macroeconómicos derivados de tensões provocadas no sistema para analisar os seus efeitos a longo prazo sobre a economia.
Para efeitos da nossa análise, partimos do pressuposto de que o teste de resistência sobre a Grécia, Portugal, Irlanda e Espanha - aqui todos eles classificados como países do grupo A - poderia levar a uma situação económica que pode ser classificada no intervalo de severa a muitíssimo severa (ver tabela 2), que, na Itália (Grupo B) a situação económica criada poderia ser classificada de substancial dificuldade, e que, na Alemanha, França, outros países da zona euro, o Reino Unido, Suíça e países nórdicos (países do grupo C) o resultado do teste de resistência seria moderado.
Além disso, introduzimos perturbações macroeconómicas específicas para avaliar o impacto a longo prazo da nossa análise de cenários para as economias da Europa ocidental. Estas efeitos de perturbação e os elementos de avaliação utilizados para os descrever reflectem a nomenclatura que adoptamos para permitir a comparabilidade entre os ratings (ver Anexo IV do "UnderstandingStandard &Poor'sRatingDefinitions"). Para definir estes elementos de avaliação, analisamos algumas situações históricas quanto a situações de dificuldades económicas e usá-las-emos nesta análise de cenários. Como ilustração, consideremos a Grande Depressão nos EUA como um exemplo de situação extrema, enquanto que na nossa opinião a recessão do início dos anos 1990 no Reino Unido e a recessão que resultou na crise bancária na Escandinávia são exemplos de uma situação de dificuldade moderada.
Para definir os pressupostos da taxa de rentabilidade admitida em resultado da situação simulada no teste de resistência, usamos o período de 2008-2009 como período de referência (ver apêndices 1 e 2). Esses pressupostos (resumidos na tabela 3), reflectem a nossa visão do nível de probabilidade dos países acederem aos mercados de capitais ao longo do período em que dura o hipotético cenário por nós simulado. Assumimos também que os investidores diferenciam entre dois grandes grupos de emitentes em relação à sua vulnerabilidade à perturbação introduzida por nós no sistema. O grupo mais exposto, acreditamos, pode incluir governos nacionais, os soberanos, governos locais e regionais (LRGS), empresas de ranking dito especulativo (ou seja, as empresas com rating 'BB +' e graus abaixo), assim como os bancos locais e regionais. O grupo menos exposto, a nosso ver, seria composto de grandes empresas geograficamente bem diversificadas, seguradoras e grandes bancos igualmente bem diversificados.
Quadro 2
Quadro IV
A Itália, considerada na simulação como sujeita a uma situação de dificuldade já séria mas abaixo da situação passível de ser simulada como extrema, e com uma carga da dívida já elevada desde o início veria também as suas necessidades de empréstimo a crescerem e a levarem o nível da dívida relativamente ao PIB para quase 1.5x por volta de 2015, um nível similar ao do governo soberano de Portugal ou mesmo de França, valores impostos por uma taxa de juro elevada, que pode fazer aumentar o valor da dívida soberana relativamente ao PIB bem acima da barra dos 100 por cento, mesmo com a simulação de uma situação de dificuldade económica moderada . Dado o volume dos orçamentos em França e na Itália, a nossa previsão hipotética quanto a necessidades de empréstimos globais, brutos, para estes dois países seria em 2015, em termos absolutos, é então a mais elevada dos oito soberanos de acordo com o nosso teste de resistência. As necessidades brutas de empréstimo para a Itália, de acordo com a nossa hipotética simulação estão previstas a um volume tal que atingirá cerca de 500 mil milhões de euros em 2015 enquanto que para a França o valor correspondente seria de 465 mil milhões de euros.
Tabela 5
É interessante comparar estes resultados com os custos de resgate das crises bancárias históricas que foram estudadas pelos universitários Rheinhart e Rogoff (ver nota 1). Porque depende muito do período seleccionado, e da fiabilidade das estimativas obtidas em vários estudos, os intervalos de variação dos custos em termos de PIB são muito diferentes. Por exemplo, os limites inferior e superior para a crise bancária sueca da década de 1990 foi de 3,6% e 6,4% do PIB (ver quadro 7), enquanto que para a Noruega (1987) foram ligeiramente inferiores. Em contraste, o intervalo para o Japão (1992) ficou entre 8% e 24% do PIB. Os autores explicam que as estimativas de custos de resgate variam consideravelmente entre os estudos em função da metodologia e do horizonte de tempo seleccionado, levando a fortes discrepâncias entre os limites superiores e inferiores.
Quadro VII
Continua ...
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