Leio nos teus olhos palavras
interditas
Palavras que oferecem um mar
infindável
Na busca dum fim sublime
Eloquente brilho dum mar
admirável
Palavras e sons intermináveis
Duma missão não cumprida
Palavras solenes interditas
Sílabas vagarosas sumidas
Que se revelam quase perdidas
Nesse caminho indecifrável
Atingiremos novos limites
Tão difíceis e desejáveis
Que se escondem nos alvitres
Nos teus olhos ficaram escritas
Letras das palavras interditas
O que Malangatana tinha dentro cabeça era um mundo. Florestas de árvores. Florestas de pessoas. Florestas de medos. Florestas de sons. Florestas de mágicas. Florestas de coragens. Florestas fantásticas que naquele dia começaram a correr a ousadia de uma vida interminável.
O miúdo que começara a trabalhar aos 13 anos como pastor, que se iniciara nas práticas das medicinas tradicionais, tinha um tio curandeiro, que viera do campo para a cidade para ser empregado doméstico e andava a apanhar bolas das partidas de ténis entre membros da elite colonial tem, de repente, nas suas mãos as ferramentas de fazer com que o seu tempo passado e o seu tempo presente fossem tempo futuro, como teria dito Álvaro de Campos.
A sua vida cinde-se em duas. De dia é empregado de mesa e apanhador de bolas num clube da elite branca. Fechadas as horas de trabalho vai para a garagem do arquitecto Pancho Guedes, que lhe tinha cedido um espaço, e pinta, pinta as imagens fantásticas que lhe habitam a cabeça. Pancho Guedes apoia-o comprando, todos os meses, quadros a um preço então inflacionado, hoje irrisório. É também em casa de Pancho Guedes que tem um encontro que será decisivo na sua vida. Encontra-se com Eduardo Mondlane, na altura professor na universidade norte-americana de Siracusa e técnico da ONU, que se tinha deslocado a Moçambique a convite do Governo português, por interposta Missão Suíça, com o objectivo de o atrair para colaborar com a administração portuguesa. Mondlane faz-lhe «ver aspectos sobre os quais eu ainda não tinha pensado» (Malangatana, semanário Savana, 2010). Fala-lhe da relevância da cultura do povo moçambicano e da importância do seu trabalho de pintor nesse contexto. Da importância desse trabalho no futuro de Moçambique como país um dia independente. Até lá, na luta pela independência.
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