Quarta-feira, 20 de Abril de 2011

O Sonho - Adão Cruz

(ilustração de Adão Cruz)

 

 

Adão Cruz  O Sonho

 

 

O sonho acesso do silêncio ao dilatado vento da palavra o direito da sombra na luz de todas as cores.

 

O sonho doce caminho dos lábios perfumados de alheias maçãs a voz que há-de voar quando se calarem as asas.

 

O sonho canção intemporal que dá razão à loucura a sede de todas as fontes a água de toda a secura.

 

O sonho vento leve e sensual tocado de algas e maresia adormecido o pensamento na doce cama da fantasia.

 

O sonho uma flor a sorrir no outro lado do rio onde as quebras do silêncio dão voz ao melro vadio.

 

O sonho os barcos que chegam tarde carregados de vinho amargo a esperança de todo o tempo sem outro tempo de esperar.

 

O sonho mar derramado na areia fina beijando o corpo feito casa a paz da tarde adormecida sem corpo para morar.

 

O sonho mão apertada ao escudo da liberdade ameaçada o sonho tempo perdido tempo de sonho e de nada.

 

O sonho flor de orvalho colhida no seio efémero da madrugada o silêncio da canção perdida no beijo da noite atraiçoada.

 

publicado por Augusta Clara às 19:00
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Domingo, 10 de Abril de 2011

Making of - a perda da inocência por Luis Moreira

 

 

 

Estes "Making of" deviam ser proíbidos, eu sempre acreditei em  heróis e princesas, sonhei com aventuras, com planicies sem horizontes, senti emoções de alegria, de solidão, de paixão...porque nos tiram tudo isto?

 

Fui o Paul Newman em "O Selvagem", Al Pacino no "Padrinho", e apaixonei-me perdidamente pela Hillary Swan; chorei baba e ranho com as canções da Marisol e do Joselito; brinquei aos polícias e ladrões com o Jack Palance e fui formidavelmente rápido com a pistola com Jonh Wayne ; acreditei que um gajo feio como o Belmondo era amado por paletes de mulheres de sonho...sempre era possível, a mim também...

 

Agora, tiram-me o sonho com estes vídeos, afinal nada é verdade, estes gajos mentem-nos com mentirinhas da treta, o hélio a voar por cima dos arranha céus não passa de um hélio em tudo igual ao que ofereci ao meu sobrinho Guilherme. Os beijos são técnicos, estão dezenas de técnicos a fazerem de "pau de vassoura" em cima (salvo seja) dos protagonistas e a maior parte das vezes os "cús de Judas" que se vêm nem sequer são da rapariga que, obrigatoriamente, eu levava para casa.

 

Ao cair da tarde, quando a noite se anuncia e o sol se vai,ainda não é noite mas já não é dia eu entrava no cinema e no meio da escuridão sonhava com heróis e princesas, tudo era possível, o "rapaz" salvava a "miúda" e ficava com ela, eu nem sequer me apercebia que uma miúda daquelas nunca está num sítio onde um rapaz a possa salvar, mas que importa, pormenores sem interesse nenhum, a verdade é que o destino "marca a hora" e só temos que aceitar essa inevitabilidade.

 

Mas não, até isso nos tiram, até a criança que eu guardo dentro de mim, ma querem roubar.

 

Resta o quê? Isto?

 

 

 

 

 

publicado por Luis Moreira às 13:00
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Terça-feira, 11 de Janeiro de 2011

Uma tragédia portuguesa em NY

Por dirigir , ao tempo, uma empresa que financiava eventos de "fashion", moda, passagem de modelos, fui convidado para um "bar livre" numa das discotecas mais conhecidas de Lisboa. E, lá fui, com alguma curiosidade, para tentar perceber o que alimenta aquilo.

 

As pessoas são as que conhecemos das revistas, jornais e televisões, as habituais que vivem das fotos "casuais", da entrevista mil vezes repetida, entrevistam-se umas às outras, é chamado o "operador da televisão" para filmar "um grupo expontâneo", esconde-se o e quem não interessa ou não é conhecido, e assim por diante, uma vida virtual, sem ponta de vida e alegria.

 

Lembro-me de dois casos que acompanhei durante a noite já que não podia segui-los todos. Um era um rapaz ao tempo muito conhecido por haver ganho um concurso popular e profundamente estúpido. O pobre do rapaz que depois da efémera fama, andou por hospitais psiqiátricos e que agora voltou a tratar das galinhas era, físicamente, pequeno e magríssimo, tímido, não falava com ninguém nem ninguém lhe dava qualquer importância. Uma tragédia anunciada, via-se claramente que o rapaz não aguentaria a pressão da vida a que aspirava e que o melhor mesmo seria voltar para a sua terra natal.

 

Outro caso, era de uma miúda que não teria mais de vinte anos, líndissima, cheia de poses de quem tirou cursos de modelo, pé à frente, braços caídos, ombros descaídos "à Angelina Jolie", mostando sempre o melhor perfil. Procurava febrilmente fotógrafos, enfim, andava ali como um passarinho para a primeira "pitão" que reparasse nela. E, foi certinho, lá apareceu um figurão, com um fotógrafo a tiracolo e logo ali arranjou uma sessão fotográfica, com a miúda a ter os seus quinze minutos de fama. Lá para as 2/3 horas da manhã, com os copos e amparada pelo "figurão"  vi -a sair  para entrar numa grande bomba e o resto adivinha-se.

 

Há quem ofereça o céu e a terra para ir para a cama com um(a) jovenzinho(a) destes,  lindo(a)s e ingénuo(a)s, cegos pela ambição, vão muito além do que suportam, e depois não são capazes de viverem com o que foram obrigados a fazer. A seguir vem o alcool, as drogas e, com  muito azar à mistura, a revolta num quarto de hotel longe da terrinha. A tragédia anunciada que desta vez tomou dimensão inusitada, concretizou-se no pior lugar. Longe da família, num país onde há prisão perpétua, onde é necessário muito dinheiro (muito mais do que cá) para ter um advogado decente, o pobre do rapaz desgraçou a vida dele atrás de um sonho que só se anuncia para muito poucos.

 

O assassinado é um ser humano e, como tal, lamento muito sinceramente, a sua morte brutal. Também a ele aconteceu o que normalmente acontece a quem vive "no fio da navalha", mas não posso deixar de dizer que lamento muito mais a desgraça do rapaz. Também cada um de nós em certa faze da nossa vida, nos vinte anos, as circunstâncias nos empurraram para situações que a família ou os amigos, ou a escola, nos ajudaram a evitar.

publicado por Luis Moreira às 13:00
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