(Continuação)
De facto, as crianças vivem dentro de um sistema de comportamento, que faz que sejam culpabilizadas por acontecimentos fora do seu entendimento e da sua decisão. Não seria necessário lembrar a análise de Dolto, não fosse o caso de Françoise Dolto ter lutado por crianças que a nossa constituição não parece reconhecer. Comparar o artigo sobre a família e o comentário de Dolto, é perceber rapidamente que a interacção entre adultos que legislam e crianças que obedecem, acaba por ser um inferno para contextualizar os mais novos. Pode-se reparar que a nossa sociedade vive a dicotomia anti-tética de obrigar os mais novos a serem pessoas sabidas, dentro de grupos sociais para os quais as leituras são de revistas como Maria, Caras, Jornal a Bola e outras; ou a televisão e as telenovelas das quais os pequenos podem retirar um imaginário distante do que o adulto vê e comenta com os seus pares, sem explicar a paixão ou o erotismo ou a brincadeira de finanças que leva vários a tribunal. Até os fogos de Verão são uma notícia de sensação e não de entendimento ecológico para aprender a tomar conta da flora e da fauna, como instituições preocupadas e com poucos recursos, ou partidos políticos, são capazes de defender. Esta criança vive de tal maneira dentro de uma mais-valia retirada da carta Fundamental, que acaba por não entender o seguinte artigo, ou as ideias que estão dentro:
Artigo 82.º
(Sectores de propriedade dos meios de produção)
1. É garantida a coexistência de três sectores de propriedade dos meios de produção.
2. O sector público é constituído pelos meios de produção cujas propriedade e gestão pertencem ao Estado ou a outras entidades públicas.
3. O sector privado é constituído pelos meios de produção cuja propriedade ou gestão pertence a pessoas singulares ou colectivas privadas, sem prejuízo do disposto no número seguinte.
publica-se às 3ªs e 6ªs
coordenação Pedro Godinho
O reintegracionismo pode ser defendido seja qual for o ponto de vista ideológico de partida, porque promove umha política cultural e lingüística aberta para o galego, e a defesa de umha língua apenas tem umha paternidade: o povo que a usa.
Ora bem, nom se pode negar que a maioria das pessoas mais preocupadas polo futuro do idioma, as que mais refletem sobre ele, se encontram no nacionalismo, como em épocas passadas se encontrárom no provincialismo ou no galeguismo. O independentismo político foi um dos setores desse nacionalismo amplo que decidiu pôr em prática a ortografia reintegrada, e nesse sentido merece o aplauso do movimento normalizador.
Mas o reintegracionismo é defendido por pessoas de todas as ideologias, havendo também, em sentido contrário, independentistas radicalmente contrários a ele.
Será a Shakira muito radical por falar galego?
O povo nunca foi consultado e portanto é um pouco arriscado dar umha resposta ou outra a esta afirmaçom tam repetida em círculos contrários ao reintegracionismo. O problema é que, além de nom ser consultado, o ‘povo’ tampouco dispom de informaçom suficiente sobre esta problemática. Se alguém considera que o povo nom está à altura deste debate, entom tem razom, o povo jamais aceitará o reintegracionismo. Mas nós nom pensamos que seja assim.
O povo galego é o suficiente maduro para entender que umha língua, para ter sentido no mundo, há de ser o mais útil possível. Por isso saberám compreender as posturas do reintegracionismo, independentemente de concordarem com elas ou nom.
Todos os reintegracionistas queremos retomar o contacto com as outras variedades do galego no mundo, defendendo um modelo ortográfico comum. Aí assenta a coesom geral do nosso movimento.
Os nossos hábitos de escrita, porém, mostram alguma flexibilidade no grau de convergência com as outras variedades do português.
Teredes reparado que alguns reintegracionistas utilizam as terminaçons em -çom e outros o til de nasalidade -ção ou que alguns usam a morfologia verbal comum com o resto da lusofonia (eu fiz, eu posso) enquanto outros usam formas galegas (eu figem, eu podo).
Essa diversidade de usos é necessária em qualquer processo de mudança ortográfica, nomeadamente quando umha língua é minorada no seu próprio país. As soluçons que propomos devem ser testadas no uso, numha retroalimentaçom contínua entre os codificadores e a sociedade.
Mesmo em línguas, como o alemám, bem assentes nos estados em que som oficiais, iremos encontrar divergências de uso que nom ponhem em causa a unidade geral da língua. Assim, a Suíça e Liechtenstein utilizam “ss” em muitas palavras que os alemáns escrevem com ß : die Straße → die Strasse.
A vantagem do reintegracionismo é que essas diferenças nom som caprichosas nem caóticas, mas prendem-se com a necessidade de naturalizar a ortografia do português para os falares galegos.
Sabemos de onde parte e aonde deve chegar a ponte que vamos construir – só falta escolher o melhor lugar para erigir os pilares que a sustentam.
publica-se às 3ªs e 6ªs
coordenação Pedro Godinho
Reintegracionismo e Lusismo som duas denominaçons dadas na Galiza ao mesmo movimento social.
Alguns detratores do movimento utilizam “lusista” de maneira depreciativa e preconceituosa, sugerindo que queremos negar a galeguidade e virar portugueses, o que de nengumha maneira se corresponde com a realidade.
Contra o que muita gente pensa, o reintegracionismo está longe de ser umha utopia difícil de aplicar. De facto, tem-se implementado noutros países, como a Flandres ou a Moldávia, sem grandes sobressaltos.
No caso da Galiza, o reintegracionismo nom pretende impor-se sobre as outras posturas ou filosofias sobre a língua. Dito de outro modo: a normalizaçom das teses reintegracionistas nom teria porque implicar a derrota das isolacionistas. Basta refletir um bocado sobre o assunto para dar-se conta disto. A língua é património de todas as pessoas que a usam e seria ilógico que umha maneira de entendê-la pretendesse destruir a outra. Infelizmente, é o que acontece na atualidade e cremos que isso está a debilitar enormemente as forças do galego.
No ensino, o mais lógico seria que, ao lado do galego que atualmente é ensinado, as pessoas pudessem conhecer outras variantes da nossa língua no mundo, quer através da própria cadeira de galego, quer através de outra que entendesse o galego e o português de maneira inclusiva. Desta maneira, as pessoas poderiam escolher livremente aquela opçom que achassem mais conveniente para si mesmas ou para a própria língua, em liberdade e sem excluir as outras opçons.
A curto prazo, achamos mui positiva a difusom generalizada do “português língua estrangeira” no ensino secundário, apesar de nom ter em conta o galego. Esta opçom poderá nom só ser benéfica para o reintegracionismo, mas em geral para todas as pessoas que defendem o galego – com independência da ortografia em que escreverem –, e para a sociedade galega no seu conjunto.
Paradoxalmente, um dos principais reptos do reintegracionismo na atualidade será superar o receio de muito professorado de galego. Estas pessoas devem ver no reintegracionismo umha oportunidade mui benéfica para as suas carreiras profissionais, e nunca um problema, pois verám como os horizontes da disciplina que ministram poderám alargar-se consideravemente.
O ensino do português na Galiza padece umha situaçom bastante precária, nomeadamente nas escolas secundárias.
Segundo dados fornecidos pola DPG (Docentes de Português na Galiza), há entre três mil e quatro mil estudantes de português na Galiza, incluindo as três universidades, as escolas oficiais de idiomas, o ensino primário e o ensino secundário públicos.
Os liceus do secundário som fulcrais para a difusom do ensino de português na Galiza.
Os alunos de mais de 25 estabelecimentos de ensino secundário estám a receber aulas de português, graças ao empreendorismo voluntário de alguns docentes de galego. Nom há, porém, docentes de português contratados como tais pela Junta da Galiza – ao contrário do que acontece com o francês e o alemám na própria Galiza, ou com o português em Castela e Leom e na Extremadura espanhola.
Estuda-se português nas escolas oficiais de idiomas da Corunha, Ferrol, Santiago de Compostela, Ourense, Vila-Garcia, Ponte Vedra, Vigo e Lugo. Nom é possível fazê-lo nas EOI de Viveiro, Ribadeu e Monforte, que sim oferecem outras línguas como italiano ou alemám. Tampouco há português nas secçons (Cangas do Morraço, Noia, etc.) das escolas mais importantes – com a exceçom de Tui.
Por conseguinte, nom há ensino do português para adultos em amplas zonas do país, como a Marinha Luguesa, Bergantinhos-Costa da Morte, Barbança, interior da província de Ponte Vedra, sul e oriente da Província de Lugo, e centro, oriente e sul da província de Ourense, incluindo a Raia Seca.
O português também é estudado nas três universidades galegas: na Universidade de Santiago de Compostela, existe o “Grau em Língua portuguesa e literaturas lusófonas”; na Universidade da Corunha, o “Grau em galego e português: estudos linguísticos e literários”; e na universidade de Vigo, o Grau de Línguas Estrangeiras da Faculdade de Traduçom.
Os Centros de Línguas Modernas das três universidades também disponibilizam cursos de português.
Outros âmbitos de difusom som as escolas primárias, os cursos para profissionais – organizados por sindicatos, empresas, centros de formaçom e outras entidades – e as atividades didáticas ocasionalmente organizadas por centros sociais.
publica-se às 3ªs e 6ªs
coordenação Pedro Godinho
Porque é menos freqüente. Também é certo que para muitos galego-falantes tampouco soava, nem soa, mui natural o galego Ilg-Rag mas a sua presença social ajuda a naturalizá-lo.
Um paleofalante médio de mais de cinqüenta anos poderá sentir pouco natural:
Um falante reintegracionista a respeito de um falante do galego Ilg-Rag destaca-se sobretudo polo ponto 3) já que nom se impõe os limites que coloca a estratégia autonomista nesta área. Qualquer castelhanismo desnecessário é substituído por umha palavra genuína do nosso sistema lingüístico: obrigado/a (gracias), portagem (peaje), candeeiro (Lámpara), Aniversário (cumpleaños) ou sexta-feira (viernes).
Sabe, com certeza, e é depositária de muitas formas que nom chegárom até o seus filhos e filhas e, sobretudo, aos seus netos e netas. Neste sentido está a haver umha perda de riqueza e o reintegracionismo quer incidir aí.
Por razons sociais, a cada nova geraçom de galegos a qualidade da língua decresce. Entendemos por qualidade o seu caráter genuíno e nom misturado com o castelhano. Neste sentido, os nossos avós da idade média usavam um galego genuíno já que daquela o castelhano ainda nom penetrara com firmeza na sociedade galega.
A introduçom do galego no ensino, nos média ou na literatura feita na Galiza provocou que as gerações mais novas conhecessem formas que estavam em desuso e alguns deles que as utilizassem. Dá-se assim um paradoxo. As gerações mais velhas usam castelhanismos que as mais novas usam em menor medida mas, ao mesmo tempo as gerações mais novas desconhecem formas genuínas que se perdêrom na transmissom intergeneracional.
No terreno da pronúncia, por sua vez, à medida que a idade do falante aumenta, a qualidade da fonética melhora. Enfim, umha conversa com os nossos avós será sempre um enorme reforço do nosso registo de língua.
O que preocupa a maioria dos reintegracionistas é o futuro do galego e nom o do castelhano. Seja como for, no ano 2100, quando a imensa maioria das pessoas que estamos a ler estes textos nom existamos mais, o castelhano muito provavelmente continuará a ocupar um lugar destacável na sociedade galega. O mesmo nom se pode afirmar da nossa língua.
A questom portanto seria como poder garantir que a sociedade galega poda desfrutar, na maior intensidade possível, da língua própria da Galiza. A soluçom podemos encontrá-la espelhando-nos em Porto Rico, Quebeque ou Flandres e passa por:
Para uma digressom histórica das relaçons entre o espanhol e o inglês em Porto Rico veja-se The singularly strange story of English in Puerto Rico
Em todas as línguas do mundo, desde o momento em que existe um estándar de língua e este é implementado na administraçom, no ensino, nos média… a língua tende a unificar-se. Pode-se mesmo afirmar que umha mostra de que a língua está a funcionar como tal é a reduçom de variedades e a expansom das formas promovidas polo estándar.
Atualmente existem na Galiza várias formas para denominar a doninha, o vidoeiro ou o morango mas essa variabilidade nom torna a nossa língua melhor. Essa variabilidade até é pouco funcional em termos comunicativos entre pessoas de diferentes espaços geográficos. Em Portugal ou em Castela, onde as línguas nacionais estám bem assentes, o cidadao médio conhece apenas umha forma para estas realidades, aquela que emana das instituiçons.
Umha divisom está formada por um dividendo e um divisor como em 8:2 = 4, onde 8 é o dividendo e 2 é o divisor. Isto levanta umha questom no caso galego, quem é o divisor? Se revisamos a história do galeguismo, assistimos a umha linha hegemónica em que o português era um referente de reintegraçom e que se traduziu num processo de descastelhanizaçom da língua reintroduzindo palavras e termos gramaticais que se perderam ou caíram em desuso.
Quando após a morte do ditador Franco aparece a hipótese de introduzir a língua na administraçom e no ensino, a pré-xunta encomenda a elaboraçom de umha norma. Era o ano 1980 e a comissom estará dirigida polo professor Carvalho Calero. Sobre a mesa havia duas propostas prévias, a elaborada pola ASPG e a elaborada polo Instituto da Língua Galega, cada umha delas com filosofias diferentes. Na comissom havia pessoas representativas de ambas as tendências.
Estas normas estavam chamadas a ser o quilómetro zero de umha estratégia luso-brasileira para a nossa língua. Infelizmente, no ano 1983, o decreto Filgueira Valverde num governo de Alianza Popular, promoveu umhas outras normas com um espírito diferente. Foram elaboradas polo Instituto da Língua Galega sobre a base do galego popular e a estrangeirizaçom do português. Som as conhecidas como Nomiga.
E até hoje.
“A medida que unha discusión online en galego sobre calquera tema avanza, a probabilidade de que se mencione o reintegracionismo/isolacionismo achégase a 1″
Reuniram-se com o sugestivo nome de "Mais Sociedade" o que à partida é mesmo o que precisamos. Entre conclaves iam deixando cair umas medidas avulso nenhuma a primar pela originalidade, mas ter gente a pensar é reconfortante, digo eu...
Estava eu nesta esperança, quando aparecem dois senhores que eu até prezo, na televisão, a dizerem como se tivessem descoberto a roda: "devemos descontar na pensão os subsídios de desemprego já pagos". Dito de outro modo, não há subsídio de desemprego, pode é haver um adiantamento da pensão!
O Dr. Carrapatoso e o Prof João Duque sabem muito mais do que isto, até sabem que uma medida destas só se aplica aos mais fracos e pobres porque os que ganham mais não caem no desemprego. Há gentalha que ganha pensão do estado a que soma as pensões das empresas que são do estado e alguns, para arredondar o fim do mês, até têm um vencimento do mesmo estado que já lhes paga as pensões, mas esses são muito poucos não influenciam as contas.
Quem é que explica a estes dois crâneos que a questão é ética ? Que sem ética nunca ninguém aceitará fazer sacrifícios, que haverá sempre gente a fugir ao Fisco, dinheiro a esconder-se nos off shores e uma economia paralela que ninguém controla? Não percebem que recuperam , injustamente de um lado e perdem muito mais pelo outro?
E, a seguir vamos ao Serviço Nacional de Saúde? Por exemplo obrigar todos os utentes a pagarem uma apólice de seguro para assim terem acesso aos hospitais. Também aqui não se percebe que num país já tão pobre e tão injusto essa medida aprofunda as desigualdades? E se fosse ao contrário? Todos os que já têm apólices de seguro accionariam a apólice tanto quando vão ao hospital privado como ao público? Não se percebe que, accionando a apólice apenas no privado, o beneficiário é a companhia de seguros e não o utente? E os casos dificeis serão empurrados para o SNS?
As medidas políticas têm que ter em conta o país, a pobreza, as desigualdades. O que é aceitável num país é um opóbrio noutro!
Eu sou dos que considero que o estado em Portugal chegou a uma dimensão e a uma falta de eficácia que explica muito do atraso a que estamos votados, precisamos de mais cidadania, mais iniciativa privada, desenvolver a agricultura vergonhosamente trocada por autoestradas e o mar e as pescas criminosamente trocados por dinheiro que desapareceu nos bolsos de uns quantos, mas não podemos fazer o que é preciso ser feito à custa dos mesmos 20% de pobres que são a nossa vergonha!
Assim, não, assim não contem comigo!
Tal vegada no hauria d'intervenir en el debat suscitat per l'article "Geração da crise ou Geração parva?" de Júlio Marques Mota, que ha generat algun comentari igualment interessant, i dic que potser no hauria d'intervenir-hi perquè tant el text com els comentaris tenen referències específiques a la conjuntura portuguesa, que no conec prou bé. Però, malgrat tot, en el contingut del l'article reconec perfectament el problema que hi exposa l'autor, perquè el veig i el visc diàriament en el meu entorn, al meu país, i el reconec també en altres realitats i altres contextos.
Aquesta coincidència malgrat la diversitat vol dir que, al marge de les peculiaritats socioeconòmiques, polítiques i culturals de cada país, estem parlant d'un problema que afecta molts paÍsos de la mateixa àrea si no és que afecta tot el món occidental. Explicar-lo en termes de retret o de culpa és una crida a les consciències individuals i a les responsabilitats col·lectives, però aboca en el tema una càrrega tan gran de subjectivitat que no afavoreix l'anàlisi objectiva de la realitat. És cert que hi ha mancances generacionals, que s'han comès errades per ignorància, per manca de perspectiva, per inconsciència... Parlo de mancances comeses per les generacions que han tingut a les mans la responsabilitat d'educar els joves d'avui. Però, és possible que s'equivoquin tant, tantes persones alhora i a tants llocs i tan diversos?
Si passa així, és que hi ha factors de tipus solciològic que depassen l'àmbit personal i el condicionen.
Les generacions adultes han abdicat d'"educar"? Han fomentat l'hedonisme, l'egocentrisme, la indiferència..., en contra de l'estímul, el treball, la superació, la responsabilitat i altres grans paraules que les generacions adultes vam rebre com la màxima expressió dels valors, que calia seguir cegament? Probablement no es pot contestar amb un sí ni amb un no, perquè tant una resposta com l'altra requeririen moltes matisacions. Però, entretenir-se en això és perdedor i, potser, massa simple.
En els anys de l'existència de les generacions pretesament "responsables" dels efectes que comentem s'han viscuts canvis profunds, en molts àmbits i d'un abast tan gran, que no podem afirmar sense un excés de temeritat, que hagi estat possible assimilar-los. Malgrat els canvis, els models educatius d'abans -els més profunds- han perdurat i s'han mantingut sovint aliens a la profunditat i la significació dels canvis. Avui, el sistema educatiu -o els sistemes, perquè en parlo en un sentit global- estan aclaparats per la magnitud enorme de dinàmiques molt poderoses que no controlem i que no sabemcom es poden integrar en els processos educatius. I no ho sabem perquè ni hem pogut analitzar-ho prou, ni hem pogut elaborar alternatives eficaces, ni hem pogut experimentar de manera adient i integrar els resultats de l'experimentació en un sistema amb capacitat de futur o, si més no, de respondre coherentment a les necessitats educatives de les generacions actuals.
En educació, avui, tot és necessàriament nou. Naturalment, podem proclamar que, en una situació de desconcert, cal agafar-se, com a un ferro roent, a aquelles coses que al llarg dels anys han provat la seva solidesa i la seva eficàcia didàctica i educativa; però amb això no n'hi ha prou, perquè la solució no és aquesta i perquè el problema és real i, per tant, persistent. El desconcert, gairebé l'estupor dels educadors és tan gran com l'arrogància o la gosadia dels qui pensen que tenen la solució i proclamen tornades al passat o aventures fantàstiques a partir de lectures insuficients de la realitat.
Cal assumir que ens queden molts anys de treball i d'investigació educativa per anar generant, introduint i afinant procediments i didàctiques i estils de comunicació i de mediació de la realitat que serveixin a una redefinició de les necessitats i les prioritats educatives. I, en parlar d'educació, no em refereixo exclusivament a l'escola, malgrat que sigui l'entorn més específicament educatiu i el més professionalitzat, aquell en què es produeix de manera específica l'acompliment de les finalitats de formació, capacitació i integració social i cultural. Em refereixo també a l'entorn familiar o pròxim de cada persona, i a l'entorn social més ampli...
El fracàs educatiu -o el desconcert educatiu i la manca de resultats satisfactoris i la manca de connexió entre educació i imón laboral, entre altres aspectes- no és exclusivament escolar: és també un fracàs social, és un fracàs de l'entorn familiar o l'entorn humà de proximitat com a mediadors de coneixements, experiències, conceptes, principis i valors. El fracàs està instal·lat en el nucli mateix de la transmissió cultural. Utilitzo la paraula "fracàs" en el seu sentit més "físic", com a col·lapse, com a falla, com a trencament profund en la transmissió cultural.
El repartiment de culpes en aquest moment neix de la immediatesa dels problemes, de l'angoixa i la tensió que genera en les persones una situació que no satisfà ningú i que ens porta a una involució social -paradoxalment, a contra corrent del progrés científic, tecnològic i cultural-, perquè l'anomenat fracàs educatiu perpetua i augmenta les desigualtats entre les persones i les seves possibilitats de molts de participar dels béns socials.
Ens calen anàlisi, reflexió, compromís i gosadia. Els experts educatius han de tocar de peus a terra, i els educadors, en el sentit ampli que ja he comentat abans, han d'assumir el risc d'educar en un món en canvi. És a dir, el risc d'educar-se per a educar, de canviar, ells mateixo encara que això els comporti la pèrdua de les seguretats i l'assumpció de nous riscos. Perquè situar-se un mateix en una dinàmica personal de canvi i de formació és la premissa bàsica per recuperar la capacitat d'educar.
Ningú no té la fórmula, o potser no n'hi ha cap, de fórmula; però hi ha camins més dreturers i ferms que d'altres. I els educadors han de saber elegir-ne els més adients, i seguir-los. Amb humilitat, sense arrogància. Potser recordant aquells versos del gran poeta Antonio Machado:
¿Tu verdad? No, la verdad.
Y ven conmigo a buscarla.
La tuya, guárdatela.
Josep A. Vidal
João Machado
Em 6 de Maio de 1843 Almeida Garrett, numa conferência do Conservatório Real de Lisboa, leu uma memória que girava à volta da apresentação da peça Frei Luís de Sousa, estreada nesse ano, num espectáculo de natureza privada, e publicada no ano seguinte. Na memória Almeida Garrett diz, a dada altura:
"Nem pareça que estou dando grandes palavras a pequenas coisas: o drama é a expressão literária mais verdadeira do estado da sociedade: a sociedade de hoje ainda se não sabe o que é: o drama ainda se não sabe o que é: a literatura actual é a palavra, é o verbo, ainda balbuciante, de uma sociedade indefinida, e contudo já influe sobre ela; é, como disse, a sua expressão, mas reflecte a modificar os pensamentos que a produziram".
Almeida Garrett fez várias notas em relação a esta memória. Reproduzo a seguir uma, elaborada em relação ao trecho acima transcrito:
"Esta contínua e recíproca influência da literatura sobre a sociedade, e da sociedade sobre a literatura, é um dos fenómenos mais dignos da observação do filósofo e do político. Quando a história for verdadeiramente o que deve ser - e já tende para isso - há de falar menos em batalhas, em datas de nascimentos, casamentos e mortes de príncipes, e mais na legislação, nos costumes e na literatura dos povos. - Quem vier a escrever e a estudar a história deste nosso século nem a entenderá nem a fará entender decerto, se o não fizer pelos livros dos sábios, dos poetas, dos moralistas que caracterizam a época, e são ao mesmo tempo causa e efeito de seus mais graves sucessos.
Nossos bárbaros avoengos não conheciam outro poder senão a força - a força material; daí não historiaram senão dela. As rapsódias de história legislativa e literária que algum adepto redigia, mais por curiosidade ou por espírito de classe do que por outra coisa, não eram obras populares, nem foram nunca havidas por tais, nem por quem as escrevia, nem por quem as lia. Assim tão difícil é hoje o trabalho de ligar e comparar umas histórias com outras para achar a história nacional. Mas deve ser muito estúpido o que não vir melhor a história de D. Manuel em Gil Vicente do que em Damião de Góis, e a de el-rei D. José nas leis do Marquês de Pombal e nos escritos de José de Seabra do que nas gazetas do tempo, ou ainda nas próprias memórias mais íntimas de seus amigos e inimigos.
Nas obras de Chateaubriand e de Guizot, de Delavigne e Lamartine, nas de Vítor Hugo e até de George Sand, nas de Lamennais e de Cousin está o século dezanove com todas as suas tímidas saudades do passado, seus terrores do futuro, sua desanimada incredulidade no presente. Falo da França porque é o coração da Europa: de Lisboa a São Petersburgo, daí ao Rio de Janeiro e a Washington, os membros todos do grande corpo social dali recebem e para ali refluem os mesmos acidentes da vida".
Reproduzi estes textos das Doutrinas de Estética Literária, de uma edição dos Textos Literários, publicada em 1961, com prefácio e notas de Agostinho da Silva. Não reproduzi algumas notas feitas por este, bastante explicativas, mas não indispensáveis para mostrar a actualidades destes escritos de Garrett.
Em tempos idos pensava que o neoliberalismo não avançava tão rapidamente na sociedade portuguesa como o está a fazer actualmente no ensino, mesmo quando o sistema dá sinais evidentes de estar quase defunto. Feita a reforma do ensino superior, dita reforma de Bolonha, pensava eu, ingenuamente, que algum pudor haveria em avançar com mais reformas antes de estabilizar esta e portanto que se passaria primeiro por uma análise em profundidade desta reforma, na óptica de quem a lançou no terreno, neste caso na óptica de Mariano Gago e de quem o acompanha, de quem o defende, de quem o serve ou de quem é obrigado a servi-lo. Mas não, mais uma vez me enganei. O ritmo de reformas avança, e agora é a avaliação dos docentes que avança, é o sentido da classificação, da quantificação da qualidade que se pretende, pretende-se assim o impossível mas como não é crível que intelectuais e técnicos assumidos andem a trabalhar para querer o que toda a gente sabe que é impossível, então o objectivo é outro, para mim é certo de que o que se pretende é garantir, agora ou depois, um certo ritmo da desclassificação, um certo ritmo de redução de custos. De resto, agora nem sequer se fala em promoções. Então avalia-se para quê? Alguém é capaz de me dizer? Penso ter razão e, se assim é, ninguém mente pois nos tempos de crise que se vivem em que todos os cofres estão vazios, promover, significa agora despromover, e é disso que se anda à procura. Evita-se a mentira de o dizer.
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