Mensagem de Alexandra Pinheiro
Foi com muita satisfação que aceitei colaborar no Estrolabio. Escreverei sobre o tema da educação, partilhando o que vou aprendendo na minha colaboração com o Fórum para a Liberdade de Educação (FLE).
Espero que as minhas reflexões sejam úteis para o debate da liberdade de ensino como chave para melhorarmos o sistema de ensino em Portugal.
Alexandra Pinheiro
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A Doença da Educação
Acabei de regressar da Índia, país de contrastes, onde uma miséria profunda convive com um ritmo de crescimento económico alucinante de cerca de 6% ao ano. A heterogeneidade de culturas, línguas, étnias, crenças, religiões e estilos de vida são esmagadores no segundo país com maior densidade populacional do mundo.
Não aceita o boom demográfico como um passivo e está apostada em converte-lo num activo, valorizando o seu capital humano, através da educação. A madrugada é ruidosa nas ruas pelos bandos de crianças com fardas coloridas que invadem as ruas e pelos engarrafamentos dos autocarros escolares apinhados de crianças sorridentes. Entrando em qualquer terriola, deparamo-nos com os placards e anúncios das diversas ofertas educativas, língua de ensino e vocação da escola “porque todos os pais devem escolher a escola dos seus filhos de acordo com o seu projecto educativo e todos devem aceder à escola de forma gratuita”, justifica-nos o guia. Com orgulho, propagam que os seus professores estão a fornecer explicações de matemática on line a alunos americanos “porque nós trabalhamos mais que eles e já sabemos mais matemática”- diz-nos um aluno do secundário. Avisam-nos de que na Índia os pais estão com a doença da educação porque esta é a sua esperança de uma vida melhor para os seus filhos. Para quem quiser fazer esta viagem maravilhosa, sugiro Beautiful Tree, um livro que testemunha como os países mais pobres do mundo se estão a educar.
Luís MoreiraA frase dá arrepios, num país onde a juventude está tão mal preparada e as regiões desertas. A desertificação irá acentuar-se, tudo porque é necessário poupar uns tostões,enquanto se esbanjam milhões em gabinetes com doze motoristas, assessores, consultores externos, frotas automóveis, megainvestimentos que ninguem sabe muito bem para que servem.
Dizem-nos que os resultados escolares são muito baixos nestas escolas quando comparados com escolas com mais de 20 alunos e com professores especialistas nas diversas matérias.Não sei se é assim, estamos mais que avisados que as razões, os estudos, os gráficos e os relatórios aparecem sempre a dizer o que quem paga quer que digam. Uma escola perto de casa, sem deslocações, num ambiente conhecido, com professores conhecidos das autarquias e das famílias parece ser o quadro ideal para que jovens de menos de 12 anos possam tirar o melhor aproveitamento.
A ministra, diz que cada caso é um caso, serão estudados um a um com as autarquias e os pais. As autarquias se não tiverem um olhar medíocre e vesgo sobre o assunto, podem ter uma palavra de grande valor , mas se a sua visão for a de poupar uns patacos, serão os alunos a sofrer com o encerramento das escolas.
É dificil perceber que nas autarquias, onde apareceram empresas como cogumelos a fazerem o que as Câmaras sempre fizeram,com administrações de boys e girls a ganharem balúrdios, não possam manter as suas escolas e os seus mais jovens filhos junto de si. A seguir aos filhos irão os pais logo que puderem, e os primos e as tias e os vizinhos...
O mesmo partido que enche a boca com a regionalização ( mas devagarinho...) é o mesmo que mais contribui para a desertificação do interior do país, fechando Centros de Saúde e escolas !