Sexta-feira, 8 de Julho de 2011

"A liderança sionista colaborou com os piores perseguidores dos judeus durante o século XIX e o século XX, incluindo os nazis" - por Stylianos Tsirakis*

 

(Publicado na Revista Teoria & Debate)

 

 

Ralph Schoenman foi director-executivo da Fundação pela Paz Bertrand Russel, papel através do qual conduziu negociações com inúmeros chefes de Estado. Foi também fundador e director da Campanha de Solidariedade ao Vietname e director do Comité "Quem Matou Kennedy?". Tem sido co-director do Movimento de Solidariedade de Trabalhadores e Artistas Americanos. ?

 

T&D - No seu livro The Hidden History of Zionism (A História Oculta do Sionismo),  descreve quatro mitos sobre a história do sionismo. Gostaríamos que explicasse um pouco seu livro.

 

Schoenman - O meu trabalho na Fundação Bertrand Russel foi importante por me dar a chance de documentar fatos da formação do Estado sionista de Israel. Em cursos e palestras que proferi em mais de uma centena de universidades americanas e europeias, pude constatar que as pessoas não sabiam, não tinham conhecimento da história do movimento sionista, dos seus objectivos e de vários factos. Nessas ocasiões deparei com concepções equivocadas sobre a natureza do Estado de Israel e foi isso que impulsionou o meu trabalho de escrever o livro, The Hidden History of Zionism, no qual abordo o que chamo "os quatro mitos" que têm moldado a consciência nos Estados Unidos e na Europa sobre o sionismo e o Estado de Israel.

 

T & D - Quais são esses quatro mitos?

 

Schoenman - O primeiro mito é o da "terra sem povo para um povo sem terra". Os primeiros teóricos sionistas, como Theodor Herzl e outros, apresentaram para o mundo a Palestina como uma terra vazia, visitada ocasionalmente por beduínos nómadas; simplesmente, uma terra vazia, esperando para ser tomada, ocupada. E os judeus eram um povo sem terra, que se originaram historicamente na Palestina; portanto, os judeus deveriam ocupar essa terra. Desde o começo, os primeiros núcleos de colonos, promovidos pelo movimento sionista, foram caracterizados pela remoção, pela expulsão armada da população palestina nativa do local onde essa população vivia e onde essa população trabalhava.

 

T & D - Quais os outros três mitos?

 

Schoenman - O segundo mito que o livro pretende discutir é o mito da democracia israelita. A propaganda sionista, desde o início da formação do Estado de Israel, tem insistido em caracterizar Israel como um Estado democrático no estilo ocidental, cercado por países árabes feudais, atrasados e autoritários. Apresentam então Israel como um bastião dos direitos democráticos no Oriente Médio. Nada poderia estar mais longe da verdade. Entre a divisão da Palestina e a formação do Estado de Israel, num período de seis meses, brigadas armadas israelitas ocuparam 75% da terra palestiniana e expulsaram mais de 800 mil palestinianos, de um total de 950 mil. Eles os expulsaram através de sucessivos massacres. Várias cidades foram arrasadas, forçando assim a população palestina a refugiar-se nos países vizinhos, em campos de concentração e de refugiados. Naquele tempo, no período da formação do Estado de Israel, havia 475 cidades e vilas palestinas, que caíram sob o controlo israelita. Dessas 475 cidades e vilas, 385 foram simplesmente arrasadas, deixadas em escombros, no chão, apagadas do mapa. Nas 90 cidades e vilas remanescentes, os judeus confiscaram toda a terra, sem nenhuma indenização. Hoje, o Estado de Israel e seus organismos governamentais, tais como o da Organização da Terra, controlam cerca de 95% da terra palestina. Pela legislação existente em Israel, é necessário provar, por critérios religiosos ortodoxos judeus, a ascendência judaica por linhagem materna até a quarta geração, para poder possuir terra, trabalhar na terra ou mesmo sublocar terra. Como eu digo sempre, nas palestras em que apresento meus pontos de vista, em qualquer país do mundo (seja Brasil, EUA, onde for), se fosse necessário preencher requisitos parecidos com esses, ninguém duvidaria do carácter racista de tal Estado; seria notória a existência de um regime fascista. A Suprema Corte em Israel tem ratificado que Israel é o Estado do povo judeu e que, para participar da vida política israelita, organizar um partido político, por exemplo, ou ter uma organização política, ou mesmo um clube público, é necessário afirmar que se aceita o caráter exclusivamente judeu do Estado de Israel. É um Estado colonial racista, no qual os direitos são limitados à população colonizadora, na base de critérios raciais. O terceiro mito do qual falo em meu livro é aquele criado para justificativa da política de Israel, que se diz baseada em critérios de segurança nacional. A verdade é que Israel é a quarta potência militar do mundo. Desde 1948, os EUA deram a Israel US$ 92 bilhões em ajuda direta. A magnitude dessa soma pode ser avaliada quando observamos que a população israelense variou entre 2 a 3 milhões nesse período. Se o governo americano dá algum dinheiro para países como Taiwan, Brasil, Argentina, e a aplicação desse dinheiro tiver alguma relação com fins militares, a condição é que as compras desse material têm que ser feitas dos EUA. Mas há uma excepção: as compras de material bélico podem ser feitas também de Israel. Israel é tratado pelos EUA como parte de seu território, em todos os assuntos comerciais. O que motivaria uma potência imperialista a subsidiar tanto um Estado colonial? A verdade é que Israel não pode mesmo existir sem a ajuda americana, sem os US$ 10 bilhões anuais. Israel é, portanto, a extensão do imperialismo na região do Oriente médio. Israel é o instrumento através do qual a revolução árabe é mantida sob controle. É, portanto, o instrumento através do qual as ricas reservas do Oriente Médio são mantidas sob o controle do imperialismo americano. É também um meio através do qual os regimes sanguinários dos países árabes são mantidos no governo, graças ao clima de tensão gerado por uma possível invasão israelita. O quarto mito a que me refiro no livro, que tem influenciado a opinião pública mundial, refere-se à origem do sionismo, à origem do Estado de Israel. O sionismo tem sido apresentado como o legado moral do holocausto, das vítimas do holocausto. O movimento sionista tem como que se "alimentado" da mortandade coletiva dos 6 milhões de vítimas da exterminação nazi na Europa. Esta é uma terrível e selvagem ironia. A verdade é bem o oposto disso. A liderança sionista colaborou com os piores perseguidores dos judeus durante o século XIX e o século XX, incluindo os nazis. Quando alguém tenta explicar isso para as pessoas, elas geralmente ficam chocadas, e perguntam: o que poderia motivar tal colaboração? Os judeus foram perseguidos e oprimidos por séculos na Europa e, como todo povo oprimido, foram empurrados, impelidos a desafiar oestablishment, o statu quo. Os judeus eram críticos, eram dissidentes. Eles foram impelidos a questionar a ordem que os perseguia. Então, o melhor das mentes da inteligência judia foi impelido para movimentos que lutavam por mudanças sociais, ameaçando os governos estabelecidos. Os sionistas exploraram esse fato a ponto de dizer para vários governos reacionários, como o dos mares na Rússia, que o movimento sionista iria ajudá-los a remover esses judeus de seus países. O movimento sionista fez o mesmo apelo ao kaiser na Alemanha, obtendo dele dinheiro e armas. Eles se reivindicavam como a melhor garantia dos interesses imperialistas no  Médio Oriente, inclusive para os fascistas e os nazis.

 

T & D - Como se deu essa colaboração dos sionistas com os nazis?

 

Schoenman - Em 1941, o partido político de Itzhak Shamir (conhecido hoje como Likud) concluiu um pacto militar com o 3º Reich alemão. O acordo consistia em lutar ao lado dos nazis e fundar um Estado autoritário colonial, sob a direção do 3º Reich. Outro aspecto da colaboração entre os sionistas e governos e Estados perseguidores dos judeus é o facto de que o movimento sionista lutou ativamente para mudar as leis de imigração nos EUA, na Inglaterra e em outros países, tornando mais difícil a emigração de judeus perseguidos na Europa para esses países. Os sionistas sabiam que, podendo, os judeus perseguidos na Europa tentariam emigrar para os EUA, para a Grã- Bretanha, para o Canadá. Eles não eram sionistas, não tinham interesse em emigrar para uma terra remota como a Palestina. Em 1944, o movimento sionista refez um novo acordo com Adolf Eichmann. David Ben Gurion, do movimento sionista, mandou um enviado, de nome Rudolph Kastner, para se encontrar com Eichmann na Hungria e concluir um acordo pelo qual os sionistas concordaram em manter silêncio sobre os planos de exterminação de 800 mil judeus húngaros e mesmo evitar resistências, em troca de ter 600 líderes sionistas libertados do controle nazi e enviados para a Palestina. Portanto, o mito de que o sionismo e o Estado de Israel são o legado moral do holocausto tem um particular aspecto irónico, porque o que o movimento sionista fez quando os judeus na Europa tinham a sua existência ameaçada foi fazer acordos, e colaborar com os nazis.

 

*Stylianos Tsirakis é arquitecto. Revista Teoria&Debate nº 5 - POSTADO POR GEORGES BOURDOUKAN http://blogdobourdoukan.blogspot.com/

 

 

 

 
publicado por Carlos Loures às 17:00

editado por João Machado às 02:08
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Quinta-feira, 11 de Novembro de 2010

Did you hear about it?





Dear friends

I’ve only just now finally found a minute to share with you one of the most important things I’ve ever witnessed in the Jewish movement for justice. Many of us feel in our bones that it was a historic turning point, and that we can never go back.

You might have read about it in the Washington Post, or the front page of Huffington Post, in your hometown newspaper or seen it on TV. If you live In Israel, you have seen or heard about it everywhere - the whole country is talking about it. Much of the institutional Jewish world is talking about it too.

Two days ago at 11:30 in the morning in New Orleans, more than 12 young, proud Jews with Jewish Voice for Peace gave voice to the disillusionment of a generation. They loudly named the unnameable in the Jewish community-Israel’s immoral violations of human rights of Palestinians and much of the Jewish institutional world’s active support of those violations.

And they did it in front of 3,000 Jewish leaders from across America -- and Israeli Prime Minister Bibi Netanyahu himself.

If there was ever a moment where courage and moral strength was required, this was it, each person carrying in him or herself the inspiration of Palestinian friends who risk much worse to make their claim to peace and justice.

Here's what the young Jews, many of them Israeli-American, said:

We care deeply about our history, our families, our spiritual lives and the lessons we learned from our elders about the Jewish values of justice and healing. And we refuse to remain silent about the Israeli settlements, the Occupation, the silencing of dissent, the loyalty oath, the siege of Gaza. Israel's actions and institutional Jewish support for them are making Israel a pariah and turning us away from the Jewish world we seek to claim and embrace.

My friends,

I ask you to do two things:

1: Please join them at www.YoungJewishProud.org. They deserve your support.

2: If you are moved by what you see, please share their remarkable story and statement with your friends.

This group of young activists, all with JVP's Young Leadership Institute, meticulously planned and bravely executed a daring protest in a darkened lecture hall - but not only that.

They wrote an extraordinary statement – a declaration of the political and personal space young Jews are claiming today. Here is an excerpt:

We exist. We are everywhere. We speak and love and dream in every language. We pray three times a day or only during the high holidays or when we feel like we really need to or not at all. We are punks and students and parents and janitors and Rabbis and freedom fighters. We are your children, your nieces and nephews, your grandchildren. We embrace diaspora, even when it causes us a great deal of pain. We are the rubble of tangled fear, the deliverance of values. We are human. We are born perfect. We assimilate, or we do not. We are not apathetic. We know and name persecution when we see it. Occupation has constricted our throats and fattened our tongues. We are feeding each other new words. We have family, we build family, we are family. We re-negotiate. We atone. We re-draw the map every single day. We travel between worlds. This is not our birthright, it is our necessity.

My inspiring 28-year-old colleague Stefanie Fox, who almost miraculously created the space in which each and every participant took on a leading role, texted them moments before Netanyahu went on stage to say that the world was with them.

We now need you to be with them.

Go to http://www.youngjewishproud.org/


Read the declaration. Watch the video they filmed of what exactly happened at Netanyahu’s speech. I warn you, it is very difficult to watch. Sign the declaration. Tell your friends.

Help us build a movement of young, Jewish and proud voices around the world ready to call truth to power and reclaim a vision of Jewishness based on inclusivity, justice and love. And let us take from their powerful vision the inspiration to build a broader inclusive world with young and old, every race and religion, and every nationality, that embraces the principles of equality, mutual respect and love.

Inspired and breathless,

Cecilie Surasky

Deputy Director

Jewish Voice for Peace


publicado por Carlos Loures às 09:00
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Quarta-feira, 22 de Setembro de 2010

Série de conferências sobre a ocupação israelita e a Palestina por Norman Finkelstein

Da Associação 25 de Abri recebemos esta informação:

Vimos por este meio comunicar que terá lugar em Portugal uma série de conferências pelo Professor Norman Finkelstein, activista e estudioso internacionalmente conhecido do conflito israelo-palestiniano. Em anexo encontra-se um cartaz anunciando a conferência de Lisboa que pode ser amplamente divulgado.

O programa de conferências:

Em Lisboa, dia 29 de Setembro às 18h30 no Auditório da Escola Secundário Luís de Camões: uma conferência com o título “The repercussions of Israel’s Cast Lead Operation for the future of its occupation of the Palestinian territories".

No Porto, dia 30 de Setembro às 18h00 na Cooperativa Árvore: uma conferência com o título “The repercussions of Israel’s Cast Lead Operation for the future of its occupation of the Palestinian territories".

No Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, dia 1 de Outubro às 11h00: uma conferência com o título “Myths and Realities of the Israel-Palestinian conflict”.

Os promotores do conjunto de conferências são a Comissão Nacional de Apoio ao Tribunal Russell para a Palestina, o Centro de Estudos Sociais, o Grupo de Acção Palestina, o Sindicato dos Professores da Grande Lisboa, o Sindicato dos Professores do Norte e a Fundação Mário Soares e a Cooperativa Árvore.




Uma nota biográfica sobre Norman Finkelstein:

Internacionalmente conhecido, Norman Finkelsten é um estudioso de temas que dizem respeito ao Sionismo, a Palestina e a ocupação israelita dos territórios palestinianos. É autor de vários artigos e livros com muito interesse nesse campo e é conferencista activo a favor dos direitos políticos e humanos do povo palestiniano e contra a ocupação israelita. Judeu americano, filho de sobreviventes do Holocausto, Finkelstein aplica um humanismo universalista radical e consistente à sua crítica da ocupação israelita. A sua crítica implacável da ocupação e dos seus apologistas tem-lhe custado muito, tendo a recusa da DePaul University em conceder-lhe tenure sido o resultado de intervenções sem precedentes e pressões notórias de lobbyistas sionistas (nomeadamente Alan Dershowitz). A vida e o trabalho do Finkelstein foram objecto de um documentário recente com o título “American Radical”.



O seu livro mais recente, This Time We Went Too Far: Truth and Consequences of the Gaza Invasion (OR Books, New York, 2010 - http://www.orbooks.com/our-books/thistime/) é uma análise crítica do massacre perpetrado por Israel em Gaza de Dezembro 2008-Janeiro 2009 com a Operação Chumbo Fundido. O seu livro The Holocaust Industry (A Indústria do Holocausto, traduzido para o português no Brasil pela editora Record, 2001) analisa criticamente as várias formas de aproveitamento oportunista da realidade do Holocausto pelo Estado de Israel e os seus apologistas para encobrir os crimes cometidos pela ocupação aos palestinianos.

Para mais, podem ver o seu website em
http://www.normanfinkelstein.com/

Bibliografia seleccionada:

* Image and Reality of the Israel-Palestine Conflict, Verso, 1995, 2001, 2003.
* The Rise and Fall of Palestine: A Personal Account of the Intifada Years. Minneapolis: U of Minnesota P, 1996.
* “Whither the `peace process'?”, New Left Review, 218, July-August (1996).
* A Nation on Trial: The Goldhagen Thesis and Historical Truth (com Ruth Bettina Birn) Henry Holt and Co., 1998.
* The Holocaust Industry: Reflections on the Exploitation of Jewish Suffering, Verso, 2000; 2001; 2003.
* Beyond Chutzpah: On the Misuse of Anti-Semitism and the Abuse of History. U of California P, 2005.
* “Disinformation and the Palestine Question: The Not-So-Strange Case of Joan Peter's From Time Immemorial” in Blaming the Victims: Spurious Scholarship and the Palestinian Question. Ed. Edward W. Said e Christopher Hitchens. Verso Press, 1988.
* This Time We Went Too Far: Truth and Consequences of the Gaza Invasion, OR Books, New York, 2010.

Secretaria [a25a.sec@25abril.org]


publicado por Carlos Loures às 16:00
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