Terça-feira, 7 de Dezembro de 2010

Dicionário Bibliográfico das Origens do Pensamento Social em Portugal, por José Brandão, (53)

Subsídios para a História da CUF

José Soares Martins

Afrontamento, 1974

Ora, o sr. Alfredo da Silva, pelo simples facto de possuir muitos milhares de contos, que certamente não angariou somente com o seu esforço, não tem o direito de insultar o enxovalhar quem, por necessidade de ganhar a sua vida, é empregado da Sociedade Geral.
Há muito que se vem esperando que tal situação se modifique, mas a verdade é que as coisas cada vez vão tomando pior caminho.
A Sociedade Geral não tem sequer um comandante de terra com quem os comandantes dos navios se entendam em assuntos de carácter técnico e de quem recebessem directamente as respectivas ordens, sem terem de se humilhar a receberem ordens, as mais disparatadas, de qualquer indivíduo que de coisas do mar nada percebe, julgando dos assuntos marítimos pelas viagens feitas no Tejo, a bordo de qualquer rebocador, de navio para navio.

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Subsídios Para a História do Movimento Sindicalista em Portugal
(De 1908 a 1919)


Alexandre Vieira


Lisboa, 1977

Já em Lisboa, onde continuou e ampliou a sua militância, fundou, em 1908, o jornal «A Greve», conjuntamente com outros camaradas tipógrafos e um empregado de escritório (que o escreviam, compunham, imprimiam e vendiam). Para o poder vender na rua, Alexandre Vieira não hesitou em se inscrever como «vendedor ambulante de jornais, cautelas e lotarias autorizadas».
Artista gráfico, revisor e jornalista, dirigiu além dos supracitados jornais, ainda o semanário
«O Sindicalista» (1911-1915), em 1917, o «Movimento Operário», e em 1919 o diário sindicalista «A BATALHA».
Preso várias vezes pelos monárquicos, viria a ser detido igualmente pelos republicanos, cujo ódio ao sindicalismo nada ficava a dever aos primeiros, Já sob o fascismo, foi forçado ao exílio durante cinco anos.

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Sábado, 4 de Dezembro de 2010

Dicionário Bibliográfico das Origens do Pensamento Social em Portugal (50)

O Sindicalismo no Alentejo

António Ventura

Seara Nova, 1977

O movimento associativo entre as classes trabalhadoras portuguesas começou a tomar forma a partir de 1839, embora de maneira rudimentar, com a formação da Associação dos Artistas Lisbonenses. Em Julho de 1850 é fundada a Associação dos Operários, com base num grupo de propagandistas sociais e militantes operários ligados ao jornal O Eco dos Operários e onde são de destacar os nomes de Vieira da Silva, Sousa Brandão e Lopes de Mendonça.

Naquele periódico definiam os seus objectivos.

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Os Sindicatos Operários e a República Burguesa (1910-1926)

David de Carvalho

Seara Nova, 1977

Este livro é a crónica dum tempo que de longe e do perto vivi, senti e observei, na infância e não menos na adolescência, desde uma idade em que os meninos só convivem com brinquedos, brinquedos que não tive e tive de improvisar, num tempo longo em que tudo me foi adverso e todas as coisas me atiraram para melancólicas reflexões sobre essas mesmas coisas do mundo que eu apenas pressentia e ninguém me sabia explicar; assim não pude compreender a razão da injustiça que feria tantos e tantos mocinhos como eu era então. E aqui está por que gostaria de dedicar o meu livro a tantos outros mocinhos, que o são hoje como o fui há mais do meio século, que me deixam ver que sofrem amarguras, decepções e frustrações como aquelas que sofri, mau grado tanto tempo andado e tanta coisa acontecida.
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Terça-feira, 23 de Novembro de 2010

Teatro do absurdo - algumas reflexões - 2

Paulo Rato 
                                                                                                                                          
III – A Democracia não é redutível à existência de organizações partidárias, de uma instância de poder legislativo e fiscalizador legitimado pelo voto popular e de instituições representativas de diversos estratos da população, incluindo os sindicatos.
Daí a afirmar, tão peremptoriamente como o Carlos Loures, que "O sistema parlamentar é anacrónico e disfuncional, tal como o são os sindicatos e os partidos" vai uma enorme distância, intransponível sem aniquilar a própria Democracia.

Mesmo os momentos de ruptura histórica têm raízes no passado, inconfundíveis com epifanias. E os avanços científicos e tecnológicos, à excepção de algumas raríssimas e geniais "intuições" (cada vez menos prováveis, mas que, ainda assim, não brotaram de um vazio absoluto, antes da meditação sobre questões concretas) inscrevem-se num movimento contínuo, de tal modo que a constância do progresso científico é uma das poucas certezas que podemos ter, dentro dos limites do pensamento humano. Isto é, o estado da ciência, no tempo do desenvolvimento da informática, não existiria sem o prévio estado científico que permitiu a invenção e desenvolvimento da máquina a vapor (cujos "descendentes" ainda hoje têm aplicação). Foi a Alquimia, que muitos acreditarão ser uma espécie de feitiçaria – com que, de facto, por séculos se misturou -, que permitiu chegar à Química...
Democracia sem sindicatos e partidos, Carlos?! Como?
 
O sistema parlamentar será anacrónico no dia em que se invente outro sistema que prove garantir melhor a subsistência da Democracia. Nunca antes.
Há é que aperfeiçoá-lo, não o limitar exclusivamente a regras de representatividade que, em Portugal, afastam claramente os eleitos dos eleitores, sujeitando-os às direcções partidárias; sendo certo que, noutros países, já foram encontradas algumas soluções melhores?
Sem dúvida.
Há que complementá-lo, com formas mais eficazes de intervenção política - individual ou organizada - dos cidadãos, tornando a democracia cada vez mais "participativa" (Luís)? Com certeza.
Quanto aos trabalhadores, terão sempre necessidade de se organizarem, para enfrentarem uma exploração que só tem aumentado nos últimos anos! Há quem vá dizendo (mas, atenção, que essa é uma argumentação de direita) que os sindicatos não se terão "adaptado" às "novas condições", continuando a reivindicar direitos e regalias "impossíveis", porque "os tempos são outros", etc. Se há inadaptações e anacronismos, não são estes. Então, o que já foi possível deixou de o ser porquê? Quem planeou, organizou e impôs os "tempos outros" e "condições outras"? O desenvolvimento tecnológico não deveria permitir melhores condições de trabalho, melhores remunerações, mais tempos livres, mais prosperidade, melhor distribuição de riqueza? Então, porque tal não aconteceu? Foram os trabalhadores e seus sindicatos que não se "adaptaram"?
O problema não está nos "instrumentos": está na sua adequação às tarefas para que foram criados e, sobretudo, em quem os usa e como.
"Ritornello": os sindicatos (como outras organizações dos trabalhadores) só serão anacrónicos no dia em que se invente outro sistema...
Neste caso, como o "defeito" não está no nome, duvido que essa invenção alguma vez surja...
De facto, como o próprio Carlos acaba por dizer, citando Rousseau, "falta reinventar o Homem"! Ou, como o Luís afirma, logo a seguir, reconhecendo a dificuldade da tarefa, "melhorar o homem".
Com letra maiúscula ou minúscula - tanto faria, se a história das línguas, em sociedades patriarcais, não impusesse a primeira versão como menos incorrecta -, também eu fui sendo obrigado a recuar para esse difícil e incómodo reduto: o maior problema está no ser humano, na predominância do seu instinto predador, que impede que cada indivíduo se guie, voluntariamente e sem constrangimentos alheios, por princípios éticos, procurando que os seus próprios interesses não esmaguem os interesses de outrem e se harmonizem com um mínimo denominador de interesses comuns, nunca decididos arbitrariamente, mas encontrados através de mecanismos que não ponham em causa a área em que a liberdade de cada um é imperativa. Uma equação difícil de resolver!
Quando o Luís alerta para o respeito pela liberdade e pelo "estado de direito", eu, globalmente de acordo, pergunto: que liberdade, para os mais desprotegidos, para um desempregado, um trabalhador precário, ou mesmo um efectivo, sujeito a sobrecargas de trabalho, às pressões constantes das hierarquias (que constam das novas cartilhas de "gestão"), para que não pense, se concentre "só no trabalho" e (acima de tudo!) não se organize, não confraternize, se torne no novo modelo ideal de escravo (mesmo pago)?
Estado de direito? E que direito? Quem idealizou, preparou, organizou, votou as leis que o enformam? Quem aplica essas leis? Como?
Tudo isto, sendo uma trincheira de onde se não deve recuar (não cuidar de defender a liberdade foi um dos erros fatais dos que, mesmo convictamente, tentaram construir sociedades socialistas), sofre das fragilidades intrínsecas a todas construções humanas.

IV – Josep Vidal fala-nos da degradação das palavras, num castelhano sedutor, que nos leva como uma corrente fluvial, ora branda, ora mais vigorosa. Lê-lo é um prazer de "gourmet".
Escrevi sobre essa degradação, há mais de vinte anos (e, decerto, com menos beleza), numa simples carta "colectiva" de despedida a alguém que era como a personificação de "uma" palavra, alguém que, pelas suas qualidades, restituía a essa palavra o seu mais autêntico significado.

Diria que só discordo do primeiro período, como uso discordar de quase todas as generalizações: nem todos os que se abrigam sob a capa do poder são corruptos; e não será casual que os que o não são, como o José Maria Carrilho, que por duas vezes, com sérias razões, se desabrigou dessa capa, se tornem vítimas de uns pseudo-vigilantes dos bons costumes, empoleirados em mediáticos veículos...
Mas tenho para mim que não podemos deixar roubar as palavras sem luta. Elas e os conceitos que transmitem, tudo foi criado pelos homens e pelos homens bem ou mal usado. Mas com palavras e conceitos se há-de lutar, quando de palavras e conceitos se trata.
Espero do Josep um artigo autónomo, em que um maior aprofundamento do tema não engorde o meu congénito pessimismo...

V – Concordo em absoluto com o Carlos, num dos seus comentários (desculpa Adão): os ideais dos comunistas foram traídos; e por muita gente, acrescento. Doem-me os muitos que, incapazes de ultrapassarem a ignorância em que foram criados, se deixaram arrastar pela chusma dos videirinhos.
Mas discordo da sua "recusa das experiências históricas" para "a próxima avançada do ideal", a menos que esteja a interpretar mal o que preconiza no mesmo comentário. Estou convicto de que essa "avançada" terá de resultar do cruzamento de muita coisa, que se vai pensando e fazendo, pelo mundo, apesar da informação sobre todas essas reflexões e propostas ser mantida longe do conhecimento do público. Eu próprio só delas (de parte delas!) me apercebo pelo contacto directo com investigadores especializados, que vou mantendo, em colóquios ou lançamentos de livros. Mas a História tem de estar nessas reflexões: é o conhecimento dos erros que permite não os repetir.
*
Leia-se André Chénier, o grande poeta francês da revolução de 1799, guilhotinado escassos dias antes do fim do Terror, vítima da sua integridade; e confirme-se, nas suas palavras tão actuais, como a pandórica boceta da infâmia sobrevive aos séculos.
Deixo-vos com um excerto do último dos seus "Iambes", escritos no cárcere, no original e numa pobre tradução minha.

IAMBES - IX

Comme un dernier rayon, comme un dernier zéphyre
         Animent la fin d'un beau jour,
Au pied de l'échafaud j'essaye encor ma lyre.
        Peut-être est-ce bientôt mon tour ;
Peut-être avant que l'heure en cercle promenée
         Ait posé sur l'émail brillant,
Dans les soixante pas où sa route est bornée,
         Son pied sonore et vigilant,
Le sommeil du tombeau pressera ma paupière !
         Avant que de ses deux moitiés
Ce vers que je commence ait atteint la dernière,
         Peut-être en ces murs effrayés
Le messager de mort, noir recruteur des ombres,
         Escorté d'infâmes soldats,
Ebranlant de mon nom ces longs corridors sombres,
         Où seul, dans la foule à grands pas
J'erre, aiguisant ces dards persécuteurs du crime,
         Du juste trop faibles soutiens,
Sur mes lèvres soudain va suspendre la rime ;
         Et chargeant mes bras de liens,
Me traîner, amassant en foule à mon passage
         Mes tristes compagnons reclus,
Qui me connaissaient tous avant l'affreux message,
         Mais qui ne me connaissent plus.
(…)

Car l'honnête homme enfin, victime de l'outrage,
         Dans les cachots, près du cercueil,
Relève plus altiers son front et son langage
         Brillants d'un généreux orgueil.
S'il est écrit aux cieux que jamais une épée
         N'étincellera dans mes mains ;
Dans l'encre et l'amertume une autre arme trempée
         Peut encor servir les humains.
Justice, vérité, si ma main, si ma bouche,
         Si mes pensers les plus secrets
Ne froncèrent jamais votre sourcil farouche,
         Et si les infâmes progrès,
Si la risée atroce, ou (plus atroce injure)
         L'encens de hideux scélérats
Ont pénétré vos cœurs d'une longue blessure,
         Sauvez-moi ; conservez un bras
Qui lance votre foudre, un amant qui vous venge.
         Mourir sans vider mon carquois !
Sans percer, sans fouler, sans pétrir dans leur fange
         Ces bourreaux barbouilleurs de lois !
Ces vers cadavéreux de la France asservie,
         Egorgée !… ô mon cher trésor,
O ma plume ! fiel, bile, horreur, dieux de ma vie !
         Par vous seuls je respire encor :
Comme la poix brûlante agitée en ses veines
         Ressuscite un flambeau mourant.
Je souffre ; mais je vis. Par vous, loin de mes peines,
          D'espérance un vaste torrent
Me transporte. Sans vous, comme un poison livide,
         L'invisible dent du chagrin,
Mes amis opprimés, du menteur homicide
         Les succès, le sceptre d'airain,
Des bons proscrits par lui la mort ou la ruine,
         L'opprobre de subir sa loi,
Tout eût tari ma vie, ou contre ma poitrine
         Dirigé mon poignard. Mais quoi ?
Nul ne resterait donc pour attendrir l'histoire
         Sur tant de justes massacrés !
Pour consoler leurs fils, leurs veuves, leur mémoire !
         Pour que des brigands abhorrés
Frémissent aux portraits noirs de leur ressemblance !
         Pour descendre jusqu'aux enfers
Chercher le triple fouet, le fouet de la vengeance
         Déjà levé sur ces pervers !
Pour cracher sur leurs noms, pour chanter leur supplice !
         Allons, étouffe tes clameurs ;
Souffre, ô cœur gros de haine, affamé de justice.
         Toi, Vertu, pleure si je meurs.

                                            André Chénier (1762-1794)


IX

Como uma última aura, um último raio
         Ornam dum bel'dia o declinar,
Ao pé do cadafalso a lira ainda ensaio.
         A minha vez logo irá chegar;
Talvez antes que a hora em círculo percorrida
         Pouse sobre o esmalte brilhante,
Nos sessenta passos que cingem sua estrada,
         Seu pé sonoro e vigilante,
O sono do túmulo minha pálpebra há-de fechar!   
         Antes que, de suas metades,
O verso que inicio à última vá chegar,
         Talvez nos muros assombrados
O arauto da morte, de sombras atro fautor,
         Escoltado de infames soldados,
Com meu nome abale cada escuro corredor,  
         Onde só, na turba, a largos passos
Erro, afiando estes dardos perseguidores do crime,
         Do justo tão frágeis esteios,
Em meus lábios, súbito, vai suspender a rima;
         E de laços cingindo-me os pulsos,
Arrastar-me, em multidão juntando à passagem
         Meus tristes, reclusos parceiros;
Todos me conheciam: a terrível mensagem
         Já de mim os tornou alheios.     
(…)

Porque o homem honesto, enfim, vítima do agravo,
         Nas celas, do féretro já perto,
Reergue mais altiva sua fronte e palavra,
         Brilhantes de orgulho oferto.
Se está escrito nos céus que jamais uma espada
         Em minhas mãos vai refulgir;
Na tinta e na amargura uma outra arma molhada
         Aos homens pode inda servir.
Justiça, verdade, se minha mão, minha boca,
         Meus pensamentos mais secretos
Não franziram jamais vosso severo sobrolho,
         Se a opulência dos abjectos,
E se a gargalhada atroz, ou (mais atroz afronta)
         De gente vil a adulação
Vossos corações rasgaram em ferida extensa;
         Salvai-me; conservai a mão
Que lança vosso raio, um amante que vos vinga.
         Morrer sem esgotar minha aljava!
Sem trespassar, pisar, esmagar em sua lama
         Cada algoz que leis rabiscava!
Esses vermes cadaverosos da França submetida,
         Degolada! … oh meu caro tesouro,
Oh minha pena! fel, bílis, horror, deus da minha vida!
         Por vós somente inda respiro:
Como resina ardente agitada em suas veias
         Reaviva um facho agonizante,
Sofro; mas vivo. Por vós, longe de minhas penas,
         De esperança uma vasta torrente
Me transporta. Sem vós, como lívido veneno,
         Da aflição o invisível dente,
Meus amigos opressos, do falaz homicida
         O êxito, o ceptro brônzeo,                     
Dos bons, por ele proscritos, a morte, a ruína,
         O opróbrio de sofrer seu jugo,
Tudo me esgotaria a vida; ou contra meu peito
         Meu punhal viria! Mas como?
Nada restaria então p'ra comover a história
         Com tantos justos massacrados!
Para consolar seus filhos, suas viúvas, a sua memória!
         P'ra que os bandidos detestados
Tremam nos negros retratos sua semelhança!
         Para descer até aos infernos
Procurar o triplo açoite, açoite da vingança
         Já erguido sobre tais perversos!
Para cuspir nos seus nomes, cantar seu suplício!
         Afoga, pois, teu clamor forte;
Sofre, coração de ódio pleno, ávido de justiça.
         Chora, Virtude, a minha morte.
publicado por Carlos Loures às 21:00
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Quarta-feira, 10 de Novembro de 2010

Dicionário Bibliográfico das Origens do Pensamento Social em Portugal (28), por José Brandão

Memórias de Um Operário


2º Volume

José Silva

Porto, 1971

Os partidos republicanos andavam mal informados a respeito dos desígnios do movimento militarista triunfante, pois admitiam que «os tropas» se limitariam a destruir a máquina eleitoral do Partido Republicano Português e a pôr em debandada o seu exército de caciques. Uma vez feito isso entregaria as rédeas do governo aos republicanos que, então com os seus partidos já reconstruídos e com a influência dos democráticos reduzida a um mínimo, encaminhariam a República por trilhos mais progressivos.

Os militares, ignorantes em política, mal sabiam que fazer da poder que lhes caíra nas mãos, mas, antes que a sua ignorância, os Ievasse a aproximarem-se de conselheiros republicanos, os elementos reaccionários cercaram-nos completamente…

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Movimento Operário e Sindicalismo em Portugal


Victor de Sá

Porto, 1981

A Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores Têxteis, Lanifícios e Vestuário de Portugal, em nova iniciativa editorial, lança os CADERNOS DA REVISTA TÉCNICA DO TRABALHO.

Trata-se de uma colecção, sem periodicidade regular, que procura divulgar textos ligados ao mundo do trabalho que pela sua natureza e interesse justifiquem uma publicação autónoma.

É um grande esforço que fazemos pois não é fácil a actividade editorial quando pretendemos ser lidos pelos trabalhadores economicamente mais desfavorecidos.

No entanto entendemos que vale a pena o esforço de publicarmos estes livros, pois não pretendemos obter qualquer lucro monetário e move-nos apenas a esperança e a vontade de sermos úteis, divulgando conhecimentos que auxiliem o desenvolvimento consciente dos valores autênticos do povo trabalhador.

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O Movimento Operário em Portugal

Campos Lima

Afrontamento, 1972

A simples leitura das páginas que se seguem torna bem evidente a justeza da sua publicação: no entanto, convém referir ao texto e ao seu autor algumas palavras.

Parece-nos de todo em todo evidente que esta publicação, integrada numa colecção dedicada exclusivamente ao movimento operário português, não pretende reabrir uma polémica ou apontar para a «ordem do dia» a actualidade das afirmações nela contidas; só olhares deturpadores podem tirar ilações de um conjunto de publicações que são uma tentativa de descoberta, realizada sem anteolhos, de cariz crítico e destinada sobretudo a compreender mas nunca a justificar.

Um dos problemas mais importantes para o estudo do movimento operário em Portugal é o de procurar determinar as influências ideológicas nele determinantes, procurar saber quando, como e porquê foram adoptadas…



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publicado por Carlos Loures às 18:00
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Terça-feira, 19 de Outubro de 2010

Dicionário Bibliográfico das Origens do Pensamento Social em Portugal (11), por José Brandão

O Congresso Sindicalista de 1911



César Oliveira

Afrontamento, 1971

Quando se põe a hipótese de publicar documentos pertencente à história do movimento operário em Portugal, levantam-se, justamente, certos problemas. Grande parte desses problemas radicam no facto de ser desconhecida para as modernas gerações, a história do movimento operário, na sua trajectória dentro da evolução da sociedade portuguesa e no modo de produção dominante (situação objectiva, condições de vida, aspirações, formas organizativas e formas de luta, reivindicações, êxitos e fracassos) e, por outro lado, no que respeita à própria vida das organizações, às dificuldades e limitações quotidianas que integravam a luta dos trabalhadores portugueses.

Aquele desconhecimento só poderá ser anulado por intermédio de visões globais e exaustivas da história do movimento operário completadas com monografias e estudos parcelares que documentem aspectos e momentos da luta…
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Contos

Fialho de Almeida




Publicações Europa-América, s. d.

Carolina nasceu no dia da morte da mãe. Até ali, o coveiro vivera sem misérias, mas, morta a mulher, descobriu-se donde vinham as couves e ninguém mais lhas comprou. Não se sabe como a pequena se criara, mas aos doze anos era bonita, franzininha, o nariz arrebitado, descalça e cheia de remendos.

E sem consciência do que via, acompanhava o pai na sinistra ocupação de sepultar os mortos. Assim crescera. Naquela miseranda existência entrara a criar predilecções. Começou a amar principalmente os mortos que (…) iam habitar em sepulcros de mármore, com figuras sentimentais na fachada e pomposas inscrições nas lápides. Pode dizer-se que aprendeu a ler no cemitério, quando curiosa na sua pobreza esfrangalhada queria saber os nomes e posições ocupadas no mundo pelos que habitavam aquela branca cidade de mármores, de que se julgava rainha.

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Contos ao Luar

Júlio César Machado

Europress, 1991



Buscando os argumentos dos seus folhetins e contos na vida da Lisboa boémia oitocentista: nos teatros, na ópera, nos anais, nos salões de baile, nos botequins e, sobretudo, na rua, Júlio César Machado é um prolixo escritor que, ao seu tempo, teve a aura da glória e do reconhecimento público.

"Contos ao Luar" é uma colectânea onde a vida da Lisboa do século XIX perpassa colorida, em todos os tons, pelos imbróglios amorosos de um sentimentalismo tão ao gosto da época. Nesta reedição de "Contos ao Luar" cabe, ainda, uma referência especial ao prefácio da autoria de Vitor Wladimiro Ferreira, um especialista da literatura portuguesa oitocentista. Mais do que um prefácio, um notável ensaio sobre o autor e a sua época.


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publicado por Carlos Loures às 18:00
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Sábado, 25 de Setembro de 2010

República nos livros de ontem nos livros de hoje - 181 e 182 (José Brandão)

O Sindicalismo em Portugal

Manuel Joaquim de Sousa

Afrontamento, 1976

História do movimento sindical em Portugal desde os primórdios das velhas associações de classe até ao ano de 1926, escrita por esse notável militante anarco-sindicalista que foi Manuel Joaquim de Sousa secretário-geral da Confederação Geral do Trabalho e redactor principal d'A Batalha, então o terceiro jornal diário mais vendido no país! Esta edição conta com prefácio e notas de Emídio Santana.



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Os Sindicatos Operários e a República Burguesa (1910-1926)

David de Carvalho

Seara Nova, 1977

Este livro é a crónica dum tempo que de longe e do perto vivi, senti e observei, na infância e não menos na adolescência, desde uma idade em que os meninos só convivem com brinquedos, brinquedos que não tive e tive de improvisar, num tempo longo em que tudo me foi adverso e todas as coisas me atiraram para melancólicas reflexões sobre essas mesmas coisas do mundo que eu apenas pressentia e ninguém me sabia explicar; assim não pude compreender a razão da injustiça que feria tantos e tantos mocinhos como eu era então. E aqui está por que gostaria de dedicar o meu livro a tantos outros mocinhos, que o são hoje como o fui há mais do meio século, que me deixam ver que sofrem amarguras, decepções e frustrações como aquelas que sofri, mau grado tanto tempo andado e tanta coisa acontecida.

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Editorial

.Carta aberta de Júlio Marques Mota aos líderes parlamentares

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