Segunda-feira, 27 de Junho de 2011

LIÇÕES DE ETNOPSICOLOGIA DA INFÂNCIA - XXIV, por Raúl Iturra

(Continuação)

 

A vida sexual das crianças é de grande liberdade e existe a possibilidade de relações amorosas entre elas, seja de plaisanterie, sedução, brincadeira, ou ainda, de juntar os corpos em fellatio, esfregar um com o outro, masturbação em grupo, ou a uma penetração possível – a criança de três, quatro ou mais anos, tem erecção, prazer e orgasmo, como diria Klein na sua teoria meta psicológica já citada[1], embora não tenha ejaculação, esfregam os corpos como vêem fazer aos adultos com quem moram. Para entender essa vida sexual parece-me necessário explicar dois factos: a classificação por idades entre os Kiriwina; como é que acontece entre nós, como está permitido termos relações sexuais antes do ritual do matrimónio, ou apenas no dia do matrimónio, e nunca durante a época do contrato de compromisso para o matrimónio ocidental?

 

Entre nós, os tempos têm mudado, especialmente entre 1895 e a actualidade. O que Freud diz de sexualidade infantil é diferente das análises de hoje.[2] Quer Freud, quer Ferenczi, apesar de se dizer que inventaram a sexualidade infantil a partir de um código de comportamento retirado da vida adulta, analisam no entanto o abuso da sexualidade infantil, como, aliás, se prova pelos factos de pedofilia, o encerramento de Instituições, as acusações a homens detentores de poder politico na sociedade, o tráfico de crianças entre países e famílias, a prostituição infantil, demonstrando largamente que os textos sobre abuso infantil destes autores não estavam nada longe do real e dos danos que causavam. Diz Freud que o desenvolvimento da sexualidade infantil leva, no limite, à “ansiedade de castração”. A comparação do que a criança vê entre os adultos e o seu próprio corpo e as possibilidades dentro da sua libido erótica, faz com que o mais novo tenha medo desse adulto que pode violar o seu corpo, fisicamente falando, como Richard relata a Klein. Não existe apenas desejo infantil, excitação ou necessidades genitais precoces, mas também comportamento infantil na procura de prazer com adultos, como sugar o pénis de um homem adulto até à ejaculação, acariciar uma vagina ou brincar com corpos de adolescentes, como eu próprio presenciei no meu trabalho de campo, para prazer de ambos. É o que o analista designa por sexualidade oral ou anal, entre nós não permitida, mas ritual entre outros grupos[3]. A sensação de angústia do adulto, tem o seu começo na idade infantil, nas brincadeiras de masturbação em grupo, com amigos ou com adultos, como acontece nos factos observados, especialmente de homens novos com crianças que procuram o seu corpo, viúvas a temer gravidezes não desejadas, sucção de pénis que ejacula e outras actividades eróticas da libido[4]. Actividades que acontecem especialmente em actividades rituais e festivas, na altura em que o adulto usa drogas que rebaixam as suas pulsões éticas e a criança confia nele por não conhecer essas diferenças entre a vida quotidiana e de trabalho ou em família, e a vida solitária, quando o adulto não resiste conter a sua pulsão erótica e penetra na criança, pelo ânus ou pela boca. Penetração que a criança aceita ao pensar que é emotivamente evidente e permitida, especialmente se o adulto é da sua confiança, conhecimento e proximidade emotiva sentimental, como parentesco, filiação e outras já referidas para outros grupos sociais, tentando ignorar o nosso, hoje em tribunal, enquanto muito adulto anda pelos campos das neuroses.

 

 

 

publicado por João Machado às 14:00
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Sábado, 13 de Novembro de 2010

O saber das crianças e a psicanálise da sua sexualidade –25 por Raúl Iturra.



Anexo 4

Para entender esta parte do anexo, é preciso saber o conteúdo do texto de Freud de 1925, Psychanalyse et médecine ou La question de l'analyse profane, texto em francês, que pode ser lido em:

http://www.uqac.uquebec.ca/zone30/Classiques_des_sciences_sociales/classiques/freud_sigmund/psychanalyse_et_medecine/psychan_et_medecine.html,

“Psychanalyse et médecine” ou “La question de l'analyse profane” (1925) Posfácio

Posfácio do livro de Freud de 1925, escrito e publicado em 1927.

Versão em língua lusa do livro de 1925 : Freud, S. (1926) A questão da análise leiga. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, volume XX. Rio de Janeiro: Imago Editora; 1976, pp. 203-93.

Este texto é uma edição electrónica realizada a partir do Posfácio de 1927, da obra La question de l'analyse profane ou “ Psychanalyse et médecine”. Tradução do Posfácio de "Frage der Laienanalyse" in Sigmund Freud, Frage der Laienanalyse Gesammelte Werke, Werke aus den Jahren 1925-1931 (p.287 à p.296), 1948 Imago Publishing Co., LtD., London. Posfácio publicado com base no debate organizado pela publicação Revue Internationale de Psychanalyse, no verão de 1927 (ano 13, N° 2 e 3), sobre a questão da análise (nota do texto escrito em língua alemã). Tradução original realizada pelo nosso colega e amigo, Philippe Folliot, professor de filosofia do Liceu Ango de Dieppe, responsável do sítio web Philotra.

Posfácio (1927) (note 1)

Tradução do Posfácio do livro que em alemão se intitula: "Frage der Laienanalyse"

in Sigmund Freud, e em português: Análise Profano.

Texto Original, publicado em Janeiro de 1925, em língua alemã - Em língua inglesa, 1931 e 1948 (p.287 à p.296), por Imago Publishing Co., Lt., Londres.

Tradução de Philippe Folliot, professor de filosofia do Liceu Ango de Dieppe.

Outubro de 2002.

«O motivo pelo qual escrevo este posfácio, deve-se ao facto das discussões que o livro tem causado (Note 2), debates que irei aqui refutar.

As discussões abordam a actuação de um leigo, nosso colega não médico, o Dr. Reik, na análise de pessoas, acusado pelas autoridades de Viena de ser um charlatão. Pode-se dizer que ele é conhecido por todos e que, após indagações sobre o seu saber e actuação, foi absolvido. O sucesso, parece-me, não é devido ao meu livro. As circunstâncias advêm do pouco suporte da acusação ao considerar o acusado pessoa de pouca confiança. O caso do Dr. Reik foi travado, quando se indagavam dados para o processo. Não me parece ser um princípio justo de um tribunal de Viena. Impedir o desenvolvimento do processo não me parece ser correcto por não ter o significado de um julgamento de princípios de um tribunal de Viena, que inquire sobre um julgamento de análises feitas por um denominado profano. Ao outorgar fé à imagem da testemunha « imparcial » no meu livro que defende essa tese, fi-lo porque ao questionar um dos altos funcionários, um homem de espírito brilhante e de uma integridade pouco comum, sobre o caso entreguei-lhe, pela confiança que me inspirara e depositara nele, um texto, uma tese de defesa pessoal acerca do assunto Reik. Estava consciente de não estar a intervir na justiça, pelo que não me parecia credível que ele adoptasse o meu ponto de vista, encerrando o caso com um acordo imparcial.

Os analistas têm adoptado uma opinião comum sobre a análise profana, da qual discordo, o que me tem levado a não solicitar as suas opiniões. Quem, na pesquisa, tem comparado a opinião da Sociedade húngara com a de Nova Iorque, deve talvez presumir que o meu texto não tem colaborado em nada para a defesa do caso, e, porém, mantém a opinião defendida antes de charlatanearia. A pessoa que critica o « charlatão » está isolada, pois numerosos colegas têm moderado a sua opinião aderindo, à minha análise, ou seja, a ideia que a análise profana não tem que estar baseada em costumes tradicionais, mas que pode nascer de uma situação inédita. Assim sendo, este caso necessitava de um julgamento com outro desfecho.

O meu ponto de vista é simples: não se trata de saber se o analista acusado está munido de um diploma médico, importa, isso sim, saber se adquiriu formação específica necessária para o exercício da análise. O assunto em discussão é, pois, saber qual a formação mais apropriada para um analista. Penso e teimo que não é a que a Universidade ensina ao futuro médico. A denominada formação médica, parece-me ser uma caminhada penosa que entrega ao analista, é verdade, muito do que é indispensável, mas também o obriga a outras matérias em nada necessárias à análise. A universidade ensina matérias que podem desviar o saber e as capacidades do analista para um trabalho demasiado teórico e pesado para o analisado. Pode ocorrer o perigo do seu interesse na psicanálise ser perturbado e a sua maneira de pensar distanciar-se dos fenómenos psíquicos. O programa para a formação de um analista deve consistir, em primeiro lugar, a aprender a elaborar, para globalizar, tanto quanto possível, as ciências do espírito : a psicologia, a história da civilização, a sociologia, saberes que a anatomia, a biologia e a história da evolução, mal podem transmitir. Há tanta matéria para aprender, que ao futuro analista pode muito bem ser retirado do programa essas não consideradas fundamentais, por não serem coerentes para entender a mente, por não conferirem directamente com a actividade analítica. Só apenas lateralmente. O que o analista deve saber é tudo o que permita entender os pensamentos da mente analisada, saberes que colaborem para a formação da mente que analisa, ao intelecto da observação sensível.

É fácil esta critica. Não há escolas superiores de análises que satisfaçam este pensamento ideal. É, de facto, uma idealização que pode e deve passar a realidade material. As nossas instituições de ensino, apesar de toda a sua insuficiência juvenil, são o começo dessa realidade sonhada.

Os meus leitores já devem ter entendido, das minhas palavras precedentes, que estou a propor ideias que, nas discussões, são violentamente debatidas: a psicanálise, por exemplo, ainda não é uma especialidade da medicina. Não consigo tão pouco imaginar o porquê da psicanálise não ser reconhecida como tal. Não consigo perceber como é possível, ainda, não ser uma especialidade médica. A psicanálise é parte da psicologia, não apenas da psicologia médica no sentido antigo, ou da psicologia de processos mórbidos, mas sim, e com muita boa vontade, da psicologia como ela é, apenas com mais conteúdo e saber, essa base que passa a ser a psicanálise. Essa análise que não induza a errar na base do seu uso com finalidades médicas. A electricidade e os raios x têm adquirido uma aplicação médica, como teoria física que trata de duas entidades. Tal como os argumentos históricos : nada podem mudar sem provas. Toda a teoria da electricidade faz parte de uma observação, de uma preparação neuro – muscular, porém, ninguém hoje em dia pode pretender que seja parte da fisiologia. Quanto à psicanálise, tem-se comprovado que foi criada por um médico que se esforçava em curar os seus pacientes. Contudo, não avançou muito, mas ajudou no desenvolvimento da teoria psicanalítica. Este argumento histórico é altamente perigoso. Se o continuarmos, poder-se-ia denominar este médico, um mau curandeiro. O corpo médico oferece uma grande resistência ao saber analítico e somos criticados. Não apenas a esse esforçado médico solitário, bem como todos nós. Um dos argumentos parece ser que hoje em dia ninguém está preparado para estudar a mente, ou que exista o direito de a analisar. Na realidade, ainda que recuse esta conclusão, sinto o ímpeto de recusar a ideia dos médicos. Parece-me bem recusar testemunhas como as referidas. Ainda hoje desafio e pergunto-me se as formas médicas de curar não precisam de saber, pelo menos em parte, da teoria analítica, para saber da libido, o primeiro ou segundo dos sub-estágios da dinâmica da vida, como define Abraham, essa dinâmica de se apropriar ou destruir o nosso objecto amado.

É preciso travar, de momento, a análise histórica: por se tratar de uma análise feita por mim, ofereço, aos que se interessem, as minhas motivações para ser analista. A seguir a quarenta anos de prática médica, o meu saber, sobre mim próprio, acusa-me de não ter sido um bom médico (Note 3). Desviei-me, para ser médico, do meu desejo original, desvio imposto sobre mim. Desvio que me levara a um triunfo, de regresso à minha intenção inicial. Desde muito novo, não tinha reparado no meu desejo de ajudar outros seres humanos a curarem-se dos seus sofrimentos. Uma predisposição sádica da minha parte, que não me parecia muito importante.
 
Notas:
 
Do It. Ciarlatano s. m., vendedor, em lugares públicos, de drogas cujas virtudes apregoa exageradamente; aquele que explora a boa-fé do público; impostor; intrujão; pantomineiro;



deprec., mau médico. Definido em: http://www.priberam.pt/dlpo/definir_resultados.aspx A nota é minha, não de Freud.


publicado por Carlos Loures às 15:00
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Sexta-feira, 12 de Novembro de 2010

O saber das crianças e a psicanálise da sua sexualidade –24 por Raúl Iturra.



(Continuação)

Hoje em dia faço o possível e o impossível para defender que o complexo de Édipo devia ser virado do avesso: são os pais que precisam dos descendentes, especialmente quando a vida começa a ficar à beira do fim, na mais espantosa das solidões. Ou estamos no cume sem borrascas, como diria Emily Brontë, ou com borrascas por ficarmos sós e pensarmos ter feito tudo correcto na vida. Mas, Margaret Mitchell afirma, desde 1936, que o que não fica por escrito o vento leva. Eu não queria que o vento da vida levasse as minhas memórias, especialmente as mais queridas para mim, as da minha descendência.


Este livro, contrariamente ao Para sempre ticinco. Allende e Eu (no prelo) tem sido pesado. Passar pelo crivo da estrutura de personalidade, submetendo lembranças e emoções a teorias e autores que eu próprio analiso, tem sido duro. Não estou arrependido. É assim.

Há, ainda, uma outra intenção no surgimento deste livro. Entregar aos docentes uma teoria: é necessário saber de história da nossa cultura, ou das nossas orientações de religiosidade que guiam a mente humana, como também é preciso entender a estrutura de personalidade que a nossa cultura, no sentido antropológico do conceito, modela na nossa psicologia. O melhor sujeito para uma pretensão como esta é o nosso ego profundamente estudado com as nossas teorias e as dos sábios que as criaram. Ensinar é saber não apenas a ciência doutoral, mas também a ciência do povo.

Por fim diria, que nunca mais aprendemos tudo o que é necessário para viver e acabar a vida em paz. Seja o que for, está mal feito. Eis porque pus o meu ego sob o prisma da psicanálise, ao estudar a hipótese mais importante do fundador: a libido infantil. Que foi preciso ler o Talmude? Pois foi. Rever o Alcorão, o Mishnã, o Torah? Devia haver uma divindade para me compensar estes anos de aprendizagem, no mais absoluto silêncio, quebrado, por vezes, pela simpática companhia de Maria da Graça Pimentel Lemos, que não apenas fixou o meu português, bem como trabalhou à noite, em sua casa, para corrigir os meus erros, o que agradeço profunda e profusamente.



Anexo 1

Texto de Klein Le psychanalyse des enfants 1933.


Em Londres, Melanie Klein (Viena, 30 de março de 1882 - Londres, 22 de setembro de 1960) psicoterapeuta austríaca, geralmente tida como psicoterapeuta pós-freudiana, encontrou o seu lar intelectual. Dividia o seu tempo entre os psicanalistas britânicos que acolheram as suas (novas) ideias e que aderiram entusiasticamente à aprendizagem das suas técnicas, e o desenvolvimento, na Grã-bretanha, de uma escola ligada às novas correntes da psicanálise. Parte do seu tempo dedicou-o ao treino de futuros analistas do seu pensamento, teorias e técnicas psicanalíticas. A primeira inovação teórica de Klein foi a de incorporar a ideia do instinto de morte ao afirmar que o super ego se desenvolvia em tenra idade, ainda antes da formulação no inconsciente do complexo de Édipo. Esta ideia apresentava-se como um verdadeiro desafio à teoria de Freud do desenvolvimento do inconsciente, conjuntamente com a teoria dos jogos necessários à análise. Estava lançada a controvérsia entre os analistas britânicos e a Sociedade de Viena de Psicanálise, à qual Anna Freud pertencia, encontrando-se, ela própria, à época, a desenvolver a sua própria teoria sobre a psicanálise das crianças.


O simpósio de 1927 dedicado à Análise da Criança, publicado no International Journal of Psychoanalysis, foi o resultado do debate referido antes. Por outras palavras, o dos britânicos/austríacos, acima mencionado.


Klein, durante a década seguinte, contribui para o avanço/novas abordagens da psicanálise, através dos seus estudos continuou os seus estudos sobre crianças, como o seu mais importante debate durante a década seguinte.

No livro datado de 1932, A psicanálise das crianças, traduzido para a língua lusa, só em 1975, pela Editora Imago do Brasil, Volume II: A psicanálise das crianças, em inglês The Psychoanalysis of Children, Klein propõe que a criança tem, na mãe, a sua primeira relação objectiva, sentimento que, por pulsões agressivas, a orienta a desenvolver uma vida psicológica com imagens e fantasias sádicas. Como resultado destas descobertas escreveu um texto pioneiro, em 1935, reeditado em 1984, intitulado: “A contribution to the psychogenesis of manic depressive states”, em língua lusa, publicado pela mesma editora (acima referida), volume I: Amor, Culpa e Reparação ensaio publicado em língia lusa como:“Uma contribuição à psicogênese dos estados maníacos-depressivo, escrito num curto espaço de tempo - entre a morte do seu filho, em Setembro de 1934, com 27 anos de idade, num acidente de alpinismo - e a redacção do texto, inquire a relação entre o luto e os mecanismos de defesa primitivos. Neste texto, introduz a ideia da existência de duas fases fundamentais no desenvolvimento de doenças mentais: o posicionamento paranóide - esquizofrénico e a posição depressiva. As ideias de Klein acerca dos mecanismos de defesa esquizofrénica, produziram um imenso clamor e um duro debate entre os membros da Sociedade Britânica de psicanálise.


No período da 2ª Guerra Mundial, as discussões processavam-se em torno das ideias de Klein, identificadas por kleinianismo, consideradas por alguns tão divergentes das teorias de Freud, que seriam uma outra teoria, mas nunca psicanálise. Do debate resultou a criação/fundação de duas escolas/correntes diferentes: o Kleinianismo e o Froidismo. Klein, surge assim, como a primeira analista a desafiar a teoria de Freud sobre o desenvolvimento da psique.


Gostaria de salientar que já antes, na década de 20, Jung tinha feito um desafio semelhante, que lhe valeu a expulsão da Sociedade Vienense Analítica.


Alice Miller, lança novo desafio, nos anos 70, ao propor novas abordagens para a análise das crianças. O resultado foi idêntico, expulsão do, já organizado, Colégio de Psicanalistas. Desde então, vive na Suiça, de onde produz e envia os mais maravilhosos livros sobre crianças para o programa The Natural Child, ao qual tenho a honra de pertencer. Programa organizada por Alice Miller e assitentes.

(Continua)
publicado por Carlos Loures às 15:00
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Terça-feira, 26 de Outubro de 2010

O saber das crianças e a psicanálise da sua sexualidade –13: por Raúl Iturra.

Parece-me haver elementos suficientes para entender as feridas causadas nos mais novos, que passam a ser, em adultos, ou mentes brilhantes ou mentes apagadas. É por esta questão que abordo a definição de anomia de Durkheim. O abuso sexual é analisado pelo autor recorrendo a trabalho de campo e a estatísticas, contudo, não faz qualquer referência ao abuso de crianças. São os analistas e os Etnopsicólogos, como Georges Devereux, Marcel Mauss e o seu afamado discípulo, hoje com cem anos, Claude Lévi-Strauss , que o irão fazer.

O abuso emotivo e sexual da criança, análise central nos textos de Freud, Klein e Miller, conduz a uma psicopatia como a relatada por Miller no seu Thou shalt not be aware, capítulo 4, parágrafo 2, página 37, quando estudou um caso completamente diferente dos, até agora, analisados por ela: a psicopatia desenvolvida por uma criança de 9 anos à morte do seu pai. Um pai que o tinha criado dentro de formas religiosas estritas. O analista que tinha tratado do caso comentou com Alice Miller que, as duas formas de aproximação ao facto eram correctas: a teoria de analisar impulsos definidos por Freud, e a mais usada por ela, a de uma pedagogia livre de preceitos, na que o desenho era parte importante. Mas, a criança tinha desenvolvido um problema Edipiano sentindo-se feliz com a morte do seu pai. A criança precisava de uma análise das suas ilusões de ver anjos que a ameaçavam pela morte do pai. Na minha opinião, este é o caso em que existe apenas medo, um medo edipiano, como anteriormente referi. No entanto, como Bion entendeu, a partir da sua experiência de trabalho em grupo com membros do exército em guerra, nos anos 40 do século passado, existem duas alternativas quando os abusos emotivos e perversões com a infância aparecem: ou aprendemos a ser criativos para sair do buraco do desencanto, ou essa dor dá cabo da nossa racionalidade , ideias, por sua vez, retiradas do conceito do Eros freudiano (1923 ), utilizado por Klein e Miller nas suas análises. É sabido que Freud recorria aos mitos gregos para definir conceitos e resolver problemas emotivos dos seus pacientes. Sabemos também, que a mitologia grega está preenchida com a realidade da vida, de forma narrativa e não apenas como disciplina de vida social, como acontece nos textos do Talmude, da Bíblia, do Torah ou nos de Jean Calvin , Martin Luther e nos do Catecismos da Igreja Católica, textos que Freud ignorou porque causavam problemas aos que seriam seus pacientes.

Especialmente a doutrina de Lutero. Lutero, que de entre todos os Sacramentos definidos pela Igreja Romana, manteve apenas três: o Baptismo, a Confissão e o Sacramento do Altar ou a Comida de Deus, denominado Comunhão pelos cristãos romanos. O Baptismo declara publicamente a existência de mais um membro dentro do grupo local, como tenho definido noutros textos , a Confissão, promove o melhor convívio entre o grupo social e uma relação calma e serena do membro individual com a divindade, e a Ceia do Altar, é a partilha em conjunto de bens, sentimentos, profissão de fé. Tudo o que os outros careciam. Como sabemos, os grupos luteranos enriqueceram com base na ideia de vocação para a salvação da alma, ideia muito aprofundada na profissão de fé da cristandade, dos muçulmanos, dos budistas e de outras confissões. Possuidores de meios e temerosos pela salvação, os sacramentos eram apenas um ritual para manter a congregação unida, em paz e harmonia.

Notas:
Refiro Marcel Mauss como Etnopsicologo por dois motivos: primeiro, por estudar a mente humana através da teoria do sacrifício, do pecado, dos rituais, mitos e ritos campos de estudo nunca antes analisados da forma como Marcel Mauss o fez: com trabalho de campo, contexto histórico e etnográfico e com explicações etnológicas da mente humana. Etnológicas ou Etnologia, não são só a forma de denominar a Antropologia em França. É toda uma ciência que estuda a mente humana por meio das palavras, das ideias e das acções. O dicionário por mim usado para este texto diz: do Gr. éthnos, raça + lógos, tratado. s. f., ciência que estuda os factos e documentos recolhidos pela etnografia; estudo dos povos e das raças, nos pontos de vista dos seus caracteres psíquicos e culturais, das suas diferenças e afinidades, das suas origens e relações de parentesco, em: http://www.priberam.pt/dlpo/definir_resultados.aspx. O seu mais brilhante discípulo, Claude Lévi – Strauss, fala também de Etnologia.
Um segundo motivo, é o seu famoso livro sobre a dádiva, que tenho severamente revisto num livro meu, citado antes, texto de Mauss resultante do estudo das formas de pensamento de vários povos, a partir das investigações etnográficas de outros, como Malinowski, Boas, Thurwald. A sua conclusão é paradoxal: depois de estudar de forma analítica as actividades de outros povos do mundo, denominados no seu tempo não civilizados, acaba por estudar a sua própria nação e de analista da psicologia dos porquês e dos como dos povos cujas etnografias foram estudados por outros, acaba por passar a estudar a antropologia da economia materialista histórica, socialista marxista. O texto é de 1923-24: Essai sur le don: forme et raison de l´échange dans les sociétés archaïques, publicado primeiro em duas partes da Revista fundada por Émile Durkheim, L’Année Sociologique, mais tarde editado como livro, intitulado L’Essai sur le don, Presses Universitaires de France, 1950, 197 páginas, enviado à editora pelo estudante de Marcel Mauss, Claude Lévi – Strauss. Este discípulo compilou e editou toda a obra de Mauss em três volumes no mesmo ano, e na mesma editora. Marcel Mauss, por causa da perseguição nazi, tinha as suas faculdades mentais perturbadas, não usava a razão, tendo retrocedido da idade adulta para a infância. “Marcel Mauss que, aterrorizado por causa dos seus descendentes, intelectuais e consanguíneos, poderem desaparecer na Segunda Guerra Mundial do Século XX, tal e qual tinha sido na Primeira Grande Guerra, fugiu do real refugiando-se numa calma paranóia”. Esta parte da nota foi retirada do meu texto “Marx, Durkheim e a teoria da infância”, publicado no periódico A Página da Educação, nº115, ano 11, Setembro de 2002, texto em linha em: http://www.apagina.pt/arquivo/Artigo.asp?ID=2013 . O trabalho mais interessante de Marcel Mauss, pode ser lido em: http://classiques.uqac.ca/classiques/mauss_marcel/socio_et_anthropo/2_essai_sur_le_don/essai_sur_le_don.html , ou no sítio web: http://pages.infinit.net/sociojmt. Há versões em português, da Editora Edições 70, uma de 1988, e uma outra com melhor tradução, de 2001. É esta última versão que sempre recomendo. Recensões e excertos de texto, em: http://www.google.com.br/search?hl=pt-PT&q=Marcel+Mauss+Ensaio+sobre+a+d%C3%A1diva&btnG=Pesquisa+do+Google&aq=f&oq=


Claude Lévi – Strauss ao falar da Antropologia, distingue entre etnografia ou saber dos outros com trabalho de campo, que, como actividade de cientista, não é a sua melhor opção. Donde, fala de Etnologia. Especialmente na conferência oferecida no dia do seu aniversário – nasceu a 28 de Novembro de 1908 em Bruxelas, filho de pais alsacianos. Na conferência afirma, entre outras coisas: “Detesto as viagens e os exploradores. Disponho-me a narrar as minhas expedições. Mas, quanto tempo [levei] para me decidir a fazê-lo!”. Citação retirada do início do seu livro publicado em 1955, que lhe valeu uma fama imediata: Tristes Trópicos, a sua autobiografia intelectual. Um livro tão magnificamente escrito que o júri do prémio Goncourt publicou nesse ano um comunicado manifestando o seu pesar por não poder premiá-lo pelo fato de se tratar de um ensaio e não de um romance, texto completo com o título de Centenário de Claude Lévi-Strauss, em: http://www.ambafrance.org.br/abr/atualidades/actualite_en_france_levi.html Tristes Trópicos é a tradução do seu livro Tristes Tropiques, Plon, Paris, 1955, editado em português pela editora Edições 70, Colecção Perspectivas do Homem. 1979, Lisboa, tradução de Jorge Constante Pereira. Para estarmos certos da sua opção, diga-se que o texto começa com um capítulo intitulado: “ O fim das viagens”. Consulte-se: http://www.google.com.br/search?hl=pt-PT&q=Claude+L%C3%A9vi+-+Strauss+Tristes+Tr%C3%B3picos+&btnG=Pesquisa . Nos seus livros de 1952: Race et Histoire, encomendado e editado pela UNESCO para comemorar a criação dos Direitos Humanos, define Etnologia já no título, ao falar de Raça, e no Capítulo 1, analisa a contribuição das raças humanas para a civilização, enquanto no seu texto de 1962: La pensée sauvage, Librairie Plon, antes de outra temática, começa por falar da Ciência do Concreto para combater a ideia de que o denominado pensamento primitivo não tem pensamento abstracto. Usa a língua da Etnia Chinook do Noroeste dos Estados Unidos para provar o seu acerto de que todas as civilizações têm pensamento abstracto, o que estuda nos oito capítulos do livro com a lógica das classificações totémicas, de casta e de totem. Lévi – Srauss demonstra que o pensamento mítico e o pensamento científico, enquanto formas de conhecimento, são partes do pensamento abstracto das diversas culturas das sociedades do mundo. Quem não tiver pensamento abstracto, é uma pessoa que recua no seu saber ou ainda não está capacitada para entender o pensamento da ciência do concreto. É o que Freud teria gostado de saber para enriquecer a sua teoria do inconsciente, só que a temática e o conteúdo do livro foram escritos dezenas de anos a seguir à morte de Freud. No entanto, os seus discípulos, usam este e outros textos, como fazem os analistas, para entender esse inconsciente descoberto por Freud. É o motivo de denominar Lévi - Strauss como tnpsicólogo. Aliás, usou muito a teoria freudiana para as suas análises, até criar a sua própria teoria estruturalista da Antropologia, que usou para estudar o pré-consciente e o consciente dos indivíduos.
Porquê Etnologia? A Etnologia é o estudo ou ciência que estuda os factos e documentos levantados pela etnografia no âmbito da antropologia cultural e social, buscando uma apreciação analítica e comparativa das culturas. Em sua acepção original, era o estudo das sociedades primitivas, todavia, com o desenvolvimento da Antropologia, o termo primitivo foi abandonado por se acreditar que exaltaria o preconceito étnico. Assim, actualmente diz-se que a etnologia é o estudo das características de qualquer etnia, isto é, agrupamento humano - povo ou grupo social - que apresenta alguma estrutura sócio - económica homogénea, onde em geral os membros têm interacções presenciais, e há uma comunhão de cultura e de língua. Este estudo visa estabelecer linhas gerais e de desenvolvimento das sociedades. O etnógrafo observa basicamente as diferenças entre as sociedades, na proposição de Mauss como ensina no seu Manual de Etnografia, desde o modo de andar e usar o corpo (técnicas corporais) até à celebração do casamento e dos funerais. Deve-se descrever e analisar toda a vida social de um povo e um lugar, observa principalmente o que esse povo diz de si mesmo e o modo como identifica os seus participantes.
Na prática o estudo da etnologia acompanhou a expansão do mundo europeu para o oriente, África, Austrália, Américas e Oceania. No início, confundia-se com o estudo das raças e dos povos conquistados, refira-se que a divisão humana nas raças que conhecemos foi uma invenção dos europeus que estudavam a desigualdade das raças para justificar os seus objectivos colonizadores. Texto que não me pertence, mas investigado por mim e retirado de uma das entradas Internet da página web: http://www.google.com.br/search?hl=pt-PT&q=Etnologia&aq=f&oq=, especialmente a entrada http://pt.wikipedia.org/wiki/Etnologia
Bion, Wilfred, (1961e após várias reedições, a que tenho comigo) 2000: Experience with groups, Routledge, Londres. Este texto pode-se sintetizar assim: Freud escreveu do seu melhor sobre a estrutura da mente humana. Melanie Klein, por sua vez, deu do seu melhor saber, nomeadamente com os textos escritos sobre as ansiedades primitivas do ser humano em pequeno. Poder-se-ia dizer que Bion soube integrar as estruturas dos processos primitivos e os seus conteúdos, apesar de ser em textos com uma escrita difícil, às vezes grotesca e excêntrica. Klein conseguiu mostrar a, por vezes, demência do nosso comportamento; Bion soube desenhar em mapas a geografia dos nossos processos comportamentais inconscientemente psicóticos, sempre a bater por cima de nós, tomando ou angariando, por vezes, a nossa vida individual, em grupo ou institucional. O seu estilo de escrita é, às vezes, extremamente formal, ao ponto de usar a matemática para se exprimir, ao descobrir que as palavras tinham um sentido diferente do que queríamos exprimir, as palavras eram significativas.
Esse estilo é tão formal, que usa não apenas a matemática, como recorre a símbolos algébricos no esforço de se afastar das formas comuns, de cliché, no uso de palavras e conceitos. Comentários a partir de vários sítios na net, da minha leitura de Bion e da minha análise do seu saber. A comparação entre Freud, Klein e Bion, está bem explícita em: http://www.human-nature.com/rmyoung/papers/pap148h.html. Sobre a sua escrita, veja-se: http://pt.wikipedia.org/wiki/Wilfred_Bion
O texto citado, advém do facto de Bion ter sido psiquiatra do exército britânico durante a Segunda Guerra Mundial, trabalhando no sentido de melhorar a selecção dos oficiais e tratando vítimas. É conhecido particularmente pelo trabalho desenvolvido no Tavistock Institute, em Londres. Durante a estada no exército, centrou a sua observação em indivíduos e em grupos. Desta experiência, nasceu a ideia de psicanálise em grupo. Durante os anos 40, abriu o caminho na dinâmica de grupo, sendo Experiências com Grupos o ápice desse trabalho. Posteriormente dedicou-se à prática psicanalítica, elevando-se subsequentemente à posição de director da Clínica de Psicanálise de Londres (1956-1962). Para mais informação, consulte-se: http://pt.wikipedia.org/wiki/Wilfred_Bion . O texto original está referido em notas de rodapé anteriores.
A definição do Eros Freudiano está baseada no Mito de Eros que, pela sua importância, a narrei no corpo central deste trabalho.
Sigmund Freud, 1923: The Ego and the Id PublisherW. W. Norton & Company, Londres. Excertos do texto, em: http://www.mdx.ac.uk/WWW/STUDY/xfre.htm#FREUD,S.1923/EGO ou em francês, em: http://classiques.uqac.ca/classiques/freud_sigmund/essais_de_psychanalyse/Essai_3_moi_et_ca/moi_et_ca.html


Calvin, Jean, (1539 1ª Edição, 1559, edição emendada por ele por ter sido muito duro na Edição original) 1960, dois volumes: Institutes of the Christian Religion, The Westmninster Press, Philadelphia, USA e SCM Press, Ltd, London, texto que eu uso. Comentado por mim no meu livro de 2003: «A economia deriva da religião. Ensaio de Antropologia do Económico», Afrontamento, Porto. Jean Calvin tinha sido o melhor teólogo da Igreja Romana, usou o seu conhecimento para tecer criticas aos cristãos católicos romanos. A intenção de Calvino não era fundar igrejas, mas sim criticar a teologia a partir do seu saber. No entanto, teve muitos adeptos que fizeram da vida leiga um tormento, o que o levaou a mudar o seu primeiro texto de 1539, para um mais sensato e sensível em 1559. O primeiro tinha sido escrito em latim, o segundo, em língua vulgar ou vulgata francesa. Ganhou imensos adeptos e várias confissões cristãs foram fundadas, que continham em si formas de analisar a vida do dia-a-dia e a interacção. O texto que sintetiza a obra de Calvin, ou Calvino em português, diz: O protestantismo, conforme as ideias luteranas de Calvino (1509-1564) – Jean Calvin, reformador protestante, nascido em Noyon, França, no seio de uma família católica, abraçou a fé protestante em 1534, foi a Genebra, República nesse tempo, na qual passou grande parte da sua vida. A sua obra fundamental, escrita em latim: Institutio Religionis Christianae [Institução da Religião Cristã] publicada em 1539, foi finalmente revista por ele em 1559, obra que contêm as ideias fundamentais do hoje denominado calvinismo, nome imposto pelos luteranos a uma ideia de Calvino, que não parecia ter intenção de fundar uma religião. No entanto, as ideias do seu Texto a Instituição da Religião Cristã ganhou adeptos na Europa e uma confissão foi fundada com base na sua obra, denominada «Iglesia presbiteriana». Enquanto o luteranismo limitava-se, em grande medida, a sectores da Alemanha e da Escandinávia, o calvinismo propagou-se na Inglaterra - reino autónomo nesses tempos –, Escócia, França, Países Baixos, entre as colónias de fala inglesa na América do Norte, partes da Alemanha e da Europa Central. Esta expansão iniciou-se ainda em vida de Calvino, facto que o orgulhou e lhe deu forças. Embora não se quisesse afastar da Igreja Romana, o Concílio de Trento, realizado de 1545 a 1563 que promoveu a sua reforma, não o satisfez, vindo a falecer, de profunda tristeza, apenas um anos depois do encerramento do Concílio. As reformas não eram do seu agrado por manterem as formas sacramentais, as bulas e a celebração da Missa em latim. No Concílio, causado pelas críticas de Lutero e Calvino, a Igreja Romana não soube materializar a Reforma pretendida pelos reformadores. A frase que penso ter cabimento nesta parte do texto, é essa do romancista italiano Giuseppe Tomasi di Lampedusa, entre os dias finais de 1954 e 1957. O Gatopardo: “Cambiar algo para que nada cambie”. História completa em: http://es.wikipedia.org/wiki/El_gatopardo.
Em Genebra procuravam refúgio religiosos perseguidos noutras latitudes, sobretudo de França durante os 1550s, pela intolerância do Governo Francês para com a Reforma Calvinista, como aconteceu, simultaneamente, com a Inglaterra, Escócia, Itália e com outras partes da Europa, países em que o Calvinismo se tinha estendido. Calvino acolhia-os amavelmente, enviando muitos deles, formados como Ministros de Fé, para os seus países de origem para pregarem o Evangelho como ele entendia que devia ser, apoiando-os com cartas de alento e conselhos. Genebra passou a ser, assim, o centro de um movimento internacional e um modelo para igrejas de outros lugares. John Knox, o líder calvinista da Escócia, descreve Genebra como "a mais perfeita escola de Cristo, que nunca existira antes na terra desde os tempos dos Apóstolos."
É preciso esclarecer que as ideias de Calvino não construíram o calvinismo. A forma final deste protestantismo matizou-se com ideais de discípulos de Calvino, como Ulrico Zwinglio, Heinrich Bullinger y Martin Bucer. Texto em castelhano, traduzido por mim, pode ser lido na sua língua original em: http://historyofarthistoriadelarte.blogspot.com/2008/09/calvinismo.html, publicado por Angel Eulises Ortiz en 3:22 AM , proprietário do blogue. Mais tarde, conforme lembra a história, as confissões calvinistas passaram a ser confissões nacionais, como na Escócia, passou a ser a confissão Presbiteriana.
Luther, Martin, (1529) 1986: Small Catechism with Explanations, Concordia Publishing House. Este texto é importante por impingir entre os mais novos, ideias de auto consciência e pré consciência. No início do período da história da Reforma, tornou-se importante, porque catecismos como o de Martin Luther insistem na instrução religiosa das crianças. Podemos afirmar, por outras palavras, que o catecismo de Martin Luther, resolve os problemas do inconsciente ao abrigar à análise do consciente e ensinar os crentes, desde a mais tenra idade, a orientarem as suas vidas e a desculparem-se da congregação ao manter o sacramento da confissão como uma proclamação das faltas cometidas perante toda a comunidade. Desde muito novos, os que seguiam a confissão luterana, sabiam estas ideias, escritas por Lutero no seu livro "A Liberdade de um Cristão" (publicado em 20 de novembro de 1520, onde exigia uma completa união com Cristo mediante a palavra através da fé, e a inteira liberdade do cristão como sacerdote e rei sobre todas as coisas exteriores e um perfeito amor ao próximo). As duas teses que Lutero desenvolve nesse tratado são aparentemente contraditórias, mas, em verdade, são complementares:"O cristão é um senhor livre e parece não estar sujeito a ninguém, apesar de acreditar na predestinação ou beruf"
"O cristão é um servo oficialíssimo de tudo, a todos sujeito".
A primeira tese é válida "na fé"; a segunda, "no amor".
A história toda, com biografia, acessível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Martinho_Lutero
3) Que é a confissão?
A confissão tem duas partes: Primeiro, confessamos os nossos pecados; segundo, aceitamos a absolvição que a pessoa que ouve a nossa confissão nos anuncia. Podemos aceitá-la como vinda de Deus mesmo, não duvidando de modo algum, mas crendo firmemente que por ela os pecados estão perdoados perante Deus no céu.
O problema que se coloca é que a teologia luterana definia a predestinação, ou esse denominado chamado, vocação ou call, dado desconhecer-se, se após a morte, se iria para o inferno ou para o céu (questão com que os cristãos também se debatiam), como está definido não apenas no Catecismo de Lutero para adultos, bem como no texto denominado Martins Luther ‘s Basic Theological Writings, Editado por Timothy Lull, Fortress Press, Minneapolis, EUA., que reúne textos escritos entre 1517-1539, onde a confissão é redefinida em 1528, páginas 50 a 62 do livro (com 755pg.) que tenho comigo. Os textos mencionados podem ser lidos em português em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Martinho_Lutero e o seu Catecismo Menor, em: http://www.monergismo.com/textos/catecismos/catecismo_lutero.htm.
A questão que eu gostaria de colocar, sabendo que o seu interesse era ler a mente, era: porque é que Freud não se interessou pelos Luteranos? Nem leu os seus textos, como também não leu os de Calvino nem os romanos? A partir do Século IV, com base nos textos de Agostinho de Hipona, as pessoas passaram a acreditar na predestinação.Ou seja, ao morrer, fosse o que fosse feito na vida, não era garantido que a alma passasse para a Eternidade. No seu primeiro texto, Agostinho de Hipona, 398: Confissões, livro que tenho comigo (versão inglesa) designado The Confessions of St. Augustine, Thomas Nelson and Sons, Ltd, Londres e Edimburgo, 379 páginas, ano de 1937, confessa ter sido um libertino, devasso, dissoluto, desregrado, lascivo e ímpio. Vida que abandona, com a ajuda de sua mãe Mónica, ou Santa Mónica como é denominada, convertendo-se ao cristianismo. Nessa altura, confessa-se publicamente e, por ser sábio, fâ-lopor escrito. Mais tarde, já Bispo da cidade Africana de Hipona, escreve em 409 um texto sobre a liberdade, intitulado O Livre Arbítrio, onde aborda a predestinação. A Igreja Romana tem avanços e recuos sobre a possibilidade da eternidade, até ser definido no Século XVI, no mencionado Concílio de Trento e no Catecismo de Pio V, denominado São Pio, que o homem ganha a salvação se morrer na graça de Deus. O Catecismo (de Pio V) foi promulgado por Agostinho de Hipona, em 1563, ano da sua morte. Lutero e Calvino acreditavam fortemente na predestinação explicando através dos Evangelhos que o ser humano seria salvo pelas suas obras. Para isso, é necessário trabalhar, produzir e não gastar; pelocontrário, é preciso ser muito poupado nos gastos de casa, nas vestimentas, nos passeios e nas festas. Nunca esquecerei esses meus anos em Edimburgo, onde o Natal era comemorado ritualmente agradecendo-se o nascimento de Jesus, mas em silêncio, sem festas nem presentes, era um dia de oração. Como aos domingos, os crentes presbiterianos (confissão predominante, após séculos de domínio católico), iam para casa, onde ritualmente comiam pouco e faziam jejum. Como no tempo das Cinzas ou Lent, ou Quaresma em português.Contrariamente, as comemorações do ano novo eram uma verdadeira loucura: as pessoas ressarciavam-se dos dias de jejum e do respeito simbólico ritual. O barulho, as visitas, em grupo, de casa em casas e as bebedeiras eram tão frenéticas que, nós não habituados a tais comemorações, saíamos para Inglaterra. Em Londres, não havia festividades de Ano Novo, era um dia como os outros. Um curso que tive de frequentar, para a minha tese, sobre comunicações, na BBC, iniciou-se exactamente a 1 de Janeiro, pelas 9 da manhã...


Sacramento, no dicionário que me assiste na escrita, é definido a partir da teologia romano – católica, que diz: do Lat. Sacramentu s. m., juramento; acto religioso, instituído por Deus, para purificação e santificação da alma; rito sensível e simbólico da religião cristã, destinado a consagrar diversas fases da vida dos fiéis; eucaristia; a hóstia consagrada em exposição na custódia; (no pl. ) os últimos sacramentos (confissão, comunhão e extrema-unção). Em: http://www.priberam.pt/dlpo/definir_resultados.aspx


Iturra, Raúl, 1987 : « Stratégies de reproduction. Le droit canon et le mariage dans un village portugais, (1862- 1983)» em : Droit et Société. Revue International de théorie de Droit et de Sociologie Juridique, Nº 5, 1987, CNRS, páginas 7 a 23, texto completo em : http://www.reds.msh-paris.fr/publications/revue/pdf/ds05/005-02.pdf ou (com toda a Revista) em: http://www.reds.msh-paris.fr/publications/revue/pdf/ds05/005-00.pdf

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Sexta-feira, 15 de Outubro de 2010

O saber das crianças e a psicanálise da sua sexualidade –7: por Raúl Iturra.

(Continuação)

Mais interessantes são os seus comentários sobre a emotividade que descreve ao longo do texto. No seu Século e na sua experiência como médico da burguesia de Viena, tudo o que fosse sentir vergonha, piedade, comiseração, restrição sexual, recato sexual, era feminino. En revanche, toda a iniciativa para gerir, mandar, criar iniciativas sociais, seduzir, dar sermões sobre o comportamento público e, especialmente, como concorrer para sítios de alta hierarquia, investir e lucrar, pareciam-lhe ser hábitos masculinos, não apenas socialmente aceites, bem como esperados pelo grupo social. Este discurso de Freud foi-se modificando, ao longo do tempo, no decorrer da mudança de costumes. As alterações mais notáveis são-nos transmitidas pelos seus textos de 1914, 1915 e 1925 . Se não fosse esta actualização da sua teoria, ela seria hoje desajustada para os costumes actuais. Contudo, depois de ler textos originais e actualizações, não me parece desajustado: a teoria freudiana do inconsciente, transferência, luto e melancolia, complexo de Édipo e outras noções, trabalhou-as uma e outra vez até ao dia da sua morte em 1939, após concluir o seu livro citado sobre a civilização e os seus descontentamentos, texto que parece mostrar certa amargura pelas mudanças de hábitos culturais que o empurravam sempre a alterar o entendimento do inconsciente, ou ele, ou Anna , a sua filha, e Melanie Klein, dissidente da teoria ortodoxa de Freud (ver Anexo 1).

Tenho observado no meu trabalho de campo e nas entrevistas com crianças, que a feminilidade exprime-se no cuidado dos mais novos, na gestão da casa e, especialmente, em invocar a autoridade do pai como legitima para corrigir o comportamento dos mais novos. A mãe de casa parece ser a pessoa que governa esse dia a dia, como parece também corresponder ao pai a sanção final do feito. Ainda, pela minha experiência, diria que a segunda via não é apenas o pai, é também a mãe que trabalha, tem voz e orientação no grupo doméstico, a par e passo do homem do grupo. Ora, no tempo da aprendizagem de Freud, não havia transferência de factos masculinos e femininos entre os dois géneros, como hoje acontece, em consequência da luta feminista e do neo-liberalismo. Por outras palavras, a autonomia da mulher, por causa do seu querer de emancipação e a sua saída de casa para sítios de trabalho, com ou sem hierarquia, parecem ter organizado uma concorrência entre o género masculino e o feminino. Digo parecer ter, porque de facto, tem-me sido referido por pais de grupos domésticos com muitos membros dentro do mesmo, esta ideia: “muito obrigado pelos seus cuidados, senhor Doutor. Antes, era apenas eu quem organizava o trabalho da família toda. Íamos vivendo e mal. Desde que o Senhor Doutor entrou nas nossas vidas, somos muitos mais para trabalhar: a minha mulher, os filhos mais velhos e até os meus pais, que trabalham na horta, um trabalho mais leve para eles, por terem muitos anos”. Porém, a criança tem várias referências para aprender: comportamentos masculinos da mãe e comportamentos femininos do pai. Palavras que, enquanto escrevo, parecem-me antigas, e, no entanto, acabam por ser muito actuais. Pela pesquisa feita ao longo dos anos, tenho apreciado que, em vidas opostas, como na burguesia com muitos bens a gerir e no proletariado, com muitas pessoas a organizar para a produção e a subsistência, continua a existir um chefe de família, legislado no Código Civil Português até 1967 , revogado em 2008. Apenas no proletariado continua a existir comportamentos de pater familias na parte sentimental da vida, pela necessidade de todos trabalharem fora de casa, sem distinção de género, por causa da subsistência ou sobrevivência material. Há um trabalho de uma excelente socióloga sobre o operariado no Barreiro que põe em causa a afirmação anterior, isto é, a uma determinada altura a mulher abandona a fábrica, não por imitar comportamentos da mulher burguesa, mas porque era economicamente mais vantajoso ficar em casa a tomar conta dos filhos. O que ganhava na fábrica era inferior ao gasto com a educação dos filhos cuidados por outros de fora da casa.

Notas:
Freud, Sigmund, (1914, língua germânica) 1925: On narcissism: An Introduction, The Hogarth Press, Londres, Volume IV, sítio para debate e partes de texto:http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=Sigmund+Freud+On+Narcissism%3A+An+Introduction&btnG=Pesquisar&meta= ou http://www.uqac.uquebec.ca/zone30/Classiques_des_sciences_sociales/classiques/freud_sigmund/freud.html; (1915): Instincts and their vicissitudes, The Hogarth Press, Londres. Sítio para contextualização do texto, em: http://www.grtbooks.com/freud.asp?idx=0&yr=1856#instinct. Sítio para debate e textos http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=Sigmund+Freud++Instincts+and+their+vicissitudes&btnG=Pesquisar&meta=.


Anna Freud (Viena, Áustria, 3 de dezembro de 1895 — Londres, 9 de outubro de 1982) foi a sexta filha de Sigmund Freud e Martha Freud. Anna, também ela psicanalista, focou o seu estudo principalmente no tratamento de crianças. Teve várias divergências com Melanie Klein, psicanalista dissidente das teorias freudianas ortodoxas e fundadora da escola inglesa de psicanálise, a quem recorro na pretensão de entender a mente das crianças. Foi a primeira a dar ênfase ao ego na personalidade, não rejeitando as forças do id e as restrições do superego. Anna Freud concebeu o ego humano com certa funcionalidade pró – activa e independente. Também foi responsável pelo estudo dos mecanismos de defesa, tema que estudou aprofundadamente. Para consulta, veja-se: http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=Ana+Freud&meta=


Artigo 1877º : Os filhos estão sujeitos ao poder paternal até à maior idade ou emancipação, O Código Civil português vigente foi aprovado a 25 de Novembro de 1966 e entrou em vigor a 1 de Junho de 1967, revogando o anterior Código Civil elaborado pelo Visconde de Seabra e que entrara em vigor um século antes, em 1867. Definia Poder Paternal como direito do pai e Chefe de Família. Encontra-se regulado no livro quarto do Código Civil, ver em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_da_Fam%C3%ADlia. No Código Civil de 1967, continuou, porém, a prevalecer a autoridade masculina, pois o marido permanecia «chefe da família» com poderes absolutos e individuais. A história diz: 1967 - É elaborado um novo Código Civil. Continua a estabelecer que o marido é o chefe da família e que ele tem o poder de tomar as decisões relativas à vida marital e às crianças. Para aprofundar a temática, consulte-se “Evolução dos Direitos das Mulheres em Portugal”, texto completo: http://www.geocities.com/atoleiros/direitomulheres.htm.


No entanto, é-me impossível não reproduzir de imediato, parte deste texto que diz: «1974 - Revolução do 25 de Abril. O regime autocrático é derrubado e substituído por um regime democrático. As mulheres podem aceder pela primeira vez à magistratura, ao serviço diplomático e a certas posições na administração local, que lhes estavam interditas. São abolidas as restrições ao direito ao voto». http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%B3digo_Civil_Portugu%C3%AAs, ou, em suporte de papel, Editora Almedina, 942 páginas.


Primeira mulher ministra: Maria da Lourdes Pintassilgo, Ministra dos Assuntos Sociais. Maria de Lourdes Ruivo da Silva Matos Pintasilgo[1] (Abrantes, 18 de Janeiro de 1930 — Lisboa, 10 de Julho de 2004) foi uma engenheira e dirigente política portuguesa. Foi a única mulher que


desempenhou o cargo de primeiro-ministro em Portugal, tendo chefiado o V Governo Constitucional (1979). Foi também a segunda mulher primeiro-ministro em toda a Europa, a seguir a Margaret Thatcher. A sua historia continua em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_de_Lourdes_Pintasilgo


1975 - Primeiras eleições livres. O artigo 24 da Concordata é emendado: os casamentos católicos podem pedir o divórcio civil. A Comissão da Condição Feminina substitui a Comissão criada em 1973;


1976 - É aprovada a licença de maternidade de 90 dias. Os serviços públicos de saúde colocam à disposição consultas de planeamento familiar. É adoptada uma nova Constituição, que consagra a igualdade de mulheres e homens em todos os domínios;


1977 - A Comissão da Condição Feminina fica ligada ao Gabinete do Primeiro-ministro e é dotada de um Conselho Consultivo, onde as ONG's dos Direitos das Mulheres podem ter assento;


1978 - O Código Civil é revisto segundo a nova lei da família, os cônjuges gozam de direitos iguais. A dependência da esposa em relação ao marido é suprimida;


1979 - Um decreto-lei estabelece a igualdade mulheres/homens no emprego e no trabalho. É criada uma "Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego", ligada ao Ministério do Trabalho, para supervisionar a aplicação do mencionado decreto-lei;


Primeira mulher nomeada Primeira-ministra: Maria de Lourdes Pintassilgo;


1980 - Primeira mulher nomeada Governadora Civil: Mariana Calhau Perdigão (Évora). Portugal ratifica a "Convenção das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres”;


Apesar de tudo, o poder paternal e ser Chefe da Família, apenas foi modificado no Código Civil de 2008, que passou a estar definido da seguinte forma: Artigo 1901 Nº1 Na constância do património o exercício do poder paternal pertence a ambos os pais. Nº 2: Os pais exercem o poder paternal de comum acordo e, se faltar as questões de particular importância, qualquer deles pode recorrer ao tribunal, que tentará a conciliação; se esta não for possível, o tribunal ouvirá antes de decidir, o filho maior de catorze anos, salvo quando as circunstâncias poderosas o desconhecem.


Artigo 1902: (Actos praticados por um dos pais) -1. Se um dos pais praticar acto que integre o exercício do poder paternal, presume-se que age de acordo com o outro, salvo quando a lei expressamente exija o consentimento de ambos os progenitores ou se trate de acto de particular importância; a falta de acordo não é oponível a terceiro de boa fé. 2. – O terceiro deve recusar-se a intervir no acto praticado por um dos cônjuges quando, nos termos do número anterior, não se presuma o acordo do outro cônjuge ou quando conheça a oposição deste. O Código Civil de 2008 (408 páginas) pode ser consultado em: http://www.verbojuridico.net/download/codigocivil2008.pdf, ou, em suporte de papel, editado por Verbo Jurídico, Coimbra.


Pater familias (plural: patres familias) era o mais elevado estatuto familiar (status familiae) na Roma Antiga, sempre uma posição masculina. O termo é Latim e significa, literalmente, "pai da família". A forma é irregular e arcaica em Latim, preservando a antiga terminação do genitivo em -as (ver Anexo 2).


O estudo foi feito pela Investigadora Auxiliar do ICS, a Doutora Ana Nunes de Almeida, 1993: A fábrica e a família: famílias operárias no Barreiro, Câmara Municipal do Barreiro, 1993. Dados sobre a autora, nas entradas Internet da página web: http://www.google.com.br/search?hl=pt-=X&oi=spell&resnum=1&ct=result&cd=1&q=Ana+Nunes+de+Almeida&spell=1. O texto referido pode ser lido em: https://repositorio.iscte.pt/bitstream/10071/985/1/2.pdf, Revista Sociologia, Problemas e Práticas, Nº11, 1992, páginas 27 a 41. O texto encontrado é: “Meio Social, Famílias e Classes Operárias”, referidos em: https://repositorio.iscte.pt/bitstream/10071/985/1/2.pdf.


(Continua)





publicado por Carlos Loures às 15:00
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Quarta-feira, 13 de Outubro de 2010

O saber das crianças e a psicanálise da sua sexualidade –6: por Raúl Iturra.

Amamentar, um seio bom, como diz Melanie Klein, uma acção, dizia, e uma necessidade, entre um precisar e um obter. Entre um sentimento e um objectivo procurado. Segunda via, ainda que faça parte da burocracia, faz de bom seio quando a primeira via não está: o pai e a mãe. É a síntese do que devia ter sido feito logo e nunca mais é conseguido. Parece-me que a segunda via é o agir dos adultos não mães, na vida de uma criança: são os substitutos. As crianças têm, queiram ou não, saibam ou não, uma segunda via nos seus sentimentos. Uma criança mora no sítio social dos que estão em baixo, subordinados, submetidos à autoridade dos adultos que a lei positiva define como os seus tutores, autoridades que ensinam, os seus docentes, ou os curadores dos seus bens, no tempo em que o mais novo ainda não está capacitado pela lei para ter autoridade para gerir os seus bens, caso os tenha ou não.



Como manda o Código Civil que nos governa e o Direito Canónico, que o substitui, como está definido noutro meu texto. Leis que contextualizam o ensino ritual na catequese, aprendizagem utilizada nos degraus de passagem de uma forma de estar na vida a outra, instrução de ritos de passagem , aprendidos também, para outros objectivos mais materiais, nas aulas de Educação Cívica. A criança aprende quem deve respeitar, os adultos, especialmente os seus parentes consanguíneos ou por afinidade. De todos eles, os mais preciosos: o pai e a mãe. Com uma advertência especial na cronologia da vida: no decorrer do tempo, a criança passa a adorar a mãe, enquanto o pai é sempre temido. Esse temor está incutido no imaginário ocidental, ideias que desenham a divindade com cara de homem, enquanto a mãe, é sempre representada com cara de anjo e a olhar para o céu. Seja verdade ou não na realidade. Até há pouco tempo, a lei era ministrado pelo género masculino, enquanto a mulher ou era definida como doméstica ou desempenhava trabalhos menores. Excepto se a hierarquia fosse muito alta e herdada, como rainhas e reis, reminiscências do tempo feudal, que ainda existem sabendo-se manter em democracia, controladas, ela ou ele, por um Parlamento. É apenas no tempo de Golda Meir , Primeiro-Ministro de Israel, de Indirah Ghandi na Índia e Benazir Bhutto no Paquistão, Margaret Thatcher na Grã-bretanha, Mary Robinson e Mary Mac Aleese, Presidentas de República de Eire ou Irlanda, entre 1990-1997, a primeira, e de 1997-2004, reeleita por mais um período de sete, a segunda, que em vários países surgem mulheres Presidentes ou Primeiros-ministros, como Violeta Chamorro de Nicarágua, e Michelle Bachelet, no Chile de hoje. Até Golda Meier, nenhuma mulher tinha tido um cargo hierárquico por eleição livre. Parece disfuncional falar tanto de mulheres no poder, mas o disfuncional tem sido o facto de se considerar a mulher uma entidade incapaz de governar um grupo social, exceptuando a época feudal, época na qual as mulheres eram Rainhas com poder absoluto, até à altura das Revoluções do Século XVII na Grã-bretanha e a do Século XVIII na França.

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Notas:
Ritos de passagem são celebrações que marcam mudanças de status de uma pessoa no seio da sua comunidade. Os ritos de passagem podem ter carácter religioso, por exemplo. Cada religião tem os seus ritos, que podem, ou não, ser parecidos com os de outras religiões. O termo foi popularizado pelo antropólogo alemão Arnold van Gennep nacionalizado francês, história de vida em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Arnold_Van_Gennep, no início do século vinte. Outras teorias foram desenvolvidas por Mary Douglas e Victor Turner na década de 1960. Os ritos de passagem são realizados de diversas formas, dependendo da situação celebrada; desde rituais místicos ou religiosos até assinatura de papéis (ou ainda os dois juntos) em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ritos_de_passagem e no texto em formato de papel que tenho comigo: van Gennep, Arnold, (1909, Editora de Émile Nourry) reeditado em 1960 por Mouton & Co e Maison des Sciences de l´Homme: Les rites de passage, Étude Systématique de Rites, reeditado em 1981 por Éditions A. et Jean Picard, Paris, cópia que uso. O texto não está em linha, mas está comentado em várias entradas da Página Web: http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&q=Arnold+van+Gennep+Les+rites+de+passage&meta= Van Gennep é denominado o Pai da Etnografia Francesa e o seu saber é não apenas respeitado, bem como tem orientado os trabalhos dos Antropólogos Franceses desde os dias das suas aulas d’Histoire Comparée des Civilizations et d’Ethnographie na Universidade de Neuchâtel, Paris.


Não é fácil citar um comentário de um político Israelita quando nos referimos a Golda Meier: Golda Meir foi eleita Primeiro-ministro de Israel (Prime Minister of Israel) em 17 de Março de 1969, após ter exercido os cargos de Ministro do Trabalho e de Ministro de Assuntos Estrangeiros. Foi descrita como a Dama de Ferro "Iron Lady" da política de Israel (Israeli politics) muitos anos antes de o epíteto ser associado com a Primeira Ministro da Grã-bretanha, Margaret Thatcher.[2] David Ben-Gurion costumava denomina-la "o melhor homem no governo."[3] Meir foi a primeira mulher que exerceu o cargo de Primeiro-ministro de Israel. Foi a terceira mulher do mundo no cargo de Primeiro-ministro, no entanto, foi a primeira mulher votada para o cargo, sem nenhuma intervenção familiar precedente.[4] Mulheres Primeiros-ministros antes de Golda Meir foram Sirimavo Bandaranaike do antigo Ceilão (hoje Sri Lanka), filha de um primeiro-ministro e mãe do terceiro Presidente da República de Sri Lanka. Indira Gandhi da India. Meir foi sempre caracterizada como "de forte força de vontade, falar direito, a Avó de cabelos brancos do povo judeu."[3] Governou Israel entre 1969 e 1974. Não foi reeleita por causa de um tumor cancerígeno, que a levou ao seu Jardim do Éden em 1978. Foi sepultada no Cemitério dos Grandes, no Monte Herlz, onde estão sepultados os corpos dos que têm prestado serviços insignes ao seu país. Local onde cerca de 100 pessoas foram sepultadas, por terem sabido servir a Pátria e a sua família, a começar pelo organizador do Movimento Zionista, Theodor Herzl, morto na Áustria em 1904 por ter fundado o movimento Zionista que, mais tarde, permitiu a criação do Estado de Israel. Retirado do meu saber pessoal e das seguintes fontes na net: http://en.wikipedia.org/wiki/Golda_Meir, http://www.jewishsf.com/content/2-0-/module/displaystory/story_id/11255/edition_id/216/format/html/displaystory.html



Garcia Estébanez, Emilio, 1992: ¿Es cristiano ser mujer? La condición servil de la mujer según la Biblia y la Iglesia, Siglo XXI Editores, Madrid. Diz: La mujer es un misterio insondable. Un misterio de grandeza por su capacidad de don, entrega, anhelo de perfección, aprecio y conservación de la vida.

Tu dignidad

Digno es lo que tiene valor en sí mismo y por sí mismo. La persona por el simple hecho de ser persona es un ente amable, es decir, a una persona se le respeta, se le aprecia, se le ama, en cuanto es persona; solo por ser persona. Así, tu mujer, por ser persona posees una dignidad única que ha de ser respetada siempre.

¿Cómo eres mujer?

La mujer tiene la misma dignidad del hombre, más tiene características específicas que hacen de la mujer, mujer. Citemos algunos de estas:

En lo general afirma que la mujer es bondadosa, perseverante, con deseos de ser sostenida y acompañada, con deseos de seguridad y de evitar riesgos, su máximo es amar y sentirse amada…Texto completo en: http://www.alientodiario.com/2008/03/08/misterio-de-ser-mujer/
publicado por Carlos Loures às 15:00
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Sexta-feira, 8 de Outubro de 2010

O saber das crianças e a psicanálise da sua sexualidade -1, por Raúl Iturra

Para a minha descendência.

1. Introdução.

Falar do saber das crianças, é uma temática difícil por dois motivos: primeiro, porque temos de entrar na mente cultural dos mais novos e entendermos o que querem dizer ao balbuciar essas primeiras palavras, que aprendem à medida que crescem, de que só eles sabem o conteúdo. Os pais, ou os seus adultos directos, começam a entender pelo hábito de ver a criança indicar com gestos o que deseja, reconhecem o objecto e podem explicar o seu conteúdo a outros. Essa primeira reacção, que eu denomino primeira via, conceito explicado mais à frente, é a que define uma relação emotiva, carinhosa, compreensiva e de entendimento do que a infância, no seu não saber falar, explica não com palavras ou gestos, mas com fantasia.

Os pequenos usam muito a sua fantasia para exprimir os seus desejos de uma guloseima ou outra materialidade do seu agrado. Não esqueço um acontecimento da minha história de vida. Aos quinze anos e a convite dos meus pais, como era natural no tempo que essa cronologia não me permitia ganhar dinheiro para pagar o meu bilhete do Cinema Velarde – que em chileno se diz apenas Teatro – e ver o filme – em chileno película – ouvi a voz do marido de um casal que estava no mesmo cinema, dirigindo-se ao pé do meu Senhor Pai com muita alegria, após mais de doze anos de não estarem juntos esses grandes amigos, abraçaram-se e a primeira frase que o amigo disse foi: “Não me digas, não me digas, é este o gallallia?

“Por amor de deus, como cresceu, é todo um jovem hoje em dia”, ao que os meus Senhores Pais responderam que sim, que era eu. Adquiri essa alcunha por causa de uma palavra inventada por mim aos três anos de idade, ao me ser impossível pronunciar a palavra “galleta”. Impossível, porque as consoantes sempre foram um problema para os chilenos. A minha espanhola mãe sabia pronunciar todas as palavras e sentia orgulho que a sua descendência falasse como ela. Semelhante ao caso do meu Senhor Pai, descendente de bascos endogâmicos e muito cuidadoso na sua pronúncia, por ser um senhor muito elegante e bem-criado, com a mania de nos incutir um falar “correcto”. Por causa dessa atitude, que analisarei adiante, a palavra “galleta” era repelida por mim. Reacção a tanta imposição da parte dos pais a impingir-me em idade tenra, uma boa pronúncia das palavras. Bem sabido é que as crianças começam a falar com um vocabulário mais completo cerca dos três anos. Se houver resistência às palavras completas, pode-se dever ao facto dos adultos insistirem nessa fala perfeita. A resistência não é às palavras, mas sim aos pais que obrigam os mais novos a falar de forma completa numa idade em que os conceitos ainda não estão formados. Se os conceitos não estão formados, as palavras que os exprimem também não .

Esta opinião não é apenas minha. Há a de Freud que ao falar com Joseph Breuer , seu professor e mais tarde colega, diz: “(...) que acha difícil convencer os outros médicos, sobre a ideia de que a teoria deveria ser invertida, porque as palavras exprimem o que acontece na libido infantil e na dos seus adultos, que eles ouvem. A sexualidade adulta tornar-se sexualidade infantil pelas palavras dos adultos...”. Breur, tomando Freud como filho, proíbe-o de publicar aquele capítulo da sexualidade infantil. Freud resiste dizendo: "chega uma hora que se deve renunciar a todos os pais e ficar de pé sozinho".

Numa palestra realizada no "Conselho de Neurologia e Psiquiatria de Viena", Freud começa por frisar como na "Idade da Inocência", a criança não tem consciência do seu erotismo. Após, estudos e análise da libido infantil, existe, afirma, a fase oral da criança, correspondendo a boca à zona de prazer, pelo desejo dos seios da mãe, seguidamente o prazer da criança passa a ser pelo corpo inteiro da mãe porque é esta quem acaricia os seus meninos durante o banho. No meu caso, de certeza, como todo o ser humano, experimentava esses desejos, sublimados na proibição de comer bolachas entre horas de comer.

O meu desejo pelas bolachas era tão grande, que resistia ao guardião dos filhos, a figura do pai, como tenho debatido com o meu grande amigo, o analista João Cabral Fernandes . Talvez, na minha história de vida opusesse resistência à figura do pai, por meio das bolachas, essa resistência infantil que nem sabe que está a acumular raiva. Essa que os meus descendentes também guardaram, por configurar, conforme a cultura, a figura do pai e proibi-los de comer qualquer alimento entre as horas das refeições. Grande engano o meu, sinto-o hoje em dia. Há horas distanciadas para guloseimas e para as refeições. As minhas pequenas tinham todo o direito a guloseimas entre comida e comida; se eu não permitisse, bem sabiam como enganar a figura de pai pretendida por mim. Eu fazia ouvido mouco. Permitia. Sem refilar. Sem punir. Sem homilias. Se almoçavam ou não, já não era problema meu: elas sabiam como se alimentar... Uma criança não pode comer como um adulto, o seu corpo não tem essa capacidade. Na minha infância, os pequenos deviam comer tudo o que era servido na mesa dos mais novos, normalmente com quantidades idênticas às dos adultos. Os pequenos apenas podiam transitar para a mesa dos adultos, quando sabiam comer tudo sem refilar.
________________________________
Notas:
 
Mente cultural, conceito criado por mim, no livro de 1990ª A construção social do insucesso escolar. Memória e Aprendizagem em Vila Ruiva, Escher, hoje Fim de Século, Capítulo 8, página 87 e seguintes: “A sabedoria das crianças”, que define o saber costumeiro do seu grupo social, incutido no mais novo pelos seus adultos, desde o primeiro dia da sua vida. Tenho-o definido também com uma simples frase: “pega no livro e aprende”, retirada de conversa de adultos com filhos pequenos, ao pensar que o saber advém dos textos e da escola e não da interacção social. Ideias que acrescento neste livro para contextualizar a mente cultural, o que dizem os adultos ao pensar que o saber é sempre doutoral, sem repararem que o seu comportamento perante a infância, é a principal fonte de alimentação do conhecimento do mundo, da sua história, do conteúdo dos conceitos estruturados nas palavras costumeiras e definidos mais com acção corporal e não com palavras. O processo gestual tem mais valor que milhares de palavras entre a infância e o seu grupo social, ou do grupo de adultos, para o entendimento infantil. Considero esta nota de rodapé como um acréscimo ao meu conceito de mente cultural



O dicionário que me auxilia na escrita, define assim fantasia: do Lat. phantasia Gr. phantasia, imagem, s. f., imaginação; em que há imaginação; obra de imaginação; devaneio, sonho, ficção.


Freud define fantasia de forma muito complexa: Precisar o conceito de fantasia na obra freudiana não é tarefa simples, embora se imponha, pois surge repetidas vezes e em momentos diferenciados ao longo de toda a teoria. O termo único utilizado pelo autor – Fantasie – é bastante abrangente, comportando várias significações: fantasias conscientes, pré-conscientes, inconscientes, devaneios diurnos... A sua definição, portanto, constitui-se como uma necessidade, imposta não apenas pelo estudo da doutrina psicanalítica, mas também pela clínica apoiada nesta definição. Freud e Bauer falam extensamente sobre fantasia nos seus estudos de neuroses, em: FREUD, S., E.S.B.-1976, vol. XVI, Conferência XXIII (1917): “Os Caminhos da Formação dos Sintomas”, p. 430 (grifos originais). Texto acessível em: http://www.maxwell.lambda.ele.puc-rio.br/cgi-bin/PRG_0599.EXE/4124_3.PDF?NrOcoSis=8768&CdLinPrg=pt Acrescenta no mesmo texto e página, esta sucinta definição: As fantasias possuem realidade psíquica, em contraste com a realidade material, e gradualmente aprendemos a entender que, no mundo das neuroses, a realidade psíquica é a realidade decisiva.

Palavra inventada pelas crianças chilenas quando se referem a bolachas que, em Castelhano, diz-se “galleta”. Contudo, tenho a impressão de ser uma palavra criada por mim, como narra no texto central.

Uma criança começa a falar, geralmente, quando completa 01 ano de idade. Os estudiosos tendem hoje a insistir mais na herança (genética), com o que concordo, que no factor meio ambiente social e cultural, o que não quer dizer que este último não exerça nenhuma influência. Estímulos ajudam. Seja como for, em princípio, o falar não está necessariamente vinculado ao potencial intelectivo do indivíduo. Um antigo génio, como o filósofo Fridriech Niezsche, começou a falar aos 03 anos de idade. Esta nota é em parte minha, em parte de uma estudante do jogo Yahoo Respostas, denominada Maria Helena, sem nome de família. As várias alternativas podem ser estudadas em: http://www.google.com.br/search?hl=pt-PT&sa=X&oi=spell&resnum=0&ct=result&cd=1&q=Freud+idade+crian%C3%A7as+come%C3%A7am+falar&spell=1


Josef Breuer (Viena, 15 de janeiro de 1842 — Viena, 20 de dezembro de 1925), médico e fisiologista austríaco a quem se atribui a fundação da psicanálise. Seu pai, Leopold Breuer, foi professor de religião na comunidade judaica de Viena. Devido à morte prematura de sua mãe, Josef foi criado pela avó materna. História completa em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Josef_Breuer


Retirado de cartas trocadas entre Breuer e Freud e de histórias contadas por outros. Texto completo em: http://www.nucleodepesquisas.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=97&Itemid=75 Cronologia em: http://www.geocities.com/mhrowell/freudcitacoesindice.html


Informado no comentário do filme intitulado: Freud, Além da alma, de 1962, título original: Freud, secret passions, de John Huston. O filme conta o período da vida do "pai" da psicanálise, desde a sua graduação no curso de Medicina na Universidade de Viena até à formulação da teoria da sexualidade infantil, inter-relacionando a vida pessoal com as suas descobertas.


O Médico Psicanalista João Cabral Fernandes, meu grande amigo, é uma pessoa amável e bem-criada no meio de imensos irmãos e irmãs, pela sua Senhora Mãe e pelo seu Senhor pai, seu duplo guardião porque, como Freud e Bion analisaram, a figura de pai é ser o guardião dos descendentes e porque o seu pai foi um Senhor Magistrado que bem sabia aplicar a lei para a pessoa certa. É de esse exemplo, que João Cabral Fernandes aprendeu a ser excelente ser humano. Fiz dez anos de psicanálise com ele e curou-me das ideias persecutórias, adquiridas na vida adulta, quando fui levado para um campo de concentração aquando da minha visita ao Chile do Presidente Allende. O Dr. Cabral Fernandes, um homem empreendedor, é assim mencionado na Internet: «Criada em 1996 pelo seu Director Editorial, João Cabral Fernandes, a CLIMEPSI EDITORES veio preencher um vazio na área da edição de livros técnicos e científicos em português e afirma-se hoje no panorama editorial como uma editora especializada nas áreas de Psicologia, Psicanálise, Medicina, Saúde e Enfermagem. Tendo por objecto a edição e promoção científico – cultural de livros de referência, a CLIMEPSI EDITORES é hoje reconhecida pela sua qualidade no meio universitário português, colaborando com os principais editores internacionais. No âmbito da sua linha editorial, a CLIMEPSI EDITORES assume-se ainda como um parceiro privilegiado de diversos organismos internacionais, entre os quais, o Ministério da Cultura Francês».


(Continua)
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