publica-se às 3ªs e 6ªs
coordenação Pedro Godinho
publica-se às 3ªs e 6ªs
coordenação Pedro Godinho
De Ernesto Guerra da Cal – para ler, reler e partilhar
os sete poemas de:
Ramalhete de Poemas Carnais
"In Memoriam" de Ricardo Carvalho Calero
[ dia 5/7 - II FADO CHORADO SOBRE UM AMOR PASSADO ]
hoje: III DESENCONTRO
I.M. Carvalho Calero/ G. da C. | |||||
III | |||||
DESENCONTRO ******************** | |||||
“No te quiero más castigo | |||||
que estés durmiendo con otro | |||||
y estés soñando conmigo”. | |||||
(Copla popular andaluza) | |||||
Os Olhos mutuamente | |||||
fechados e perdidos | |||||
cada um | |||||
no seu longínquo Olhar | |||||
Os Lábios mutuamente | |||||
colados e arredios | |||||
e cada um | |||||
entregue | |||||
a um alheio Beijar | |||||
Os Corpos enlaçados | |||||
e evadidos | |||||
cada um | |||||
para um ausente Lugar | |||||
E ambos os Corações | |||||
remotos e abstraídos | |||||
cada um | |||||
no seu independente Latejar | |||||
E a única Emoção presente: | |||||
o agoniante Esforço errante | |||||
da Imaginação | |||||
- a imaginar! | |||||
LONDRES | |||||
6 de Outubro | |||||
1990 | |||||
[ dia 19/7 - IV EUCARISTIA SACRÍLEGA ]
publica-se às 3ªs e 6ªs
coordenação Pedro Godinho
A comunidade reintegracionista é umha parte pequena mas muito ativa da comunidade galecófona, polo qual é muito difícil enumerá-la na sua totalidade. Porém esperamos sermos bastante abrangentes.
Os centros sociais som espaços físicos autogeridos situados nas principais cidades e vilas galegas que servem para acolher as atividades e propostas do movimento associativo vinculado a eles. Som lugar de reuniom, formaçom, convivência e lazer onde a vida decorre ao 100% em galego. Cada centro social tem as suas caraterísticas e particularidades, respondendo em cada caso às necessidades determinadas pola cidade em que estám situados. Há centros sociais independentistas, anarquistas, ocupados… mas em todos eles o reintegracionismo está presente em maior ou menor medida.
Bertamiráns | Boiro | Compostela | ||||
A Fouce | Aturujo | A Gentalha do Pichel | Henriqueta Outeiro | |||
Corunha | Estrada | |||||
A Casa das Atochas | Atreu | Gomes Gaioso | Setestrelo | |||
Ferrol | Ginzo | Lugo | Marim | |||
Artábria | Aguilhoar | Mádia Leva | Almuinha | |||
Noia | Ourense | Ponte Areias | Pontevedra | |||
Roi Soga de Lobeira | A Esmorga | Baiuca Vermelha | Reviravolta | |||
Vigo | ||||||
Faísca | A Revolta |
publica-se às 3ªs e 6ªs
coordenação Pedro Godinho
De Ernesto Guerra da Cal – para ler, reler e partilhar
os sete poemas de:
Ramalhete de Poemas Carnais
"In Memoriam" de Ricardo Carvalho Calero
hoje: II FADO CHORADO SOBRE UM AMOR PASSADO
I.M. Carvalho Calero/ G. da C. | ||||
II | ||||
FADO CHORADO SOBRE UM AMOR PASSADO ************ | ||||
“Las pisadas de arena que la ola | ||||
soñolienta y fatal borra en la playa”. | ||||
JORGE LUÍS BORGES | ||||
Pelo teu corpo | ||||
de limão maduro | ||||
desço | ||||
seguro | ||||
ao fundo | ||||
do mais fundo | ||||
rincão | ||||
do meu adorabundo coração | ||||
Que | ||||
ainda contigo agora | ||||
na saudosa desora | ||||
do passado | ||||
chora | ||||
a fio | ||||
como um rio | ||||
pelo jasmim errado | ||||
cuja doce e equívoca fragrância | ||||
amargando está em mim | ||||
inveterado | ||||
a tal | ||||
astral | ||||
distância | ||||
ESTORIL | ||||
Janeiro | ||||
1989 |
[ dia 12/7 - III DESENCONTRO ]
publica-se às 3ªs e 6ªs
coordenação Pedro Godinho
A Associaçom Galega da Língua (AGAL) é umha entidade sem ánimo lucrativo constituída em 1981 na Galiza para defender:
Em 1983, a sua Comissom Lingüística editou um estudo crítico das normas ortográficas e morfológicas do idioma galego. Em 1989, a segunda ediçom, corrigida e acrescentada, incluía a proposta normativa da Agal
A Comissom Linguística da Agal elaborou um estudo crítico das NOMIGA e posteriormente elaborou a sua própria proposta normativa (ortografia e morfologia gerais) para a nossa língua que em 2010 foi adatada seguindo diretrizes do Acordo ortográfico.
A Agal organizou entre 1984 e 1996 seis congressos da língua galego-portuguesa na Galiza bem como numerosos seminários, jornadas e simpósios.
Até à apariçom do novo selo da associaçom, Através editora, fôrom publicados 50 livros em diferentes coleçons (Universália, Criaçom, Clássicos).
Em 2001 nasce o Portal Galego da Língua, sítio na rede da atualidade da língua na Galiza, e que para além de umha fecunda secçom informativa conta com vários sites formativos.
O atual conselho, eleito em junho de 2009, promove umha estratégia dupla:
A direçom e a administraçom da Associaçom som exercidas polo Presidência, polo Conselho (= Junta Diretiva) e pola Assembleia Geral.
A Presidência é designada pola Assembleia Geral e o seu mandato durará quatro anos, renovável por outro de quatro anos. O Conselho está formado pola Presidência, a Vice-Presidência, a Secretária e a Tesouraria bem como um mínimo de três vocais.
Na estrutura organizativa da Associaçom também se integram, como órgaos de carácter ténico, a Comissom Lingüística, a Comissom de Informática e a Comissom de Publicaçons.
Os sites da Agal por ordem cronológica som:
2001: Portal Galego da Língua
2005: Dicionário e-estraviz
2005: Planeta NH (Desativado para o público geral o 2 de Abril de 2011)
2005 Blogues
2008 Foros (Fôrom desativados o 31 de Dezembro de 2010).
2010 Loja imperdível
2011 Wiki-faq da Agal e do reintegracionismo
O reintegracionismo é um movimento multilinear em que caibam grande pluralidade de filosofias e práticas, desde culturais até sóciopolíticas. Nesse quadro amplo, a AGAL tem como missom a difusom do reintegracionismo e normalizaçom lingüística.
A AGAL mantém relaçons fluídas com todas as associaçons e entidades reintegracionistas sendo muitos dos seus promotores e promotoras, por sua vez, associados e associadas da Agal. Cada entidade reintegracionista tem diferentes ámbitos de atuaçom quer geograficamente: internacional, nacional e local, quer setorialmente: cultural, académico, partidário, comunicaçom…
A AGAL é a associaçom que aglutina as pessoas partidárias de construir o galego moderno tendo em conta o português. Conseqüentemente, promove que a nossa língua seja codificada seguindo a tradiçom gráfica galego-portuguesa. Porém, ainda que seja considerada a associaçom mais importante desta tendência cultural, a AGAL fai parte de um movimento muito mais amplo, conhecido como Reintegracionismo, que estende a sua influência a entidades sociais de todo o tipo, nom exclusivamente lingüístico-culturais.
Assim, desde organizaçons políticas, feministas e ambientalistas até coletivos musicais e desportivos integram umha ampla rede social que nom está dirigida por nengumha associaçom lingüística.
O Reintegracionismo é neste sentido multilinear, umha vez que nom se limita a umha proposta ortográfica, mas a umha conceçom do País que é assumida em diferentes graus por umha boa parte dos coletivos galegos de base nom dependentes das instituiçons. Com todos estes coletivos, a AGAL mantém umha relaçom mui íntima, de apoio e assessoramento lingüístico e para facilitar a troca cultural com outros países lusófonos.
Ainda, a AGAL pretende ser um ponto estável para o diálogo com outras entidades nom afins ao Reintegracionismo e até contrárias a ele, permitindo-lhes informarem-se quanto à nossa proposta cultural sempre que o desejarem. A intençom da AGAL é manter um relacionamento fluído com todas aquelas entidades galegas que tenhem como guia melhorar a qualidade de vida da cidadania galega. Neste sentido temos as nossas portas abertas a qualquer entidade e regularmente tentamos de abrir canais de contacto com o tecido social da Galiza.
Nas suas páginas aparecem trabalhos relativos às áreas mais diversas do conhecimento e a cultura: Filologia e Lingüística, Economia, Filosofia, História, Literatura, etc.
Pode-se adquirir na rede de livrarias da Galiza, na nossa loja on line ou tornar-se assinante através do nosso site
publica-se às 3ªs e 6ªs
coordenação Pedro Godinho
De Ernesto Guerra da Cal – para ler, reler e partilhar
os sete poemas de:
Ramalhete de Poemas Carnais
"In Memoriam" de Ricardo Carvalho Calero
Ernesto Guerra da Cal | |||
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| R A M A L H E T E *********************** | ||
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| DE ** | ||
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| P O E M A S C A R N A I S ************************************ | ||
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| “In Memoriam” | ||
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| de | ||
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| R i c a r d o C a r v a l h o C a l e r o ============================== | ||
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| Velho Amigo | ||
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| e | ||
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| grande Poeta amatório | ||
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| “The delirium of flesh | |
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| the lovely dance | |
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| that ends in nakedness”. | |
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| RAD CALAGUER |
I.M. Carvalho Calero/ G. da C. | |
| |
I | |
ESFINGE *********** | |
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|
| Muito antes de sentir |
| nas narinas da ALMA |
| o aroma |
| íntimo |
| intenso |
| nocturno |
| feminino |
| da |
| MAGNÓLIA indizível |
| do |
| teu |
| SEXO |
|
|
| Muito antes de gostar |
| na língua da minha ALMA |
| o sabor |
| mel e leite |
| lírio e rosa |
| dos |
| biquinhos direitos |
| dos |
| teus |
| PEITOS |
| tive |
| o |
| presentimento |
| do |
| teu |
| nu CORPO infindo |
| e |
| das |
| vias sem termo |
| do |
| labirinto cego |
| da |
| tua |
| CARNE |
| isolada e deitada |
| no meio |
| do |
| DESERTO |
| |
| |
ESTORIL | |
Primavera | |
1990 |
[ dia 5/7 - II FADO CHORADO SOBRE UM AMOR PASSADO ]
publica-se às 3ªs e 6ªs
coordenação Pedro Godinho
O reintegracionismo tal e como hoje o entendemos nasce entre finais dos anos 70 e princípios dos 80, com a consolidaçom de umha prática ortográfica para o galego convergente com a do português.
Nessa altura, para a consolidaçom dessa prática, tivo grande importáncia um grupo de sacerdotes galegos residentes em Itália que assinárom um texto conhecido como o Manifesto dos 13 de Roma. Porém, nesta primeira etapa da prática reintegracionista moderna também fôrom fundamentais figuras já falecidas como Carvalho Calero, Jenaro Marinhas del Valle, Paz Andrade, Rodrigues Lapa ou Guerra da Cal.
Nom obstante, a vontade do Reintegracionismo moderno de construir o galego tendo em conta o português perde-se na história do galeguismo. De facto, pode afirmar-se que essa vontade existe desde o momento mesmo que nasce um movimento cujo objetivo é usar e dignificar o galego, existindo inúmeras citaçons de galeguistas históricos que provam isto.
O reintegracionismo é só relativamente moderno.
Como movimento organizado nasce em 1981, com a fundaçom da Associaçom Galega da Língua (AGAL) e populariza-se em 1983, com a publicaçom do Estudo Crítico das Normas Ortográficas e Morfológicas do Idioma Galego (ILG-RAG). Porém, como tendência perde-se na história do galeguismo.
Som numerosos os estudos de várias disciplinas humanísticas que demonstram que a filosofia reintegracionista, isto é, aquela que propugna que o português deve ter-se em conta para construir o galego moderno, acompanhou o programa galeguista desde o momento mesmo em que este nasceu.
Em geral, pode mesmo dizer-se que nos momentos da história em que o galeguismo/nacionalismo gozou de mais força, também a filosofia reintegracionista chegou a influenciar mais o programa cultural do mesmo. O momento culminante desta intimidade produziu-se com a Geraçom Nós.
É antigo e moderno ao mesmo tempo.
Nom se pode negar que, atrás do reintegracionismo, existe certa vontade de restaurar umha unidade ideal perdida há muitos séculos. Umha vez que a situaçom do galego é fraca na atualidade, o reintegracionismo pretende considerar toda a história da nossa língua e nom apenas recuar a aquela parte em que o galego já se encontrava em situaçom de minorizaçom. Dito de outro modo, o reintegracionismo encontra na Idade Média, o período em que o galego foi língua nacional de cultura, um modelo para a construçom do galego moderno tam válido como o do século XIX e XX.
Ora, o reintegracionismo é sobre todo um projeto de futuro. Usando como modelo as variantes da língua que nom ficárom subordinadas ao castelhano, e que se espalhárom amplamente polo mundo, propom um modelo de língua ao mesmo tempo alicerçado na tradiçom medieval e inserido na Lusofonia.De facto, se nom existisse a Lusofonia, talvez nom valesse a pena sermos reintegracionistas, porque a razom fundamental do nosso modelo de língua é que ele goza de grande saúde na atualidade.
O reintegracionismo moderno assenta a sua prática no programa lingüístico-cultural do galeguismo, nomeadamente dos intelectuais mais conhecidos deste movimento: Manuel Murguia, Vicente Risco, Vilar Ponte, Castelao, Joám Vicente Biqueira.
Porém, quando a finais dos anos 70 se iniciou o debate que deu origem às duas práticas ortográficas atuais (a de tradiçom castelhana e a de tradiçom galego-portuguesa) só alguns daqueles membros do velho galeguismo continuavam com vida. Alguns, como Jenaro Marinhas del Valle, Carvalho Calero, Valentim Paz Adrade ou Guerra da Cal passárom a ser, para além de galeguistas históricos, reintegracionistas históricos, tendo defendido com paixom a prática reintegracionista.
Uns e outros deixárom inúmeras citaçons sobre esta questom.
Castelao nom se definia como reintegracionista porque este movimento, com esse nome, só nasceu nos fins do decénio de 1970. Porém, ele, como galeguista em geral e membro da Geraçom Nós em particular, era firmemente partidário de avançar em direçom à confluência normativa com o português. O seu livro Sempre em Galiza, pode considerar-se, de facto, umha das obras de referência do Reintegracionismo ao longo da história, com contínuas alusons à unidade da língua.
Porém, para Castelao, a unidade do galego-português devia ter conseqüências práticas, como expressou numha conhecida carta ao historiador espanhol Sánchez Albornoz:
Yo deseo que en Galicia se hable tan bien el gallego como el castellano y el castellano tan bien como el gallego. Deseo además que el gallego se acerque y confunda con el portugués, de modo que tuviésemos así dos idiomas extensos y útiles.
O reintegrado, entendido como hoje o entendemos, nom existia no pré-guerra.
Convém deter-se nisto, porque tem dado lugar a discursos que assentam em meias verdades. No pré-guerra nom havia reintegracionistas como tampouco havia isolacionistas. Quer dizer, ainda que houvesse autores que chegassem a utilizar umha ortografia mui próxima à lusista atual (Joám Vicente Biqueira é o mais conhecido) e pessoas mais empenhadas na convergência cultural e lingüística galego-portuguesa, nom se pode dizer que estas pessoas propugnassem umha linha de atuaçom diferente da do resto do galeguismo.
De facto, em geral, pode afirmar-se que no galeguismo havia um grande consenso em relaçom à necessidade de avançar na direçom proposta por estes 'precursores' do lusismo moderno. A razom pola qual nom se chegárom a dar passos ortográficos definitivos neste sentido foi que na altura o galego nom era ensinado nas escolas e nom se podia aspirar a escrever o galego seguindo critérios ortográficos diferentes aos conhecidos polo conjunto da populaçom: os do espanhol.
Com o fim do regime franquista e a chegada do galego ao ensino, os desejos do galeguismo de pré-guerra tornárom-se propostas práticas, mas umha grande parte dos novos galeguistas que medrárom ao abrigo do grupo Galaxia já renunciárom àquela aspiraçom da Geraçom Nós, e a convergência ortográfica frustrou-se.
publica-se às 3ªs e 6ªs
coordenação Pedro Godinho
Ricardo Carvalho Calero é um marco das letras galegas e tem, portanto, sido um dos frequentemente propostos para a homenagem anual da cultura galega que constitui a designação para o Dia das Letras Galegas. Tem, continuamente, sido preterido. Sem discutir o valor dos escolhidos, Carvalho Calero merece há muito a distinção que a RAG (Real Academia Galega) lhe continua a negar. Preteriu-o no passado, preteriu-o em 2011 e, anunciada que foi já a escolha para o próximo ano, voltou a preteri-lo para 2012.
Tão forte parece a embirração da RAG com Carvalho Calero que se vai começar a pensar que maior distinção é não ser escolhido por aquela. Não fosse uma das exigências para ser distinguido a de ser falecido e interessante seria ver o que diriam os próprios designados do "veto permanente" a Carvalho Calero.
No Estrolabio de 17 de Maio, Carlos Loures lamentava que, uma vez mais, a RAG tivesse denegado a Carvalho Calero a homenagem merecida e desde há dez anos proposta.
A 18 de Maio, Carlos Loures voltava à liça com novo texto, em diálogo com a interessante nota de Carlos Durão em A Nossa Língua e agradecendo a resposta avançada à interrogação que deixara.
A 24 de Maio, pelo seu interesse, e pela relação estabelecido entre os nomes de Carvalho Calero e de Lois Pereiro - o distinguido em 2011 -, transcrevemos o texto de José-Martinho Montero Santalha, presidente da Academia Galega da Língua Portuguesa (AGLP).
Conhecida que foi a escolha para 2012 do poeta e ensaísta Valentim Paz Andrade - também ele um defensor da unidade linguística galego-portuguesa e alguém que colaborou com Carvalho Calero na redacção do Anteprojecto do Estatuto da Galiza, apresentado em 1931 - soube-se da afirmação feita por um membro da RAG, Ramón Lorenzo, sobre Ricardo Carvalho Calero acusando-o, por defender a unidade linguística galego-portuguesa, de ter feito mal à língua galega: «eu sou contra de que se lhe dê o Dia das Letras Galegas porque há que ver o mal que lhe fizo este homem à língua. É isso que nom se quer ver. [...] é o culpável deste tremendo problema que tivemos com o galego»
Ricardo Carvalho Calero foi filólogo e escritor, nacionalista, teórico do reintegracionismo, professor universitário e o primeiro Catedrático de Língua e Literatura Galegas. Cidadão empenhado, foi co-fundador do Partido Galeguista, opositor da ditadura de Primo Rivera e do golpe fascista de Franco, de 1936, contra o qual combateu como voluntário pela República. O seu pensamento político correspondendo a um nacionalismo galego de esquerda.
Catedrático e especialista da língua, o seu prestígio fez dele, em 1980, uma escolha incontestada para a nomeação pelo Parlamento pré-autonómico galego como presidente da Comissão encarregada de elaborar um padrão escrito para o galego. O padrão proposto pela Comissão apresentava uma orientação reintegracionista, embora mantendo transitoriamente o uso duma ortografia ainda de influência espanhola.
No entanto, na sequência duma viragem do poder político, o apoio inicial à Comissão presidida por Ricardo Carvalho Calero é abandonado e atribuída a autoridade linguística a um instituto linguístico de Compostela de orientação isolacionista face ao português e cuja proposta de normativização, aprovada pela Junta da Galiza em 1982, estabelece um padrão contrário à unidade linguística galego-luso-brasileira e favorável à influência escrita do espanhol sobre o galego.
Na década de 80, Carvalho Calero será um dos principais críticos da orientação da nova política linguística das autoridades da Galiza, considerando o pretenso 'bilinguismo igualitário' dado desembocar "na monarquia de aquela das duas línguas que possuí maior potência social", que no caso galego não é outra que a privilegiada pelo poder durante séculos: o espanhol ('Bilinguismo e bigamia', in Uma Voz na Galiza, 1984).
Estará aqui a razão da "vingança" dos iluminados da RAG?
Para juntar ao debate, transcrevemos o texto "O meu Ricardo Carvalho Calero" de José Manuel Beiras, publicado no jornal Galiza Hoje, a propósito das declarações de Ramón Lorenzo sobre Carvalho Calero. José Manuel Beiras foi membro fundador do Partido Socialista Galego PSG), nos anos 60, seu secretário-geral nos anos 70, tendo participado na fundação em 1982 do Bloco Nacionalista Galego (BNG) do qual foi membro da Direcção, Presidente e deputado. Economista e escritor, membro da Real Academia Galega desentendeu-se com a presidência desta sobre da Lei de Normalização Linguística do Galego.
En recentes entrevistas motivadas polo seu merecido Premio Trasalba, o meu vello amigo e en tempos camarada de "noviciado" universitario, Ramón Lorenzo, referiuse con certa insistencia ao "gran mal que lle fixo á lingua" galega o profesor Ricardo Carvalho Calero no período auroral da Autonomía, mesmo até consideralo "o culpable deste tremendo problema que tivemos co galego" -por mor da lea antre "oficialistas" e "reintegracionistas" acontecida nos anos oitenta verbo da normativización do noso idioma. Coido eu que, tanto no plano sociolingüístico canto no ideolóxico e máis no político-institucional, están moi claras as causas, os causantes e os "culpábeis" dos andacios padecidos outrora e aínda arestora polo noso idioma, e que incluír nese bando a "don Ricardo" constitúe cando menos unha grave deformación da realidade. Porén, non quero -eiquí e agora- entrar en polémica. Si, en troques, ofrecervos a miña visión vivencial de aquil rexo, insubornábel e entrañábel loitador a prol da cultura, o idioma e os dereitos políticos soberanos do seu povo, e máis algunhas claves seica esquencidas da xestación do "problema Carvalho". Limítome a transcreber a seguida o que lles eu contara a Miguel Anxo Fernán Vello e Francisco Pillado hai xa un decenio, cando andabamos a elaborar o noso segundo libro de conversas. Veloeiqui.
publica-se às 3ªs e 6ªs
coordenação Pedro Godinho
Trata-se de umha normativa ortográfica e morfológica elaborada polo Instituto da Língua Galega (ILG), e aprovada pola Real Academia Galega (RAG) , que tem sido utilizada pola administraçom autonómica galega desde o ano 1982.
A norma ILG-RAG é a plasmaçom gráfica e morfológica do postulado que defende que o galego e o português som línguas diferentes por elaboraçom e devem possuir portanto códigos divergentes. Ainda que os seus defensores nom neguem a unidade estritamente lingüística dos falares a norte e a sul do Minho, consideram que desde o século XIX os utentes do galego escrito começárom um processo de elaboraçom do código afastado do português.
O resultado deste processo refletiria-se nas normas ILG-RAG. O texto das normas foi redigido polo ILG e assumido pola RAG depois de grandes controvérsias com o reintegracionismo, que defendia que o português devia ser tido em conta. De facto, a maior parte do texto das normas foi dedicado a justificar aquelas decisons mais polémicas em relaçom a este debate.
Com a chegada de Alianza Popular ao poder, através do conhecido Decreto Filgueira (em referência ao seu redator Filgueira Valverde), estas normas vinhérom a substituir as anteriores de Carvalho Calero aprovadas polo Junta pré-autonómica para o ensino e a Administraçom, acentuando-se a chamada “guerra normativa”.
A norma da AGAL é umha proposta para escrever as falas galegas utilizando a ortografia portuguesa.
Após a institucionalizaçom das normas ILG-RAG em 1982, a Comissom Lingüística da associaçom promotora elaborou nesse mesmo ano umha proposta que, sem convergir completamente com o português, pretendia dar um passo definitivo no sentido de integrar as falas galegas no ámbito da Lusofonia. O facto de ser umha proposta muito aberta, que dava opçom a escolher diferentes formas do galego falado e ainda a ser aplicada com diferentes ritmos (mesmo sem conhecimento do português), facilitou que fosse adotada por numerosos coletivos para além dos, até entom, estritamente lingüísticos.
Neste sentido, pode-se dizer que com ela nasce a prática reintegracionista contemporánea.
A norma da AGAL é a norma utilizada para representar a variedade galega da língua portuguesa. A nossa língua tem desenvolvido particularidades diferentes em cada um dos territórios em que é falada, e muitas dessas particularidades refletem-se em cada umha das normas escolhidas para a representar. Por isso, diferentes aspetos morfológicos, lexicais e mesmo ortográficos podem divergir de umha norma para outra.
Em termos gerais, as principais diferenças entre a norma da AGAL e as de outros territórios encontram-se na morfologia verbal, nas terminaçons -om e -ám face à maioritária na lusofonia -ão e no léxico. Eis mais alguns exemplos das diferenças mencionadas:
GALIZA | PORTUGAL E BRASIL |
polo, pola | pelo, pela |
umha | uma |
figem, dixem, comim | fiz, disse, comi |
fijo, pujo | fez, pôs |
irmá, maçá | irmã, maçã |
Cada território em que a nossa língua é falada tem umhas particularidades e caraterísticas próprias que som refletidas principalmente na oralidade. Nom é esta umha afirmaçom que surpreenda ninguém, e muito menos pessoas que estám habituadas a ouvir e identificar o espanhol de Valhadolid, Sevilha, México ou Buenos Aires.
No caso do português, e com um mínimo contacto que tivermos com as suas variantes dialetais, acontecerá o mesmo. As principais diferenças entre a variedade portuguesa e brasileira som, na atualidade, a colocaçom do pronome (amo-te vs te amo), o pronome tu (ausente no Brasil) e, muito especialmente, lexicais.
Ora bem, quanto à escrita, as particularidades de cada variante vírom-se muito reduzidas após a aprovaçom do Acordo Ortográfico de 90, que unificou quase totalmente a grafia dos “grupos cultos” (objectivo > objetivo, accionar > acionar…), o uso do traço (infra-estrutura > infraestrutura) ou do trema, que desaparece na ortografia atual.
Para além da Galiza, onde foi oficializada umha variante do português com ortografia espanhola, os países de língua oficial portuguesa som, na atualidade: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
Até a aprovaçom do AO de 90, em relaçom à escrita, havia dous grandes blocos: por um lado, o Brasil, e por outro, todos os demais países Lusófonos, que seguiam a prática gráfica de Portugal.
Superficialmente, o AO implicou umha aproximaçom à prática ortográfica do Brasil, o mais potente país de língua portuguesa nos dias de hoje.
Felizmente, antes de haver normas as pessoas já falavam. No momento de instaurar qualquer norma para qualquer área, o ideal é que a escolha seja feita atendendo a critérios de eficácia. No caso da norma para o idioma galego nom foi assim, e foi um jogo de forças políticas o que decidiu o atual código utilizado na administraçom pública e por todas as entidades dependentes dela, caso do mundo cultural.
Neste contexto atual, nom parece mui eficaz negar mutuamente a legitimidade das duas estratégias e sim o seria aproveitar ao máximo ambas. Trataria-se de caminhar em direçom a um binormativismo que permita somar esforços e a satisfaçom de os valedores/as de cada estratégia.
O reintegracionismo defende um modelo lingüístico que vincule as nossas falas aos outros ‘galegos’ do mundo.
Isto tem várias conseqüências: umha delas, talvez a mais visível, é a mudança dos hábitos ortográficos que até agora nos vinculam ao espanhol:
ESPANHOL: | Las luces brillaban en el horizonte sin apagarse ni por un segundo. |
GALEGO ILG-RAG: | As luces brillaban no horizonte sen apagarse nin por un segundo. |
PORTUGUÊS E GALEGO REINTEGRADO: | As luzes brilhavam no horizonte sem se apagarem nem por um segundo. |
Portanto, é inegável que o reintegracionismo torna o aspeto do galego mais diferente do espanhol, mas nom é verdade que seja essa a intençom do nosso movimento. O nosso desejo é, sobre qualquer outra intençom, confluir com a tradiçom gráfica das outras variedades do galego no mundo. Se fosse doutro modo, poderíamos simplesmente ter optado por umha ortografia diferente:
publica-se às 3ªs e 6ªs
coordenação Pedro Godinho
Neste Maio de 2011, foi criada a petição "Declaração Galega de Soberania" que pode ser lida e subscrita em http://www.peticaopublica.com/PeticaoVer.aspx?pi=dgs2011
Petição DECLARAÇÃO GALEGA DE SOBERANIA
Para:Toda a cidadania da Galiza
NÓS, cidadãs e cidadãos, e coletivos da Galiza, no exercício do inalienável direito dos povos e das pessoas à soberania nas suas decisões e nos seus atos,
REJEITAMOS a existência imposta da monarquia espanhola, como forma inerentemente antidemocrática de outorgar o poder e a representatividade a uma pessoa não eleita, em virtude da herança, da classe, do sangue, do género ou de qualquer outra circunstância;
NEGAMOS qualquer legitimidade presente ou futura a qualquer pessoa que afirme exercer ou reclame aspirar a exercer o poder e a representatividade sobre a Galiza em função de qualquer pretenso direito ou tradição monárquica, e negamos qualquer legitimidade a qualquer regime político e ordem jurídica sustentados nesses princípios;
DECLARAMOS a nossa disposição à procura da auto-organização e da auto-gestão democrática da sociedade galega num quadro de verdadeiras igualdade económica e social, liberdade e justiça em todas as dimensões e para todas as pessoas;
RECLAMAMOS os nossos direitos sobre todos os recursos coletivos materiais e simbólicos do território e dos mares da Galiza, sobre o seu uso e desfrute, sobre a sua preservação e sobre a sua disposição para o bem público comum;
DECLARAMOS a nossa vontade de estabelecermos as formas e mecanismos adequados de auto-organização política, económica, social, cultural, territorial e jurídica para reger-nos, incluindo qualquer possível articulação com outros povos, instâncias políticas e coletivos internacionais;
RECLAMAMOS dos poderes e instituições atuais a eliminação de qualquer obstáculo e a evitação de qualquer medida que puderem ir dirigidos contra o nosso direito a fazer realidade a nossa vontade coletiva de auto-determinação livremente expressada;
CONVOCAMOS toda a cidadania da Galiza a se unir à presente Declaração e às ações e passos coletivos encaminhados aos objetivos da nossa soberania; e
DITAMOS a plena legitimidade da presente Declaração como quadro programático e normativo geral para a tomada das decisões e a realização das ações civis necessárias encaminhadas à materialização política do exercício da soberania da Galiza.
Galiza, maio de 2011
Os signatários
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publica-se às 3ªs e 6ªs
coordenação Pedro Godinho
É o nome popular que recebe a reforma das Normas Ortográficas e Morfolóxicas do Idioma Galego (ILG-RAG) de 2003. Em termos sociais, significou a anulaçom da dissidência normativa que promoviam as agrupaçons culturais e sociopolíticas vinculadas ao Bloco Nacionalista Galego.
No mundo lusista, a reforma é considerada insuficiente. De facto, para além de admitir a prioridade de formas já antes consideradas válidas (terminaçom -bel, todos os, comer o caldo, contraçom ao…), a reforma de 2003 trouxo poucos avanços. O mais significativo, sem dúvida, é a obrigatoriedade da terminaçom -zo, -za em palavras como espazo e presenza. Porém, num malabarismo difícil de compreender, o topónimo Galiza foi retirado dessa lista, o qual frustrou as expetativas das bases do próprio mundo político que impulsionou a reforma, onde o vocábulo Galiza tem grande simbolismo. Posteriormente, alguns académicos admitírom que a razom para tal era política.
A partir de 2003, já só o reintegracionismo difere da posiçom institucional quanto à filiaçom da língua, mas, em contrapartida, goza de umha notável projeçom social, marginal até há pouco.
O chamado Acordo de Rio [de Janeiro], do ano 1986, foi a tentativa de unificaçom ortográfica entre os países de língua oficial portuguesa imediatamente anterior ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 (AO de 90). Nele, como posteriormente no AO de 90, participou umha delegaçom de observadores galega.
No texto do mesmo operavam-se profundas modificaçons, nomeadamente no que di respeito à acentuaçom, e isso provocou que fosse amplamente rejeitado nalguns países, designadamente em Portugal. Foi esta rejeiçom o que provocou que se avançasse para um outro acordo: o já referido de Lisboa de 1990.
O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 (AO de 90) é um tratado internacional em que participárom todos os países lusófonos, incluída umha delegaçom de observadores da Galiza, cujo objetivo é a simplificaçom da ortografia do português.
Ainda que com resistências, já está a ser aplicado em todos os países participantes, incluída a Galiza, onde tanto os utentes da norma da AGAL como do padrom lusitano, já começárom a implementar as modificaçons propostas no AO.
Estas afetam, por exemplo, a acentuaçom, o traço e as maiúsculas. Porém, a alteraçom mais visível é sem dúvida a supressom dos chamados grupos cultos <cc>, <ct> e <cp> nas palavras em que estes nom eram articulados nas pronúncias cultas (ou tradicionais no caso galego) de nengum dos países lusófonos: projeto (por projecto), atividade (por actividade), etc.
Espera-se que ao longo da década de 2010 as alteraçons do novo acordo já estejam a ser usadas por todos os meios de comunicaçom e centros de ensino lusófonos.
Na prática, existem duas variantes de 'galego reintegrado', em grande medida complementares. Para além da norma da AGAL, há quem defenda no reintegracionismo a adoçom do padrom lusitano, sem o passo intermédio que representaria aquela norma.
Porém, entre os utentes do padrom lusitano, há quem use diretamente o português de Portugal (agora AO) e quem respeite um bom número de traços morfológicos galegos (polo, fijo…). Deste modo, a principal discrepáncia entre as pessoas partidárias da norma da AGAL e do padrom lusitano seria o uso do til de nasalidade, que os defensores do português padrom consideram símbolo da nossa língua no mundo: ção/-çom.
Hoje em dia, no conjunto do movimento reintegracionista, o uso de ambas as normas tornou-se complementar, tendo quase desaparecido os acesos debates do passado entre as duas posturas.
publica-se às 3ªs e 6ªs
coordenação Pedro Godinho
Continuando com a apresentação do poeta distinguido este ano no Dia das Letras Galegas, Lois Pereiro, aqui trazemos mais um punhado dos seus poemas, que estamos a descobrir convosco.
Sobre ele podem ler no blogue http://loispereiro.blogaliza.org .
Dyn-Amo e Steve Dwoskin ós trinta anos
A perfección era unha intuición fráxil
na que habitaba un virus definido
en cada movimento interpretado
polo discurso estético da pel
Talco e carmín
seducción subcutánea
a atrocidade orixinal das vísceras
furia xestual en cada un dos seus nervos
na sesión de strip-tease daquela noite
Confusamente a imaxe dos seus lavres
voando sobre Europa
A vida sucesión de luz e sombras
o segredo da perfección máis pura
somentes unha sombra de dúbida nun xesto
a lene distorsión nun dos seus movementos
en fuxidía expresión de terror lúcido
nos ollos e na boca
esa era a perfección definitiva.
Caíron logo os ollos os pezóns
e coa furia da súa visión súpeta
todo o que puido arrincar ledamente irada
coa única forza das súas propias mans
e o poder que posúe quen descobre a verdade.
Luz e sombras de amor resucitado (1995):
VII
(Tantos anos que non me observaba
unha pel distinta á miña, ou que non fose xa
parte dos meus ollos, explorada, coñecida
ou compartida...)
Vendo eses dous ollos latexantes
cal visión dunha imaxe entresoñada
no seu peito en perfecta simetría
cun interno tremor que me fascina
desexaría entrar nela e refuxiarme
no seu corpo secreto para sempre
protexido da morte
coa súa vida
féndeme o corpo un húmido arrepío
e bícame as vértebras con furia
nun vértigo de dor e de tenrura.
xuño, 95
Poemas da morte sobrevivida a forza de paixón e sabotaxes (1995)
Mala sorte
(Cunha bala calibre sete sesenta e cinco
no peto máis pequeno do vaqueiro, sei que
a miña vontade é decisiva para escoller
o momento e o lugar. E apálpoa cos dedos
a todas horas.)
E por primeira vez desde que souben
que aínda respiraba e seguía vivo
sei o que é sentir medo a non estalo
Interrompido na mellor escea
cando estaba soñando un soño dérmico
de paixón e beleza
cunha serea distancia literaria e sabia
Só ela podía ser tan inoportuna
groseira inculta e pouco delicada
chamándome despois de ter sobrevivido
á confortable atracción do fracaso
e saber dunha vez o que era a vida
amar e ser amado.
setembro, 95
The flowers of friendship faded
Friendship faded
Presentimos as horas do vrao
vivir de día
os futuros soños fríos
de amenceres de lúa con armarios transparentes de ollos fríos
asesinos de princesas durmidas
en moreas de bebidas inocentes
reises da explosión solitaria
nun día escuro do país acusados de querer ser
ananos e vivir na herba
apuntándovos coa morte en decadencia
dende o día do viaxe
ou fuxida sentimental
oubeando (a chamada do bosco que se me escondía)
o sonido
de senso desesperado
o sonido tráxico.
O éstase
en sorrisa vendo
como Piedad matabas aquil buraco escuro con forma de crime
onde o silenzo ule
a tormenta nostálxica e neurótica
(un centro neurótico pro
cun límite marcado nalgún sitio)
e non era a primeira vez
que o suicidio voaba no ceo da última paisaxe
Mary (buked and scorned)
xa o tiña visto
no ceo de California.
Leitura de 5 poemas de Lois Pereiro
(Declaración - Arturo Casas; Namorado outra vez - Antón Losada; Revisando os danos - Paco Macías;
Soir - Antón Patiño; Narcisismo - Antón Lopo)
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coordenação Pedro Godinho
A “guerra normativa” é a denominaçom popular que recebe o debate sobre a relaçom entre o galego e o português. Este debate foi especialmente intenso nos ámbitos filológicos e políticos nacionalistas nos anos 70 e 80 e chegou ao seu clímax a partir da institucionalizaçom das normas ILG-RAG em 1982, quando a maior parte do professorado de galego, em 1986, assinou um manifesto pola concórdia normativa.
Se bem que antes de 1982 fossem várias as propostas normativas de tendência reintegracionista (como as de Martinho Montero, Valentim Paz Adrade ou as oficiais entre 1980 e 1982 de Carvalho Calero), foi a partir deste ano que se popularizárom várias codificaçons propositadamente alternativas às normas ILG-RAG: as normas da AGAL, em forma de Estudo Crítico em 1982 e de Prontuário em 1985, as da AS-PG e as diferentes variantes dos chamados mínimos reintegracionistas.
As primeiras concitárom grande apoio no mundo científico e as últimas fôrom as usadas pola prática maioria das organizaçons do movimento galeguista até 2003. Nesse ano, por pressons de setores universitários ligados ao BNG, a RAG aceitou certas modificaçons do texto normativo em direçom à convergência com o português. Pretendia-se assim acabar com a guerra normativa, mas para entom o “reintegracionismo” já tinha forte presença nas ruas e na recém-popularizada Internet.
Sim, ainda que a sua natureza nem sempre é a mesma.
A maioria das línguas e variedades tenhem umha única norma nacional. É o caso da nossa língua em Portugal ou no Brasil ou o castelhano em Castela ou México. Nestes casos os debates sobre a norma tenhem a ver essencialmente com modernizá-la. Em geral, as escritas som conservadoras a respeito da falas, o que vai criando umha distáncia entre elas. Por isso surgem vozes reclamando reformas de maior ou menor profundidade. Sirva como exemplo a norma de Bello.
Ora, existem contextos onde podem existir duas normativas para a mesma língua. O caso galego é um deles, onde a par do galego ILG-RAG existe o galego-português. Existem ainda outros casos como som o grego, o norueguês ou o valenciano. No grego existiu até há pouco o Catarévussa (criado no séc. XIX para servir de enlace com o grego clásico) e o demótico (baseado na língua popular e único oficial desde 1976). No norueguês existe o bokmal (com palavras do dinamarquês) e o nynorsk (isento de danicismos). No valenciano existe as normes de Castelló que é um catalám de Valência e as normes del Puig que promove umha língua separada do catalám e umha presença maior de castelhanismos.
A oficializaçom do binormativismo seguindo a via norueguesa podia ser umha via na Galiza para aglutinar os falantes e os movimentos sociais em volta da nossa língua, aproveitando o melhor de cada umha das estratégias.
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coordenação Pedro Godinho
Iniciámos a publicação de textos relativos aos autores que têm vindo a ser anualmente distinguidos no Dia das Letras Galegas: Rosalia de Castro (1963), Daniel Castelão (1964), Eduardo Pondal (1965).
Interrompemos, momentaneamente, aquela sequência para dar lugar ao distinguido este 17 de Maio de 2011: Lois Pereiro.
Luis Ángel Sánchez Pereiro, mais conhecido como Lois Pereiro, escritor e poeta galego, nasceu a 16 de Fevereiro de 1958, em Monforte de Lemos (Galiza), e faleceu, com 38 anos e doente, a 24 de Maio de 1996, na Corunha (Galiza).
Foi escolhido pela RAG para o Dia das Letras Galegas deste ano de 2011.
José Martinho Montero Santalha, presidente da Academia Galega da Língua Portuguesa (AGLP), contou-nos como o poeta Lois Pereiro é mencionado num poema de Ricardo Carvalho Calero, em agradecimento aos dez poetas “de amor e desamor” pelo exemplar e dedicatória que lhe ofereceram.
Em vida publicou duas obras; Poemas 1981/1991 (1992) e Poesía última de amor e enfermidade (1995), tendo, após a sua morte, sido publicada Poemas para unha Loia (1997), que recolhe obras da época madrilena, publicadas na revista “Loia”.
Diz o seu irmão, Xosé Manuel Pereiro, que ao escrever os seus primeiros poemas declarou que nunca escreveria em castelhano.
Como não conhecia este poeta, de lírica punk dirão alguns e talvez não o enjeitasse o próprio, procurei na rede e aqui deixo dois dos poemas encontrados na Biblioteca Virtual Galega:
En doce versos falsos
1 | A miúdo botas negras e o seu xesto |
2 | na postura dun acto de violencia |
3 | pousadas coma un signo |
4 | na noite lostregada |
5 | esluída no refuxio |
6 | da procesión de euforia |
7 | na creación volcánica dun soño |
8 | na idea procreada |
9 | que non entraría en min |
10 | sen o pruído curioso |
11 | cravado sen molestias nos meus ollos |
12 | que van durmir o soño que non sinto. |
Poemas póstumos (1992-94)
Curiosidade
Saber que está un á morte
e o corpo é unha paisaxe de batalla:
unha carnicería no cerebro.
¿Permitirías ti, amor deserto,
que nesta fevre penitente abrise
a derradeira porta e a pechase
detrás miña, sonámbulo e impasible,
ou porías o pé
entre ela e o destino?
novembro, 92 |
As armas da paixão - um vídeo documental sobre a vida e a obra de Lois Pereiro
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coordenação Pedro Godinho
Existem muitas teorias lingüísticas sobre o conceito de norma em geral e norma padrom em particular. No entanto, no que ao debate galego di respeito, o relevante é que a norma padrom, quer oral quer escrita e seja qual for o registo, é aquela que se sobrepom às outras variedades lingüísticas, usando-se em ámbitos mais amplos do que as outras.
Quanto à oralidade, no caso das línguas estatais, esta costuma coincidir com a variante da capital do Estado (Paris, Madrid, Lisboa…) ou grandes centros económicos (São Paulo, Munique, Berlim), que tenhem mais força para divulgar a sua própria variedade nos meios mais influentes (p. ex. os de comunicaçom). Ponhamos um exemplo do espanhol: se a capital do Estado estivesse em Sevilha e nom em Madrid, provavelmente a palavra muchacho seria hoje pronunciada muxaxo na maioria dos meios de comunicaçom e nas escolas. Neste caso, dizemos que a pronúncia do espanhol do norte (muchacho) é a padrom e a do sul, umha pronúncia regional (muxaxo).
Nestas mesmas línguas estatais, a escrita costuma assentar numha tradiçom literária estável que foi assentando determinados usos e descartando outros. Porém, nas línguas nom estatais, como a galega, onde essa tradiçom literária estável nom existe e os grandes centros políticos e económicos nom se expressavam em galego, as escolhas normativas que configuram a norma padrom som elaboradas, o que facilita serem percebidas como artificiais e pouco naturais.
O problema é o modelo a seguir para a sua elaboraçom: o do português ou o do castelhano. Eis o debate.
Ao longo dos anos 70, 80 e 90, as propostas normativas para o galego multiplicárom-se tanto que chegou a produzir-se certa confusom entre os utentes do galego quanto à maneira de o escrever. Porém, e ainda que muitas vezes nom fosse reconhecido, atrás de todas aquelas propostas havia unicamente duas filosofias normalizadoras e por isso essa situaçom chegou ao século XXI significativamente simplificada.
Hoje em dia pode dizer-se que há duas formas de escrever o galego: a que utiliza a ortografia castelhana e a que emprega a ortografia portuguesa.
Existem, entre quem utiliza a ortografia castelhana, pessoas mais recetivas às influências do mundo lingüístico português e, em sentido contrário, também existem, entre os partidários da ortografia portuguesa, pessoas que usam umha morfologia mais galega e outras que a usam mais portuguesa. É o que se chamam diferentes ritmos de aplicaçom dos diferentes programas lingüísticos que estám a concorrer.
Porém, é inegável que só existem duas práticas estáveis de escrita: a chamada reintegracionista ou lusista e a autonomista ou isolacionista. O programa cultural de ambas é significativamente diferente. O reintegracionismo luita porque ambas as possibilidades de galego sejam reconhecidas para que o melhor de cada um dessas propostas poda contribuir para o fortalecimento da nossa comunidade lingüística.
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