Quinta-feira, 7 de Julho de 2011

Investir em vez de poupar: ex-políticos de topo postulam "New Deal" para a zona euro - por Rolf Damher

A zona euro poderia igualmente juntar dinheiros através da emissão de subscrições de obrigações da UE, para ‘financiar a retoma económica, em vez de executar medidas de austeridade’”

SPIEGEL ONLINE, 03.07.2011

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Investir em vez de poupar: ex-políticos de topo postulam"New Deal" para a zona euro

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Os seniores da Europa querem a revolução: vários antigos chefes de estado e de governo, segundo informações do SPIEGEL, querem acabar com a crise da União Monetária mediante um “New Deal”. Em vez de poupar, a zona euro deveria efectuar investimentos maciços – e comprar obrigações de estados falidos.

 

Texto em alemão:

http://www.spiegel.de/wirtschaft/soziales/0,1518,771996,00.html

 

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„Feliz aquele que cedo se apercebe do falso raciocínio

existente entre os seus desejos e as suas forças!”

Johann Wolfgang von Goethe (Obra: Os Anos de

Aprendizagem de Wilhelm Meister IV, 2)

 

 

Quando li a palavra “New Deal”, no primeiro momento fiquei como electrizado, pensando que finalmente alguém tinha compreendido qual era a saída para a crise de sentido, social, económica e ecológica. Todavia, no segundo momento fiquei decepcionado.

 

Ora vejamos: a reivindicação acima referida dos “elder statesmen” europeus – entre eles também o antigo Presidente da República Jorge Sampaio – de um “New Deal”, passa mais uma vez, por um triz, ao lado de um objectivo correctamente formulado. Não funciona.

 

Assim, se a ideia fosse posta em prática, o até aqui imparável declínio da zona euro e da UE no seu todo, ainda seria mais acelerado.

Para dizer a verdade, trata-se de novo daqueles “pequenos, cómodos e tão humanos erros de pensamento pelos quais, no melhor dos casos, só paga um e, no pior, todo o globo” (cf. Prof. Dr. Dietrich Dörner, catedrático alemão de psicologia e investigador de complexidade em: “The Logic Of Failure: Recognizing And Avoiding Error In Complex Situations”).

 

Com efeito, como os leitores dos meus textos sabem, um “New Deal” que se insere correctamente nas leis da natureza e é capaz de gerar novo crescimento orgânico, deve visar desígnios extrovertidos e sóciocêntricos e não mais os velhos e caducos objectivos egocêntricos que nos levaram ao atoleiro (cf. “New_Deal_esboço_estratégico.pdf” e “DurãoBarroso_Carta_New Deal.pdf”). De facto, primeiro precisamos de um novo objectivo virado para fora – lema: o que é que Portugal e a UE no seu todo podem fazer para um correspondente grupo-alvo no mundo? – e só depois o New Deal interno – o qual então seria a consequência automática e desejável daquela estratégia diversa seguida.

 

O aspecto positivo: se a actual reivindicação dos “elder statesmen” for aceite e posta em prática, a derradeira “hora da verdade” e com ela a necessidade imperiosa de um novo começo num outro paradigma, chegariam mais depressa do que hoje ainda é o caso. O aspecto negativo: as consequências negativas e dramáticas relacionadas com esta escolha de fazermos o caminho até ao fim amargo.

 

A outra via é mais segura, menos arriscada e, sobretudo, sustentável.

 

RD

 

publicado por Luis Moreira às 16:00
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Quarta-feira, 22 de Junho de 2011

DE REPENTE E INESPERADO - necrológio de uma moeda comum - por Rolf Damher

"Existe uma maravilhosa lei da natureza que diz que as três

coisas que mais desejamos na vida -- felicidade, liberdade e

paz de espírito -- são sempre obtidas quando as concedemos

a alguém mais." Peyton Conway March (1864–1955 – Oficial

dos EUA e Chefe do Estado-Maior do Exército)

 

Necrológio de uma moeda comum,

 

reza o título do magazine alemão DER SPIEGEL de hoje, 20 de Junho 2011.

 

De facto, o perigo de um colapso da nossa moeda comum (e, isto digo eu, da própria UE) é enorme. Só resta a esperança no sentido de uma antiga sabedoria popular alemã: "os declarados mortos em vida vivem por muito mais tempo".

 

Mas face aos actos genericamente defeituosos dos “guerreiros lineares” no comando em Bruxelas, Berlim, Paris, etc.,  também essa sabedoria popular poderá ficar inválida. Porque esses têm uma missão comum que acreditam tratar-se da salvação dos seus países, da UE e da moeda comum. E trata-se. Todavia, uma vez que sob um objectivo errado faz-se errado tudo o que pode ser feito errado, o verdadeiro objectivo, inconsciente aos governantes, é: os estados nacionais e a UE são rapidamente reduzidos a zero, de maneira que a seguir não reste outra alternativa senão uma mudança fundamental de estratégia/comportamento.

 

“Nada de fundamentalmente novo, mas tudo fundamentalmente diferente”, poderá ser então o novo lema. E sob o mesmo, desta vez de índole sóciocêntrico, abre-se uma gigantesca oportunidade nova e lucrativa. Com efeito, sempre se trata de desenvolver cerca de 3 mil milhões de pobres e subdesenvolvidos no mundo, transformando-os de crónicos necessitados de esmolas em nossos parceiros e clientes (cf. New Deal). É pena que os nossos governantes hoje ainda não estejam na posição de compreender essas coisas, as quais, quando forem reconhecidas como objectivo a perseguir e devidamente atacadas, oferecem um gigantesco impulso de novo crescimento orgânico para o mundo – incluindo Portugal e os restantes parceiros da UE, claro. (E Portugal possui imensos valores imateriais que nesse contexto podem ser materializados). Repito: é mesmo pena eles ainda não compreenderem o que está diante dos olhos, porque caso contrário nos seriam poupados muitos sofrimentos.

 

Na Alemanha, hoje uma maioria da população diz acreditar que a grande crise foi definitivamente vencida – e os números corroboram-no, de momento. Todavia, que acredite quem quiser, mas é falso. A mudança de paradigma ainda não teve lugar e antes disso não acontecer, tudo será sol de pouca dura, com um agravamento da crise no fim.

 

Ora vejamos: imaginemos a Alemanha no topo de uma pirâmide como membro do sistema de liderança da UE. Após uma grave crise, a Alemanha, com a crise aparentemente vencida, olha para todos os lados. Se vir os seus parceiros a sacudirem a poeira e a erguerem-se, está confirmado: a crise acabou, a UE entrou em novo crescimento orgânico, com benefícios para todos. Todavia, o que actualmente está a acontecer é exactamento o contrário:  alguns parceiros encontram-se à beira da bancarrota, com tendência crescente e de mal a pior (Espanha, Itália, Bélgica, etc.).

 

Face a esta perspectiva, o referido membro do sistema de liderança da UE, a Alemanha, deve partir do princípio que NADA está em ordem e que a sua situação económica (ainda) confortável, continua a provir do saque ao sistema e não do seu fomento, como seria o caso com uma estratégia bem concebida e executada por Bruxelas.

 

A UE no seu actual estado não pode ser reformada. Terá que efectuar a mudança completa acima referida ou nada feito. Para salvá-la da actual situação periclitante, seria necessário um amplo entendimento* seguido de um acto de coragem entre as partes oriental e ocidental do “Império dos Francos” – Alemanha e França –, visando a referida pequena mas decisiva alteração de estratégia/ comportamento. Um grande desafio e uma enorme oportunidade que poderá encher de sentido e trabalho uma boa parte do século XXI . Se isto for conseguido na última da hora, escapamos à crise com alguns pêlos chamuscados, se não, os mecanismos de correcção cibernéticos mudar-nos-ão implacavelmente. Consequentemente, este processo não decorrerá sem enormes turbulências sociais que poderão ir até grandes violências – e no fim desta mudança pela via negativa o sol voltará a brilhar, infelizmente só para os sobreviventes.

 

RD

 

* Este entendimento imposto pelos dois grandes da UE, no presente caso e só nele, seria benéfico para todos os membros da mesma. E daí em diante, no novo paradigma, a UE seria mais democrática, dando mais voz e expressão também para os seus membros mais pequenos.

 


 

publicado por Luis Moreira às 12:00
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Terça-feira, 21 de Junho de 2011

Análises pela negativa só trazem mais resultados negativos - Rolf Damher

"Trate as pessoas como se elas fossem o que

deveriam ser e ajude-as a tornarem-se naquilo

que elas são capazes de ser..." Goethe

 


 

A eterna mania das análises pela negativa apenas traz mais resultados negativos, alimentando a respectiva espiral. É preciso lembrar que os portugueses e outros, além de imensos defeitos também têm virtudes. Basta manter virtudes e defeitos em equilíbrio para tornar uma sociedade bem sucedida.

 

Se algum dia – ele virá! – não restar outra saída senão analisar seriamente as virtudes dos portugueses e se, consequentemente, daí se tirar as ilações certas, criando uma estratégia superior e pondo-a em prática, também Portugal voltará a ser bem sucedido.

 

A era em que as velhas elites se demitiram das suas responsabilidades, cedendo o lugar aos medíocres que apenas conseguem ver os contextos materiais das coisas, está a chegar ao fim, graças à crise que daí resultou. Esta última – não é com ajudas externas materiais que pode ser vencida! –, devido à crescente pressão do sofrimento, levará ao nascimento de uma nova elite que assumindo as suas responsabildades saberá reconhecer e valorizar as tais “novas oportunidades”, invocadas tantas vezes mas cujo real significado permanece oculto aos medíocres ainda no poder.

 

RD

 

 

 

publicado por Luis Moreira às 16:00
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Terça-feira, 28 de Dezembro de 2010

Mário Soares está errado.


Rolf Damher

A União Europeia precisa avançar no seu projeto político de paz e de bem-estar social para as populações, lutando contra o desemprego, a pobreza, e pela integração multicultural dos imigrantes, que nos enriquecem”.

Soa muito bem mas aqui Mário Soares erra profundamente, pois o que ele propõe é um projecto primariamente introvertido e egocêntrico. É precisamente por isso que a UE chegou aonde actualmente se encontra: à beira da desintegração. Correcto seria se a UE avançasse a desenvolver cerca de 3 mil milhões de pobres no mundo nos seus próprios países, transformando a exclusão social e económica em inclusão (New Deal). Como resultado dessa estratégia diversa, a UE obteria tudo aquilo que com a actual estratégia errada tenta alcançar em vão.





Rolf Damher
publicado por Luis Moreira às 19:30
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Quarta-feira, 1 de Dezembro de 2010

Economia - a Insurreição que vem ?

Rolf Damher

“O futuro não depende totalmente da nossa vontade, nem é totalmente alheio a ela; não o esqueças, para que não tomes como uma fatalidade o que ainda não aconteceu, nem como impossível de concretizar aquilo que mais desejas.” Epicuro, 341-270 a.C., filósofo grego, Carta a Meneceu

Serve este texto para melhor compreensão dos “mecanismos cibernéticos de correcção” dos quais frequentemente escrevo e a que as nossas sociedades se encontram sujeitas permanentemente, sobretudo nos tempos actuais.

Descobri agora, na rúbrica “Cultura” do magazine alemão DER SPIEGEL, excertos do livro Der kommende Aufstand ("A INSURREICÇÃO QUE VEM" - COMITÉ INVISÍVEL (EDIÇÕES ANTIPÁTICAS) escrito por autores franceses anónimos que se auto-designam “Comité Invisível”. Achei muito interessante, pois a nossa actual situação é aqui descrita com toda aquela redundância que os meus textos nem sempre apresentam. (Quem procura causas e soluções é obrigado a saír da redundância e entrar na redução).

Entretanto encontrei o livro completo em língua portuguesa na net – link abaixo – e passo a copiar os excertos acima referidos, como segue:

Qualquer que seja o ponto de vista que adoptarmos, o presente é um beco sem saída. Não é essa a menor das suas virtudes. Aqueles que desejariam acima de tudo esperar, vêem ser-lhes retirado qualquer tipo de sustentação. Os que pretendem ter soluções vêem-se imediatamente desmentidos. Toda a gente sabe que as coisas só podem ir de mal a pior. «O futuro já não tem futuro» constitui a sabedoria de uma época que atingiu, sob a sua aparência de extrema normalidade, o nível de consciência dos primeiros punks.

A esfera da representação política fecha-se. Da esquerda à direita, é o mesmo vazio que toma, alternadamente, a forma de cão de guarda ou ares de virgem, os mesmos técnicos de vendas que mudam de discurso conforme as últimas descobertas do departamento de comunicação. Aqueles que ainda votam parecem ter como única intenção rebentar com as urnas, à força de votarem como puro acto de protesto. Começamos a pensar que é efectivamente contra o próprio voto que as pessoas continuam a votar. Nada daquilo que se apresenta está à altura da situação, nem de longe nem de perto. Até no seu silêncio, a população parece infinitamente mais adulta do que todos os fantoches que se atropelam para a governar. Há mais sabedoria nas palavras de qualquer chibani1 de Belleville do que em todas as declarações juntas dos nossos auto-denominados dirigentes. A tampa da panela de pressão foi fechada com três voltas, mas lá dentro as tensões sociais não param de aumentar. Vindo da Argentina, o espectro do «Que se vayan todos!» começa seriamente a assombrar as cabeças dirigentes.

Não há que participar neste ou naquele colectivo cidadão, neste ou naquele impasse de extrema-esquerda, na última farsa associativa. Todas as organizações que pretendem contestar a ordem presente têm elas mesmas, um pouco mais folcloricamente, a forma, os costumes e a linguagem de Estados em miniatura. Todas as intenções de «fazer a política de outra forma» nunca contribuíram, até hoje, senão para a extensão indefinida dos pseudópodos 20 estatais.

20 - Os pseudópodes são deformações da membrana plásmica que permitem a um célula alimentar-se e deslocar-se numa determinada direcção. (NT)

Não há que reagir às novidades do dia, mas compreender cada informação como uma operação a decifrar num campo de estratégias hostil, operação que visa justamente suscitar, neste ou naquele, este ou aquele tipo de reacção; e a reter desta operação a informação verdadeira que está contida na informação aparente.

Não há que esperar – um clarão, a revolução, o apocalipse nuclear ou um movimento social. Continuar à espera é uma brincadeira. A catástrofe não é o que aí vem, mas o que já se apresenta. Nós situamo-nos desde já no movimento de desabamento de uma civilização. É aí que é preciso tomar partido.

Não mais esperar é, de uma maneira ou de outra, entrar na lógica insurreccional. É escutar de novo, nas vozes dos nossos governantes, o ligeiro tremer de terror que nunca os abandona. Porque governar nunca foi outra coisa senão repelir por mil subterfúgios o momento em que a multidão se revoltará e todo o acto de governação nada mais que uma forma de não perder o controle da população.

Nós partimos de um ponto de extremo isolamento, de extrema impotência. Tudo está por fazer no que respeita a um processo insurreccional. Nada parece menos provável do que uma insurreição, mas nada é mais necessário.

http://www.radioleonor.org/wp-content/uploads/2010/09/insurreicao-que-vem.pdf

De facto, “eles” têm um crescente medo da população e não sabem como saír desta. Concluindo: como existem saídas, não precisamos necessariamente de "A INSURREICÇÃO QUE VEM", apenas políticos fora do baralho que saben olhar para a frente e que ainda conservam o são juízo humano. É tão simples como isto.

Rolf Damher

P.S. Para que não haja mal-entendidos: embora sabendo, intuitivamente, da existência daqueles mecanismos de correcção cibernéticos em curso – basta ver a TV ou ler os jornais – , não estou a desejar que isto vá até às últimas consequências, pois as coisas poderão tornar-se violentas. Gostaria, sim, de interferir nessa espiral negativa, dando a volta às coisas por cima. Isto é possível com minha estratégia proposta: New Deal. A sua aceitação permitiria converter, imediatmente e sem violências, todas aquelas forças potecialmente destruidoras em forças que fomentam uma nova ordem e novo crecimento orgânico.
publicado por Luis Moreira às 22:30
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Domingo, 25 de Julho de 2010

A economia alemã acelera...

Luís Moreira

As últimas informações vão no sentido de a economia alemã ter crescido quatro pontos percentuais, o maior crescimento num trimestre dos últimos 20 anos.

Isto a curto prazo é uma óptima notícia, as restantes economias europeias vão crescer por arrasto,é para a Alemanha que nós portugueses mais exportamos,vamos crescer pelas exportações e travar com o pacote de cortes à procura interna.

Mas como muito bem diz o nosso convidado Dr. Rolf Damher, os problemas estruturais permanecem, os viajantes que apanham a locomitiva não podem viajar descansados, porque a uma causa corresponde um efeito, e se os problemas permanecem...
publicado por Luis Moreira às 13:30
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Segunda-feira, 7 de Junho de 2010

Hipocrisias!

Rolf Damher (convidado)

“What do you want to achieve or avoid? The answers to this question are objectives. How will you go about achieving your desire results? The answer to this you can call strategy.”

William E Rothschild

Simplesmente fantástico este discurso de “Dany Le Rouge” no Parlamento Europeu. Lembro que foi ele o grande protagonista das revoltas estudiantis de Maio 68 que fez com que a “Grande Nation” ficasse suspensa e com as fronteiras escancaradas durante mais de uma semana, enquanto o seu presidente, o General Charles de Gaulle, julgando que tinha sido deposto, se refugiu na “Nation Grande” (Baden-Baden), no então quartel-general das tropas francesas estacionadas na Alemanha sob o comando do Gen. Koenig.

O discurso muito responsável (legendado em português) de Daniel Cohn-Bendit mostra que ele continua com a chama bem acessa – e tem razão. (Diga-se de passagem: ele além da nacionalidade francesa também tem a alemã )

E vale a pena olhar para a cara de “Monsieur Barrosó”, o medíocre-mor da UE escolhido pelos chefes de governo (maioriatarimente) medíocres da UE que pela sua estratégia errada de há décadas nos levaram à situação onde actualmente nos encontramos.

publicado por Luis Moreira às 11:00
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Sábado, 5 de Junho de 2010

A integração na UE!


Rolf Damher

A capacidade para o auto-engano é condição base para se tornar político.

Fernando Pessoa, Livro do Desassossego

Hoje começo com uma breve tradução parcial de uma entrevista que o Ex-Ministro dos Negócios Estrangeiros, Joschka Fischer, deu ao magazine DER SPIEGEL (21/2010)

SPIEGEL: A UE já existia antes de existir o euro. Porque ela estaria no fim se a moeda comum não se impor?

Fischer: Não se trata só de uma moeda, trata-se do projecto europeu em si. Trata-se da questão se a Europa é suficientemente forte e se tem a vontade comum de defender este projecto contra ataques de fora, neste caso contra especuladores. Aqui é de importância central a unidade e determinação. Infelizmente desde a eclosão da crise em volta a Grécia, o nosso país tem reagido de forma totalmente diversa.

SPIEGEL: Mas com pode ser que um pequeno país como a Grécia lançe a UE para uma crise existencial?

Fischer: Desde o princípio não se tratava apenas da Grécia. Os mercados confrontaram a Europa duramente com a realidade. Todas as nossas bonitas ilusões – também as minhas próprias -, todo o nosso auto-engano, tudo isso foi varrido. Integração verdadeira ou dissolução, hoje é esta a alternativa.

SPIEGEL: A que ilusões se refere?

Fischer: Sempre se dizia que não se podia falar mais dos Estados Unidos da Europa. Dizia-se que o euro era capaz de funcionar só com base nos critérios de Maastricht, sem qualquer integração política. Os mercados nos mostraram que isto assim não funciona. Por isso, agora é preciso dar-se um passo corajoso para frente.

Este “passo para frente”, para a UE poderá consistir no já referido novo grande objectivo: “New Deal”. De índole extrovertido e sóciocêntrico, o mesmo em vez de custar milhares de milhões para pagar uma coesão artificial de efeito passageiro da UE –acabou-se o dinheiro, felizmente! –, gera coesão social genuina e, automaticamente, meios materiais para todos. “Voemos”, pois, em formação de “V”, unidos e não permitindo que alguns “gansos” – Grècia, Portugal, Espanha, etc. – saiam ou sejam expulsos da formação. Confrontados com a diferente resistência aerodinâmica eles acabariam por sucumbir. Não permitamos isto, pois também seria em desfavor do resto da formação.

Atenção: quando falo de formação em “V”, é preciso saber que sendo sujeitos às leis da natureza, nós tal como qualquer outro sóciosistema “voamos” sempre em formação em “V”. Porque é que desta vez esta estratégia natural deixou de funcionar? Fácil: porque a formação, sem que a maioria de nós se apercebesse, virou às avessas e todos os seus elementos perderam as vantagens aerodinâmicas por completo. Daí os nossos crescentes problemas. É, portanto, presiso voar assim ^, e não mais assim V, com a ponta para baixo. Os pássaros sabem-no e nunca se lembrariam inverter essa ordem. Nós, com a nossa enorme esperteza cientificada, (pelos vistos) não. Tudo isso não passa de romanticismo social? Errado! É a lei da natureza implacável, pura e dura. Quem a aceita, terá ascensão social, quem não, nem por isso.



Rolf Damher (convidado)
publicado por Luis Moreira às 11:00
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