O estado espanhol reproduziu-se por 17 vezes. Esta reprodução equivale a uma multiplicação por 17 parlamentos regionais, 17 presidentes de executivos regionais, 17 provedores de Justiça, 17 orgãos sociais...
Agora sem dinheiro, em plena crise vêem-se todos os defeitos de um modelo de país rico, quando havia dinheiro só se viam as virtudes. Os serviços da saúde, educação e Serviços sociais foram centrifugados pelo estado central e representam cerca de 60 a 70 por cento dos orçamentos das comunidades autonómicas.
Pouco fidedigno é o desempenho das classes políticas regionais, o que leva a que 54% dos espanhóis já defendam a revisão do modelo autonómico e o pessoal político é já a terceira preocupação dos contribuintes espanhóis.
A descentralização política foi feita para garantir pacificamente a transição democrática. As virtudes estiveram principalmente no corte com o poder centralizador do estado franquista e com uma politica de proximidade Mas a vontade política não foi nenhuma para garantir a constituição de um estado federado, face às reinvindicações separatista do País Basco, Galiza, Catalunha e Navarra.
Como se vê nenhuma das razões dos sucessos e dos insucessos espanhóis tem alguma coisa a ver com a realidade Portuguesa. Somos um país pobre, não temos problemas de divisões regionais, as experiências de autonomia da Madeira e dos Açores não se reproduzem no continente, a criação de novas castas políticas são, de todo, de evitar.
Descentralizar, na base do poder autárquico com uma rica história de proximidade com as populações, é de prosseguir e é desejável, mas não a criação de regionalismos que nada têm a ver com a realidade portuguesa e, que, financeiramente, seria um verdadeiro desastre.
Não se criem artificialmente problemas !
Luis Moreira
Acredito que o centralismo é um mal que tem contribuído para muito do mal estar que se pressente na sociedade portuguesa. Também é verdade que, uma grande parte dos governantes não são de Lisboa, o que poderia ajudar a que a descentralização fosse uma ideia pacífica. Não é!
Desde logo porque o objectivo é regionalizar em vez de descentralizar, o que faz toda a diferença. O país tem uma riquíssima esperiência autárquica, a população vê nas autarquias o mais próximo dos poderes e o que maior influência tem na vida quotidiana. Acresce que ao poder municipal não falta legitimidade democrática pois que é eleito por eleições directas e livres. Os orgãos "regionais" podem ser, sem qualquer quebra de legitimidade ou capacidade de decisão, uma emanação deste poder, constituindo-se como "orgãos coordenadores" de um determinado território.
A estes orgãos coordenadores a nível regional, seriam agregados todos os serviços regionais já hoje constituídos, desde a educação à saúde, às comissões de coordenação regional que hoje não têm qualquer ligação transversal, antes exercendo as sua competências na "vertical" com o "centro de decisão" no Terreiro do Paço.
Desta forma, sem qualquer quebra de eficácia e ou legitimidade democrática, evitar-se-iam despesas que se adivinham enormes, desde eleições próprias com todo o processo necessário, até à criação de uma nova elite política. Não creio que o estado que já consome 50% da riqueza criada no país, possa absorver mais estes meios sem um profundo enfraquecimento da sociedade civil e das empresas .
Outra questão tem a ver com a pirâmide decisória que a "regionalização" introduziria com manifesto prejuízo. É, hoje, consenso generalizado que os níveis intermédios de decisão pouco ou nada acrescentam à eficácia, bem pelo contrário, tendem a serem considerados correias de transmissão do topo para a base, isto é, recebem ordens de cima e transmitem-nas para quem está próximo dos problemas, no terreno. Por outro lado, Portugal não tem massa crítica em termos de dimensão do território e da população para ser regionalizado.
De qualquer forma, regionalizar ou descentralizar só com efectivos poderes de decisão e obtenção dos meios técnicos e financeiros necessários.
PS: aceitando a proposta do Carlos Loures para se abrir no estrolabio um espaço de discussão sobre a regionalização/ descentralização
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