Sexta-feira, 7 de Janeiro de 2011
Como já disse, a falta de tempo obriga-me a ir buscar coisas antigas – estou a publicar poemas que já saíram noutro blogue sob a designação genérica de “Poemas com história”. Na realidade, todos foram escritos em circunstâncias peculiares ou foram a resposta a situações concretas – daí a história que a todos antecede. A de “Canto da cela 10” é assim:
Em Janeiro de 1965, envolvido na grande vaga de prisões que afectou estudantes e intelectuais das duas organizações clandestinas existentes – o Partido Comunista e a Frente de Acção Popular – fui preso e, antes de ir para a sede da polícia política onde, durante muitos dias, fui interrogado da forma que se sabe ou imagina, estive uns dias na cela nº 10 do Aljube, num daqueles desumanos cárceres a que se chamava os «curros», celas estreitas e insalubres onde a luz filtrada através das grades e atravessando o corredor, era a única coisa agradável que acontecia.
Quando, três meses depois, fui libertado, a recordação daqueles dias num «curro» do Aljube (que nem foram os piores…), ditou-me este texto que depois publiquei em A Voz e o Sangue (1968-2ª ed.). A publicação deste livro seria a causa próxima para uma outra prisão, mais prolongada.
De notar, e não me canso de insistir neste tópico, que a Liberdade que invoco não é esta que vivemos – muito feita de «liberdades» - mas sim aquela que, há mais de 40 anos, eu e muitos sonhávamos alcançar. Foi por ela que lutámos e pela qual fomos presos, espancados e torturados. Foi por ela e não por isto. Ao meu poema junto a magnífica canção do Fausto.
publicado por Carlos Loures às 12:00
editado por Luis Moreira em 06/01/2011 às 20:51
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Quarta-feira, 1 de Dezembro de 2010
Luís Moreira
Uma idosa no Japão assassinou duas meninas no espaço de uma semana. Razão? Segundo a própria passava a ter um tecto, roupa lavada e almoço e jantar. Isto é, ía para a prisão!
O Japão tem a população mais envelhecida das sociedades desenvolvidas, há dez anos que luta com uma recessão económica que fez perder milhões de postos de trabalho a gente de meia idade que nunca mais conseguiu um emprego. Esses homens e essas mulheres perderam o emprego, a família e não encontram na sociedade liberal actual, apoios.O resultado são os milhares de sem abrigo que vivem nas ruas, a violência praticada por idosos não cessa de crescer.
Estes fenómenos resultam de uma sociedade neo-liberal que cavou um fosso entre os que têm tudo e os que não têm nada.Os ricos vão passar a gastar muito dinheiro na sua segurança, a fome é má conselheira e quem não tem mais nada a perder não perdoa.
O que se passa no Rio de Janeiro é filha da mesma razão, a violência desceu dos morros e dos guetos, cada casa no Rio tem um gradeamento para proteger a porta da rua.E as pessoas andam na rua de alpergatas, é a melhor maneira de não serem roubadas. Como nos anos 20 a miséria está a atingir cada vez mais gente, mesmo gente que trabalha, a ganância de uns é a miséria de muitos.
Para fugirem à rua há cada vez mais idosos a praticarem crimes, "crime grisalho" como é conhecido, triplicou nos últimos dez anos, assim arranjam um tecto.O individualismo e a solidão afectam tanto idosos como jovens, numa sociedade que não quer saber deles.
Esta sociedade em que alguns têm um emprego para toda a vida à custa de outros que não têm emprego nenhum, caminha para o fim, os jovens não têm emprego e os idosos não têm família nem pensões que lhes garantam um nível de vida razoável.
Apesar de terem trabalhado toda uma vida descobrem no final que as empresas não descontaram o devido e agora estão confrontados com pensões de miséria.Outros há que não só recebem duas e três pensões como ainda têm trabalho, tirando emprego a outros que não têm nem uma coisa nem outra.
Basta olhar para o que está a acontecer no Japão para sabermos ser razoáveis e sensatos!
Quinta-feira, 13 de Maio de 2010
Dois ex-directores do banco islandês Kaupthing, nacionalizado de urgência em 2008, foram presos esta quinta-feira. Mas a lista de possíveis detidos envolve mais de 125 personalidades, segundo a imprensa.
Os directores de bancos islandeses que arrastaram o país para a bancarrota em finais de 2009 foram presos por ordem das autoridades, sob a acusação de conduta bancária criminosa e cumplicidade na bancarrota da Islândia.
Os dois arriscam-se a uma pena de pelo menos oito anos de cadeia, bem como à confiscação de todos os bens a favor do Estado e ao pagamento de grandes indemnizações.
A imprensa islandesa avança que estas são as primeiras de uma longa lista de detenções de responsáveis pela ruína do país, na sequência do colapso bancário e financeiro da Islândia.
Na lista de possíveis detenções nos próximos dias e semanas estão mais de 125 personalidades da antiga elite política, bancária e financeira, com destaque para o ex-ministro da Banca, o ex-ministro das Finanças, dois antigos primeiros-ministros e o ex-governador do banco central.
A hipótese de cadeia e confiscação de bens paira também sobre uma dezena de antigos deputados, cerca de 40 gestores e administradores bancários, o antigo director da Banca, os responsáveis pela direcção-geral de Crédito e vários gestores de empresas que facilitaram a fuga de fortunas para o estrangeiro nos dias que antecederam a declaração da bancarrota.
Em Outubro de 2008, o sistema bancário islandês, cujos activos representavam o equivalente a dez vezes o Produto Interno B
ruto do país, implodiu, provocando a desvalorização acentuada da moeda e uma crise económica inédita.
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