Domingo, 1 de Maio de 2011

22 – Primeiro de Maio – DIA INTERNACIONAL DOS TRABALHADORES

 

Trabalhar que nem um galego
(expressão popular em Portugal sinónimo de trabalhar muito e arduamente, ser explorado)


Celso Emilio Ferreiro (1912-1979)

 

Monólogo do velho trabalhador

 


Agora tomo o sol. Pero até agora

traballei cincoenta anos sin sosego.

Comín o pan suando día a día

nun labourar arreo.

Gastei o tempo co xornal dos sábados,

pasou a primavera, veu o inverno.

Dinlle ao patrón a frol do meu esforzo

i a miña mocedade. Nada teño.

O patrón está rico á miña conta,

eu, á súa, estou vello.

Ben pensado, o patrón todo mo debe.

Eu non lle debo

nin xiquera iste sol que agora tomo.

 

Mentras o tomo, espero.

 

 

Monólogo do velho trabalhador (Pucho Boedo)

 

 

 

Axuntémonos todos, é a loita final

 

 

 

 

 

 

A Internacional (em galego)

 

En pé os escravos da terra,
en pé os que non teñen pan;
a nosa razón forte berra,
o triunfo chega en volcán.
Crebemos o xugo do pasado,
pobo de servos, ergue xa,
que o mundo vai ser transformado
e unha orde nova vai reinar.

Axuntémonos todos,
é a loita final,
o xénero humano
forma a Internacional.

Non hai salvadores supremos,
nin rei, nin tribuno, nin deus,
temos que salvarnos nós mesmos,
o Pobo Traballador.
Para que nos devolvan o roubado,
para derrubar esta prisión,
batamos no lume sagrado,
ferreiros dun mundo mellor.

Axuntémonos todos,
é a loita final,
o xénero humano
forma a Internacional.

 

publicado por Pedro Godinho às 20:00

editado por Carlos Loures em 30/04/2011 às 17:52
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13 - Primeiro de Maio - DIA INTERNACIONAL DOS TRABALHADORES

Anos após anos na Galiza, como em Portugal, a miséria e falta de trabalho criaram sucessivas vagas de emigração


“… porque é preferível emigrar para ganhar a vida, do que morrer à fome no torrão nativo…”

 

            (Daniel Castelão, Sempre em Galiza, 1935)

 

 

 Castelão

 

 

 

Rosalia de Castro (1837 –1885)

 

Cantar da emigração

 


Este parte, aquele parte

e todos, todos se vão

Galiza ficas sem homens

que possam cortar teu pão

Tens em troca órfãos e órfãs

tens campos de solidão

tens mães que não têm filhos

filhos que não têm pai

Coração que tens e sofre

longas ausências mortais

viúvas de vivos mortos

que ninguém consolará



Cantar de Emigração (por Adriano Correia de Oliveira)

 

 

País marcado pela terra e pelo mar, assim também os seus trabalhadores

 

Manuel Colmeiro, A sega da herba

 Manuel Maria (1929-2004)

 

O labrego


Un labrego tan só é unha cousa

que case non repousa.

 

Da sementeira a seitura,

pasando pela cava,

a súa vida é moi dura

e moi escrava.

 

Sempre trafegando,

arando,

sachando,

malhando,

gadanhando,

percurando o gando.

 

Sempre a olhar pró ceo

com medo e com receo.

Sempre a sementar ilusión

ponhendo na semente o corazón

pra colheitar probeza e mais tristura.

 

Dilhe ao labrego da beleza

da campía,

da súa fermosura

e poesia.

 

Dírache que sí,

que a beleza pra tí.

 

Pró labrego é o trabalho

o andar tocado do caralho,

o pan mouro i o toucinho.

 

(Múdanse de calzado ou de traxe

cando van de viaxe,

de feira ou de romaxe

e xantan, eses días, pulpo e vinho);

os eidos ciscados, minifundiados

que quér decir atomizados);

o matarse sachar de sol a sol

pra lograr seis patacas

com furacas,

catro grãos de centeo i unha col;

o dobregarse sobor dos sucos

pra pagar gabelas e trabucos;

o vivir entre esterco i animales

en chouzas case inhabitabeles.

 

I aguantar, aguanta e aguantar,

Agardando morrer pra descansar.

 

Canto de seitura (Fuxan os Ventos)

 

publicado por Pedro Godinho às 11:00

editado por Carlos Loures às 09:26
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Domingo, 21 de Novembro de 2010

Dicionário Bibliográfico das Origens do Pensamento Social em Portugal (38)


O 1º de Maio em Portugal
1890-1990

Carlos da Fonseca


Antígona, 1990



A presente obra, além de historiar, de forma, aliás, deveras objectiva, as comemorações que entre nós se fizeram, desde 1890 a 1990, do 1.º de Maio ª o simbólico Dia do Trabalhador -, ela tem ainda um duplo mérito. Por um lado, o de esclarecer, com seguras provas documentais, o quase permanente clima de confrontação da nossa classe operária, desde a época da Comuna de Paris até aos nossos dias, dividida, primeiro, entre anarquistas e comunistas; depois, sobretudo, entre comunistas e socialistas, pleito esse que veio a culminar com o 1.º de Maio de 1974; por outro, fornecer aos interessados no assunto as pistas da vasta documentação ainda hoje disponível acerca de tão relevante aspecto do nosso passado sociopolítico, nomeadamente pelo que respeita a jornais, revistas e panfletos.

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Questões Sobre Movimento Operário Português e a Revolução Russa de 1917

José Pacheco Pereira


Porto, 1971

É significativa a sua penetração nos bairros «vermelhos» do centro de Lisboa, onde habitava um lumpen-proletariado urbano bastante numeroso, como no campo alentejano na multidão de assalariados agrícolas, verdadeira vanguarda de muitas lutas decisivas dos anos de 1910 a 1926. Por seu lado o P. C. P. é de facto uma organização de base operária, semelhante na sua composição às organizações anarco-sindicalistas, de modo nenhum tendo uma composição predominantemente pequeno-burguesa. Embora esta composição se alterasse nos diferentes anos entre 1921 e 1929, o P. C. P. era formado regularmente por operários dos arsenais (Marinha e Exército) e das fábricas de armas, alguns ferroviários, marinheiros, trabalhadores rurais, operários padeiros e confeiteiros, sectores da construção civil, metalúrgicos, etc.

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publicado por Carlos Loures às 18:00
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Sábado, 20 de Novembro de 2010

Dicionário Bibliográfico das Origens do Pensamento Social em Portugal (37)

O Primeiro Congresso do Partido Comunista Português


César Oliveira


Seara Nova, 1975



Este é um volume cujo principal objectivo é dar a conhecer ao público as teses, resoluções e outro noticiário referente ao I Congresso do Partido Comunista Português realizado em 1923, dois anos após a sua fundação em 1921.
Não se pretende neste volume iniciar uma história do P.C. P. para cuja continuidade nos faltariam, necessariamente, elementos dadas as condições de clandestinidade em que foram obrigados a viver, durante dezenas de anos, os militantes deste partido. Por outro lado não é nosso propósito mostrar com a publicação deste material a fraqueza teórica patente no referido congresso: isso seria, exactamente, desconhecer ou ignorar deliberadamente o contexto social e económico da época em que nasceu o partido…

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O Primeiro de Maio


César Nogueira

Lisboa, 1917

É esta a orientação, que o proletariado português deve também acompanhar. Mas para que as reivindicações do 1.º de Maio melhor possam vingar é necessário, é imprescindível, que ao lado do esforço económico esteja a luta do carácter político pela conquista das juntas de paróquia, dos municípios, das juntas distritais e do Parlamento, porque sendo os melhores baluartes onde se acoita o capitalismo, é, por consequência, o meio mais autêntico o mais prático para obter e manter as reivindicações formuladas no dia 1.° de Maio, factos importantes, que o Congresso Socialista Internacional de Paris, em 1900, reconheceu, convidando as organizações operárias a prosseguir na obtenção das reformas sociais, «obrando duma maneira progressiva e ligando a acção sindical e a acção politica». Assim o têm compreendido e executado as massas populares para além-fronteiras.

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publicado por Carlos Loures às 18:00
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Domingo, 14 de Novembro de 2010

Dicionário Bibliográfico das Origens do Pensamento Social em Portugal (32), por José Brandão

Os Operários

Raul Brandão

Biblioteca Nacional, 1984

Quando, na última década do século XIX, Raul Brandão publica as suas primeiras obras e os seus primeiros artigos em Jornais e revistas, a questão social, que vai estar no âmago de toda a sua criação literária, assumiu uma particular acuidade, conforme o prova, além do aparecimento de muitos grupos anarquistas e de dezenas de jornais de orientação anarquista, o número de ensaios que, nessa época, se publicam em Portugal sobre esse tema: escritores prestigiosos como Eça de Queirós, argutos e bem informados publicistas, hoje ignorados ou mal conhecidos, como Augusto Fuschini, António de Serpa Pimentel, o visconde de Ouguela e Ladislau Batalha, entre outros, analisam a crise social nascida da euforia capitalista e do deficiente funcionamento do sistema constitucional, sublinham a gravidade do momento histórico que se atravessa, denunciam abusos…

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A Origem da 1.ª Internacional em Lisboa


Carlos da Fonseca


Editorial Estampa, 1973

Faz um século que, em Lisboa, a Secção Portuguesa da Associação Internacional dos Trabalhadores fez a sua aparição pública com um manifesto de solidariedade para com os trabalhadores de Sevilha. Este documento, datado de Outubro de 1871, é, por assim dizer, como que a certidão de idade da Secção Portuguesa da Internacional. Porém, se quisermos ser mais rigorosos e respeitar assim o espírito deste internacionalismo centenário mas não morto que animou os seus fundadores, teremos de considerar a existência oficial da Federação de Lisboa como remontando ao dia 10 de Março de 1872. Para além de marcar o primeiro contacto com o Conselho Central de Londres, esta é a data oficial da adesão da Secção Portuguesa à Internacional.

Falar da Federação de Lisboa sem levantar um certo número de problemas que afectaram a vida da AIT seria particularizar um fenómeno…

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Origens do 1º de Maio

Vários

Lisboa, s. d.

Em todo o mundo, milhões de trabalhadores comemoram hoje o 1º de Maio.

Para muitos desses camaradas, já libertos da exploração capitalista, este dia será de festa e alegria, para outros será de luta.

Para nós, portugueses, o 1º de Maio será, simultaneamente, um dia de festa e de luta. De festa porque, ao fim de 48 anos de ditadura, podemos festejar esta jornada em liberdade, e de luta porque, hoje, mais do que nunca, é necessário travar o passo ao capital reaccionário que tenta pôr em causa as conquistas por nós alcançadas desde o 25 de Abril de 1974.

O 1º de Maio é, portanto, o dia mundialmente consagrado aos que produzem.

Mas, porque razão tal data é considerada o Dia do Trabalhador? Teremos que recuar um pouco no tempo.



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publicado por Carlos Loures às 18:00
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