Sábado, 18 de Junho de 2011

Carlos Leça da Veiga responde a Adão Cruz

 

Apreciei muito favoravelmente o texto do Adão Cruz em que, e muito bem, puxou as orelhas ao bispo Carlos Azevedo.

 

 

Parece que o cardeal Cerejeira está a querer voltar e os de Roma a quererem, mais uma vez, como sempre, um lugar ao sol. Na verdade a instituição da hierarquia romana não perde uma oportunidade para colocar-se ao serviço dos possidentes e quando o faz é por saber de fonte segura que eles estão com muito poder e têm as coisas bem encaminhadas.Assim deduzo que a situação é pior do que já parece.

 

Os outros, os que estão na  mó debaixo para quem devem orientar as suas queixas e dar conta dos seus projectos?

 

 

Deixo a pergunta no ar e não dou a minha resposta por não querer ouvir acusações consequentes a certas ideias políticas ditas de esquerda.

 

 

Peço, apenas, que seja recordada a evolução histórica do País já que é aqui que temos e devemos viver.

 

 

Carlos Leça da Veiga

 

publicado por Augusta Clara às 16:00
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Sexta-feira, 17 de Junho de 2011

Algumas palavras para D. Carlos Azevedo - Adão Cruz

 

Dei comigo a ler uma notícia sobre declarações de D. Carlos Azevedo, Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social. Não costumo ler, habitualmente, nos jornais, notícias sobre a Igreja, mas desta vez escorregaram-me os olhos. Como eu respeito muito as pessoas, embora não respeite muitas vezes o que dizem e o que representam, permito-me tecer algumas considerações às considerações de D. Carlos Azevedo.

 

Em primeiro lugar as suas declarações são declarações banais, o que não impede de que sejam perversas. D. Carlos Azevedo diz o que qualquer vulgar político está farto de dizer. “Que Portugal tem de encarar-se como um país pobre e não pode viver acima daquilo que é, mas apesar de ser pobre pode ser um país onde se viva de modo sereno e feliz”. Como, gostaria eu de saber! E diz mais. Diz que “temos de ter muita confiança em que aquilo que nos vai ser dito é a verdade do que está a acontecer, e tem de ser essa política de verdade a constituir a nossa confiança”. A Igreja sempre o disse, para quem a quis ouvir, embora todos saibamos que não há mais redonda mentira.

 

Estas palavras de D. Carlos Azevedo fariam rir se não causassem amargura. No mínimo, produzem em mim alguns arrepios, ao exumarem este espírito salazarento da pobreza feliz.

 

D. Carlos é suficientemente inteligente para saber que não há países ricos e países pobres mas sim meia humanidade que é rica e meia humanidade que é pobre. E esta meia humanidade é pobre porque a meia humanidade rica vive à custa dela. Os EU são um país rico e, no entanto, quarenta milhões de pessoas vivem pior do que se vive em Portugal, considerado um país pobre. Por outro lado, há países muito mais pobres do que os EU, onde as pessoas, de uma maneira geral, têm um bom nível de vida.

 

O problema, como muito bem sabe D. Carlos Azevedo, não está, em princípio, na pobreza nem na riqueza de um país, mas no brutal desequilíbrio de um sistema que sempre cavou e cava cada vez mais fundo um fosso abismal entre ricos e pobres. D. Carlos Azevedo sabe, mas não lhe convém dizer, que a causa está no roubo e na exploração dos mais fracos pela quadrilha que domina o mundo, que a causa está no abjecto capitalismo selvagem que vai levar o mundo à degradação total. Ele sabe-o tão bem como nós mas não é capaz de o dizer, até porque a Igreja faz parte integrante do núcleo duro deste execrável sistema. Sem capitalismo, sem obscurantismo e exploração dos mais fracos a Igreja não sobreviveria. Não me venham, pretendendo tudo justificar, com as caridades, sem dúvida louváveis se não fossem a toalha branca a que a Igreja sempre limpou as mãos sujas.

 

Para os parasitas do mundo, de facto ser pobre é uma fatalidade, não sendo permitido aspirar a mais, não sendo lícito ter direitos, lutar por eles, ter sonhos, anseios e projectos. O que é preciso é ser sereno e feliz na pobreza e na exploração. Nada de revoltas, indignação e luta. Sempre foram estas as palavras da Igreja através dos séculos e sê-lo-ão no futuro porque ela sabe que os seus parceiros sempre foram os ricos e os poderosos, e contra eles nunca a Igreja se rebelou. A Igreja sabe mas não quer ver, nem lhe dá jeito, que é muito maior a felicidade de viver numa sociedade justa e equilibrada do que a felicidade de contemplar a pobreza do alto de um pedestal, ainda que ela constitua uma permanente motivação para a caridade descer à rua, mantendo a sua natureza de necessária e sempre desfraldada bandeira da Igreja.

 

D. Carlos Azevedo e a igreja sabem que o poder político pouco mais é do que o executor dos interesses do poder económico. Além disso, os políticos são, muitas vezes, medíocres, facilmente corruptos, insensíveis e sem a visão construtiva de um mundo que colide com os seus interesses pessoais e de grupo. Mas a Igreja, salvo alguns beliscões muito genéricos, nunca os maltrata, não só porque vão à missa e comungam, mas, sobretudo, porque alinham naquilo que a Igreja impõe e exige.

 

D. Carlos e a Igreja sabem que o povo não é suficientemente culto para entender as complexas relações de causa e efeito, daqui decorrendo a sua incapacidade para romper o amorfismo e empreender as mudanças de comportamento necessárias à germinação da semente de uma sociedade nova. Mas em vez de o ensinarem e de o fazerem crescer através do conhecimento e da cultura obrigam-no a calar-se e a rezar.

 

D. Carlos Azevedo e a Igreja sabem que os mais responsáveis, os ditos intelectuais, aqueles que, por força do conhecimento, mais próximos deveriam estar da verdade e da moral, os detentores da ciência e da cultura nos seus mais diversos ramos, os agentes da abertura das mentalidades, estão obrigatoriamente enfeudados, consciente ou inconscientemente, nas formas obscurantistas do pensamento único, impostas pelas linhas dos grandes interesses a que a Igreja não é alheia.

 

Ser pobre é tremendamente penoso. Querer que o pobre seja sereno e feliz é um ultraje, D. Carlos Azevedo. A pobreza não é só feita de fome. Ela é também de natureza emocional. Os factores emocionais abrangem essencialmente as perturbações afectivas, criando sentimentos destrutivos e corrosivos como a depressão e as perturbações ansiosas.

 

Os factores de stress crónico constituem um grande leque, incluindo o desrespeito do Estado pelo cidadão, o baixo apoio social, a insegurança na doença, o baixo estatuto sócio-económico, o endividamento e a crua insensibilidade da especulação bancária, a progressiva angústia da vida cada vez mais difícil numa sociedade dita de progresso e desenvolvimento, os conflitos de trabalho, os desencontros conjugais e familiares, sempre crescentes numa sociedade injusta e pouco solidária como a nossa, o espírito fortemente abalado pela rigidez afectiva e pela incapacidade de sentir prazer com a vida, a aversão ao trabalho, a propensão para a violência, o estado de incapacidade funcional e as queixas somáticas que daí advêm e que se arrastam pela vida fora, a sensação de não se ser amado, a amargura do viver só, o isolamento social, a falta de confidentes, as más condições de trabalho, a falta de paz no emprego, as tarefas repetitivas, a rotina excessiva sem escapes criativos, a sensação de confinamento rígido, o desequilíbrio entre esforço e compensações, as más condições habitacionais, os maus-tratos infantis, as más experiências de toda a ordem.

 

Esta sim, é a pobreza no seu estado puro e ninguém tem o dever e a obrigação de ser pobre.

 

A pobreza de Portugal e de tantos outros países está na asfixia da vida, provocada por todos aqueles que neste país e neste planeta vivem da morte.

 

Portugal é um país pobre, D. Carlos Azevedo, como tantos outros, porque não os deixam ser ricos. Capazes disso eram eles.

 

Repare, D. Carlos Azevedo, que o JN impõe hoje a sua pessoa como FIGURA DO DIA.

 

Pudera!

publicado por Augusta Clara às 13:00
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Terça-feira, 1 de Março de 2011

Tempos difíceis – por Carlos Loures

Tempos Difíceis ( Hard Times,1854), um livro onde Dickens aborda a dureza da vida numa época dominada por um industrialismo que privilegiava a máquina em detrimento do ser humano. O capitalismo mostrava os dentes e as garras. Mulheres grávidas e crianças trabalhavam nas fábricas por salários de fome. Também hoje se vivem  tempos difíceis – o desemprego aumenta, os salários dos que trabalham são congelados ou mesmo reduzido, pequenas pensões de reforma têm de fazer face a menores participações do Estado no custo dos medicamentos (sabendo-se como os velhos deles dependem), os jovens, mesmo que possuam diplomas do ensino superior, cada vez mais têm dificuldade de aceder ao primeiro emprego… Tempos difíceis, de facto. Particularmente difíceis?

 

Fernão Lopes na Crónica de D. João I, referindo-se à grande crise de 1383-85, clama – «Ó geração que depois veio, povo bem-aventurado que não soube parte de tantos males nem foi quinhoeiro de tais padecimentos!». E no entanto, vinte anos depois, embora sem o sofrimento provocado pelo cerco castelhano, com as máquinas de guerra expelindo os seus projécteis sobre Lisboa, incendiando ruas inteiras, não se pode dizer que tenham sido tempos felizes. Houve, de facto, um período de paz relativa, com escaramuças e pilhagens de ambos os lados da fronteira entre 1396 e 1402. Mas a guerra com Castela reacendeu-se – mais sofrimento, mortes. Tempos difíceis de novo.

A crise de 1383-1385 já não é do meu tempo.

 

Nasci quando o incêndio da Guerra Civil lavrava para lá das nossas fronteiras e depois foi continuada pela II Guerra Mundial e lembro-me das manobras de black out, com  a cidade mergulhada na escuridão e os céus varridos pelos focos de projectores; recordo as janelas cobertas de fita adesiva (para evitar estilhaços em caso de bombardeamento), Sobretudo, recordo as cadernetas de racionamento, carimbadas na Junta de Freguesia, e do ar preocupado da minha mãe, tentando fazer milagres para alimentar o nosso pequeno agregado. Lembro-me de ouvir o meu pai gritar indignado contra os que se aproveitavam das carências gerais para enriquecer, vendendo géneros e produtos no mercado negro.

 

Lembro-me da penúria que só não afectava os muito ricos. Os pobres viviam muito mal. Os «remediados», versão indígena da «classe média» patinhavam em dificuldades e em esforços para manter o estatuto. Havia uma faixa intermédia – a «pobreza envergonhada»:  gente pobre, mas que pretendia passar por remediada. Um funcionário público (nosso familiar afastado) homem que trabalhava num ministério do Terreiro do Paço, vinha a pé de Queluz até ao centro de Lisboa, por não ter dinheiro para o comboio ou camioneta – tinha um enorme rancho de filhos e o ordenado nem a meio do mês chegava. Engravatado, fato de três peças, chapéu de feltro, e aí vinha ele, saindo de madrugada para poder estar a horas no serviço. Criara-se, portanto, uma ampla paleta de eufemismos para uma expressão simples – miséria.

 

Havia os ricos. Algumas fortuna feitas no caldo social da miséria generalizada. Uns ostentavam a riqueza sem quaisquer pruridos. E havia alguma «riqueza envergonhada» - pessoas ricas, mas que pretendiam passar também por remediados. Razões várias – vergonha de comer bem quando tanta gente passava fome; evitar ter todos os dias à porta um cortejo de pedintes… Tempos difíceis.

 

A Guerra Colonial veio juntar a todos os outros flagelos económicos o temor pelas vidas dos jovens combatentes. Todas as famílias tinham familiares nas Forças Armadas. Tempos difíceis.

 

Vivemos actualmente  tempos muito difíceis…

 

Porém, indigna ouvir dizer que há quarenta anos atrás, durante a ditadura, se vivia melhor. É um insulto para quem viveu nessa época, comparar as dificuldades actuais com as desses tempos. E nem me vou dar ao trabalho de fazer a comparação.l. Quem sabe como se vivia, compreende o que quero dizer, quem não sabe, por não querer saber, ou não se querer lembrar, não merece o esforço de uma explicação.

 

Tempos difíceis os de hoje. Não nos devemos resignar e devemos lutar por que sejam menos difíceis. Exigindo justiça – voltando a Fernão Lopes, ele considerava que a Justiça continha em si todas as outras virtudes. Lutemos, pois, pela Justiça. Que se saiba, no entanto, que ela nunca reinou. Sempre os poderosos a manipularam de modo a que os tempos sejam difíceis para quem não tem poder.

 

Agora, como há mil anos.

 

publicado por Carlos Loures às 12:00

editado por Luis Moreira em 28/02/2011 às 22:39
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Sexta-feira, 24 de Dezembro de 2010

O berço da pobreza





Adão Cruz


A pobreza transformou-se agora em bandeira eleitoral de todos aqueles que por ela são e sempre foram responsáveis. Descarada hipocrisia.

Em nome da competitividade e da convergência cometem-se as maiores barbaridades. Em nome da competitividade e da convergência, a indiscutibilidade das decisões, a globalização, a modernidade, a flexibilização e a privatização são as palavras inquestionáveis das estratégias de dominação por parte daqueles que sabem quem tudo ganha à custa de quem tudo perde.


Tais fórmulas transformaram-se numa ideologia sem sentido que leva à destruição sistemática do Homem, através do desemprego, do baixo salário, da toxicodependência, do crescimento dos sem-abrigo, do desespero, da apatia e iliteracia da juventude. O assalto às economias pelas mãos de luva branca, hoje quase institucionalizado entre aqueles políticos que mais não são do que homens sem qualquer honra, vergonha ou dignidade, levou à perversão dos conceitos, à aniquilação da resistência e da vontade dos homens dignos, à inoperância da Justiça.

Todos estes fenómenos se acentuaram quando se desenvolveram políticas doentias de saque e destruição, destinadas a reforçar o poder do capital de forma profundamente criminosa, através de absurdos super-lucros e mais-valias, e do escandaloso desvio do nosso dinheiro para obscenas reformas de ninhadas de parasitas, à custa do esmagamento da qualidade de vida da maior parte do povo.

Circulam no mundo triliões de dólares avidamente à procura do sítio onde se lucra mais, nem que esse sítio seja o imenso cemitério para onde resvalam milhões de vítimas. Não basta os políticos tidos por sérios dizerem que a solidariedade é um factor fundamental e o princípio mais importante do nosso século. Não basta dizerem que continua a haver países mais ricos e outros mais pobres e, dentro dos mais ricos, cada vez maior diferença entre ricos e pobres. Não basta lamentarem a pobreza e dizerem que a pobreza e a exclusão geram guerras intermináveis. Tudo isto é sabido e não é cantarolando a Paz e a Cooperação, de mão dada com os corruptos, os ladrões e os senhores da guerra que se ganha o título de vencedor.

Muitos destes políticos pregadores da paz e da liberdade foram e são co-responsáveis pelo engrossamento do exército de famintos, refugiados, oprimidos e condenados da terra. Co-responsáveis no abrir de portas e no estender de tapetes às chancelarias do crime organizado. Por mais que preguem, por mais debates e conferências que façam, não anulam o descrédito em que caíram ao pretenderem convencer-nos de que as expectativas de paz, liberdade e justiça são possíveis com o aperto de mão dos verdadeiros terroristas do mundo ou com as orações a Deus, as quais, pelos vistos, só são ouvidas quando saem da boca dos afortunados e não quando tomam a forma de gemidos.

Nós andamos distraídos com os fumos de incenso que os responsáveis vão espargindo pelos quatro canais da estupidez institucionalizada. E tudo isto porque os importantes grupos económicos, células de um cancro universal, tomaram conta do poder político, transformaram os governantes em lacaios e limparam os pés à soberania. Arrepanharam toda a informação global, e com ela o poder de mudar e moldar os comportamentos até à anulação da verdade e do pensamento. De forma humilhante e perversa criaram uma maquiavélica desinformação, com a qual inundaram de publicidade enganosa e de ignominiosas mentiras as cabeças de um povo cada vez mais roubado, massificado, ridicularizado, estupidificado. E depois ainda têm a lata de vir falar no combate à pobreza.
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(ilustração de Adão Cruz)


publicado por Carlos Loures às 19:00
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Terça-feira, 21 de Dezembro de 2010

Aproveitar a política para fazer pobreza...

Luis Moreira

No blogue o abade de travanca escreve-se a frase da semana: "Mais grave do que aproveitar a pobreza para fazer política, é aproveitar a política para fazer pobreza".

Agora, perante a pobreza que já não se esconde, a palavra de ordem é não falar nela. Nem falar nas organizações da sociedade civil que distribuem refeições quentes ou nas iniciativas como "as sobras" das cantinas e restaurantes. Varrer para baixo do tapete, mais uma vez.

O que se esperava quando equilibrar o déficite corresponde a cortar nos salários, nas pensões, nos subsídios que mesmo sem cortes já não asseguravam uma vida digna? Onde está a reestruturação da administração pública, com o seu cortejo de fundações, comissões, direcções gerais e os ordenados principescos dos gestores das empresas públicas...?

Quando a Educação melhora os seus índices ( aplaude-se, obviamente) defendem-se como sendo resultado das políticas governamentais, quando a pobreza aparece, faz-se de conta que não existe.

Este é o mais recente "slogan", quem falar de pobreza está a fazer política com a pobreza, não falar dela ( a pobreza) não está a fazer política, não senhor . Uma poderosa máquina de esconder, manipular, mentir ...

Ainda as medidas políticas de pobreza pouco fizeram e já se percebeu os terríveis efeitos que vão ter numa sociedade ainda tão carenciada como a nossa, onde dois milhões de pessoas permanecem na pobreza, alguns mesmo trabalhando. Mas o "diapasão" está já a ser utilizado, não há pobreza nenhuma, o bispos não têm razão, a oposição também não, as associações de ajuda humanitária são dependentes do Estado, e assim por diante...

Por isso, minha gente, se virem algum vizinho ou amigo, vender o carro, tirar os filhos do colégio, despedir a mulher a dias, tirar a mãe do lar, já sabem, estamos perante um perigoso comunista, social-democrata ou, até mesmo, um neo-liberal.

Como se a implosão social que já se vê em outros países não chegue cá, os próximos três meses com as medidas a terem o efeito em pleno na vida das pessoas, com a procura interna a decrescer, o desemprego a crescer, a produção de riqueza a cair, só nos faltava mesmo era estarmos proíbidos de nos indignarmos.
publicado por Luis Moreira às 13:00
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Domingo, 13 de Junho de 2010

Empobrecimento!

Luís Moreira





O país vai entrar num ciclo de empobrecimento que ainda poucos ou ninguem consegue medir. Só em juros da dívida bruta vamos pagar cerca de 5% do PIB ao ano, qualquer coisa como 2/3 do SNS!( andará pelos 8% do PIB).

Como vem acontecendo há pelo menos 10 anos a nossa economia não cresce, diverge dos outros países europeus que vêm crescendo afastando-se de Portugal.Pequena e aberta ao exterior a nossa economia depende do comportamento das outras economias, especialmente da Alemanha, motor da economia europeia e que agora, pela voz da Senhora Merkel, anuncia um pacote de medidas duríssimas, cuja primeira consequência vai ser arrefecer a economia.Arrefecendo a sua própria economia, não vai ter para já o efeito de arrastamento que estavamos à espera, para que a nossa alavancasse!

Percebe-se mal esta política seguida pela Alemanha, se a UE funciona-se como um todo, a melhor política seria atacar os diversos déficites dos países do Sul da Europa e, ao mesmo tempo, acelerar as economias mais fortes, invertendo as prioridades. Assim, aumentando impostos e com isso diminuindo a capacidade da procura interna e, cortando na despesa, a Alemanha pode estar a contribuir para uma situação de recessão que é bem mais perigosa do que todos os déficites razoáveis e, em alguns casos, virtuosos, como são os da Alemanha.E aproveitava para as suas exportações o enfraquecimento do euro face ao dólar!

Entretanto, cá no país, o FMI anda por perto o que é sinal sério de problemas, oxalá não se confirmem as muitas dúvidas que assomam aqui e ali quanto ao conhecimento real da nossa situação financeira.A grande questão é que neste quadro o Estado Previdência não é sustentável, o conceito "usador/pagador" vem aí em força como já se está a ver nas SCUTS e a seguir virá a saúde e a educação.A Segurança Social, com o desemprego em alta e a demografia a inverter a relação jovem/idoso a favor deste, não aguenta cinco anos, prazo que não é suficiente para a economia começar a crescer e o desemprego diminuir para valores muito mais baixos.

Estamos numa situação muito dificil e é pena que os nossos governantes tenham andado a mentir-nos sobre a real situação, com a desculpa de gerir as expectativas.

PS: tambem publicado no Aventar
publicado por Luis Moreira às 11:00
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Domingo, 30 de Maio de 2010

Infância pobre é para toda a vida!

Luís Moreira

Cientistas nos Estados Unidos chegaram à conclusão de que uma infância pobre até aos cinco anos marca para sempre o ser humano, não só no seu desenvolvimento, mas tambem a nível neurobiológico e na saúde para o resto da vida.

“Descobrimos que as crianças que crescem em ambientes desfavoráveis reagem de forma desproporcionada ao stress, e conseguimos medir isso através de avaliações hormonais e neurológicas, utilizando scanners cerebrais, e mais recentemente com análises genéticas”.

Estes estudos vêm comprovar o que o senso comum já observava, principalmente em pequenos agregados urbanos em que todos se conheciam, quem tinha boas condições de vida singrava quem vivia na pobreza mostrava-o na escola e nas relações com os outros miúdos da mesma idade. E na idade adulta quem é conhecido e venceu são os filhos de quem já naquela altura eram os senhores da cidade.

O ascensor social é muito pouco eficaz, mas grande parte da derrota vem, sabemos agora, do facto da pobreza e dos maus tratos marcarem para sempre a saúde das pessoas e permanecem para toda a vida. Isto mostra que o apoio social não é um custo, é um investimento, porque recupera pessoas para a vida profissional activa e, dessa forma, gasta menos do que ter pessoas que são um fardo social.

Erradicar a pobreza não é só um imperativo civilizacional é tambem um objectivo fundamental para termos pessoas mais capazes de contribuirem para o bem estar de todos!
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publicado por Luis Moreira às 11:00
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