Quarta-feira, 9 de Fevereiro de 2011
Luis Moreira
Exportar passou a ser sinónimo de salvação! Lembram-se do "manifesto dos vinte economistas" que vieram a público dizer que o estado da economia não aconselhava os megainvestimentos, o TGV, o aeroporto, mais autoestradas? Logo seguido, na semana seguinte, de outro "manifesto" também de vinte economistas, se não mais, a dizer o contrário? Onde estão eles?
Um deles é o actual ministro das Obras Públicas que mereceu a prenda, não fez obras nenhumas e outros há que, depois do frete que fizeram a Sócrates, desceram aos lugarzihos bem pagos e lá continuam como se nada tivesse acontecido.
Esta gente, está pronta para tudo, fazem o frete e o seu contrário, enganaram o governo, fizeram o país perder tempo, quando já era mais que certo que a situação a curto prazo seria a que vivemos. Não há dinheiro para megainvestimentos e a saída são as exportações! Todos sabiam e sabem que só as exportações é que nos dão prova de vida, o nosso mercado é muito pequeno, não dá para termos empresas a puxarem pela economia e, isso explica, porque já somos o país com mais autoestradas e porque pagamos as comunicações mais caras, a água, a energia, os combustíveis...
Agora, quando esses senhores, bem como o governo, perceberam que enquanto andavam a brincar aos negócios muito importantes, tivemos empresas a arrumar a casa, a equiparem-se, a inovar, por forma a exportar logo que os mercados tradicionais dessem prova de vida, é vê-los a fazerem grandes festas, colóquios, abertura de linhas de crédito ( se as abrem agora era porque estavam fechadas), até há a ideia de transformar o BPN num banco dirigido para o apoio às exportações ( já que a CGD não o faz), enfim, criar as condições para que as empresas exportadoras possam operar num ambiente mais amigo.
O que se passou em Santa Maria da Feira faz corar de vergonha quem, por tanto já ter visto, não cora com facilidade. O homem gritava que as PMEs é que sim, que o resultado das suas (dele) políticas estava aí à vista de todos, as exportações crescem a bom ritmo, o próximo objectivo é chegarmos aos 40% do PIB lá para 2020...
Será que ele pensa que ainda por cá andará? É um receio legítimo porque nessa altura as coisas estarão melhorzinhas e, se lhe derem poder para isso, o homem volta a pedir "um manifesto" a dizer que precisamos de grandes obras e do TGV para chegar depressa a Madrid...
Segunda-feira, 29 de Novembro de 2010
Luis Moreira
São coordenadores Luis Valadares Tavares, Abel Mateus e Francisco Saarsfiel Cabral, economistas que reunem num livro(Reformar Portugal - Estratégias de Mudança) o muito que já se sabe que é preciso fazer mas que os vários governos não realizam. Porquê? Porque o Estado está há séculos amordaçado pelas corporações poderosas que não deixam mexer nada. Mas leiam:
"Passaram séculos e é hoje chocante a verificação do pouco que portugal mudou durante este período, com os mesmos erros serem repetidos vezes sem conta e em que o Poder do Estado é usado para impedir a sociedade, nomeadamente os agentes económicos, de se organizarem de forma sustentada e aproveitarem as novas oportunidades, que os diferentes tempos foram propiciando.
Que melhor exemplo do que o condicionamento industrial de António Salazar? Ou a política nacional de saber ler,escrever e contar, durante o mesmo período? Ou as nacionalizações após o 25 de Abril? Ou as dificuldades criadas à indústria exportadora nacional, pela política de valorização do escudo de Cavaco Silva? Ou o fim de uma longa tradição de artes e ofícios, com a morte do ensino profissional?
Em portugal a existência de um estado central poderoso , por vezes déspota, quase sempre ignorante e indisciplinado, mas suficientemente hábil para se servir a si próprio e para permitir, ao mesmo tempo, a satisfação dos interesses dos grupos sociais mais poderosos, sempre impediu, ao longo dos séculos, a diversificação da economia, da mesma forma que evitou crises necessárias e mudanças renovadoras, no momento em que estas teriam sido úteis. A descolonização feita tarde e a más horas é outro exemplo recente."
E quanto aos nossos empresários, à sua qualidade, à sua renúncia ao risco, sem conhecimentos de gestão, cujas empresas fogem dos impostos e caminham sem estratégia? A verdade é que em Portugal existiam em 1999, 259 641 empresas,logo muitos arriscam, a não ser assim não existiriam aquelas empresas, cheias de problemas burocráticos levantados pelo estado, muitas delas concorrem nos mercados internacionais com sucesso.
A verdade é que representam 60% do PIB, 70% das exportações e 80% do emprego! Já algum de nós deu conta que são uma prioridade para o governo seja ele qual for? E porque é que os portugueses têm sucesso lá fora? E porque é que as empresas estrangeiras passam a vida a queixar-se dos constrangimentos impostos pelo estado, embora tendo capacidades muito diferentes para os tornear porque são empresas multicionais?
Trata-se de criar riqueza, é esse a mãe de todos os problemas! E quem cria riqueza é a iniciativa privada, os cidadãos com coragem para arriscar e prosseguir objectivos, bens e serviços que se vendem na exportação e substituem importações. E, como se vê, pelos últimos dados, é a exportação das PMEs que está a puxar pela economia, com grande júbilo do governo que até há dois meses atrás apostava nas grandes obras públicas.
Enquanto o estado for esta pessoa de "má - fé", incompetente, anafado e gastador o país não sairá da miséria. Um Estado que tem como objectivo encher o país de funcionários!
Não resisto a contar-vos uma história passada comigo em Manchester, no Reino Unido. Numa reunião com empresários Ingleses interessados em vir para Portugal para aproveitar a modernização do nosso parque hospitalar, então em grande força, um dos empresários, pediu a palavra para dizer. Meus senhores, eu já investi em Portugal.Tive um problema empresarial que me obrigou a recorrer aos Tribunais. Meti a acção há cinco anos e, desde então, que estou à espera de uma comunicação do tribunal. Nunca recebi resposta nenhuma.É assim que se trabalha em Portugal. Boa tarde e muito obrigado! Saíu pela porta fora.
As poderosas corporações que mandam no estado, que não reportam a ninguém, que não são avaliadas, em que ganham todos o mesmo sem que se aprecie o mérito, são os inimigos da modernização do nosso país.
O igualitarismo empurra os estados para a mediocridade, nunca se nivela por cima, nivela-se por baixo, chegamos todos ao topo da carreira, como se o trabalho fosse igual e os resultados os mesmos. Não são! E, depois, aparecem uns senhores que ganham mais que o Governador do Banco Central dos Estados Unidos! No meio da bagunça "uns são mais iguais que outros"!
E a questão, quanto à dívida, é a capacidade de a pagar,países que crescem, sistematicamente, a 4% não têm o mesmo problema de outros que, como o nosso, cresce abaixo dos 1% e, nos últimos cinco anos, a taxa de crescimento acumulada foi mesmo negativa..
Pagamos a dívida, empobrecendo.
Quinta-feira, 30 de Setembro de 2010
Sofia SantosO IVA acabou de aumentar para 23%. Portugal é dos países Europeus que mais tempo demora a pagar o IVA. O sector bancário está a cortar o crédito que muitas vezes é utilizado para pagar o IVA.
Que seja necessário aumentar a receita e diminuir a despesa – parece-me lógico no actual cenário. Mas então que se criem as condições para que as PMEs e Micro empresas possam pagar o que é devido de forma justa. O IVA com Recibo torna-se assim ainda mais necessário. Caso tal não aconteça, todos nós empresários sabemos o que vai acontecer: maior aperto de tesouraria, despedimentos, perda de vendas, ... o fecho de muitas empresas. Quando são as PMEs e as micro empresas a alma deste país!
Peço-vo que:
• Assinem a petição:
http://www.pnetpeticoes.pt/peticaoivacomrecibo/• Reenviem esta mensagem a todos os vossos contactos, pois temos de conseguir criar uma mancha forte na sociedade Portuguesa sobre este tema
• Acedam ao IVA com Recibo no facebook:
http://www.facebook.com/#!/pages/Iva-Com-Recibo/147859731918406?ref=ts e promovam a causa nas redes sociais.
É urgente os empresários unirem-se em prol de um sistema fiscal justo: vivemos numa crise profundíssima e todos temos de ajudar. Pois bem! Mas então que o IVA com recibo seja implementado.
Sexta-feira, 17 de Setembro de 2010
Carlos Mesquita
Os números oficiais sobre a economia nacional não são suficientes para a compreensão do momento que passamos.
Hoje foi dia de alerta para a divida pública, amanhã será para outro indicador, em seguida para um outro, e com o decorrer dos episódios pode ser que os menos autistas percebam o enredo.
Toda a gente ouve falar das dificuldades das empresas, mas quem está no convento é que sabe o que lhe vai dentro. Contacto diariamente com industriais de PMEs, vou às empresas, falo com os quadros e outros profissionais, acompanho a produção, e vejo os seus semblantes. Conheço há muitos anos a maioria dos meus fornecedores e dos seus empregados, nunca os vi tão preocupados como agora, apesar de terem passado por várias crises económicas.
Sei o que é tentar sobreviver enquanto vemos em redor empresas como a nossa a fechar. Escapar num naufrágio generalizado pode ser deitar fora lastro para se manter á tona da água, mas não estão a largar o que é supérfluo, estão a dispensar os trabalhadores mais qualificados que pesam demasiado nos custos. Já não compram novos equipamentos para bater através da inovação a concorrência, nivela-se por baixo, produz-se com ferro-velho, está tudo no mesmo barco.
A indústria transformadora portuguesa nunca esteve de tão fraca saúde, sem crédito bancário, sem trabalho, acumulando dívidas aos fornecedores e ao Estado, esperando por melhores dias que lhe permitam restaurar a actividade e ter lucros suficientes para suprir as dívidas. Esperança vã em minha opinião, com as margens de lucro esmagadas com que se produz, jamais haverá recuperação. Dantes sabia-se que as crises eram passageiras, agora começa a haver a percepção que podem vir para ficar, ou pelo menos tempo suficiente para destruir o tecido empresarial existente de forma irreparável. Depois do que se passou no sector primário, agricultura e pescas, é chegada a vez da indústria. Sem medidas correctivas ao nível do crédito, dos custos energéticos e da fiscalidade, mais empresas vão encerrar, e o desemprego que ainda não reflecte a totalidade dos efeitos da crise, só pode aumentar.
A verdade é que o investimento está a baixar, a melhoria das exportações e a retoma do consumo privado foram (segundo o INE) suprimidas pelas importações (duplicadas pela compra de material militar e o aumento do preço do petróleo) e as ordens da Alemanha é de que não nos preocupemos com o crescimento, mas apenas e só com a divida pública.
Todos os partidos discutem o sexo dos anjos e a eunuca revisão constitucional, e nós o que podemos fazer? Talvez só nos reste esperar pela pancada, e ir abordando os assuntos sérios no meio da alienação geral.
2010-09-17 Carlos Mesquita