Segunda-feira, 10 de Janeiro de 2011

Coordenação de Augusta Clara de Matos


Hoje falamos de...

 

 

A minha amiga da onça

 

 

Adão Cruz

 

 


 

 

A conversa que deveria ser com a minha amiga da onça não o é. Desta vez não quero nada, directamente, com ela. Não é que esteja zangado, mas um tanto irritado. Não quero falar com ela mas quero falar dela, ainda que me digam que é má-língua. Ouçam-me, meus caros amigos. Ouçam-me com atenção, pois a vossa compreensão é fundamental para o nosso mútuo entendimento. É com os verdadeiros amigos, independentemente do prazer e da emoção, que a nossa dialógica tarefa se pode aproximar da psicologia cognitivista contemporânea.

 

Eu sei que nunca pensara apaixonar-me desta forma! Lá erótica é ela! Lança as feromonas no ar, hoje e através dos séculos, e depois nada promete, nada garante e tudo atraiçoa. Tantas foram as emboscadas com que me saiu ao caminho que eu, ainda hoje, vivo aterrorizado com a hipótese de ter sido, e de ser ainda, um monte de contradições. Uma análise mais profunda e uma autocrítica mais racional parecem, finalmente, começar a libertar-me desse pesadelo. Para isso muito contribuiram os meus encontros com filósofos como Jean Pierre Changeux, Umberto Eco, Wassily Kandinsky, Alain Prochiantz, Dino Formagio, Ernst Kris, Otto Kurz, Omar Calabrese, Ortega y Gasset, Vicente Jarque e Arthur Danto, entre outros, que me ajudaram a fugir dos campos de concentração do espírito e dos gigantescos congeladores de ideias.

 

De uma forma ou de outra, sempre estivemos convencidos de que amanhã vamos todos acordar com uma pérola no cu. As mais sãs virtudes, as mais finas e puras partículas da nossa substância, consagradas ao fim dos anos numa pequenina preciosidade imortal! Se a ostra o consegue, por que não há-de consegui-lo o Homem, com biliões de neurónios, sessenta biliões de células, noventa e seis mil quilómetros de vasos sanguíneos e seiscentos milhões de conexões por milímetro cúbico de cérebro? Mas foi ela, valendo-se da sua atractiva figura e das suas múltiplas e polifacetadas relações, quem sempre foi criando este espírito, escondendo a própria vulnerabilidade e a fragilidade do seu equilíbrio na caminhada para novos limiares de consciência, reflectidos na pintura como descontinuidades, como roturas insidiosas, ou como profundas alterações na representação do mundo em resposta às forças da história e da vida.

 

No campo tremendamente complexo da sensibilidade do presente e nos domínios da estética e da filosofia da arte contemporânea, há que ter muito cuidado com as manigâncias dessa bela e maquiavélica senhora. A estética, força interpretativa do belo, o belo, sensação e não ideia, a arte, sensibilidade pura cuja essência não é possível captar racionalmente, a arte-estatuto de linguagem são questões histórico-fenomenológicas que sempre lhe coloquei, sem que, alguma vez, tivesse tido a gentileza de me responder de forma convincente e não irónica.

 

 

publicado por Luis Moreira às 14:00
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