Adelina: a bruma que era ontem
voa – não é já. Foi-se tão prestes
como o João das Índias. E foi lá
que um pêro se ficou – tão são,
tão nosso irmão.
Adelina: que é do candeeiro
que tu dizias fosco? A luz que deu
dá ora gosto. Por isso aqui te digo
que após a morte é um minuto grande
e outro umbigo.
E está-se, Adelina. Se como burro
dói, é vero, mas está-se.
Até que passe.
Este poema foi incluído em Poemas a Isto, de 1962. E fomos encontrá-lo no Retábulo das Matérias, editado pela Gótica em 2001, e que agrupa a poesia de Pedro Tamen, de1956 a 2001. Ao Pedro Tamen e à Gótica o nosso obrigado e os nossos cumprimentos.
Papel amarrotado desse chá que tomaste
na tarde de qual dia, ou o copo de vidro
depressa transformado na total transparência,
não é que inexistente, mas de mínima espessura
sobre o cais deste porto onde ninguém aporta,
não o papel rasgado, não o desfeito em fogo,
incolor, inodoro, antraz ignoto, anuro,
coisa que sim, que é, mas já não o que foi,
vazia intensidade, inútil excrescência
da vida tilitante
- eis o que tenho agora
quando o dia amanhece e cai no saco roto
da débil complacência com que já não me vejo.
Este poema incluiu Memória Indescritível, 2000. Ao Pedro Tamen e à Gótica, responsável pela edição em 2001 do Retábulo das Matérias, os cumprimentos e o obrigado de VerbArte.
Terá lugar no próximo dia 7 de Junho, pelas 18H00, no auditório dos CTT (Rua de S. José, 20, em Lisboa), a cerimónia oficial de entrega do Grande Prémio de Poesia APE/CTT – 2010, a Pedro Tamen, galardoado pelo seu livro "O Livro do Sapateiro" (D. Quixote).
A sessão, presidida pelo Eng.º Pedro Coelho, Vice-Presidente do Conselho de Administração dos CTT, conta com a presença do Presidente da APE, Dr. José Manuel Mendes, do autor premiado, do porta-voz do júri, outras personalidades e escritores.
Contamos com a sua presença.
Saudações cordiais.
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4 Site | www.apescritores.pt | * info@apescritores.pt
( Tel | (+ 351) 21 39718 99
6 Fax | (+ 351) 21 397 23 41
+ Morada | Rua de S. Domingos à Lapa, 17
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De: Associação Portuguesa de Escritores [mailto:info@apescritores.pt]
Enviada: terça-feira, 3 de Maio de 2011 16:52
Para: Associação Portuguesa de Escritores
Assunto: Pedro Tamen galardoado com o Grande Prémio de Poesia da APE
Estimados sócios,
PEDRO TAMEN VENCE
O GRANDE PRÉMIO DE POESIA APE/CTT – 2010
O júri constituído por Ana Marques Gastão, Fernando J. B. Martinho e Francisco Duarte Mangas, reunido na Sede da APE, decidiu, por maioria, atribuir o Grande Prémio de Poesia APE/CTT, edição de 2010, ao livro "O Livro do Sapateiro", de Pedro Tamen (D. Quixote).
O Grande Prémio de Poesia, instituído em 1989 pela Associação Portuguesa de Escritores, é patrocinado pelo Correios de Portugal (CTT), no valor de 5.000 euros.
A cerimónia de entrega do prémio será oportunamente divulgada.
A Direcção
Pedro Tamen nasceu em Lisboa, em 1934. Licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa, foi, entre 1958 e 1975, director
da editora Morais, entretanto desaparecida. De 1975 a 2000 foi administrador da Fundação Calouste Gulbenkian. Foi presidente do PEN Clube Português (1987-90), membro da Direcção e presidente da Assembleia Geral da Associação Portuguesa de Escritores.
A sua poesia, quando reunida na sua maior parte em Tábua das Matérias (1956-1991), foi galardoada com o Prémio da Crítica e com o Grande Prémio Inapa de Poesia. Horácio e Coriáceo (1981) e Guião de Caronte (1997) venceram, respectivamente, os prémios D. Diniz e Nicola. Memória Indescritível (2000) recebeu os prémios Bordalo da Imprensa e do PEN Clube. Reuniu em 2001 uma colectânea de toda a sua poesia publicada (Retábulo das Matérias) e em 2006, o livro Analogia e Dedos, a que foram atribuídos os prémios Luís Miguel Nava e Inês de Castro. Em 2010 publicou O Livro do Sapateiro (a que foi atribuído o Prémio «Correntes d’Escritas – Casino da Póvoa»), em 2011, Um Teatro às Escuras. Está representado na maioria das antologias de poesia contemporânea portuguesa. Obteve em 1990 o Grande Prémio da Tradução e foi por duas vezes finalista do Prémio Europeu de Tradução. Traduziu recentemente À la Recherche du temps perdu, de Marcel Proust.
Escrito de Memória
Formado em direito e solidão,
às escuras te busco enquanto a chuva brilha.
É verdade que olhas, é verdade que dizes.
Que todos temos medo e água pura.
A que deuses te devo, se te devo,
que espanto é este, se há razão pra ele?
Como te busco, então, se estás aqui,
ou, se não estás, por te quero tida?
Quais olhos e qual noite?
Aquela
em que estiveste por me dizeres o nome.
in “Tábua das Matérias”
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