Na Itália, que decidiu através de referendo ser uma República, desde 1995, (ano em que houve 12 referendos,
5 dos quais aprovados) que não se conseguia quórum num referendo.
Na consulta popular que agora decorreu, referida aqui, participaram 57% dos eleitores. O governo de Berlusconi, e ele próprio que apelou à abstenção (!) perderam em toda a linha. Humilhado há pouco nas eleições municipais em que perdeu baluartes como Milão e Nápoles entre outros descalabros, Berlusconi enfrenta agora a oposição que deseja a queda do governo, e a ameaça do seu aliado Umberto Bossi, da Liga do Norte, que não quer ser arrastado na sua queda.
Da votação resultou a oposição em massa (94 a 96%) dos italianos às intenções do governo Berlusconi. Votaram contra a imunidade judicial dos governantes, o regresso da produção nuclear de energia, e a privatização da água.
Para os portugueses, que não têm centrais nucleares (e quem as defende, após Fukushima tem de aguardar melhores dias), nem tem ministros envolvidos em tribunais ou em “bunga-bungas”, o que interessa destas matérias é a privatização da água.
Sobre a intenção de Passos Coelho privatizar a água já aquiescrevi.
Sabe-se o que a Constituição protege, mas sabe-se igualmente das pressões para ultrapassar a Lei fundamental.
O ambiente criado na imprensa (berlusconizada) portuguesa, vai no sentido de que não há tempo para discutir nada, tem de se fazer o que a troika manda e o futuro governo acrescenta, depressa e sob ameaça. Isso não vai ser assim, há umas guerras concretas a travar. Em Itália a “Acqua” é um “Bene Comune”, em Portugal é um Bem Público.
Continuo a inspirar-me em peças teatrais para as minhas crónicas. Depois de O Rinoceronte, de Eugène Ionesco, de Um Eléctrico Chamado Desejo, de Tenessee Williams, de Tanto Barulho por Nada, de Shakespeare, chegou hoje a vez de A Visita da Velha Senhora, do escritor suíço Friederich Dürrenmatt (1921-1990), é um clássico do teatro mundial. No cinema, em 1964, a actriz Ingrid Bergman actuou no filme The Visit, inspirado na peça , realizado pelo austríaco Bernhard Wicki. Vi esta tragicomédia em 1960 no D. Maria II, numa encenação de Luca de Tena, com Palmira Bastos no principal papel.
A ideia central da peça, editada em 1956, é semelhante à de O Rinoceronte, embora com uma história menos absurda. Neste caso, é útil contar em traços muito largos a história – Gullen, pequena cidade da Europa Central, vive mergulhada na miséria, afectada por uma terrível crise económica.
A estação de caminho de ferro está em ruínas e quase desactivada – os comboios deixaram de ter paragem em Gullen. Até que um dia as coisas mudam – Clara Zahanasian, uma das mulheres mais ricas do mundo, nascida na cidade, regressa às origens. Prepara-se-lhe uma recepção triunfal – forças vivas, criancinhas das escolas, banda de música... - o habitual. Mas, pormenor importante, trinta anos antes Clara fora escorraçada, expulsa da cidade pelo homem que amava. Regressa, portanto, para se vingar. Oferece ajuda aos habitantes da cidadezinha, reduzidos à mais negra miséria, se deixarem de ser amigos do seu ex- amante.
E este, Alfredo Shill, o homem mais popular e estimado da cidade assiste à debandada dos amigos. Não me lembro (não tenho a peça à mão) se este pormenor constitui rubrica expressa de Dürrenmatt ou se foi uma criação da encenação de Luca de Tena - os que se rendiam á velha senhora iam aparecendo calçando sapatos amarelos. A velha senhora, selava o acordo com os que se vendiam obrigando-os a calçar esses sapatos. Até que Alfredo Shill fica sozinho… Todos se venderam.
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Em Abril de 1974 expulsámos a ditadura e com ela quisemos expulsar também os privilégios de classe. Tivemos a ilusão bem patente nos textos, poemas, canções da época, para não falar nos comunicados partidários, de que tudo ia mudar. E, ébrios de liberdade, cometemos excessos, fizemos disparates… Sobretudo pregámos um susto de todo o tamanho à senhora.
Foram 18 meses de euforia. O coração não nos cabia no peito, pois tinha agora o tamanho e o fogo de um sol. A «normalidade», voltou em Novembro de 1975.
Normalidade é o apelido preferido da velha Senhora.
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Quando digo que compreendo a urgência de fazer cair este governo, dito socialista, compreendo mesmo. Estamos bloqueados num lodaçal de corrupção, de clientelismo, de nepotismo, de negociatas obscuras. Bem sei que falta provar quase todas as acusações, já se viu que algumas foram mesmo forjadas, mas com tanto fumo algum fogo haverá. É preciso sair deste bloqueio. No entanto, quando digo sair, falo de erradicar todas estas doenças que afectam a nossa democracia. Que a afectam ao ponto de termos de pensar duas vezes antes de continuarmos a designá-la por esse nome.
O que estão a fazer, partidos e sindicatos que se opõem ao actual governo não é isso. O que se está a fazer é a desgastar a credibilidade deste governo (embora me pareça difícil desgastar algo que já não existe), e substituí-lo por outro que, com outras pessoas é certo, continuará na mesma senda de desonestidade, desbaratamento do erário público, favorecimentos ilícitos, corrupção desbragada… Porque ninguém me venha dizer que com o PSD as coisas vão melhorar. Se o governo for derrotado, o discurso de abertura do novo executivo será a declarar que a pesada herança legada pelos governos PS, deixaram o País de rastos e que é preciso pedir mais sacrifícios aos cidadãos –. Isto enquanto o PS se reabilita, mudando de secretário-geral e preparando-se para as eleições seguintes, vai desgastando o governo do PSD. Faz-me lembrar aquele livro para jovens do escritor alemão Michael Ende -- A História Interminável.
Não me venham também os senhores do Partido Comunista, do Bloco de Esquerda, da Intersindical, dizer que fazer cair o governo é um objectivo primordial, que essa é a principal tarefa da esquerda. A tarefa da esquerda, se existisse como tal, seria a de derrubar este sistema bipartidário, a de romper este círculo vicioso, este circo corrupto e infernal em que encontramos encerrados. O que é prioritário é lutar pela criação de uma sociedade livre de corrupção e de oportunismo. Lutar contra o PS, claro, mas sem esquecer que o PSD é um gémeo e que substituir um pelo outro é nada mudar. Ambos, têm de ser combatidos em bloco como se fossem um só (e para muitos efeitos, são-no). Ao enveredar por este tipo de luta, a esquerda está a colaborar com o sistema - a legitimá-lo.
Porque quem define como prioritária a queda do PS, sabendo que é o PSD que lhe vai suceder, visa a perpetuação do sistema. Derrubar Sócrates, sim. Substituí-lo por Pedro Passos Coelho, por exemplo? Para quê?– é um pavão sereno convencido da sua importância e, se for eleito, logo será rodeado pelos corruptos, pelo incompetentes, do seu partido. Repito o que disse há dias: a ausência de pensamento, levou-nos durante 50 anos a aceitar uma ditadura fascista e leva agora pessoas inteligentes a aceitar como normais todas as anormalidades que transformam a nossa democracia representativa num novo fascismo – ou seja, numa oligarquia em que dando aos cidadãos o direito de escolher o faz segundo o princípio de Henry Ford - Os clientes podem escolher um carro qualquer cor, desde que seja preto”. Nós podemos escolher o governo que quisermos, desde que escolhamos entre a pior gente do PS ou do PSD, os empregados dos grandes grupos económicos e dos interesses do grande capital.
É uma nova ditadura. A velha senhora expulsa em 1974, quer vingar-se das afrontas e dita as suas leis. Adoptou um apelido – Democracia - «querem sobreviver e salvar a democracia? Esqueçam os princípios democráticos»
Much ado about nothing, é, como se sabe, o título de uma peça do divino Shakespeare. Vi-a há uns bons vinte anos muito bem encenada e representada no Teatro da Cornucópia, dirigido pelo excelente Luís Miguel Cintra. Para o que quero dizer hoje, a história que a peça conta não interessa; aliás nestes últimos dias, talvez influenciado pela realização do Congresso realizado em Viana do Castelo, tenho procurado no teatro a inspiração para as minhas crónicas. Hoje fui buscá-la ao mestre William.
Penso que a cada facto da actualidade deve ser dada a importância que ele realmente tem e para mim (e se fosse só para mim, não valeria a pena escrever este post). Pois o tema que vou abordar é completamente irrelevante. É o tema dos políticos descartáveis, como são agora as fraldas a que o Eça aludia e cuja substituição aconselhava a bem da higiene. Diz-se (ou melhor há quem garanta) que Passos Coelho será o futuro primeiro-ministro de Portugal. Será ou não será, mas, mesmo que seja, o que irá isso mudar nas nossas vidas? Passos Coelho é um rapaz emproado, muito convencido da própria importância, a quem nunca ouvi uma frase que merecesse a pena reter. Daquela cabeça nunca sairá uma ideia que se aproveite, vaticino eu. Mas, na sua insignificância intelectual, é um dos tais políticos descartáveisque fazem muito jeito a quem, de facto, manda. Quanto mais ideias tivesse, mais empatava o negócio. Essa gente que decide deve estar hesitante entre um Sócrates que já deu boas provas e um outro que demonstra ter aptidão para o cargo. Os eleitores talvez estejam receptivos a mudar, mas há aquela de que em equipa que ganha não se mexe. E Sócrates já provou aos patrões que é um ganhador. Quando decidirem, dão corda aos papagaios da comunicação social e vai disto. Os eleitores quando forem votar "livremente"´, já estarão devidamente esclarecidos. Porque isto não é uma questão em que entrem as ideias. Os interesses é que interessam. Os deles. Falemos um pouco desse partido que se autodesigna "social-democrata" e de alguns das suas figuras mais mediáticas.
Do Partido Social Democrata, ou do seu antecessor PPD, nunca saiu uma palavra, um conceito, uma ideia. Marcelo Rebelo de Sousa é um comentador arguto, mas previsível. Pacheco Pereira é um homem de cultura, mas que se perde em labirintos que ele próprio constrói. Intelectualmente, Pedro Passos Coelho, fica muito atrás de qualquer deles. Em suma, o PSD é um deserto de ideias. Dirão, e o PS- Perguntarei qual deles? Aquele onde milita Eduardo Lourenço? O de Soares? O de Sócrates? Sobre cada uma destas sensibilidades, tenho uma opinião diferente. Mas o PS foi ontem – hoje estou a falar do PSD.
Sá Carneiro, a figura de proa do partido, o que disse ele de importante? Este discurso de que o vídeo abaixo se refere, é um exemplo de demagogia acabada, palavras de circunstância ditas numa altura em que usar gravata nos transportes públicos dava direito imediato ao apodo de fascista. É apesar de tudo elucidativo sobre o vácuo que já por ali existia - para comunicar tinham de recorrer à linguagem corrente,com frases que tanto podiam vir da esquerda como da direita - nada de próprio, de original. Do CDS e do PPD à extrema-esquerda quem não abrisse uma intervenção com palavras deste género perdia o direito ao uso da palavra. Onde está a genialidade que nos obriga a suportar o nome deste senhor em avenidas e praças de todo o País?
Comícios aparte, citem-me uma frase lapidar (já nem peço um discurso, um livro, porque não gosto de pedir coisas impossíveis). Lugares comuns, frases de sentido banal e de moralidade óbvia na melhor das hipóteses. Um deserto de ideias, repito, o PSD e o pensamento de Sá Carneiro. Nunca percebi a razão do culto. A única explicação reside na sua morte trágica. Hagiograficamente terá valor, mas é pouco em termos de filosofia política.
Por favor, não extraiam desta apreciação negativa elogios aos outros partidos – estou apenas a falar do PSD, não se infira o que não digo. Embora desde já possa dizer o que toda a gente sabe – o PS tem na sua origem algumas bases de filosofia política (o pior é a prática), o PCP também e é mesmo o mais ortodoxo, o BE é a manta de retalhos que tudo cobre – Enver Hodja, Trotsky, Mao, Greenpeace e os touros de morte de Salvaterra; o CDS… O CDS existe fora dos mercados em época eleitoral? Mas estou só a falar do PSD.
Deliberadamente, não me refiro à personalidade do Passos Coelho. Não me interessa. Dará um primeiro-ministro? Claro que sim. Nem bom nem mau, antes pelo contrário – Pedro Sócrates ou José Passos Coelho - mais um para no dia seguinte ao da sua eleição começar a ser atacado por partidos da oposição, sindicatos, professores, médicos, bombeiros voluntários… Os atletas do tiro ao alvo gostam de mudar a fotografia com que exercitam a pontaria. Já aqui tenho por diversas vezes afirmado o desfasamento evidente entre as designações dos partidos, as suas bases programáticas e a sua prática política. Quando eu era pequeno, havia uns brinquedos, creio que da Majora, com rectângulos de madeira – cabeças, troncos e membros que se tinham de colocar no devido lugar para formar as figuras certas. Pois os nossos partidos parecem o resultado desse jogo feito por uma criança estúpida ou maliciosa – a cabeça de um polícia, o tronco de um crocodilo e as pernas de uma bailarina – ou vice versa.
A propósito do pensamento de Alain Touraine sobre o socialismo, falei sobre a discrepância entre a filosofia política do socialismo e a prática política dos partidos europeus que usurparam esse nome. Falando da social-democracia, eu diria que esta (numa definição sintética de enciclopédia) é uma ideologia política de esquerda surgida, como quase todas elas, no século XIX, como eco da grande revolução de 1789 e na sequência do socialismo utópico que afirmava o princípio da igualdade, da fraternidade e da liberdade, mas não encontrara o caminho para atingir tais objectivos.
A social-democracia surgiu da necessidade de encontrar uma transição pacífica da feroz sociedade capitalista da época, com crianças de cinco anos e mulheres grávidas a trabalhar nas fábricas, para uma sociedade socialista, igualitária, fraterna e livre. Era gente marxista, mas que lutava por uma evolução pacífica, democrática e sem traumas, para o socialismo. O berlinense Eduard Bernstein (1850 - 1932) foi o grande pensador revisionista do marxismo e talvez o principal teórico da social-democracia.
Façamos uma pausa e reconheçamos que este desiderato corresponde ao melhor do objectivo fundacional do PS. Mário Soares e companhia eram, pois, teoricamente, pelo menos, social-democratas. A praxis social-democrata diverge da marxista por defender o primado da luta política, sobrepondo-a à igualitarização social e à imposição de reformas económicas bruscas e traumáticas. Uma transição gradual do capitalismo para o socialismo, portanto. Uma espécie de quadratura do ciclo.
O que li na (quanto a mim paupérrima) obra política de Sá Carneiro não foi nada disto, mas sim a defesa de conceitos neo-liberais, a recusa da luta de classes. A recusa da revolução, portanto. Estou a referir-me a Por uma Social-Democracia Portuguesa (1975) que li há mais de 30 anos.
Tudo seria muito bonito, se o capitalismo não fosse um animal feroz, cioso dos seus interesses, ao ponto de destruir cidades com bombas nucleares para os defender. O reformismo gradual preconizado pela social-democracia, o tal socialismo de rosto humano, é uma coisa bonita como o milagre das rosas, mas impraticável. Porém, o que este partido soit disant social-democrático preconiza nem sequer é isso – defende pura e simplesmente o princípio neo-liberal do cada um que se amanhe, nasces pobre, mas amanhã podes ser milionário e por aí fora.
O que acontece ao PSD não me interessa e só o digo por saber que, verdadeiramente, só interessa a quem faz da política carreira profissional. Porque se o PSD ganhar as próximas legislativas nada de importante mudará nas nossas vidas – o novo governo não voltará atrás com nenhuma das medidas erradas que o actual assumiu e acrescentar-lhes-á outras igualmente lesivas dos nossos interesses. O PSD, diga-se, nada tem a ver com a social-democracia. Os social-democratas, os genuínos, queriam atingir o comunismo sem revolução, através de reformas sucessivas que iriam tornando o capitalismo cada vez menos malévolo. Os social-democratas portugueses não querem nada disso – talvez atingir um welfare state democrático, com um mínimo de perturbações sociais (isto para os mais revolucionários).
Na terça-feira escrevi um artigo (*) com o título “ A campanha eleitoral está a custar-nos um dinheirão”. Os juros da dívida atingiram agora o recorde de 6,72%. Há razões que explicam esse aumento dos juros; algumas comuns aos países em dificuldades na Zona Euro.
Há complicações que vêm da União; Angela Merkel quer rever o Tratado de Lisboa para impor sanções políticas aos países indisciplinados no plano orçamental, e o presidente do BCE recusa qualquer hipótese de reestruturação das dívidas, mas temos também os problemas caseiros.
São esses que nos distinguem por exemplo da Espanha, que tendo indicadores de crise mais elevados paga juros substancialmente mais baixos. A diferença não é apenas explicada pela capacidade de eles conseguirem mais facilmente crescimento económico. Nesta fase, para os mercados conta essencialmente a capacidade de executar o Orçamento de Estado (cujo conteúdo é secundário, porque aceite pelos investidores) e aí os sinais dos líderes políticos têm sido desastrosos, só geram desconfiança.
Apesar de Sócrates dizer que o problema dos juros não é apenas português, e do PSD vir com o disparate de justificar o aumento actual de juros com a execução orçamental de 2010; a causa fundamental é a falta de credibilidade da liderança política, do governo e da oposição.
As variações das taxas de juro correspondem a actos concretos da política nacional, andou-se a brincar aos orçamentos nos últimos três meses, os juros subiram e desceram ao ritmo das tricas e crispações, dos acordos e desacordos, das bocas. É significativo que com o início das negociações os juros tenham descido e com o rompimento tenham voltado a subir. A pior parte neste sobe e desce, foi o espectáculo deprimente do debate do Orçamento no Parlamento, e as declarações políticas seguintes. É claro que com este espectro partidário e os líderes actuais não vão existir condições que transmitam confiança.
Ninguém acredita que vai ser possível executar o Orçamento com o maior partido da oposição a anunciar que lá para Abril/Maio vai lançar uma crise politica. Quem vai aplicar o orçamento se os que o assinaram estão apenas interessados em tirar dividendos partidários e eleitoralistas. Vamos pagar um dinheirão por esta campanha eleitoral e muito provavelmente para ser eleito mais um imaturo da JSD.
(*) O artigo referido está em semanariotransmontano.com (opinião).
Vamos lendo a imprensa e, muitas vezes, são as notícias que menos espaços ocupam que mais importantes são para a vida dos cidadãos que pagam impostos e para aqueles que, pelos baixos rendimentos que auferem, destes estão isentos.
Vejam a notícia seguinte:
Lisboa, 14 Out. (Lusa) - O líder da bancada social democrata na Assembleia Municipal de Lisboa manifestou hoje alguma "desconfiança" quanto ao novo mapa das freguesias proposto no estudo encomendo pela câmara, alegando que o PSD sai "largamente prejudicado".
"O estudo encomendado pela autarquia tem alguns problemas que têm de ser corrigidos. Mas o mais grave é que esta divisão que é sugerida nos deixou de pé atrás relativamente à boa fé deste projecto", afirmou António Prôa.
"Feitas as contas, transpondo os resultados eleitorais de 2009 para a nova divisão, tanto quanto é possível fazer, já que há casos difíceis de medir, o PS sai largamente beneficiado e o PSD largamente prejudicado", acrescentou.
Perguntarão os nossos leitores: A que propósito vem isto?
De facto, sabendo-se que sou militante do PS, poderá alguém entender que estou a atacar um outro partido, quando o que pretendo é chamar a atenção para os políticos que temos. A preocupação não é fazer uma boa divisão administrativa de Lisboa, que dela está bem carenciada; a preocupação dos representantes do PSD, neste caso, foi verificar que a proposta os viria a prejudicar, ou seja, se aprovada a divisão proposta o PSD pensa que as próximas eleições autárquicas lhe retirariam a hipótese de ganhar uma grande parte das freguesias da capital. Não importa fazer uma boa divisão, para o PSD uma boa divisão administrativa de Lisboa será aquela que lhe proporcione o maior número de freguesias sob o seu domínio.
Claro que a posição que para o PSD é válida para Lisboa também será válida para o resto do país.
Perguntarão agora os nossos leitores: E se fosse o PS a estar na posição do PSD, não assumiria a mesma posição?
Como calcularão, gostaria muito de poder afirmar que o partido de que sou militante tomaria a posição que melhor servisse Lisboa, mas, infelizmente, não me atrevo a tanto. Em todo o caso, acrescento que António Costa me merece confiança, direi mesmo que, de entre os políticos no activo, me parece ser aquele que melhor serviria Portugal como Primeiro-Ministro, e não é apenas por amizade que o digo.
Outros pensarão diferente de mim e se encontrarem alguém que melhor desempenho possa ter naquele lugar, ficarei muito grato a bem de Portugal e dos Portugueses (mas não «A Bem da Nação»). Substituir Sócrates é uma prioridade que não é de agora, mas colocar no seu lugar um qualquer Passos Coelho seria uma decisão que muito cara sairia a todos os portugueses.
PSD - 37% ; CDS -6% ;PS - 32% ; PCP -10%; BE -8%, isto coloca PSD mais CDS à beira da maioria absoluta.Quando o eleitorado se move, vencendo a inércia é para continuar, para além das medidas anti populares e dificuldades que o governo vai ter que enfrentar.
O desgaste do governo é muito sério, estamos numa espécie de limbo, desapareceram,discutem-se as SCUTs o que quer dizer que a factura está a chegar.700 milhões de euros/ano e a partir de 2012, 1 300 milhões/ano, e há três meses o grande desígnio de Sócrates era lançar obras públicas em parcerias público/privadas.
Esta dinâmica é írreversível? Ainda há muitos indecisos mas o descrédito de Sócrates é muito sério, não parece que neste mar de dificuldades que ele teimou em não ver,possa inverter a situação.