Quinta-feira, 16 de Junho de 2011

Ainda à volta de Ana Gomes e de Paulo Portas - Júlio Marques Mota

 

Do processo de pedofilia, de algumas  coisas me lembro bem, das declarações de Durão Barroso a afirmar que agora é que se  ia ver como é que a justiça portuguesa  ia enfrentar os poderosos,  ele que sabia como eu sabia que a origem de classe de Paulo Pedroso não estava distante da dele e da minha também, esta última ainda de mais baixos rendimentos do que as restantes. Não é por acaso que na carta aberta em tempos enviada a Durão Barroso  escrevi: “muitas das receitas do sector financeiro não são um valor acrescentado à economia nacional, não são o valor de contrapartida de uma prestação de serviços aos agentes económicos como as contabilizam os sistemas nacionais de contabilidade e o Eurostat, porque simplesmente não as considera sequer como serviços prestados, e muitos dos lucros financeiros são assim considerados para as gentes que vêm do meio social  de onde eu venho e o senhor Presidente também segundo julgo, são, dê-se o valor exacto às palavras, são então um verdadeiro roubo”

 

Lembro-me que, afinal,  do lado dos fortes viu-se bem quem estava, era  ele, Durão Barroso, viu-se vê-se agora e de novo qual é o único lado onde terá gostado de estar, exactamente ao lado dos mais fortes, neste caso até como aliado supremo dos mercados de capitais.

 

Lembro-me  de um artigo   de jornal que mandei pelo grande amigo Fausto  Correia, na altura deputado,  para entregar ao Paulo Pedroso e neste a mensagem era clara: face aos desígnios de um destino que não construíamos  era necessário  resistir  e era o que eu lhe sugeria . Tratava-se da descrição de dois casos tratados na justiça inglesa sobre o mesmo tema, onde se descrevia o que poderia ser considerado como inacreditável.

 

Lembro-me ainda das declarações pingadas pelo Director da polícia Judiciária relativamente ao secretário-geral do PS, Ferro Rodrigues e para acabar por aqui lembro-me ainda de que cada vez que havia dificuldades no plano político o assunto da Casa Pia reacendia-se  como rastilho aceso em seara seca no pico do Verão.

 

Lembro-me de ter falado com um dos relatores de um recurso ou parecer que foi feito sobre o processo Casa Pia conduzido pelo primeiro juiz que dele se encarregou e o que me foi dito pela relatora foi mais ou menos isto: o Paulo Pedroso pode ser o que quiserem. Nada disso discuto mas sei que nunca vi processo tão sem pés nem cabeça. Mas sobre este mesmo processo  montou-se  um outro processo que ia decapitando a esquerda em Portugal.

 

O aproveitamento político do caso foi claro como água cristalina e houve gente que politicamente com isso foi queimada, mas nada disso incomodou a nossa direita que até foi para Bruxelas. Falo de Durão Barroso e companhia..

 

Nada disto tem a ver com as vítimas do processo. Estranho agora que as gentes  de esquerda reacendam o processo e desta forma, no sentido inverso, pois que apresentado o tema depois de umas eleições perdidas. Estranho agora também que as gentes  de Estrolabio, de direita ou de esquerda agora não discuto, reabram também elas uma polémica   que a nada pode levar, porque suporte material para a discussão não há e, bom…se material há então que o entreguem na Judiciária e que se diga isso alto e bom som no Estrolabio,  não vá acontecer que o material se perca pelos corredores até porque algum novo director disso se esqueceu. Lamento o paralelismo das afirmações com as eleições perdidas por uns, os socialistas e José Sócrates, e a perder em breve pelos outros que agora as ganharam, Passos Coelho e companhia.  

 

Lembro-me  também de um debate televisivo em que Paulo Portas terá dado “um baile” a Carlos Candal e de novo um paralelismo, aparece no dia seguinte alguma vez um folheto a acusar Portas de ser gay, com origem, creio eu, em Aveiro. Assim não, nunca os fins justificaram os meios, nem sequer os meios a arranjar  poderão ser justificados pelos  fins que se  querem alcançar. Isso não é eticamente de  esquerda, se de ética aqui se deve falar. Nessa não entro eu  e, francamente, sugiro que larguemos mesmo as questões pessoais à volta do tema.

 

Uma outra coisa é o artigo de grande qualidade que vi hoje no Estrolabio colocando a questão política e económica à volta dos submarinos e esta é uma história que a memória não me falta vem desde Jaime Gama , Guterres  e  José Penedos, lembro-me eu, se a minha memória de velho não me começa a faltar.  Parabéns ao seu autor. Esta questão, a dos submarinos, a da política de defesa nacional sobretudo, mas também a  europeia merece mesmo ser analisada e esse é o terreno válido para se poder criticar Portas e aqueles que nesta história de milhões gastos   se meteram. Isso sim, é o terreno válido para a discussão. Ou não será que as nossas costas em muito do contrabando são a porta de entrada para  Europa e contra este para que nos servem os ssubmarinos? Para ir atrás de barcos ultra-rápidos, talvez se pense então !

 

publicado por Augusta Clara às 18:00

editado por Luis Moreira às 02:24
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Terça-feira, 19 de Abril de 2011

“Yo, María del Totoral” - Ensayo de Etnopsicologia de la Infancia – 14 – por Raúl Iturra

Lo que siempre llama más la atención, es el denominado abuso sexual o pedofilia, que ella sufrió a los 5 años por parte de un hermano de su madre, de 20 años de edad. El neurólogo y psiquiatra chileno Jorge Barudi, residente en Barcelona por fuerza mayor, hace ya muchas decenas de años, en su libro El dolor del niño inocente[1], desarrolla la hipótesis de que, cuando es pequeña, la crianza nada dice, pero en adulto, es que aparecen las consecuencias, como la esquizofrenia, la falta de autoestima, el sentir que no se tiene valor para la vida, como ella misma relata: las mujeres solo servimos para hacer trabajos de casa, útiles para los adultos y para otras personas o como objeto sexual de los primos. Debo haber tenido cinco o seis años cuando los “lolos” de la casa se acostaban conmigo. Yo no podía decir que no porque después me excluían de los juegos o de las compañías de las otras personas[2].                                                                                                                                                       

 

No es reproducido todo el texto en nota de rodapié, por ser muy extenso, bien como no puede ser reproducido como anexo por el sigilo de la terapia: solo es posible analizar hechos. Era claramente una situación de pedofilia, con su prima de 15 años, que dormía con ella en la misma cama y acariciaba su cuerpo, con objetivos eróticos. María Cecilia nada sentía, excepto miedo frente a una situación que no entendía, y miedo porque si se quejaba, después nadie quería jugar con ella. La mayor parte de los juegos entre esos primos, como entre otros adolescentes denominados lolos, eran libidinosos. Yo propio recuerdo haber observado estos abusos - eran muchos primos y la casa de la abuela materna,  parceleros o propietarios de pequeños trozos de tierra, en Pichingileo, cerca de Corinto, nada lejos de Pencahue, en el verano se llenaba de 17 primos y otros parientes. María Cecilia encontraba la situación, hasta el día de hoy, entre normal y desagradable. Normal, porque no entendía este tipo de caricia; desagradable, por causa de ser un acto secreto, que a nadie podía contar: su prima se lo prohibía o, si los adultos sabían, nunca más podría ir a la casa querida e simpática de la Mama María, la Abuela, la madre de la madre, parcelera[3] de un pueblo seco, cerca de Pencahue: Pichinligeo, como mencioné antes. Lo que la analizada hacia en esa edad, era chupar su chupete, como manera de reconforto emotivo del miedo que le causaba la forma del trato de su prima y sus otros primos. Era una niña que estaba encorralada, cercada: no podía decir que no gustaba de lo que acontecía, no era vigilada por los adultos para ver su comportamiento, como todo adulto hace con los más nuevos, y era amenazada por sus iguales si hablaba de la estructura erótica dentro de los juegos, erotismo siempre presente hasta en la forma de vestir. El caso que aconteció con Francisco, el hermano de su madre, duró tres años, la madre sabia, pero ignoraba. Estaba, prácticamente, obligada a acostarse con su tío, los hombres de toda edad tenían más derechos que las mujeres, adultas o niñas, y éstas debían aceptar las relaciones, porque, de otra forma, eran castigadas hasta físicamente y pasaban a segundo plano si no cumplía su labor de mujer, esto es, aceptar ser penetrada por un macho, fuera cual fuera le edad que la niña pudiera tener. Es lo que analizo al hablar del Código Penal, que tiene texto para definir el castigar, pero no tiene medios de vigilancia para prevenir el crimen, , excepto a partir de 1999, cuando la ley comenzó a cambiar a favor de la dignidad e integridad de las personas y de los derechos humanos. Es lo que he visto que acontece, como miembro de ACNUR y como investigador. Su madre sabia, pero no comentaba y su padre, para no saber, estaba siempre fuera. En las zonas rurales, como en la capital de cualquier sitio, región, villa, aldea de cualquier país del mundo, las relaciones eróticas entre adulto y crianza tienen pasado a ser no sólo públicas, bien como de prostitución que da lucro, de acumulación de dinero. Famosos es el caso de Bélgica y la Isla de la Madera, en Portugal, ahora en tribunal[4].                                                                                 

 

 

 

publicado por João Machado às 14:00

editado por Luis Moreira às 14:51
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Terça-feira, 21 de Setembro de 2010

A criança, a sua mente cultural e os seus sentimentos


Raúl Iturra


Tenho investigado, escrito e falado, sobre educação. Falemos então de educação, falemos das crenças da mente que deve ser educada. Conhecido é que o autor do presente texto não tem sentimentos de fé. Conhecido é, também, que foi educado dentro das ideias ocidentais que, por acaso histórico, são cristãs. Ideias que são partilhadas, não apenas pelos cristãos romanos, arménios, ortodoxos gregos ou russos, libaneses, maronitas islâmicos ou de outros países orientais, em paz e convívio com os muçulmanos, essa grande maioria com quem o Ocidente comunga a mesma Bíblia. Bíblia designada pelos Muçulmanos El – al – Corão, texto ditado, por desconhecimento da escrita, pelo Patriarca Maomé a sua filha Fátima. Entre os cristãos romanos, anglicanos e presbiterianos, a Bíblia usada foi sendo escrita pelos reis da Palestiniana, por mulheres corajosas que lutaram pela sua liberdade, como Judite, e por sacerdotes ou reis que sabiam da História Palestiniana e ditaram as suas leis.

Quem quer que tenha sido o (s) autor (es) destes textos, como o Livro Êxodo, atribuído a Moisés ou, da mesma Bíblia, o denominado Génesis, dito ser uma verdade revelada pela divindade a Abram escrito pela sua filha Séfora. Digo, fosse quem fosse o autor dos textos, uma verdade é certa, as crianças devem aprender os princípios, leis, ideias, orações, rituais e pensamentos de interacção social, a partir de textos como os mencionados, aos quais devem-se, ainda, acrescentar as Cartas de Paulo de Tarso que lhe foram ditadas pelo irmão de Jesus, Tiago o Menor.

Formas de entender e interpretar a realidade, que eu designo por mente cultural, conceito organizado após análise de mais de trezentas crianças oriundas, especialmente, da Galiza, Portugal, Picunche da Cordilheira dos Andes na América Latina, Escócia, Inglaterra, França e Holanda. Povos que fazem das suas crianças devotos de dogmas, incutidos nas suas ideias para os orientar através dos afazeres da vida e da interacção social, das hierarquias e da relação entre classes sociais, como foi definido por Karl Marx, devoto luterano (casado com uma mulher profundamente católica), que Bento XVI, Joseph Ratzinger, louva no seu livro Jesus von Nazareth, editado em Alemão por Libreria Editrice Vaticana, Città del Vaticano, Abril de 2007, e em Outubro de 2007, em Português, editado por A Esfera dos Livros, Lisboa.

A mente cultural é esse conceito que guarda as ideias da interacção não somente na vida social, mas também na denominada vida no mais além, como no respeito pelos adultos e pelos colegas e amigos de escola ou brincadeiras. Conceito que todo o educador e analista da infância deve conhecer, para ser capaz de entender medo, arrebato, subordinação, obediência, livre arbítrio e outras actividades e pensamentos que nos acompanham até à morte, queiramos acreditar ou não.

Eu diria aos Educadores da Infância que ou se tem profundo conhecimento da catequese ou é impossível educar, como o tenho referido a médicos, psicanalistas e docentes de vários graus de ensino, para serem capazes de saber orientar. Ninguém, por este facto, está obrigado a ter sentimentos de fé, mas aqueles que os têm devem abster-se de os pregar, respeitando assim a procura insaciável dessa pequena, muita vazia por um tempo, mente cultural.

Não é porque eu o diga: são quarenta anos de experiência entre crianças e os seus adultos, que me têm mostrado que, apesar do abandono de crenças mais tarde na vida, o comportamento continua a ser pactuado em paz, serenidade e solidariedade, denominado pelos cristãos caridade, feio nome para quem deve conviver com outros: parece esmola, enquanto solidariedade é a mente cultural em actividade com respeito pelos outros.

Para educar, é preciso conhecer as bases da cultura que é a religião, e a religião, como sabemos, orienta a cultura.

Finalmente (não por ter acabado o texto) devemos entender uma outra crença da criança: a da confiança nos seus adultos, a sua emotividade. Emotividade, qualidade ou carácter de emotivo; que tem ou revela emoção. A emoção é a confiança e o amor que uma criança demonstra aos seus adultos. Adultos que as acolhem e acarinham. Emoção é uma experiência subjectiva, associada ao temperamento, personalidade e motivação. A palavra em inglês emotion deriva do francês émouvoir. É baseada do latim emovere, onde o é - (variante de ex-) significa 'fora' e movere significa movimento. O termo relacionado motivação é assim derivado de movere. Sendo a emoção uma delicadeza e gentileza dos mais novos para os membros da sua família, vizinhos e amigos.

Essa emoção gera confiança de amor para todas essas pessoas. Existem, no entanto, emoções falidas, confianças falidas, enganosas, enganos no amor que a criança entrega ao seu adulto. Acontece imensas vezes, quando o adulto abusa dos mais novos, não apenas na sua emotividade, bem como no seu corpo. São os factos a que chamamos de pedofilia ou o amor libidinal de um adulto para uma criança. Criança obrigada pelo ser humano maior a aceitar intimidades corporais que não entende, como define Freud nos seus textos de 1906 escritos em Austro-Húngaro, traduzidos com a sua revisão, no mesmo ano, para a língua inglesa, intitulados Three Essays on the Theory of Sexuality e no de 1923, O Ego e o Id, publicado originalmente também em Austro-Húngaro (traduzido para a nossa língua, na Colecção Completa dos Textos de Freud, Imago 1999) e Melanie Klein, (1961 em Inglês) 1991 (em língua lusa): Inveja e Gratidão, Imago, Rio de Janeiro, intimidades que causam lesões emotivas na criança em relação à pessoa na qual tinha confiança. A criança nada entende, não tem experiência reprodutiva e o seu Id ainda não está desenvolvido, não precisa na sua tenra infância. Desta forma, a sua mente cultural desenvolve-se mais tarde, com uma lesão psíquica e emotiva. A sua mente cultural sofre e fica partida, como analiso em: O processo educativo: ensino ou aprendizagem? (1994), e desenvolvo, em vários artigos publicados na Revista Educação, Sociedade e Cultura, Afrontamento, Porto. As crianças ficam com medo à vida.

Tenho tentado curar esse medo que as desordens emotivas do adulto causam na infância abusada. Por vezes, tem sido possível, outras, nem por isso. Como referi antes, Freud e Melanie Klein têm definido que o abuso sexual nas crianças fere tanto as suas emoções, que não lhes permite desenvolver o amor a si próprias, nem a sua transferência para uma pessoa que pretenda amar. A sociedade é a custódia definidora que todo o ser humano tem uma pessoa parceira e os pequenos abusados, com a sua emotividade assustada, apenas conseguem disfarçar esse amor e reproduzirem com pessoas de gâmetas diferentes: cada uma das duas células (masculina e feminina) entre as quais se opera a fecundação dos animais e vegetais.

Não esquecerei como fiquei surpreendido nesses dias que visitei a ilha da Madeira em Portugal, ao pesquisar as relações sociais entre pescadores proletários de que resultou um texto sobre a tristeza, disfarçada de orgulho, que sentiam os pais das crianças entregues a uma rede pedófila que percorria todo o caminho da Bélgica até à Região autónoma da Madeira. É o crime de pedofilia, que pais e crianças não entendem, por falta de experiência. Apenas pensam no dinheiro que lhes é pago por levarem as suas crianças para o estrangeiro para, supostamente, trabalharem. Que fosse pedofilia, eles não entendiam. Apenas debatiam o que andava na moda: o matrimónio entre pessoas do mesmo sexo, uma surpresa para eles. Denominavam homossexualidade a este novo tipo de matrimónio, o que parecia não ser um facto normal, mas também não causava surpresa: no dia que escrevo este texto, acabam de ser promulgadas as alterações ao Código Civil que nos governa, com opinião favorável do Tribunal Constitucional que tem como atribuição que as leis estejam coordenadas com a Constituição. Faltava a promulgação e todos os que saíram do armário em que escondiam a sua preferência sexual, já falam do seu matrimónio com uma pessoa do mesmo género. A mente cultural na Madeira e noutros sítios de Portugal, debatia o que não entendia mas conhecia pelo debate local e internacional.

A pedofilia (não relacionada com as novas formas de matrimónio por ser um acto voluntário entre adultos) sempre existiu, como analisa Marguerite Yourcenar no seu texto Mémoires d'Hadrien, publicado em França pela primeira vez em 1951, Editions Larousse. Há versão portuguesa na Editora Record do Brasil. Ainda mais entre povos nativos, estudados por David Herdt, Maurice Godelier e por mim próprio no meu texto do ano 2000: O saber sexual das crianças. Desejo-te, porque te amo, Afrontamento, Porto. Mas, como todos analisamos, são formas rituais de pedofilia, por existir o pensamento analógico de que o sémen apenas aparece se é retirado de outro corpo.

Antinoo, o amante de Adriano. Busto de Antínoo na Villa Adriana, em Tívoli. Actualmente no Louvre

Entre nós a pedofilia tem sido um segredo bem guardado, começando agora a ser desvendado pela imprensa, a magistratura e é, pela primeira vez, punido com prisão: não é um ritual, é um vício, condenado pelo Código Penal de 1982, aprovado pelo decreto-lei Nº 400 e reeditado em 1987 e reeditado pela lei Nº 57, de 4 de Setembro de 2007. No artigo 165 diz: Abuso Sexual de Pessoa incapaz de resistência.

1- Quem praticar o acto sexual de relevo com pessoa inconsciente ou incapaz, por outro motivo, de opor resistência, aproveitando-se do seu estado ou incapacidade, é punido com pena de prisão de seis meses a oito anos.

2- Quem, nos termos previstos no Nº anterior, praticar com outra peoa cópula, coito anal ou oral, é punido com pena de prisão de dois a dez anos.

Pelo exposto, é impossível não comentar esta lei que me parece leve para tanta criminalidade contra pessoas indefesas.

O trauma do pequeno ou pequeno violado(a), é apenas curado, quando possível, pela psicanálise, ou pela aceitação que não foi da sua responsabilidade o abuso de que foi alvo enquanto menor. A libido é forte e a falta de maturidade tão arrogante, que as crianças sofrem até à idade adulta, sem, por vezes, deixarem de procurar o vício ganho na infância. Já adultos, tornam à procura do vício, ou permanecem dentro dele. O matrimónio de pessoas do mesmo sexo acaba, assim, por curar esta felonia. Os sentimentos das crianças ficam feridos até ao dia da sua morte, por causa de terem ficado crianças em idade adulta. A sua mente cultural não se desenvolve ao ficarem feridos os seus sentimentos e, consequentemente, não permitirem desenvolver a sua emotividade.

A mente cultural está, também, formada pelas ofensas às emoções. Factos da infância que não são esquecidos e não permitem o crescimento.

Esta realidade não é exclusiva dos romanos. É muito vulgar no Islão, fé que proíbe tocar nas mulheres até ao casamento. Entre muçulmanos e islâmicos, não é sequer punida pela lei. Entre nós, a legislação que contempla a sua punição é também muito recente, data de 1998.

A mente cultural permite, por outro lado, a existência de casas para desafogar a libido de homens e mulheres, apenas que não são comentadas. Descobri-o na minha pesquisa ente os Picunche do Chile e a aristocracia da hoje derrubada, cidade de Talca. Fui convidado, fui seduzido, mas a minha educação moral e libidinal, rejeitou-o.

Este é mais um texto, como outros que tenho escrito sobre a pedofilia, quer nesta revista, especialmente Prostituição da criança Devuélvanos al niño. Canção sem palavras, que pode ser lida em

http://www.apagina.pt/?aba=7&cat=88&doc=7946&mid=2 , quer na revista quadrimestral Protohistoria de Buenos Aires, nomeadamente Año 4, Nº 4, com os quais pretendo chamar à atenção e ao debate assunto tão sério, entre nós.

A mente cultural da infância é uma salada de ética, imoralidade, felonias confiança e fé. Foi o que me levou a criar a especialidade de Etnopsicologia da Infância, aprendida em Paris, nos meus tempos de ensino, com Georges Devereux e a sua Etnopsiquiatria dos Mohave dos Estados Unidos.

Nem todos, é evidente, têm uma mente cultural assim formada, contudo os dados demonstram haver mais do que nós sabíamos ou gostaríamos de saber. Urge também destrinçar quando se fala de felonia ou de ritual.

Felonia que entre nós, é, actualmente, punida, a partir da reforma do Código Penal de 2007.

Mente da criança, abuso das mesmas, sobretudo nestes dias em que nos visita Ratzinger, quem parece ocultar crimes de sacerdotes contra crianças, ou em que no Norte do nosso País há feridas na mente cultural causada por Sacerdotes, não me permitiam calar a boca nem deixar de escrever este texto.
publicado por Carlos Loures às 15:00
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Sexta-feira, 17 de Setembro de 2010

Abusos sexuais - Crime continuado

Clara Castilho



Foi publicado no Diário da República a 40ª alteração ao Código Penal, incidindo no artº 30º. No seu ponto 3ª estabelece que a atenuação constante do nº anterior não poderá ser aplicada quando estiverem em causa crimes contra bens eminentemente pessoais.

Tinham-me telefonado a dar a notícia com grande alegria. Fui para a net procurar “crime continuado” – forma como abordávamos o assunto, em especial no que se refere a abusos sexuais. E nada! Li o Diário da República e confesso que fiquei na mesma. A linguagem jurídica, de facto, é um enigma para nós, “simples” cidadãos.

Tive que recorrer a amigos que telefonaram para a Assembleia da República…

E então é assim: Foi publicada no Diário da República a Lei nº 40/2010, que pelo seu artº 4º, altera o artº 30º do Código Penal. O nº 3 passou a ter a seguinte redacção: “O disposto no nº anterior não abrange os crimes praticados contra bens eminentemente pessoais”.

Esta disposição afecta particularmente crianças e mulheres, visto que crimes como «os abusos sexuais ou a violência doméstica» teriam uma «atenuante» se praticados sobre a mesma vítima. E agora já não têm!

Esta alteração foi apresentada ao Parlamento pelo PSD, tendo sido aprovada pelos deputados deste partido e pelos do PS.

Vamos ver, na prática, ou seja, quando chega a decisões em tribunal, como é que se vai interpretar este artigo. Ainda há muitos técnicos com receio de darem a cara, de fazerem denúncias ou sinalizações, com receio de:

- represálias dos pais das crianças (oiço este receio vezes sem conta quando reúno com instituições da comunidade);

- serem admoestados se “apanharem” certos juízes ( caso do Dr. Pedro Strech, num Tribunal em Setúbal)

- serem objecto de processos que os condenem a pagamento de multas (caso da Procuradora Dulce Rocha a quem um juiz de algures pôs um processo, cujo desfecho se encontra à espera no Tribunal da relação…)



Esta alteração poderá vir a ser mais um contributo para a reposição de justiça em determinados casos. Valeu a pena a insistência do Instituto de Apoio à Criança, da Associação Portuguesa de Mulheres Juristas e a Associação de Juízes para a Cidadania.
publicado por Carlos Loures às 09:00
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Sábado, 4 de Setembro de 2010

Pedofilia - a hipocrisia acabou!

Luís Moreira

Com a leitura da sentença já sabemos que foram dados como provados vários crimes de índole pedofila em que foram vítimas alunos da Casa Pia. Já ninguem pode dizer que não sabe, muito especialmente quem tutela, aos vários níveis, a instituição centenária que tantas figuras de grande nível tem dado à sociedade.

Não vale a pena fazer de conta que não vemos as "bombas" que circulam no Parque Eduardo VII ou em Belém, com esposos amantíssimos a ceder à miséria moral antes de se acolherem nos braços da família. Nem será normal que uma secretária de estado com a tutela da Casa Pia, esconda numa gaveta fotos de gente muito importante, fotos que nunca apareceram, o que é deveras curioso, sendo a tal senhora representante do Vaticano para a Família, cá no país nessa altura. Não é boato ouvi a senhora em directo dizer isto mesmo na televisão.

Carlos Cruz já veio dizer que vai revelar alguns nomes de gente de partidos políticos envolvida sexualmente com crianças, é preciso saber se é uma bravata ou uma tentativa de amedrontar gente com poder e condicionar o Tribunal.

Demorou demais, mas a maioria de nós não acreditava que a Justiça chegasse tão longe,honra seja feita a quem não tem medo e se orgulha da sua nobre função, talvez os que se enrolam nas curvas das mordomias e na tentação de lugares de nomeação política, perceba que a sua função é a mais nobre de todas.

É uma página que se voltou, uma página onde um país inteiro se enxovalhou,à conta dos brandos costumes, não havia pedofilos em Portugal, só nos países sem vergonha.

Hoje soube-se que um pedofilo no leito da morte, deixou escrita uma carta onde revela que a menina inglesa desaparecida no Algarve, foi vítima de uma organização pedofila internacional.

Assim vai este mundo e oxalá a Justiça em Portugal se livre de vez das influências nefastas. Tem 10 000 000 de pessoas do seu lado!
publicado por Luis Moreira às 13:30
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Domingo, 8 de Agosto de 2010

Escândalo Casa Pia - escândalo de julgamento.

Carlos Mesquita
O colectivo de juízes do caso Casa Pia adiou a leitura do acórdão, de 5 de Agosto para 3 de Setembro. Advogados de defesa dos arguidos dizem que o julgamento pode ser considerado nulo se não for lido o acórdão até à próxima segunda-feira dia 9, amanhã.
O processo Casa Pia já mete nojo, a expressão é grosseira mas menos abjecta que a incapacidade em se fazer justiça neste país. Nada justifica que se ande há tantos anos a arrastar um julgamento. Escrevi sobre o caso em 2002 e 2003 no jornal onde colaboro; estamos em 2010! Fiz um outro artigo sobre a pedofilia uns meses antes de rebentar o escândalo Casa Pia; tinha apresentado uma queixa na PJ numa situação de tentativa de abuso sexual de uma menor. Na altura especulava-se sobre o perfil dos pedófilos; como tive acesso com a criança, na sede da Polícia Judiciária, a um imenso arquivo de dezenas de fotografias de abusadores, suspeitos e incriminados, na tentativa de ela identificar o criminoso, pude constatar que são figuras iguais a toda a gente, bem e mal parecidas, de várias idades e profissões. Não se pode pôr as mãos no lume por ninguém, jurar a inocência ou culpabilidade seja de quem for. Sabe-se aliás que a maior parte dos atentados se dão dentro ou próximo da família e com quem lida em proximidade com crianças. Depois voltei ao tema porque se andava a desculpabilizar o abuso sexual de menores, dando exemplos de escritores e seus “casos de amor” e até de obras literárias como Lolita, de Nabokov. Na verdade é relativamente recente a critica social do abuso de menores; como dizia a Clara Castilho num comentário a um post anterior “ as organizações de defesa dos animais, contra os maus-tratos, começaram nos EUA antes das de defesa das crianças”.

Confirmou-se que apesar da satisfação popular, a descoberta da rede de pedofilia da Casa Pia não serviria de emenda a outros criminosos; novos casos vêm sucedendo, demonstrando que a pedofilia é assunto complicado que não se resolve apenas com repressão. Do que disse há anos uma frase provou-se quase em absoluto. “Aqueles que apoiam as crianças abusadas bom serviço lhes prestariam, se os tivessem avisado que o processo é complexo e moroso, e pode dar em nada como na Bélgica”. Para dar em nada só precisa prescrever como já previu o bastonário Marinho Pinto, ou como agora se ameaça, que a prova do processo seja considerada nula. O julgamento corre o risco de voltar ao inicio deitando 5 anos de diligências ao lixo, e sabe-se que as sucessivos incidentes processuais, suscitando irregularidades e nulidades provocam recuos no processo. Um julgamento com 800 testemunhas, em que 4 arguidos ocupam 70 sessões a falar, e com constantes batalhas e imbróglios jurídicos pelo meio, mais 5 regimes legais sobre crimes sexuais para aplicar, pode ser interminável. Os intervenientes judiciários, todos sem excepção, e os legisladores, parecem querer provar aos portugueses que o Direito não serve a Justiça.

publicado por Carlos Loures às 11:00
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Terça-feira, 18 de Maio de 2010

Esponsais da culpa

Pedro Godinho

Pela importância das mesmas e de quem as proferiu, as palavras do sumo pontífice da Igreja Católica, no voo de Roma para Lisboa do passado 11 de Maio, em resposta aos jornalistas sobre os casos de pedofilia clerical, merecem registo para memória e exigência da consequente acção do próprio, correligionários e discípulos:

“Os ataques contra a Igreja e o Papa não vêm apenas do exterior, os sofrimentos vêm do interior da Igreja, do pecado que existe na Igreja.

Isso foi sempre sabido, mas hoje vemos de modo realmente aterrador: que a maior perseguição da Igreja não vem de inimigos externos, mas nasce do pecado na Igreja, e que a Igreja, portanto, tem uma profunda necessidade de reaprender a penitência, de aceitar a purificação, de aprender por um lado o perdão, mas também a necessidade de justiça. O perdão não substitui a justiça.”

Joseph Ratzinger, Bento XVI, Papa para a Igreja Católica

11 Maio 2010
publicado por Carlos Loures às 09:00
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.Carta aberta de Júlio Marques Mota aos líderes parlamentares

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