Sábado, 9 de Julho de 2011

Ùltimas Conclusões da Comissão de Inquérito sobre a Crise Financeira A Comissão Pecora II

enviado por Julio Marques Mota
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Conclusão nº 8
 

• Concluímos que os produtos derivados negociados fora da Bolsa, os produtos OTC, contribuíram significativamente para  esta crise.
A promulgação de legislação em 2000 que bania    a regulamentação por ambos os governos, federal e estadual,  sobre os produtos derivados OTC ,  over-the-counter ,  foi um momento decisivo na marcha em direcção à crise financeira.

 

A partir das empresas financeiras, para os agricultores e para os investidores, os produtos derivados  têm sido usados ​​para se protegerem contra ou para  especular sobre  as variações  de preços, das taxas ou dos  índices ou até mesmo de  eventos como o incumprimento potencial de dívidas.  No entanto, sem qualquer supervisão, os derivados OTC rapidamente saíram  do controle e do alcance dos supervisores , crescendo para 673 milhões de milhões de  dólares em valor nocional ou de referência Neste relatório falaremos sobre   a alavancagem descontrolada, a falta de transparência assim como  de  capital  e de requisitos  de garantia; falaremos sobre a  especulação; sobre as  interconexões entre firmas  e  sobre as concentrações de risco neste mercado.

 

Os derivados OTC contribuíram para a crise de três maneiras bem significativas. Em primeiro lugar, um tipo dado tipo de  derivados - os Credit Default Swaps,  os CDS - , alimentou a cadeia da titularização das  hipotecas. Os CDS foram vendidos a investidores para se protegerem  contra o eventual incumprimento  ou contra  a queda do   valor de activos que lhes estavam subjacentes, o colateral dos  créditos  de risco que foram titularizados  . As  empresas venderam protecção, e como ideia foi  da ordem de 79 mil milhões de dólares, no caso da AIG, aos investidores nestas hipotecas o último grito em títulos , ajudando a lançar e expandir o mercado e, por sua vez, para continuar a alimentar a bolha imobiliária.

Em segundo lugar, os CDS foram essenciais para a criação de CDOs sintéticos. Estes CDOs sintéticos são simplesmente  apostas sobre o resultado de  activos reais ligados às  hipotecas. Eles ampliaram as perdas com o colapso da bolha da habitação, permitindo que fossem feitas múltiplas apostas sobre os mesmos  títulos e  ajudaram a espalhá-los por  todo o sistema financeiro.  A Goldman Sachs  por si-só   embalou  e vendeu 73 mil milhões em CDOs sintéticos de 1 de Julho de 2004  a 31 de Maio de 2007.  Os CDOs sintéticos criados por Goldman Sachs  tinham como  referência  mais de 3.400 títulos hipotecários  e 610 deles foram referenciados pelo menos duas vezes. Isto é um aparte sobre  quantas vezes esses títulos podem ter sido referenciado em CDOs sintéticos criados por outras instituições financeiras do mesmo género.

 

Finalmente, quando a bolha imobiliária estourou e se seguiu a crise, os produtos derivados ocuparam o centro da tempestade.  A seguradora AIG, que não tinha sido obrigado a fazer reservas de protecção para os riscos que estava a assumir , a protecção que estava a vender,  foi resgatada quando esta já  não podia cumprir as suas obrigações. O governo finalmente envolveu mais de  180 mil milhões, devido ao medo existente de que  o colapso da AIG  pudesse provocar  perdas em cascata em todo o sistema financeiro global. Além disso, a existência de milhões de contratos de produtos  derivados de todos os tipos entre instituições financeiras sistemicamente importantes, invisíveis  e desconhecidos  neste mercado não regulamentado, aumentaram  a incerteza e o pânico, ajudando ainda  a precipitar a assistência do governo a estas instituições.

 

Conclusão nº 9

 

 • Concluímos que as falhas das agências de notação de crédito foram peças essenciais  na engrenagem  da  destruição financeira.

 

As três agências de rating de crédito foram os principais elementos catalisadores da crise financeira. Os títulos colateralizados com as  hipotecas estão no centro  da crise  e estes não poderiam ter sido comercializados e vendidos sem o selo da sua  aprovação. Os investidores confiavam neles , muitas vezes cegamente. Nalguns casos, eles eram obrigados a usá-los, ou as normas regulamentares   sobre capital faziam que dessas agencias de  dependesse . Esta crise não poderia ter acontecido sem as agências de rating.   As suas avaliações ajudaram o mercado a disparar  e a descida das suas notas ao longo de  2007 e 2008 causou estragos em todos os mercados e firmas.

No nosso relatório, será analisada as   falhas de Moody’s, que foi examinada pela Comissão como um estudo de caso. De 2000 a 2007, a Moody’s  avaliou  cerca de 45.000 títulos relacionados com hipotecas com a classificação de  triplo-A. Isto, pode-se  comparar  com seis empresas do sector privado que nos Estados Unidos obtiveram  esta cobiçada classificação no início de 2010. Só em 2006, a Moody’s colocou o seu selo de aprovação com triplo-A em 30  activos ligados a hipotecas por cada dia de trabalho. Os resultados foram desastrosos: 83% dos títulos hipotecários avaliados com o selo de  triplo-A daquele ano, baixaram depois de notação.

Se lermos  também sobre as forças que  estão por detrás  das falhas de  Moody’s, incluindo os modelos de computador que estavam inadaptados   , estão a pressão de empresas financeiras  que pagavam  as classificações, a  luta  implacável pelo aumento das quotas de mercado , a falta de recursos para fazer o trabalho, apesar  dos lucros recordes, assim como a ausência de supervisão pública significativa. E pode-se bem entender  que sem a participação activa das agências de rating, o mercado de títulos colateralizados pelas hipotecas  não poderia ter sido aquilo em  que se tornou.
* *

publicado por Luis Moreira às 20:00
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Quinta-feira, 7 de Julho de 2011

Conclusões da Comissão de Inquérito sobre a Crise Financeira (nºs 4,5) A Comissão Pecora II

enviado Julio Marques Mota

Conclusão nº 4
• Concluímos que houve uma combinação de endividamento excessivo, de investimentos de risco, e de  falta de transparência que em conjunto colocaram  o sistema financeiro  em rota de colisão com a crise.

 

Claramente, esta vulnerabilidade está relacionada com as  falhas de governança  ao nível das empresas e da  regulação, mas é significativamente suficiente  por si só para justificar aqui a nossa atenção.

 

Nos anos que antecederam a crise, muitas instituições financeiras, bem como muitas famílias, endividaram-se ao máximo, deixando-os assim vulneráveis ​​a problemas financeiros ou mesmo sujeitos a irem para a ruína se o valor dos  seus investimentos caísse  ainda que  modestamente. Por exemplo, a partir de 2007, os cinco grandes bancos de  investimento Bear Stearns, Goldman Sachs, Lehman Brothers, Merrill Lynch e Morgan Stanley, estavam a trabalhar com  capital próprio extraordinariamente baixo .                                                                                                             

 

Por uma das formas como esta   relação é calculada,  os seus rácios de alavancagem foram tão elevadas como 40-1, ou seja, para cada 40 dólares em activos, havia apenas US $ 1 em capital para cobrir as perdas. Uma descida mesmo inferior a  3% nos valores dos activos poderia acabar com uma empresa. Para piorar ainda mais a situação, grande parte do  seu endividamento era de curto prazo, no mercado overnight, ou seja, os seus  empréstimos tinham diariamente que ser renovados .                                                                                                                                

 

Por exemplo, no final de 2007, o Bear Stearns tinha  11,1 mil milhões  de dólares em capital e 386,6 mil milhões de dólares em responsabilidades,  tinha em  empréstimos cerca de  70 mil milhões no  mercado overnight. Isto era  equivalente a uma pequena empresa com $ 50,000 de património que fosse contrair um  empréstimos  de US $ 1,6 milhões, com   296.750 dólares de empréstimo overnight, mobilizáveis diariamente. Não se pode realmente perguntar "O que é que eles estavam a pensar?"  Quando até parece que havia muitos deles que estavam a pensar  da mesma forma.

E a alavancagem foi muitas vezes escondida através de  posições sobre produtos derivados , em itens fora do balanço, e através de "vitrina" de relatórios financeiros disponíveis para o público investidor.

Os reis de alavancagem foram Fannie Mae e Freddie Mac, as duas empresas monstras , empresas patrocinadas pelo Estado  (GSEs). Por exemplo, até ao final de 2007, Fannie e Freddie o ratio de  alavancagem combinada, incluindo empréstimos que possuíam e garantias , situou-se em 75-1.
Mas as empresas financeiras não estavam sozinhos nesta  farra dos  empréstimos: de 2001 a 2007, a dívida nacional hipotecária quase duplicou, e a quantidade de dívida hipotecária por família subiu  mais de 63% a partir de 91.500 dólares para 149.500 dólares, e isto quando  os salários tinham basicamente estagnado .Quando a crise imobiliária apareceu , as empresas financeiras e as famílias altamente endividadas foram duramente atingidas.

 

A pesada dívida assumida por algumas instituições financeiras foi agravada pelos  activos de risco que eles estavam a adquirir  com essa dívida. Como o  mercado de hipotecas e do imobiliário estava agitado  tornava os empréstimos mais arriscados e de maior risco, muitas instituições financeiras carregavam  nos encargos e remunerações destes . Até ao final de 2007, o Lehman tinha acumulado  111 mil milhões de dólares em habitações comerciais e residenciais como activos imobiliários e em  títulos, o que representava  quase o dobro dos seus valores  sobre que tinha trabalhado  apenas dois anos antes  e representava mais de quatro vezes o seu património total.                                                                     

 

E, de  novo,  o risco não estava a ser  assumido  apenas pelas grandes  firmas financeiras , mas também pelas famílias. Aproximadamente  um em cada 10 mutuários em 2005 e 2006 contraiu    empréstimos com "a opção ARM", (aquisição de casa a taxa de juro variável)  o que significava que poderia escolher  efectuar  pagamentos mensais tão baixos quanto subia o valor das  suas casas hipotecadas.

 

Dentro do sistema financeiro , os perigos desta dívida foram ainda ampliados porque a transparência não era nem  necessária nem  desejada. Dívida enormíssima,  de empréstimos de curto prazo, combinada com as obrigações  não visíveis para os outros agentes no mercado, aumentou assim as possibilidades de o sistema poder  rapidamente se desfazer. Na primeira metade do século 20, nós criámos uma série de protecções - o Federal Reserve como um emprestador de última instância, o seguro federal para os  depósito, amplos regulamentos para fornecer um protecção contra as situações de  pânico que tinham  regularmente flagelado o sistema bancário da América  no século XIX.                                                              

 

 

publicado por Luis Moreira às 20:00
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