Sábado, 30 de Abril de 2011

A EDIFICAÇÃO DOS SONS E A ARTE SÓLIDA PARA PAUL VALÉRY, por José de Brito Guerreiro

 

 

 

 

 

 


 

 

Paul Valéry (1871-1945), filósofo, poeta, ensaísta e escritor francês, na obra Eupalinos ou l’Architecte, publicada em 1921, desenvolve uma teoria sobre a Arquitectura como a forma artística mais próxima da Música. O autor reflecte sobre as correspondências que existem entre ambas as artes. Ao aplicar conceitos estabelecidos e reconhecidos a nível musical à teoria arquitectónica, observa-se que o que é evidente num campo pode ser uma grande descoberta no outro. A Arquitectura e a Música são descritas como artes capazes de produzirem espaços.

 

Valéry imagina um diálogo entre o filósofo Sócrates (c. 469-399 a. C.) e um dos seus discípulos, o fabulista Fedro (c. 15 a. C. - c. 50 d. C.). Este último conta que o arquitecto grego Eupalinos de Mégara (séc. VI a. C.), seu amigo, divide os edifícios entre aqueles que são “mudos”, aqueles que “falam” e aqueles que “cantam”, e assim discerne a sua arte das outras vulgares construções. 

 

 

 

 

 

Os edifícios que nada “falam” ou “cantam” merecem desdém: «São coisas mortas, inferiores, na hierarquia, aos montões de pedra vomitados pelas carroças dos empreiteiros».

 

Os edifícios que “falam” são dignos de estima e representam as instituições humanas, como os mercados, os tribunais, as prisões, as praças, os pórticos ou os portos e diques: «Aqueles portos, dizia o meu amigo, aqueles vastos portos, que claridade propõem ao espírito! Como desenvolvem as sua partes! Como descendem para a sua tarefa!»

 

Paul Valéry | Auto-retrato

 

Quanto aos edifícios que “cantam”, os mais raros, são concebidos como sonho mais do que como ciência, ­ pois da análise não se passa ao êxtase:

 

«E quando falaste (o primeiro, e involuntariamente) de música a propósito do meu templo, divina foi a analogia que te visitou. (...) monumentos, cuja figura venerável e graciosa participe directamente da pureza do som musical, ou devesse comunicar à alma a emoção de um acorde inesgotável...»

 

Sócrates interessa-se pelos edifícios que "cantam" e compara a Arquitectura com a Música: «quero escutar o canto das colunas, e figurar-me no céu puro o monumento de uma melodia. Esta imaginação conduz-me muito facilmente a pôr de um lado, a Música e a Arquitectura; e do outro, as outras artes.» Diz que as duas artes criam espaços de puro envolvimento emocional sem intermediações, ao contrário da pintura, que «não cobre mais do que uma superfície» e precisa da imagem para criar este espaço: «E esses momentos e os seus ornamentos; e essas danças sem dançarinas, e essas estátuas sem corpo nem rosto (contudo tão delicadamente desenhados), não pareciam rodear-te, tu, escravo da geral presença da Música?» Continua Sócrates: «Há, pois, duas artes que encerram o homem dentro do homem, ou melhor, que encerram o ser na sua própria obra. (...) Por duas artes, é o homem de dois modos envolvido por leis e vontades interiores, figuradas numa ou noutra matéria, a pedra ou o ar.»

 

Fedro observa: «Bem vejo que a Música e a Arquitectura têm ambas para nós este profundo parentesco.»

 

Sócrates desenvolve: «Um corpo belo faz-se contemplar por si mesmo, e oferece-nos um momento admirável: é um detalhe da natureza, que o artista deteve por milagre. Mas a Música e a Arquitectura fazem-nos pensar em qualquer outra coisa que não elas mesmas; estão no meio deste mundo, como monumentos de um outro mundo; ou bem como os exemplos, aqui e ali disseminados, de uma estrutura e de uma duração que não são as dos seres, mas das formas e das leis. Parecem dedicadas a recordar-nos directamente, uma, a formação do universo, a outra, a sua ordem e estabilidade; invocam as construções do espírito, e a sua liberdade, que busca esta ordem e a reconstitui de mil modos; negligenciam pois as aparências particulares de que o mundo e o espírito se ocupam ordinariamente: plantas, animais e pessoas... Até, observei, às vezes, ao escutar a música, com uma atenção igual à sua complexidade, que já não percebia, de certo modo, os sons dos instrumentos como sensações do meu ouvido. A própria sinfonia fazia-me esquecer o sentido auditivo. Alterava-se tão prontamente, tão exactamente, em verdades animadas e em universais aventuras, ou ainda em abstractas combinações, que eu já não tinha conhecimento do intermediário sensível, o som.»

 

Sócrates conclui: «Impor à pedra, comunicar ao ar, formas inteligíveis; não pedir emprestado senão pouca coisa aos objectos naturais, não imitar senão o menos possível, eis o que é comum às duas artes.»

 

Eupalinos ou l’Architecte, este belo diálogo imaginário entre Sócrates e Fedro, é hoje uma das mais importantes reflexões sobre o processo de criação artística.

 

Trinta anos antes de escrever Eupalinos, Valéry desenvolveu o mesmo leitmotiv, em Paradoxe sur l’Architecte:

 

«Esta tarde quero, nestas vãs linhas que dita, junto ao sonho, o capricho, prever a estrela invisível – essa alma longínqua e desejada pela minha alma.

 

Adivinho-a musical e longo tempo enclausurada na pura solidão de seu sonho.

 

Primeiro, terá recolhido a harmonia exacta e os infinitos mágicos onde desembocam os ritmos, nas ondas trémulas e profundas desdobradas pelos grandes sinfonistas, Beethoven ou Wagner. Pois subtis analogias unem a irreal e fugitiva edificação dos sons, à arte sólida, por que formas imaginárias se imobilizam ao sol, no pórfiro. O “herói”, combine oitavas ou perspectivas, “concebe fora do mundo”... Reúne e fecunda o que não existe nem em outra parte, nem antes que ele, e com frequência compraz-se recusando a recordação precisa da natureza. Na noite imortal, a ideia que brota como água viva abandonar-se-á virgem ao arquitecto do futuro quando, livre das coisas visíveis e dos tipos expressados, tenha encontrado o símbolo e a síntese do Universo interior que confusamente lhe inquietava; então esta vontade e este pensamento de música engrandecida “comporão” a sua criação original como uma elevada sinfonia,» – prossegue o autor, expressando a natureza abstracta da arquitectura e da música – «tão independente das aparências, tão abstraído da realidade directa, tão afastado do pensamento e dos fenómenos próximos e das ataduras da sua memória material».

 

Valéry compara a catedral Notre-Dame de Reims (séc. XIII), obra dos arquitectos franceses Jean d'Orbais, Jean le Loup, Gaucher de Reims e Bernard de Soissons (restauros de 1861-1873 e 1919-1938 pelos arquitectos franceses Eugène Viollet-le-Duc [1814-1879] e Henri Deneux [1874-1969], respectivamente), à ópera Tannhäuser (1845), do compositor alemão Richard Wagner (1813-1883): «Assim se manifestará a inexprimível correspondência, a íntima afinidade que é necessário discernir, sob os véus habituais e enganosos, entre duas “encarnações” da arte, entre a fachada real de Reims e uma certa página de Tannhäuser, entre a antiga magnificência de um grande templo heróico e um certo supremo andante ardente em gloriosas chamas.»

 

Valéry diz que «as cordas em tensão nos violinos derramam, com uma ternura sagrada, a inefável luz do vitral (...) pois os órgãos litúrgicos construem para os sonhos cúpulas em safiras e enormes abóbadas cheias de estrondo; mas as flautas lançam-se como gráceis colunas, tão altas que as coroa uma vertigem, e outros instrumentos e as vozes humanas parecem cintilar, a fim de iluminar o coro balsâmico e nocturno».

 

O autor refere que para se percepcionar a relação entre a arquitectura e a música é importante uma cuidada observação: «Tais são as magnificências latentes sob as formas melódicas, tais são as riquezas abertas para quem tenha a inteligência matemática das relações mais longínquas, para quem saiba liberar as linhas, discernir as curvas, evocar as cores significativas que uma sinfonia contém e expressam os instrumentos, dóceis aos grandes artistas. Enfim, por esta vontade sairá da terra o monumento tangível e visível, projectado na matéria depois de ter deslumbrado o misterioso país onde os anjos o construíram com santas harmonias.»

 

Para o grande pensador Paul Valéry, o verdadeiro valor da poesia pura reside na harmonia arquitectónica e musical da forma e na precisão do estilo.

 

Da atenção de Valéry a qualquer forma, do estudo das obras dos arquitectos Vitruvius (séc. I a. C.) e Viollet-le-Duc (1814-1879), cujos flamejantes impulsos góticos e detalhes de ornamentos exercitava-se em copiar, sendo adolescente, nasceu e se afirmou uma particular atracção pela arquitectura, que lhe conduziu à busca das suas relações de semelhança com a música, «Pois subtis analogias unem a irreal e fugitiva edificação dos sons, à arte sólida».

 

 

publicado por João Machado às 15:00
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Sexta-feira, 15 de Outubro de 2010

Fotopoemas - A en Joquim Vilà, company, amic, germà

Poema de Josep Anton Vidal e
Fotografia de José de Magalhães


Ce toit tranquille, où marchent des colombes...
[...]
Éloignes-en les prudentes colombes,
les songes vains, les anges curieux!”

Paul VALÉRY: Le Cimetière marin


Mentre el dia s’adorm –potser per sempre–
en la llum taciturna de la tarda,
d’aquest teulat tranquil, d’on els coloms s’envolen,
l’aire s’endú les cendres
fredes d’un somni antic.

Havíem parlat tant... De tantes coses...

Veníem del silenci, de la nit,
de llargues travessies per ermots dessolats,
i dúiem el sarró ple d’esperances,
de paraules inèdites, de somnis no estrenats.

Als peus de l’olivera centenària
llegíem els poetes que estimàvem
i parlàvem de tot, hores i hores,
com augurs d’un temps nou, guerrers a la conquesta
de somnis i utopies, armats amb la paraula.

Tot era nou i bell en la nostra mirada,
fins els mots i els accents dels versos més antics.
I era tanta la nit,
que amb una espurna ens fèiem una albada.

 Delerós de camins impossibles,
vas marxar a la impensada...

Em van quedar tantes coses per dir-te
i eren tantes les coses que m’havies de dir...!

Porto pols de paraules enganxada a la pell,
als nervis, a la sang, al pensament.
Se m’han mort les paraules de no dir-te-les.

Tot ha passat. És pols.
Ja ni el record serveix.

D’aquest teulat tranquil d’on els coloms s’envolen
s’aixequen somnis nous.
Tu no els veuràs
i potser jo tampoc. Ara, però, la tarda,
amb la claror serena del ponent
ressuscita un moment les paraules perdudes
i em retorna els accents de la vella conversa
barrejats amb els versos d’algun poeta amic...

Cerco la teva veu i sento un batec d’ales...

No saps què donaria perquè fossis aquí!
publicado por Carlos Loures às 10:00
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Segunda-feira, 5 de Julho de 2010

Acabar com o trabalho – maneira de acabar com o desemprego

Carlos Loures


Há uns anos atrás, estava em Barcelona e, convidado por um colega catalão, tive ocasião de assistir no Centre d'Estudis i Recursos Culturals a uma intervenção do ensaísta e geneticista francês Albert Jacquard (1925) integrada numa jornada de debate interdisciplinar sobre o desenvolvimento territorial a partir das relações entre educação, acção meio-ambiental e cultural. Ouvira já falar de Jacquard,. Na minha profissão tudo nos passa pelas mãos, milhares de nomes, de conceitos, de A a Z, pois organizar enciclopédias a tal obriga. O que, embora nos dê o ar de idiots savants, não significa que saibamos tudo isso. Era o que faltava.

Confesso que Jacquard para mim pouco mais era do que um nome. A partir desse dia, deixou de ser assim. Este texto resulta das notas que tomei e que reforcei com a leitura da entrevista que, no dia seguinte, Jacquard deu, salvo erro, ao La Vanguardia e onde pude colher elementos que me tinham escapado na véspera. Não tenho a pretensão de reproduzir textualmente o que o sábio disse, mas sim de resumir o sentido daquilo que disse. Remeto-vos para a leitura dos seus livros, alguns dos quais estão traduzidos em português.

Começou a sua intervenção com uma citação de Paul Valéry - «Le temps du monde fini commence» (1). Agora que fomos à Lua, pudemos ver como a Terra é pequena, disse depois. Em contrapartida, a população não pára de crescer. Dentro de um século seremos dez mil milhões. Temos de reflectir como poderão essas pessoas viver neste pequeno planeta e, para isso, temos de ser lúcidos. A ciência trar-nos-á essa lucidez, pois permite compreender como se fabrica um indivíduo a partir do património genético.

Temos de saber ver a nova realidade do mundo. Somos quatro vezes mais do que éramos no princípio do século XX. Se procedermos sem reflectir, desembocaremos na destruição da humanidade ou, em alternativa, na supressão de toda a liberdade. Temos de administrar criteriosamente os recursos do planeta, não podemos ter tantos filhos. Numa Terra pequena tem de se limitar a natalidade.

Quanto ao envelhecimento da população, isso, segundo Jacquard, não é um mal. A velhice traz mais experiência. Veja-se, cada vez há menos trabalho porque há mais robots. Quando houver mais pessoas com mais de 65 anos do que jovens, terá de haver uma adaptação a essa realidade. O objectivo da vida humana não é trabalhar, mas sim desenvolver-se e isso pode fazer-se em qualquer idade. Isto é uma utopia, mas estamos condenados à utopia, afirmou. Os utópicos mais fantasiosos são os que vêm o mundo daqui a cem anos como uma projecção do actual. Ao contrário, os mais realistas são o que o vêm diferente. E uma vez que assim será, mais vale imaginá-lo.

Sobre o preocupante problema do crescente desemprego, Jacquard fez uma afirmação surpreendente - O ideal é que não haja trabalho. O problema do desemprego será resolvido quando ninguém trabalhar. Hoje, para produzir alimentos ou viaturas, precisa-se de cem vezes menos trabalho do que há um século. Devíamos ter cem vezes mais tempo livre. Não soubemos aumentar os tempos livres. E os tempos livres são o tempo que se dedica à cultura.

Jacquard fez parte durante quatro anos do Comité Nacional de Ética onde discutiu a questão da manipulação genética a qual, na sua opinião, foi até agora benéfica. Permitiu avançar na investigação sobre o ADN e começar a curar mais eficazmente certas doenças. Pode também desembocar em aplicações perigosas. Deve proibir-se essas aplicações, sem bloquear a investigação. A clonagem humana, por exemplo, embora tecnicamente possível, é uma abominação. Um êxito técnico ou científico pode constituir uma catástrofe humana.

Enfim, segundo Jacquard, não estamos inevitavelmente condenados ao caos e à catástrofe. A superpopulação, a escassez de recursos do planeta e temas mais imediatos como o desemprego, têm solução. O nosso futuro depende daquilo que fizermos hoje. Um dos aspectos que me seduziu na argumentação do ensaísta francês, mais do que este optimismo, foi a sua consistente defesa de uma sociedade futura menos voltada para o consumo e mais evoluída culturalmente, com uma consciência colectiva que ultrapasse interesses pessoais, de classe, de género, etnia, de religião ou quaisquer outros. Mais pobre materialmente e mais rica humanisticamente., regredindo do ponto de vista da posse de bens individuais e evoluindo no sentimento de pertença a uma comunidade de milhares de milhões de pessoas. Mais voltada para o ser do que para o ter. A sua teoria de um «decrescimento sustentável», baseia-se na tomada de consciência de que o crescimento descontrolado das economias conduzirá, com o aumento exponencial da população, ao caos social e ao extremar das desigualdades, dado que os recursos do planeta são limitados, finitos..

_____________________

(1)- Toute la terre habitable a été de nos jours reconnue, relevée, partagée entre des nations. L’ère des terrains vagues, des territoires libres, des lieux qui ne sont à personne, donc l’ère de libre expansion est close. Plus un roc qui ne porte un drapeau; plus de vides sur la carte, plus de région hors des douanes et hors des lois, plus une tribu dont les affaires n’engendrent quelque dossier et ne dépendent, par les maléfices de l’écriture, de divers humanistes lointains dans leurs bureaux. Le temps du monde fini commence. Le recensement général des ressources, la statistique de la main-d’œuvre, le développement des organes de relation se poursuivent. Quoi de plus remarquable et de plus important que cet inventaire, cette distribution et cet enchaînement des parties du globe ? Leurs effets sont déjà immenses. Une solidarité toute nouvelle, excessive et instantanée, entre les régions et les événements est la conséquence déjà très sensible de ce grand fait. Nous devons désormais rapporter tous les phénomènes politiques à cette condition universelle récente, chacun d’eux représentant une obéissance ou une résistance aux effets de ce bornage définitif et de cette dépendance de plus en plus étroite des agissements humains. Les habitudes, les ambitions, les affections contractées au cours de l’histoire antérieure ne cessent point d’exister, - mais insensiblement transportées dans un milieu de structure très différente, elles y perdent leur sens et deviennent causes d’efforts infructueux et d’erreurs. »






[Paul Valéry, Regards sur le monde actuel, 1945]
publicado por Carlos Loures às 12:00
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