Sexta-feira, 25 de Março de 2011

Cantinflas na ONU

 

 

 

 

 

 


(Representando um país hipotético – a República dos Cocos). Cenas do filme mexicano Su Excelencia, realizado por Miguel M. Delgado(1967)com Mario Moreno (“Cantinflas”) no principal papel.

 

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Tive a sorte de ser o último orador, o que muito me agrada, pois assim apanho-vos já cansados. Sei que, apesar da insignificância do meu país – que não tem poder militar, nem político, nem económico, e muito menos poder  atómico, todos os Senhores esperam com grande interesse as minhas palavras já que, do meu voto, depende o triunfo dos Verdes ou dos Vermelhos.

 

 

Senhores Representantes:

 

Estamos a atravessar um momento crucial em que a humanidade enfrenta a própria humanidade. Estamos a viver um momento histórico em que o homem: científica e intelectualmente é um gigante, mas moralmente é um pigmeu.

 

 

A opinião pública mundial está tão profundamente dividida em dois grupos aparentemente irreconciliáveis, que se dá a circunstância de um só voto; o voto de um país fraco e pequeno poder fazer com que a balança penda para um ou para o outro lado. Estamos, portanto, numa grande armadilha. Com um lado ocupado pelos Verdes e com o outro ocupado pelos Vermelhos. E chego eu, um peso-pluma, e do lado que me colocar, para lá penderá a balança! Digam-me por favor - Não acham que é muita responsabilidade para um só cidadão?

 

E porque também não considero justo que a metade da humanidade – seja qual for ela – venha a ser condenada a viver sob um regime político e económico que não é do seu agrado, somente porque um frívolo embaixador votou – ou que o tenham feito votar – num sentido ou no outro. E é por isso, que este vosso amigo que vos fala..., eu..., não votarei em nenhuma das duas teses (ouvem-se vozes de protesto no plenário).

 

E não votarei em nenhuma das duas teses, por três razões: Primeira, porque – repito - não seria justo que um voto de um só representante – que poderia neste momento estar doente do fígado – venha a decidir os destinos de cem nações;

 

 

 

publicado por João Machado às 15:00
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Terça-feira, 8 de Março de 2011

No dia da Mulher lembremos a Declaração Universal dos Direitos do Homem – por Carlos Loures

 

 

Por respeito para com as mulheres, que constituem, mais ou menos, metade da Humanidade, recuso-me a celebrar o Dia da Mulher. Nem sequer me parece fazer sentido recordar neste dia as que lutaram pela igualdade perante a Lei – faz sentido é recordá-lo todos os dias, nunca esquecermos que os seres humanos, sem divisões de género, têm direitos inalienáveis apenas pelo facto de terem nascido. E que pela conquista desses direitos muitas pessoas têm sido mortas.

 

Vou apenas lembrar alguns artigos da Declaração Universal dos Direitos do Homem adoptada pela Assembleia  Geral da ONU em 10 de dezembro de 1948- Logo no primeiro se diz: «Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.» E no segundo; «Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação.»

 

No terceiro afirma-se que «Todo o indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal» e no quarto que «Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a escravatura e o trato dos escravos, sob todas as formas, são proibidos.» Em complemento o quinto diz que «Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes.»O s+étimo reforça: «Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual protecção da lei. Todos têm direito a protecção igual contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação»

 

No décimo sexto afirma-se que «A partir da idade núbil, o homem e a mulher têm o direito de casar e de constituir família, sem restrição alguma de raça, nacionalidade ou religião. Durante o casamento e na altura da sua dissolução, ambos têm direitos iguais.  O casamento não pode ser celebrado sem o livre e pleno consentimento dos futuros esposos. A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e tem direito à protecção desta e do Estado».

 

No vigésimo quinto «Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e tem direito à segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade.» e «A maternidade e a infância têm direito a ajuda e a assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimónio, gozam da mesma protecção social».

 

As mulheres, por certo, não querem ter mais direitos do que os homens – querem ter os direitos que o facto de fazer parte da Humanidade lhes confere. As mulheres não precisam de dias que as celebrem. Precisam que os seus direitos sejam respeitados todos os dias.

publicado por Carlos Loures às 12:00

editado por Luis Moreira em 07/03/2011 às 22:20
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Sexta-feira, 10 de Dezembro de 2010

A declaração universal dos direitos humanos

Carlos Loures

Comemora-se hoje o 62º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos.  O seu primeiro rascunho deve-se ao canadiano John Peters Humprey, recebendo depois contributos de muitas outras pessoas de outros países entre as quais se conta Eleanor Roosevelt. . Em 10 de Dezembro de 1948 a Assembleia Geral da ONU aprovou os seus 30 artigos. Estava ainda muito viva a recordação da 2ª Guerra Mundial, onde todos os princípios básicos da convivência entre seres humanos tinham sido barbaramente violados.

Esta declaração universal, a ser integralmente respeitada, acabaria com quase todos os males que afligem a Humanidade. Apenas vou lembrar o artigo 1: «Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade». 



A observância deste artigo 1º, impediria guerras, segregações, confrontos étnicos ou religiosos… Porém, nós, os seres humanos, temos por vezes a cabeça nas estrelas e os pés na lama – somos capazes de idealizar coisas tão belas  como a poesia de Petrarca ou de Shelley e de conceber horrores,  de espezinhar sem contemplações os belos sentimentos que, como nuvens, nos correm no pensamento, cometendo crimes hediondos como o de Hiroxima ou fabricar pesadelos como os de Auschwitz...

Hoje deixo-vos um texto pequeno.

Lede a Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
 ____________________

Declaração Universal dos Direitos Humanos

*tradução oficial, UNITED NATIONS HIGH COMMISSIONER FOR HUMAN RIGHTS
Preâmbulo

Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo;

Considerando que o desconhecimento e o desprezo dos direitos do Homem conduziram a atos de barbárie que revoltam a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que os seres humanos sejam livres de falar e de crer, libertos do terror e da miséria, foi proclamado como a mais alta inspiração do Homem;

Considerando que é essencial a proteção dos direitos do Homem através de um regime de direito, para que o Homem não seja compelido, em supremo recurso, à revolta contra a tirania e a opressão;

Considerando que é essencial encorajar o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações;

Considerando que, na Carta, os povos das Nações Unidas proclamam, de novo, a sua fé nos direitos fundamentais do Homem, na dignidade e no valor da pessoa humana, na igualdade de direitos dos homens e das mulheres e se declaram resolvidos a favorecer o progresso social e a instaurar melhores condições de vida dentro de uma liberdade mais ampla;

Considerando que os Estados membros se comprometeram a promover, em cooperação com a Organização das Nações Unidas, o respeito universal e efetivo dos direitos do Homem e das liberdades fundamentais;

Considerando que uma concepção comum destes direitos e liberdades é da mais alta importância para dar plena satisfação a tal compromisso:

A Assembléia Geral proclama a presente Declaração Universal dos Direitos Humanos como ideal comum a atingir por todos os povos e todas as nações, a fim de que todos os indivíduos e todos os órgãos da sociedade, tendo-a constantemente no espírito, se esforcem, pelo ensino e pela educação, por desenvolver o respeito desses direitos e liberdades e por promover, por medidas progressivas de ordem nacional e internacional, o seu reconhecimento e a sua aplicação universais e efetivos tanto entre as populações dos próprios Estados membros como entre as dos territórios colocados sob a sua jurisdição.

Artigo 1°

Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.

Artigo 2°

Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação. Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela, autônomo ou sujeito a alguma limitação de soberania.

Artigo 3°

Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

Artigo 4°

Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a escravatura e o trato dos escravos, sob todas as formas, são proibidos.

Artigo 5°

Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes.

Artigo 6°

Todos os indivíduos têm direito ao reconhecimento, em todos os lugares, da sua personalidade jurídica.

Artigo 7°

Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual proteção da lei.
Todos têm direito a proteção igual contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração
e contra qualquer incitamento a tal discriminação.

Artigo 8°

Toda a pessoa direito a recurso efetivo para as jurisdições nacionais competentes
contra os atos que violem os direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição ou pela lei.

Artigo 9°

Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado.

Artigo 10°

Toda a pessoa tem direito, em plena igualdade, a que a sua causa seja eqüitativa e publicamente julgada por um tribunal independente e imparcial que decida dos seus direitos e obrigações ou das razões de qualquer acusação em matéria penal que contra ela seja deduzida.

Artigo 11°

1. Toda a pessoa acusada de um ato delituoso presume-se inocente até que a sua culpabilidade fique legalmente provada no decurso de um processo público em que todas as garantias necessárias de defesa lhe sejam asseguradas.
2. Ninguém será condenado por ações ou omissões que, no momento da sua prática, não constituíam ato delituoso à face do direito interno ou internacional. Do mesmo modo, não será infligida pena mais grave do que a que era aplicável no momento em que o acto delituoso foi cometido.

Artigo 12°

Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida privada, na sua família, no seu domicílio ou na sua correspondência, nem ataques à sua honra e reputação. Contra tais intromissões ou ataques toda a pessoa tem direito a proteção da lei.

Artigo 13°

1. Toda a pessoa tem o direito de livremente circular e escolher a sua residência no interior de um Estado.
2. Toda a pessoa tem o direito de abandonar o país em que se encontra, incluindo o seu, e o
direito de regressar ao seu país.

Artigo 14°

1. Toda a pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar e de beneficiar de asilo em outros países.
2. Este direito não pode, porém, ser invocado no caso de processo realmente existente por crime de direito comum ou por atividades contrárias aos fins e aos princípios das Nações Unidas.

Artigo 15°

1. Todo o indivíduo tem direito a ter uma nacionalidade.
2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua nacionalidade nem do direito de mudar de nacionalidade.

Artigo 16°

1. A partir da idade núbil, o homem e a mulher têm o direito de casar e de constituir família, sem restrição alguma de raça, nacionalidade ou religião. Durante o casamento e na altura da sua dissolução, ambos têm direitos iguais.
2. O casamento não pode ser celebrado sem o livre e pleno consentimento dos futuros esposos.
3. A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção desta e do Estado.

Artigo 17°

1. Toda a pessoa, individual ou coletiva, tem direito à propriedade.
2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua propriedade.

Artigo 18°

Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos.

Artigo 19°

Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e idéias por qualquer meio de expressão.

Artigo 20°

1. Toda a pessoa tem direito à liberdade de reunião e de associação pacíficas.
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.

Artigo 21°

1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte na direção dos negócios, públicos do seu país,
quer diretamente, quer por intermédio de representantes livremente escolhidos.
2. Toda a pessoa tem direito de acesso, em condições de igualdade, às funções públicas do
seu país.
3. A vontade do povo é o fundamento da autoridade dos poderes públicos: e deve exprimir-se
através de eleições honestas a realizar periodicamente por sufrágio universal e igual, com
voto secreto ou segundo processo equivalente que salvaguarde a liberdade de voto.

Artigo 22°

Toda a pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social; e pode
legitimamente exigir a satisfação dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis,
graças ao esforço nacional e à cooperação internacional, de harmonia com a organização e os
recursos de cada país.

Artigo 23°

1. Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições eqüitativas
e satisfatórias de trabalho e à proteção contra o desemprego.
2. Todos têm direito, sem discriminação alguma, a salário igual por trabalho igual.
3. Quem trabalha tem direito a uma remuneração eqüitativa e satisfatória, que lhe permita e à
sua família uma existência conforme com a dignidade humana, e completada, se possível,
por todos os outros meios de proteção social.
4. Toda a pessoa tem o direito de fundar com outras pessoas sindicatos e de se filiar em
sindicatos para defesa dos seus interesses.

Artigo 24°

Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos lazeres, especialmente, a uma limitação razoável da duração do trabalho e as férias periódicas pagas.

Artigo 25°

1. Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família
a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento,
à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e tem direito à
segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros
casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua
vontade.

2. A maternidade e a infância têm direito a ajuda e a assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozam da mesma proteção social.

Artigo 26°

1. Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a
correspondente ao ensino elementar fundamental. O ensino elementar é obrigatório. O
ensino técnico e profissional dever ser generalizado; o acesso aos estudos superiores
deve estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu mérito.
2. A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao reforço dos
direitos do Homem e das liberdades fundamentais e deve favorecer a compreensão, a
tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem
como o desenvolvimento das atividades das Nações Unidas para a manutenção da paz.
3. Aos pais pertence a prioridade do direito de escolher o gênero de educação a dar aos
filhos.

Artigo  27°

1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte livremente na vida cultural da comunidade, de
fruir as artes e de participar no progresso científico e nos benefícios que deste resultam.
2. Todos têm direito à proteção dos interesses morais e materiais ligados a qualquer
produção científica, literária ou artística da sua autoria.

Artigo 28°

Toda a pessoa tem direito a que reine, no plano social e no plano internacional, uma ordem capaz
de tornar plenamente efetivos os direitos e as liberdades enunciadas na presente Declaração.

Artigo 29°

1. O indivíduo tem deveres para com a comunidade, fora da qual não é possível o livre e
pleno desenvolvimento da sua personalidade.

No exercício deste direito e no gozo destas liberdades ninguém está sujeito senão às limitações
estabelecidas pela lei com vista exclusivamente a promover o reconhecimento e o respeito dos
direitos e

2. liberdades dos outros e a fim de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar numa sociedade democrática.
3. Em caso algum estes direitos e liberdades poderão ser exercidos contrariamente e aos fins e aos princípios das Nações Unidas.

Artigo 30°

Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada de maneira a envolver para qualquer Estado, agrupamento ou indivíduo o direito de se entregar a alguma atividade ou de praticar algum ato destinado a destruir os direitos e liberdades aqui enunciados.
publicado por Carlos Loures às 12:00
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Domingo, 8 de Agosto de 2010

Breve nota sobre o chavismo

Carlos Loures

Meses atrás, no calor da luta políitica, alguém comparou José Sócrates a Hugo Chávez, advertindo para os perigos da instauração de um regime autoritário sob a égide do actual primeiro-ministro. A intenção era ofender Sócrates. A mim pareceu-me um elogio. Mas, humor ou mau-humor aparte, será que corremos o risco de ter aqui um regime populista, caudilhista? Com Sócrates ou com outro qualquer?

Com todas as suas demagogias e autoritarismos, Chávez, comparado com os políticos portugueses do chamado «bloco central» é um ser humano mais autêntico, mais digno de ser odiado ou amado. Eles, videirinhos, carreiristas, oportunistas, apenas merecem ser desprezados. São políticos descartáveis.

Quanto ao chavismo e a Chávez, com os seus excessos e gaffes, sempre tão explorados pelos órgãos de comunicação, devemos lembrar que ele é presidente de um país sul-americano, onde um regime autoritário não significa o mesmo que significaria na Europa. – o desnível social entre pobres e ricos é de tal forma escandaloso que só uma mão de ferro pode tentar manter a justiça. A democracia representativa é um regime em que os «direitos» e as «liberdades» sufocam por vezes a Liberdade e submergem o Direito. Sobretudo, uma democracia desenhada para a Europa, em circunstâncias históricas, sociais e culturais muito específicas (e mesmo assim funciona aqui no continente da forma que sabemos). Não é um modelo aplicável em todas as latitudes e em todas as situações.

A democracia é um sistema justo, igualitário e que promove a inteira liberdade de expressão. É um ideal límpido pelo qual muitos cidadãos morreram. Mas não é uma verdade incontestável nem um sistema que possa ser aplicado em todas as circunstâncias. Numa sociedade de estrutura tribal, por exemplo, a democracia não faz sequer sentido. E teremos nós, democratas europeus ou americanos, o direito de erradicar, por exemplo, o tribalismo para impor a democracia? Penso que este desejo de impor o que achamos bom para nós aos outros, tem sido, desde há muitos séculos, o erro recorrente de europeus e de norte-americanos. Uma arrogância, de britânicos no século XIX e XX, de norte-americanos em seguida, e de europeus em geral, que passando por cima dos conhecimentos antropológicos, atinge as raias da imbecilidade. 

Veja-se o caso do Iraque. Uma aliança internacional foi lá impor a democracia e derrubar um tirano – resultado: num país onde um déspota, a par da tirania, impunha ordem e alguma paz social, existe desde a «libertação» uma guerra em que morreram e continuam a morrer milhares de pessoas, um país em ruínas, um caos social e político. Não competiria aos iraquianos derrubar o tirano e implantar a democracia, se fosse essa a sua vontade? A chamada «Europa civilizada», sempre defendeu que o que castelhanos e portugueses fizeram durante os Descobrimentos e a Colonização foi errado e mesmo criminoso – impor a fé cristã pela espada (e foi!). O mesmo não se poderá dizer daquilo que europeus e norte-americanos estão a fazer pelo mundo fora, impondo a democracia como modelo único da governação dos povos?

Não estou a defender Chávez (o qual, de certo modo admiro, diga-se) estou apenas a tentar compreender o fenómeno dos regimes autoritários da América Latina. Como se explica que nas principais cidades de uma Venezuela cheia de recursos naturais, existam chabolas miseráveis a pouca distância de condomínios luxuosos? Explica-se pela exploração desenfreada, pela incontrolada acumulação de riqueza por parte de pequenos sectores da população. Explica-se porque há uma fera à solta chamada capitalismo. Quem reclama por mais liberdade? Os habitantes das chabolas? Não. Intelectuais e terra-tenentes, a gente dos bairros ricos, os fazendeiros. Os mesmos que em épocas recentes apoiaram caudilhismos de sinal oposto e que agora se converteram à democracia. Nestas condições, o que será preferível, o chavismo, com as suas prepotências, ou a «democracia» colombiana, com ligações do presidente Uribe aos cartéis de narcotráfico ou a «democracia» argentina e a fortuna que o casal presidencial Kirchner acumulou?

Um ex-ministro de Salazar disse-me uma vez uma coisa muito certa – por vezes os povos têm de escolher entre o pão e a liberdade. Ele estava a defender a política de Salazar, mas o princípio vale para outras situações. Aos que na Venezuela nada têm, para que lhes serve a liberdade de expressão? Que lhes importa que Chávez impeça as televisões de transmitir este ou aquele programa ou mesmo que feche uma estação de televisão? Para quem tem fome, o que é uma série de desenhos animados, como os Simpson, por mais de culto que seja para quem come todos os dias, comparada com um bom pão de quilo, com meia dúzia de ovos ou com um pacote de leite? Na verdade, os povos da América Latina são postos frequentemente entre o dilema de escolher entre o pão e a liberdade. Quando lhes aparece um caudilho ou um demagogo, recebem-no em delírio. Foi assim com o justicialismo de Perón e com o marxismo de Fidel. É assim com a demagogia populista de Chávez.

Em todo o caso, com todos os seus problemas, Portugal não se situa na América Latina; a classe média, no sentido lato, é maioritária – o que tem dado a vitória ao «bloco central» - o chavismo aqui estaria condenado ao fracasso, pois 20% da população a viver abaixo do limiar da pobreza não constitui uma base social de apoio suficiente para implementar um regime caudilhista. E os 80% que, uns melhor outros pior, comem todos os dias, estão-se marimbando para o facto de dois milhões de pessoas sobreviverem sabe-se lá como – e vão votando ao sabor de interesses corporativos, da crença em promessas, da simpatia que este ou aquele candidato emanam. E vão vendo o futebol, bebendo umas bejecas, mandando umas bocas, votando em gente que, de uma maneira geral, não presta… Enfim, a democracia a funcionar em pleno e em todo o seu esplendor. Ouçamos Hugo Chávez discursando nas Nações Unidas. "Necessitamos de asas para voar", diz ele. Sem dúvida.

Para voar acima do ninho de cucos em que a comunidade internacional se transformou.

publicado por Carlos Loures às 12:00
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Sábado, 31 de Julho de 2010

A liquidez do sistema financeiro internacional depende da droga

Carlos Loures

Há dias, falando com amigos, um deles disse uma coisa que me deixou a pensar - «Já repararam que quase não se fala de droga?» É verdade. A droga passou a ser falada apenas quando são apreendidas grandes quantidades. A droga que se consome deixou, aparentemente, de ser um problema – entrou na “normalidade”. Talvez este clima de normalidade em torno de algo de tão anormal, queira dizer mais do que parece. E não é preciso enveredar pela teoria da conspiração.

Há meses, em entrevista ao diário britânico «Observer», do italiano Antonio Maria Costa, máximo responsável na ONU pelo combate ao crime e ao tráfico de droga, garantiu que o sistema financeiro internacional se salvou do colapso total devido a dinheiro proveniente do tráfico de droga - «Os empréstimos interbancários foram financiados por dinheiro vindo do tráfico de droga e de outras actividades ilegais» (…)«Em muitos casos, o dinheiro da droga era a única liquidez disponível. Na segunda metade de 2008, a falta de liquidez era o maior problema do sistema bancário. Ter liquidez em capital, tornou-se num importantíssimo factor».

Segundo os cálculos deste alto responsável da ONU, o mundo do crime disponibilizou 240 mil milhões de euros para repor a liquidez do sistema financeiro internacional. «Há alguns sinais de que alguns bancos foram salvos desta maneira». Acrescentou que este dinheiro de proveniência criminosa faz agora parte do sistema, «pois já foi lavado». Os mercados do Reino Unido, Suíça, Itália e Estados Unidos, foram segundo o dirigente internacional da luta contra o tráfico, os mais utilizados na lavagem deste dinheiro proveniente do tráfico.

Em Outubro do ano passado Antonio Maria Costa alertara já para o efeito devastador do ópio afegão nas sociedades ocidentais. 92% da heroína traficada pelas máfias mundiais é produzida pela papoila daquele país. 100 mil pessoas (jovens na sua maioria), morrem por ano devido ao consumo dessa droga, mais do que qualquer outra, e muito mais do que as baixas sofridas na guerra. Este tráfico movimenta cerca de 45 mil milhões de euros por ano, sendo a maior fonte de financiamento do terrorismo internacional. «O catálogo dos horrores produzidos pelos narcóticos afegãos é grotesco», diz Costa, que afirmou que, só nos países membros da OTAN que intervêm no Afeganistão, morrem 10 mil pessoas por ano, cinco vezes mais do que a soma das baixas militares em oito anos de guerra.

O ópio afegão é utilizado como moeda de troca para obter armas que as milícias utilizam contra as tropas instaladas no país - «A implicação directa dos talibãs no tráfico de ópio, permite-lhes financiar uma máquina de guerra cada vez mais ampla e sofisticada», explicou este alto funcionário da ONU. Calcula-se que os talibãs obtenham com o ópio cerca de 106 milhões de euros.

A fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão é actualmente «a maior zona de comércio livre do mundo da droga, armas, dinheiro sujo e seres humanos», concluiu. A ONU afirma que só consegue interceptar 20% do ópio afegão, sendo a maior parte apreendida no Irão. Menos de 2% é confiscado antes de sair do país.

Um negócio e tanto.

Talvez à luz destas realidades, se compreenda mehor por que razão a droga quase deixou de ser notícia. É uma coisa tão normal, não acham?
publicado por Carlos Loures às 23:30
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Sexta-feira, 2 de Julho de 2010

Outra Constituição, outra Democracia, uma Terceira República – 45

Carlos Leça da Veiga


Só Portugal é que não podia ter colónias? (Continuação)

Se Portugal, e muitíssimo bem, teve de deixar de ter colónias e, como assim, deu um contributo muito significativo para o desenvolvimento do pensamento e da acção em prol da Democracia, a justiça internacional que daí tem de decorrer – tal como Portugal tem de insistir em defendê-lo – não pode continuar a ignorar a circunstância, bem pelo inverso, tem de saber valorizá-la e apontá-la como uma atitude política eminentemente democrática que deve ser adoptada por quaisquer outros estados.

A manutenção das dominações exercidas sobre uma número considerável de Nacionalidades que, muitas delas, não desistem de querer afirmar-se, devem ter Portugal como um seu defensor estreme. Já não interessa procurar fazer vingar a injustiça um tanto belicista e despótica do Quinto Império antevisto pelo jesuíta António Vieira, nem, tão-pouco querer dar corpo à visão simpática, porque eminentemente cultural, mau grado reaccionária do outro Quinto Império que a intelectualidade de Fernando Pessoa adivinhava para o futuro de Portugal mas sim defender aquela visão que torna a Nação - Estado portuguesa como um farol activo das Libertações Nacionais e, como assim, do regresso a uma Europa das Nacionalidades, tudo feito sem ter de olhar, muito menos respeitar, supostos direitos históricos, fossem adquiridos ou colhidos mercê de actos de dominação política, conquista militar ou, sobretudo, pelas iniquidades dum suposto direito dinástico. Poder-se-á repor a esperança dum Quinto Império?


A Democracia – e a europeia com destaque – precisa de ser servida por um espírito e por uma acção de Libertação Nacional, uma tarefa cuja incumbência cabe ser dinamizada por Portugal, salvo querer-se que os cidadãos portugueses possam acusar as gerências nacionais de não verem – não quererem ver – o argueiro no olho alheio.

Só Portugal é que não podia ter colónias?

E os estados que as têm?

Quantos na Europa e na chamada União Europeia?

Para ser-se colonizado precisar-se-á de ter uma outra cor que não a branca?

Um basco, um andaluz, um galego, um sardo, um corso, um siciliano, um bávaro, um bretão, um alsaciano, um loreno, um galês, um irlandês, um escocês, um flamengo, um lapão, um tchetcheno etc., etc. não serão Homens e Mulheres colonizados? Que razão autêntica pode apresentar-se para impedi-los de possuírem a dignidade de eles próprios poderem estar representados, com autonomia completa, na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas?

Conseguir-se-á uma qualquer União Europeia na vigência dos seus actuais Estados?

A discriminação imposta pelos estados expansionistas que desde há muito exigem ter o direito de ocupação e dominação de várias Nacionalidades tem alguma legitimidade face aos valores supremos da Democracia?

Quem, em Portugal, não tem coragem para confrontar os estados europeus – esses, pelo menos – e colocar-se ao lado das suas inúmeras Nacionalidades que, com maior ou menor expressão, sabe-se, aspiram à sua Libertação?

Quem, em Portugal, é servil frente aos expansionismos europeus que dominam tantas Nacionalidades?

São os herdeiros dum pensamento estratégico timorato e acobardado, afinal, nada mais que uma inaceitável subserviência política das classes sociais dominantes deste Portugal e que prossegue, há séculos, desde que a governação nacional, depois de 1640, passou a viver, muito principalmente, à custa dos apoios externos.

Depois dos cinquenta anos da ditadura salazarista, o 25 de Abril devia e podia ter dado muito mais à população portuguesa. Teve que saber fazer-se uma descolonização que, sejam quais tenham sido as razões mais íntimas e as mais poderosas, com todo o acerto, não pecou – como todas as demais – por deixar restos de qualquer neocolonialismo porém, uma vez feita essa obra, face aos demais estados que continuam a colonizar – conhecem-se colonizações em todos os Continentes – não soube ter uma palavra no sentido de incentivá-los, senão mesmo de exigir-lhes, a terem de seguir o exemplo português.

Portugal, mercê da Descolonização – a consequência democrática internacional mais importante do 25 de Abril – passou a dispor dum capital de imensa legitimidade para apresentar-se ao mundo como defensor acérrimo de todos os povos oprimidos, a começar por quantos há no estado vizinho. Não será isso um vector importante da luta pela Democracia?

Se no plano da intervenção internacional, entre nós, ninguém soube – não pretendeu – tirar as consequências mais interessantes, mais lógicas, mais persuasivas e mais afirmativas para o Portugal posterior ao 25 de Abril, também, no plano interno os políticos que enxameiam a vida política nacional, na mira das vantagens estratégicas dos seus patrocinadores do exterior, só souberam – só pretenderam – arregimentar a população portuguesas ao sabor desses interesses alienígenas. Como é histórico – mais outra vez – todos esses interesses foram, tão-somente, aqueles exigidos pelos outros estados com hegemonia política.

Aos portugueses não compete ter contemplações, nem contemporizações para com as anexações territoriais operadas ao longo das suas histórias pela quase totalidade dos Estados europeus.

Só Portugal é que não podia ter colónias? É uma repetição obrigatória de continuar a fazer-se !
publicado por Carlos Loures às 21:00
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Sábado, 5 de Junho de 2010

O ataque mortal de Israel à frota de barcos humanitários que iam em direção a Gaza chocou o mundo.

Israel, como qualquer outro Estado, tem o direito de se defender, mas isso foi um uso abusivo de força letal para defender o bloqueio vergonhoso de Israel a Gaza, onde dois terços das famílias não sabem onde encontrarão sua próxima refeição.

As Nações Unidas, a União Européia e quase todos os outros governos e organizações multilaterais têm pedido a Israel para acabar com o bloqueio, e agora a ONU convocou uma investigação sobre o ataque à frota. Mas sem pressão maciça dos seus cidadãos, os líderes mundiais vão limitar sua resposta a meras palavras – como eles já fizeram tantas vezes.

Vamos gerar um clamor global tão alto, que não possa ser ignorado. Assine a petição para exigir uma investigação independente sobre o ataque, a responsabilização dos culpados e o fim imediato do bloqueio à Gaza – clique para assinar a petição, e depois repasse essa mensagem a todos os que você conhece:

http://www.avaaz.org/po/gaza_flotilla_8/?vl

Esta petição alcançou 200.000 nomes em menos de 24 horas e já teve a sua primeira entrega para a ONU e líderes globais. Para ganhar ainda mais atenção, queremos alcançar 500.000 e entregá-la publicamente outra vez. Somente assim mostraremos aos nossos governantes que discursos e notas para a imprensa não são o suficiente -- cidadãos estão prestando atenção e demandando ações concretas, o momento é agora.

Enquanto a União Européia decide se irá expandir suas relações comerciais com Israel, e o Obama e o Congresso Americano definem o orçamento para ajuda militar a Israel para o ano que vem, e vizinhos como a Turquia e o Egito decidem seus próximos passos diplomáticos – vamos fazer com que a voz do mundo não seja ignorada: é tempo de verdade e de responsabilizar os culpados pelos ataques aos navios, e é tempo de Israel respeitar o direito internacional e acabar com o bloqueio a Gaza. Assine agora e passe essa mensagem adiante:

http://www.avaaz.org/po/gaza_flotilla_8/?vl

A maior parte das pessoas em qualquer lugar ainda compartilha o mesmo sonho: que haja dois Estados livres e viáveis, Israel e Palestina, que possam viver em paz lado a lado. Mas o bloqueio e a violência usada para defendê-lo, envenenam este sonho. Como um colunista israelense escreveu para os seus compatriotas no jornal Ha’aretz hoje, “Nós não estamos mais defendendo Israel. Nós estamos agora defendendo o bloqueio (a Gaza). O bloqueio por si só está se tornando o Vietnam de Israel.”

Milhares de ativistas pela paz em Israel protestaram hoje contra o ataque e o bloqueio, em passeatas desde Haifa até Tel Aviv e Jerusalém – se unindo a protestos ao redor do mundo. Independente de que lado atacou primeiro ou deu o primeiro tiro (o exército Israelense insiste em dizer que não foram eles que iniciaram a violência), os líderes de Israel mandaram helicópteros armados de tropas pesadas para atacar uma frota de navios em águas internacionais, que levava remédios e ajuda humanitária para Gaza, gerando mortes desnecessárias como conseqüência.

Não podemos trazê-los de volta. Mas talvez, juntos, nós possamos fazer deste momento trágico, um ponto de virada – se nós nos unirmos em um chamado de justiça inabalável e um sonho de paz inviolável.

Com esperança,

Ricken, Alice, Raluca, Rewan, Paul, Iain, Graziela e toda a equipe Avaaz

Saiba mais:

Entenda como funciona o bloqueio à Faixa de Gaza:

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/05/100531_entendabloqueiogaza_ji.shtml

Israel ataca barcos que tentavam furar bloqueio de Gaza e mata ativistas:

http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2010/05/31/israel-ataca-barcos-que-tentavam-furar-bloqueio-faixa-de-gaza-mata-ativistas-916736797.asp

Israel admite erros em abordagem militar em ataque a frota humanitária:

http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,israel-admite-erros-em-abordagem-militar-em-ataque-a-frota-humanitaria,559979,0.htm

Comunidade internacional condena ataque de Israel à frota humanitária:

http://www1.folha.uol.com.br/mundo/743257-comunidade-internacional-condena-ataque-de-israel-a-frota-humanitaria.shtml


Conselho de Segurança da ONU condena ataque de Israel a frota humanitária:

http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2010/06/01/conselho-de-seguranca-da-onu-condena-ataque-de-israel-frota-humanitaria-916750622.asp

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A Avaaz é uma rede de campanhas globais de 4,9 milhões de pessoas que se mobiliza para garantir que os valores e visões da sociedade civil global influenciem questões políticas internacionais. ("Avaaz" significa "voz" e "canção" em várias línguas). Membros da Avaaz vivem em todos os países do planeta e a nossa equipe está espalhada em 13 países de 4 continentes, operando em 14 línguas. Saiba mais sobre as nossas campanhas aqui, nos siga no Facebook ou Twitter.

Para entrar em contato com a Avaaz não responda este email, escreva para nós no link www.avaaz.org/po/contact.
publicado por Carlos Loures às 23:30
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Quinta-feira, 27 de Maio de 2010

Outra Constituição, outra Democracia, uma Terceira República– 11

Carlos Leça da Veiga

Um caminho desprezado: o Não-Alinhamento.

O Não-Alinhamento, no pós 25 de Abril, podia ter sido uma boa solução política para um país que, depois de muitos anos de guerras coloniais, acabava de descolonizar o que restava do seu velho império e, como assim, na consequência de múltiplas razões, próprias ou impostas, conseguia fazê-lo sem deixar rasto de neocolonialismo, tudo a par de conseguir saber manter, senão poder reavivar, os seus relacionamentos seculares, agora, afirmados e estabelecidos tanto com os novos Estados, suas ex-colónias como, por igual, com a generalidade de todos os Estados afro-asiáticos encerrados, como foram, os resquícios das animosidades que o colonialismo, por muitos anos, fez viver.

Com a Revolução de 25 de Abril de 1974 houve uma tremenda e felicíssima modificação no viver nacional português e, também, como é obrigatório reconhecer-se, uma alteração significativa nos relacionamentos internacionais de Portugal. Com o fim da colonização portuguesa nasceram vários Países de Expressão Oficial Portuguesa o que passou a ser uma razão muito forte e muito propositada para que Portugal devesse querer rever o seu posicionamento com todo o mundo que, apesar de tudo, mais uma vez na História, tinha ajudado a modificar.

Nestas novas condições, a política exterior portuguesa devia ter procurado uma nova inserção mundial liberta, o mais possível, dos compromissos políticos de dependência que os interesses colonialistas, anos a fio, tinham determinado. Se éramos colonizadores também éramos colonizados; ao terminar com uma dessas vertentes devia ter-se apostado, com força e determinação, em findar, o mais possível, com a outra.

No pós-25 de Abril exigia-se uma clara independência face a Washington e a Moscovo e o Movimento dos Não Alinhados permitiria, face a cada um dos dois colossos político-militares mundiais em competição e disputa, ter-se optado pela necessária equidistância política enquanto, ao mesmo tempo, Portugal ganharia uma mais valia preciosa, muitíssimo favorável e, bem sabido, há muito desejada, por exacto, a possibilidade de ser-lhe possível fugir ao espectro do isolamento internacional enquanto, em concomitância, ganhar um espaço de relações internacionais mais condizentes com o velho universalismo português que, assim, havia de poder retomar os bons hábitos do seu passado histórico e que, por todas as razões, muito convinha retomar.

O mundo dos Não-Alinhados haveria de ter bem aceite uma presença portuguesa não só por conhecer os méritos do 25 de Abril, aqueles outros duma descolonização portuguesa sem vestígios de qualquer neocolonialismo e, tem de reconhecer-se que, ele mesmo, enquanto Movimento político internacional haveria de beneficiar com uma presença estrategicamente muito valiosa no extremo ocidental da Europa em que sobressai não só a sua excelente fachada atlântica como, também, a situação privilegiada dos seus arquipélagos.

O mundo dos Não-Alinhados era o local mais vocacionado para o reencontro de Portugal com os Povos de todo o mundo e, desde há séculos, já seus conhecidos, uma particularidade com muito de ímpar no todo europeu. Assim e muito em especial, no caso legitimo de querer dar-se um rumo novo às relações recíprocas com os novos países, antigas colónias portuguesas, dever-se-ia ter privilegiado uma inserção de interdependência no mundo Não-Alinhado, Movimento onde, eles mesmos, tinham acento.

Se os próprios descolonizados insistiam – como sempre o fizeram – em referir que a sua animosidade não era para com o povo português mas sim que estava toda virada para o combate contra o regime colonialista do salazarismo, foi completamente absurdo não ter havido a preocupação de querer emparceirar-se com eles na circunstância feliz de poder fazê-lo no âmbito dum areópago internacional de grande dimensão, imensa liberdade e enorme diversidade de interesses como era o do Movimento dos Não-Alinhados.

Mau grado, tantos e tão indesculpáveis atropelos cometidos pela colonização portuguesa, a História, apesar de tudo, conseguiu tecer laços de convívio social, talvez impares, que tinham, e têm, todas as vantagens em serem reavivados, preservados e acrescidos.

Uma vez liquidado o colonialismo, então, sob o signo duma Paz que o 25 de Abril – tão nosso como deles – tinha permitido construir, então, só importava desenvolver, ao máximo, aqueles relacionamentos, sem dúvida, francamente promissores. Era, por igual, uma forma inteligente de ajudar a propiciar à Europa um reforço democrático capaz de forçar um caminhar político mais saudável e, também, particularidade importante, susceptível de ajudá-la a libertar-se dalguns compromissos de suserania, com peso demasiado, como eram – e, dalgum modo, ainda são – aqueles impostos pela dominação ianque, uma consequência herdade, porém, já muito desajustada, do final longínquo da Segunda Guerra Mundial. Nada disso aconteceu e, entre nós, quem ganhou dirigir o destino político nacional, preferiu os desmandos duma política internacional sem uma universalidade sentida e francamente activa, afinal, uma aposta infeliz na mera continuidade daquela herdada do salazarismo.

Se uma opção política verdadeiramente Não-Alinhada não foi seguida, também, não foi aproveitado o capital muito positivo conseguido na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) na consequência duma descolonização operada dum modo único já que, não pode esquecer-se, os olhos de todo o mundo – de todo o mundo – tinham-na visto conseguida sem deixar vestígios de neocolonialismo, afinal, mais outra particularidade inteiramente nova e imensamente virtuosa no panorama dos relacionamentos internacionais.

Bom grado a vitória do 25 de Abril e das suas muitas possibilidades capazes de criarem novos e vantajosos relacionamentos internacionais, em Portugal, os próceres dos oportunismos partidários, uma vez instalados ao leme da governação nacional, nada fizeram com utilidade bastante para que dessa nova situação internacional decorressem vantagens políticas das quais a maioria da população portuguesa fosse a beneficiária preferencial. Lamente-se mas, pelo contrário, tudo foi deliberado – OTAN e U E – em favor dos interesses dos possidentes, tanto os de dentro como, substancialmente, os de fora.

Os subsídios europeus, tanto quanto as exigências políticas dos ianques, quaisquer deles, ajudaram, e muito, a desviar Portugal do seu mundo mais consentâneo, mais necessário e mais promissor.

Na triste realidade das coisas, essas facilidades alienígenas deram os incentivos mais que suficientes para gerar-se todo o tipo de corrupções e, por igual – tem de dizer-se – premeditaram o abandono deliberado de quase toda a produção nacional que, esta, quando funcionava, não só dava emprego a milhares de Homens e Mulheres como, também, era limitativa das importações cujas, reconheça-se, só têm causado prejuízo.
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Mis Camelias 8

Raúl Iturra.

- Una reivindicativa.

Desde el día de su nacimiento, hasta donde mi memoria alcanza, de nuestras dos Camelias, una de ellas era prácticamente la heredera de mis objetivos de organizar Sindicatos. Solo sabiendo la ley, es que ella podía reivindicar esa organización. En su tierna infancia, saber de la ley era mucho. O lector puede apreciar las dificultades si lee la nota al pié de página, que es para Políticos, Dirigentes, Abogados, Sindicalistas y Unión de Sindicatos.[127] No sólo reivindicaba sus derechos de hija, como he relatado en el capítulo anterior, lo que reivindicaba eran derechos de ser una hija especial. Había otras leyes, que, si en esa edad tan joven pudiera leer, iba a apreciar más, como los Derechos de la Infancia, legislado por la ONU[128] Una hija mimada, una hija con mejor tratamiento que su hermana mayor. En fin, quería siempre mimos del papá y de la mamá y, cuando no los tenía, se enojaba e inventaba algún tipo de enfermedad o de indignación. Había esa terrible competencia con su hermana mayor que, como tenía más conceptos e ideas por haber comenzado a vivir y a entender casi seis años antes que ella tenía otros recursos: sabía danzar, tocar la flauta, inventar piezas de teatro, en las que Eugenia era siempre el personaje central. Estas ideas de Eugenia, de ser central, me hacen recordar mi propia infancia, época pasada ya hace muchos años. Como tenía muchos hermanos y los hijos de las empleadas de casa, disponía de un contingente de seis personas para hacer obras de teatro, en las que, normalmente, yo era el personaje central. Las piezas de teatro eran escritas por mí, muy centradas en mi ego, piezas, en consecuencia, egoístas, dónde yo quería ser siempre el bueno de la película.. Después de siete años de psicoanalices, mi analista me hizo pensar que no era falta de cariño, era apenas una competencia para, entre tantos como éramos, no pasar desapercibido. El problema central de mi infancia, era el hecho de ser responsable por los más pequeños de esta familia aglomerada de niños. No sólo los de casa, como los primos que nos visitaban porque sí y porque no. Vivíamos en una quinta muy aislada, lejos de la ciudad y con playa exclusiva. Un lujo que hoy no existe. Lo que me hace recordar otro hecho, ese regalo que el papá quería hacerme, un automóvil, con la condición de llevar y traer a mis hermanos muy temprano de mañana y traerlos de vuelta a las horas convenientes para ellos. Regalo que nunca acepté, era muy pesado, éramos de diferentes edades, teníamos horarios diversos y la alegría que siempre tenía de almorzar en casa de las hermanas de mi madre con mis primos, o de mis amigos, se esfumaba al quedar a cargo, más una vez, de niños que yo debía cuidar, de nuevo. Eran los hermanos y el hijo de una hermana de nuestra madre, que vivía con nosotros. Y la alegría que yo tenía de ir en lo que en Chile se llama micro, es autobús de las siete de la mañana que mi padre había proporcionado para los hijos de los trabajadores de su empresa y las señoras de algunos de ellos, que trabajaban en la vecina ciudad de Valparaíso. Señoras que eran mi delicia, siempre hablábamos, me contaban historias de sus familias, ese placer de madrugada que no quería perder, especialmente con la compañía de nuestro primo Marcelo. Era una armonía sin narración. A la vuelta, tarde ya, me acompañaba mi amiga del alma, la Irmita que estudiaba en el colegio donde nuestra madre estudió, las monjas de María Auxiliadora, muy cerca de mi colegio. Era la nieta de una grande amiga, Rosalba Mella, que, por causa de la muerte de los padres de mi Irmita, forma muy chilena de referir un nombre en Chile, es siempre en diminutivo, porque su nombre real era Irma Ramírez Mella, pero en Chile diminutivos y apodos son muy comunes. Irma y yo hablábamos todo el camino de vuelta a nuestro sitio de Laguna Verde, donde ella vivía con Rosalba y su hermano Jorge. Halábamos sin parar, hasta el punto de enloquecer al chofer del bus de estudiantes. Ellos no podían llamarme la atención, yo era el hijo del patrón, a pesar de que, en esos tiempos, ni me daba cuenta de las diferencias sociales. Especialmente porque mi Irmita me enseñaba matemáticas y castellano. Con ella hicimos teatro de verdad en Laguna Verde y en un teatro de Valparaíso, como he narrado en otro libro mío. Rosalba tenía solo un problema, para curar su soledad y la muerte de sus descendientes, que curaba con lo que podía. Muchas veces iba a casa de ella y me decía mi Irmita que no me podía atender porque, su madre, como llamaba a Rosalba, estaba con dolor de cabeza. Más tarde en la vida supe de éste problema, a nadie conté, pero lo hablamos con Irma y la apoyé lo más que podía. Una amiga del alma ni se denuncia ni se abandona. Si la gente, como dicen por ahí, supiera de las enfermedades de Rosalba, su reputación iba a quedar por el suelo y podría perder el trabajo de cuidar de nuestras casas, que tanto necesitaba para pagar a los Salesianos, las Monjas de Irmita, los Padres del Colegio Salesiano de su hermano Jorge. Eran, como se dice en Chile, personas de buenas familias y la Abuela Rosalba se propuso en dar la mejor educación a los dos. Irmita ayudó, dando explicaciones en la noche, al volver del Colegio, más tarde de la Universidad, donde se formó en Profesora de Lengua Castellana. Irmita tenía ese don de transmitir el saber a otros, ese definido por mí, el proceso de enseñanza e aprendizaje, en hoyitos textos míos. Yo aprendí con ella, y, para pagar esa grande deuda del saber, nuestro padre le dio empleo a su hermano Jorge en la Industria que él mantenía en Laguna Verde.

Nada de esto pasaba con nuestras hijas. Eran ideas de Eugenia, siempre la Reina, y Camila, su esclava. Esta relación, que era apenas una representación, le hacía mal a Camila. Gloria y yo nada dimos, cada una estaba en su derecho, pero aplaudíamos de forma igual a la creadora y a su fiel seguidora que, muchas veces, se dormía esperando entrar o en ballet de Scherezade del compositor ruso Nicolai Rimsky-Korsakov[129], esa música aprendida de nosotros por tanto oírla, Gloria adoraba esa música y fue ella que la instiló en la mente de nuestras hijas. Cuando Camila se dormía, ¡válgame Dios si alguien la despertara! La rabia duraba días. Ya adulta, Camila era siempre le última en despertar. Adoraba acostarse muy tarde y dormir toda la mañana, cuando era posible. Parque en la Universidad de Sussex, donde estudió, debía estar muy temprano en clase, como en París, en La Sorbonne, Universidad que debía asistir para completar su curso de Ecología de cuatro años. Ir a París a estudiar, era parte de la formación de una investigadora que debe andar siempre en otros sitios para salvar especies de árboles en extinción, como ya he narrado antes.

Camila siempre tuvo un trato especial. Por causa de mal entendido entre su madre y yo, tuve un día, que salir de casa, para que las niñas no sufrieran lo que nosotros sufríamos. éramos muy adultos para colocar es fardo tan pesado en las emociones de nuestras hijas. Fue necesario que yo saliera de casa y Gloria comenzara a trabajar como Arquitecta de Interiores en una Empresa fuera de la ciudad de Cambridge. Las famosas enfermedades de Camila comenzaron a desaparecer. Sin embargo, cuando estaba realmente enferma, era ella que quedaba en casa y recibía al médico que su madre llamara para atenderla. Ese tratamiento especial, se lo ganó sola. Fue una hija especial, sea porque se cuidaba sola, o porque para entretenerse leía dos libros al mismo tiempo. Nunca olvido esos días que pasaban conmigo en Portugal: Camila ni veía el campo de la aldea de São Joao do Monte, que yo estudiaba en las partes altas de Portugal: estaba siempre con sus dos libros a leer, leer, leer[130]. Siempre nos acompañaba mi amiga del alma, mi colega en la docencia, que estaba en mi grupo de investigación Maria José Beca Maranhão[131]No dejaba de reír y de tentar presentarla a los vecinos de la aldea, esa amiga casada sin hijos, que prácticamente adoptara a las nuestras como hijas suyas. Vivíamos en la Villa de Nelas[132], en una casa antigua arrendada por mí, y Maria José, en casa de amigos enfrente de la nuestra, la casa del Barón de Nelas, los Pais de Brito[133]. En cuanto ella usufructuaba de la riqueza de los Barones, yo sufría la pobreza de mi vecino y amigo, el Duque de Bragança[134], candidato a la corona de Portugal, si la República pudiese fallar, como en Francia Durante el Siglo XIX.
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familia real, con sus bienes, que eran muchos, todos confiscados y pasados a la categoría de patrimonio nacional. Ese Duque, Príncipe de la Beira, antes de casar y al tener un hijo pasa a ese hijo, como es el caso hoy, como he narrado en estas páginas título que se da al sucesor del Rey o Príncipe de la Corona, equivalente al título de Príncipe de Gales de la Monarquía Británica. La de Portugal, la Monarquía cayó al ser asesinado el Rey Carlos de Bragança[135] y su heredero, el Príncipe de la Corona Luís Filipe,[136] en 1908 como se dice Felipe en portugués, e instaurada la República de Portugal el 5 de Octubre de 1910[137], confiscando bienes de nobles y retirando tírulos. Nuestras hijas, habituadas en Cambridge a andar con príncipes y condes, no se interesaban en esta aristocracia rural y trataban a todos por el nombre y los obligaban a hablar en inglés, lo que ellos no sabían y respondían en francés. Así comenzó mi vida de políglota y traductor. Hasta que nuestras hijas, de tanto venir a Portugal y, más tarde, Camila, a las Islas de Brasil, como está narrado antes, Cairu, una isla del archipiélago con el mismo nombre, enfrente de la ciudad de San Salvador da Bahía, como ya he dicho en el primer Capítulo de este libro. Allí pasó un mes completo, sin teléfono y sin la, hoy necesaria caja electrónica que se llama Internet[138], porque une y comunica a todo el globo terrestre con correo e información. En Cairu plantaron cien árboles para hacer violines y, ese teatro aprendido con Eugenia en sus historias representada después de comer -en Gran Bretaña se cena muy temprano, a las seis de la tarde, para que la familia tenga un tiempo para ella, para crear vida doméstica, para unir a las personas que tienen lazos de sangre y que crecen juntos porque los británicos estiman que sin esa domesticidad, es imposible ser feliz y trabajar con rendimiento, también porque en las Islas Británicas se piensa que la mejor educación está en la casa, por eso se investiga mucho en todo tipo de vida doméstica y cada casa tiene una Visitante Social que ayuda a los matrimonios jóvenes a cuidar a sus hijos y cuidan que no haya desavenencias entre los papás y entre éstos y sus hijos. Nosotros tuvimos una, especialmente porque éramos extranjeros y su deber era que entendiéramos como era la vida en Gran Bretaña, pero al encontrarse con nosotros, una familia cuidadosa y bien estructurada y con muy buena información para criar hijos y ser pareja, Julia Napier, el nombre de nuestra Asistente, pasó a ser nuestra amiga de casa e integró el Comité de Chilenos Refugiados. Ella presidió el Comité durante varios años. Entretanto, Camila, ya en la Universidad, aplicó su saber teatral doméstico y el aprendido en su Facultad de Ciencias de Ecología, en Sussex, para montar sus propias piezas que ensayaba con los habitantes jóvenes de Cairu. La infancia se reproduce en la vida adulta, con excelentes resultado, si la infancia no es herida emocionalmente por los adultos, por transferir sus problemas a los hijos. Fue en el período de tristeza de mi mujer por haber perdido dos hijos antes de nacer, que fue necesario separar un tiempo a la familia, ella ir a trabajar a otra ciudad y yo hacer el papel de mamá y papá al mismo tiempo, por un corto período de nuestra historia familiar. Creo que aprendimos mucho de los pocos amigos, adultos responsables de su casa y de sus hijos, especialmente de Leonardo Castillo y su querida mujer Patricia Burns. Ellos me ayudaran mucho al cuidado de nuestras hijas, y, más tarde, a su madre, mi mujer, cuando fue necesario salir de casa para reponer su estabilidad. Estoy seguro de que mi comportamiento muy dedicado a la vida académica y muy machista, contribuyó para esta separación, siempre estimada breve y por un tiempo. Nunca ha existido una separación real, ni hemos estado realmente lejos los padres, Gloria y yo, porque nuestras hijas primero, y nuestros nietos después nos han unido mucho. Es verdad que ha existido una serie de perturbaciones y malos entendidos, porque es tradicional en Chile pensar los hombres machistas como yo, tienen siempre amantes con las cuáles, a diestra y siniestra, traicionan a sus mujeres. ¡Bueno! En mi caso, por ser encontrado muy atrayente- en Portugal una colega me dijo un día en la Universidad que yo era el hombre más requistado de la Universidad, es decir, perseguido o buscado por las mujeres. Es evidente, era joven, sabía como comportarme sin seducir, era de Alta Patente Académica, Doctor de la Universidad de Cambridge y otras tonterías que parecían importantes a muchos. En Cambridge, mi familia, hasta el día de hoy, me ha adjudicado una serie de amantes, que si esas señoras lo supieran, no lo iban a poder creer... Aún si yo estuviera enamorado de ellas, serían amores imposibles, eran y son Catedráticas con maridos e hijos, algunas hoy en día han sido elevadas por la Reina de Inglaterra al rango de Pares, que para los hombres es Lord o Sir, y para las mujeres es Dame, todos ellos son creados Barones o Baronesas en cuanto estén vivos.

Siempre desgarro los textos. Estaba narrando la vida de Camila como reivindicativa y sus extraordinarios éxitos en su trabajo, y quería decir que fue en esos tiempos, que ella aprendió a navegar en un kayak, sola, e iba entre la isla y el continente, o visitaba las islas vecinas para enseñar a la población como plantar los árboles necesarios para fabricar violines, como los árboles denominados pau-brasil[139], y el mogno[140], que sirven para fabricar violines Stradivarius y pianos Stenway. Creo que quién puede explicar mejor es nuestra propia hija, en una entrevista concedida para la BBC en Brasil, por lo que voy poner al pié de página parte de los problemas que ella estaba a resolver.[141] Hasta en la denominada Internet, en el motor de pesquisa Google, aparece Camila y lo que hace para Flora y Fauna, dónde hoy en día ellos, Camila y Felix, trabajan, en nuestra Universidad de Cambridge. Un desarrollo de sus talentos que no esperábamos, no por falta de inteligencia en su persona, muy reconocida y respetada por nosotros, sus papás, para lo que siempre la animábamos y nos preocupábamos de sus estudios. Simplemente porque estábamos más interesados en su persona, celebrando sus triunfos y animando su investigación, pero muy centrados en su felicidad y oyendo siempre lo que era su vida amorosa. Nunca me olvido ese día de los años 90, cuando me llamó para decirme que estaba muy enamorada de un estudiante norteamericano y que había hecho lo posible para seducirlo, pero que no resultaba. Le propuse que lo llevara a dar una vuelta por el lindo bosque de la Universidad de Sussex y que le digiera lo que sentía por él. Me respondió que no era propio de una mujer declarar su amor, eran los hombres los que debían hacerlo. Mi respuesta fue inmediata, Camila tú está triste, hoy en día mujer o hombre puede proponerse y nada pasa, excepto que debes estar preparada para un no. Tenía la intuición que sería un no, porque Camila ya me había contado que él tenía su enamorada en los Estados Unidos, pero que pensaba que él no la amaba. ¡Determinación y sentimientos que no piensan, de una mujer enamorada! Mi respuesta fue rápida otra vez: hay solo una cosa que no puedes guardar y esa es que si no hablas, él se va, tú vas a Paris y vas a quedar siempre con la duda, es mejor salir de ahí, para no sufrir el resto de tu vida con esa duda. Y ella lo hizo, expresó sus sentimientos y su colega de clases le dijo que se sentía muy honrado con esos sentimientos, pero que él quería casarse con su enamorada, le hizo cariño, le dio un beso, la convidó a un café y Camila quedó satisfecha. Se había roto el encanto. Debo confesar que nosotros quedamos aliviados, ella tenía apenas 19 años y era muy temprano para sufrir de amores. Ese no apagó la pasión transitoria de nuestra hija más joven. Como también siento la obligación de decir, que aprendí de ella las respuestas que se deben dar todas las veces que yo mismo recibía declaraciones de señoras que se interesaban por mí: aprendí a decir que me sentía honrado, que respetaba sus sentimientos pero que no podía enamorarla porque ya estaba comprometido y enamorado de mi mujer, en eso tiempo, la madre de nuestras hijas, ya había jurado fidelidad a esa Señora que era mi placer cumplir y que me era difícil, imposible también, enamorar otra vez a las personas nuevas en mi vida. Fue una especie de premonición. Nunca resultó ninguna relación fuera del matrimonio. Tengo, en mi estudio, una enorme cantidad de fotos colgadas en marcos en las paredes, todas ellas de Gloria joven, Gloria a andar a caballo en Laguna Verde[142], fotos de nuestras hijas, de mis padres y abuelos y fotos tomadas a mí cada vez que era entrevistado por la televisión que venía a entrevistarme en nuestra casa de Portugal. Es casi una veneración, como se dice en inglés, un worshipping[143] He usado pocas notas de pié de página para respetar y honrar, es decir, dar honra a la memoria de mi familia, esa familia siempre soñada por mí. No olvido una tarjeta de Navidad dibujada por la entonces mi prometida, dónde aparezco yo muy alto y flaco, de traje y con corbata, a abrazar a mi novia de esos días, que tenía en sus brazos un niño pequeño, estaba embarazada de otro, con mi mano derecha a sujetar el Diploma de Abogado y con la izquierda, a dar la mano a uno hijo, que daba la mano a otro y éste, a otra, en total, ¡seis!. Por dentro, la tarjeta decía Felices Pascuas mi amor. Es esto lo que tú quieres, ¿no?, Bueno, ¡ ni lo pienses | Con amor, Gloria[144] Talvez sea interesante un comentario. Siempre pensamos que nosotros enseñamos a nuestros hijos y parece que nunca pensamos lo que los hijos nos enseñan a nosotros. Si observamos con atención, las experiencias de los hijos en su crecimiento y en las experiencias de ese crecimiento y desarrollo, los papás aprendemos si tenemos la humildad de reconocer que nos equivocamos muchas veces. El problema, otra vez, se coloca en la generación: nuestras ideas, hábitos y costumbres, cambian de una a otra generación. A veces los hijos piensa que somos mentecatos, que no sabemos pensar ni organizar nuestras vidas y ellos quieren organizarlas. No solamente los hijos consanguíneos, también nuestros hijos intelectuales, que están a la espera de un lugar vacío para ascender. Todo lo dicho, no es acusación, es apenas observación participante, aprendida en mi Ciencia de Etnopsicologia, esas ideas creadas por mí, entre otras. Nuestros descendientes entienden y respetan, pero a veces piensan con lo que he denominado pensamiento globalizado. Es ahí que tenemos que dar un golpe en la mesa y decir: ¡esto es así, no es solo cómo tú piensas!. Porque hay muchos valores que se guardan y transmiten de una generación a la otra. Como el deber del silencio cuándo hay desacuerdos entre nuestros descendientes y sus parejas, o el valor moral y ético de amar, porque sí y porque no. Cuándo la afectividad se instala por la creación de hijos, y su crecimiento, no vivimos solo de recuerdos, continuamos a crecer juntos, respetando sin dudar un minuto la autonomía ganada por ellos y el saber aprendido por ellos a lo largo de la historia de su vida personal. No es por acaso que escribí el texto ya citado en nuestro periódico mensual, A Página da Educação, ese texto que voy a citar al pié de página[145]. Es allí donde defiendo los derechos de los más viejos, no de los adultos mayores como nosotros, sí los derechos de los más viejos que, después de vivir muchos años, acaban por regresar a la etapa infantil. Como ya he relatado, este texto y otros, son el resultado de mi trabajo de campo entre adultos viejos. Trabajo de campo en un Hospital en el que estaba nuestra madre con sus 90 años.

Muchas veces los hijos jóvenes, olvidan de que el adulto mayor no es un adulto viejo, es sólo más viejo que ellos, que, en estos días, no es ningún escándalo. Especialmente si nuestra mente está entrenada para pensar, escribir, enseñar, asociar ideas e investigar nuevas hipótesis. Somos los intelectuales los que más duramos. Nuestra madre estaba formada en matemáticas y lenguas, pero su mayor trabajo siempre fue administrar una casa con mucha familia y servidumbre[146], como he narrado en otro libro mío. Nuestras hijas, que pertenecen a otra cultura, piensan siempre que no somos capaces de organizar nuestras obligaciones y quieren que vivamos como ellos viven, forma de vida fundamentalmente diferente a las nuestras. Necesitamos de nuevos libros, de distracciones en filmes en DVD, música en CD y otras harturas que ellos aún no acumulan. Creo que el secreto está en ganar el respeto de nuestros descendientes desde su edad más tierna, sin desviarnos un milímetro de nuestra ética, para no ser culpados de no saber el todo y la nada de la vida. Es apenas una idea.
Iba quedando atrás una idea, que mi mente de investigador no descansa si no la entiende ya. ¿Por qué en Chile la Navidad es también llamada Pascua, si la Pascua es, en Europa, ese origen de la hoy América del Norte y de la América Latina, Pascua es la conmemoración de la muerte y resurrección del denominado verbo encarnado, Cristo? Parece que la Navidad es llamada Pascua, en Chile, por causa de una flor que nace en esa época[147]. La flor es llamada Pascua en la Cordillera de los Andes, y en Chile es también llamada Corona del Inca[148]

Gloria, mi mujer, nuestra hijas Camila y Eugenia, sus maridos y descendientes, ya pueden saber en qué país de luchadores anda este papá, marido y abuelo. Es mi orgullo contar la Historia de Portugal a otros, porque, en mi caso, la sé de memoria. Nuestra reivindicatoria Camila ya tiene una base de apoyo para sus luchas y para consolarse, ella e Felix Ilsley, nuestro yerno, de lutos temporarios, que es el propósito de este texto. No deseo, ni por eso, que nuestra hija pase a ser como esa hermana de nuestra madre, su abuela paterna Florentina Maria Redondo de Iturra, nuestra tía Ana Luisa, que lloró a su primera hija que nació y falleció de inmediato, Pilar, que tiene una tumba especial y que la tías ha llorado siempre. Ni por el caso de haber tenido más cinco hijos después, se consoló de la pérdida de Maria del Pilar, o Pilarcita como todos la llamaban. Es claro como el agua para mi, que una madre sufre por un hijo perdido, porque los hijos somos para entrar en la eternidad mucho después de nuestros padres, y mucho más, que la entrada en la eternidad de los abuelos. Es evidente que el dolor de nuestros descendientes es grande, porque hasta los abuelos perdemos a Ben. Puede ser que siempre lo recuerde, pero, como dice mi comadre Mariana Giacaman Valle y mi hermana Blanquita, o cortamos el luto, otro tipo de cordón umbilical, o nos sería imposible nunca criar a los hijos que, estoy muy seguro, vendrán después.
El dolor es un luto que se lleva en el alma y que cuesta mucho pasar. Pero si ponemos atención a la historia narrada y citada por mí en este capítulo, vamos a saber que el mundo está hecho de nacimientos y muertes, de asesinatos e instauraciones de sistemas de acción social. La obligación de nosotros, los padres y abuelos, es poner en el camino del futuro a nuestros hijos y nietos. La fidelidad al hijo que vive en nosotros se mantiene intacta. No es substituible, como ese gran enigma de la historia, cual es la fecha de nacimiento de Ludwig van Beethoven[149], porque hubo un primer Ludwig en 1769, que murió. Al nacer un año después otro varón, le pusieron el mismo nombre, lo que ha traído a los historiadores grandes confusiones. Esa historia puede ser leída en la cita al pié de página. La historia de Ben puede ser leída en los días tristes que han pasado pero, que estoy cierto, no volverán a acontecer. Especialmente en el caso de Camila y Felix, personas humanas de respeto y reverencia, que han ido a un sitio solos para consolarse entre ellos. Antiguamente, el luto era en familia, hoy en día, especialmente en las culturas europeas, hay la tendencia a la soledad y aislamiento. Dicen por ahí, como gusto referir, que es un error. Lo he visto en la madre de mis hijas, que sufrió hasta la depresión, con la pérdida de dos hijos nuestros, el primero en Viña del Mar, Chile, el segundo en Edimburgo, Escocia. Hasta no hacer un análisis psicológico de regresión, ella sufrió, pero, en su buena cabeza, supo bautizarlos y darles nombres y enterrarlos. Así recuperó. Ojalá nuestros descendientes hagan lo mismo. Les hemos dado varias alternativas para aliviar su tristeza, pero los padres mayores, que ya no podemos tener hijos, no conocemos las nuevas técnicas que hay para resolver casos de embarazos sin fruto. Pero, como dice el dictado popular: no creo en brujas, Garay, (apellido común de los denominados rotos chilenos), pero de que las hay, las hay. Dictado chileno de entre los muchos, que aparecen en la página electrónica que cito al pié de página.[150] Es decir, que nosotros los padres de Camila no creemos en milagros, pero hay esas nuevas tecnologías que harán que nuestra hija, hecho el luto, tendrá muchos Ben con Felix, nuestro yerno.

Quizás, esta idea también la anime, al saber de mujeres fuertes. Camila adoraba a la Reina Madre de Gran Bretaña, que conoció en sus ocho años y nuca lo ha olvidado y la ha visto otra vez. Cuando Inglaterra estaba a ser bombardeada por los nazis alemanes, La Reina Elizabeth Bowes-Lyon de Windsor[151], nunca abandonó su casa de Buckingham Palace, donde acompañó a su marido Bertie o Jorge VI, el Rey, aun cuándo su casa fue bombardeada dos veces, ni abandonó a su pueblo y, hasta los 101 años de edad, vivió públicamente para los ingleses. Después de los bombardeos en el Palacio, ella iba, elegante como siempre y a las horas debidas, a visitar sus súbditos, especialmente los más pobres, el East End de la ciudad. He visto en películas que guardo conmigo, como ella preguntaba a las personas si su casa había caído o no, ellos decían que sí, ella respondía: estamos iguales, partes de mi casa-nunca dijo Palacio-, ha sido atacada y tenemos que vivir y comer, como Uds. en la misma habitación. Es tan verdad, que Hitler, en un discurso público en Alemania, dijo un día que su peor enemigo en las Islas Británicas no era el ejército, era la Reina María de Inglaterra. Lección para todos nosotros, como una mujer, Gloria en un caso, la Reina Maria en otro, esa amiga de nuestros tíos paternos y por afinidad, Embajadores en Londres, le daban fuerza. Esa fuerza de Gloria y de Elizabeth que debe pasar, en su crecimiento duro, para Camila y Felix.
Volviendo a la niñez de Camila, su crecimiento transcurrió sin mayores tropiezos. Solo los naturales de la vida, en la que hay felicidad y amargura, descanso y trabajo, dinero y escasez, muerte y vida, amigos y gente que no gustamos. Amores, muchos, hasta encontrar su perfecto compañero, Felix Ilsley. Hoy, cuando escribo estas notas, ellos hacen su luto en una playa cerca de la ciudad de Barcelona, pero siempre a mirar para el futuro. Es una vida, de momento, triste, pero que se debe recuperar como todos hacemos: con mucho trabajo y amor. Es lo que estos padre interesados esperan de ellos. Ben no es substituido, pero otros hijos harán de sus vidas lo que siempre desearon: paz y armonía.
publicado por Carlos Loures às 15:00
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Sexta-feira, 21 de Maio de 2010

Colónias nunca mais. Pela Independência da Galiza.

Carlos Leça da Veiga



A Galiza, por força do direito democrático, tem de ser um Estado independente com representação própria na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Contentar-se em reivindicar a sua língua – a portuguesa – embora uma atitude muito meritória e que nunca deve ser descurada, não parece ser um gesto político suficiente.

Compreende-se que um Cidadão Galego, obrigado à prepotência castelhana, para não ficar sujeito à injustiça das sanções penais, não queira reclamar, em público, o direito à Independência da sua Nacionalidade. Esta atitude, porém, não deve ser a de qualquer português.

A estes, quanto mais não seja por coerência histórica e, também, para reafirmação dos Direitos Humanos compete estar ao lado de todas as Nacionalidades onde quer que elas tenham uma vontade manifesta de Independência e na Galiza, bem sabido, há um importante e significativo movimento em prol da reconquista da sua Independência Nacional. Não será a acção da polícia castelhana que irá destruí-lo.

Se Portugal é um Estado que, como deve ser, só comporta uma Nacionalidade que razão haverá para que os outros Estados – sem respeito pela Democracia – obriguem várias nacionalidades a uma sujeição?

Aos portugueses compete considerar que se Portugal – e muitíssimo bem – teve de deixar de ter colónias porquê, então, o reino de Castela não está obrigado ao mesmo procedimento? E quem diz Castela tem, por igual, de dizer muitos outros Estados, dentre dos quais há vários europeus.

O direito dinástico em vigor no estado espanhol e que vem dos chamados Reis Católicos merece tanta consideração como quanta, hoje em dia, mereceria o Tratado de Tordesilhas. Castela e Aragão, em associação, nos idos do século XV começaram a ocupar indevidamente todos os Estados da periferia da Península Hispânica com excepção de Portugal já que para tanto, à época – depois foi outra conversa – não tiveram forças. Assim o colonialismo castelhano, à semelhança do de vários outros casos na Europa iniciou-se pela submissão de várias Nacionalidades da sua envolvente territorial próxima e só depois é que se abalançou às ocupações fora da Europa.

Colónias tanto as pode haver na Europa como pelo mundo fora e para ser-se colonizado não é preciso ter uma pele de cor diferente. O tempo das colónias já acabou e as que sobrevivem – que na Europa não são poucas – fazem-no à sombra da perversão do Direito Internacional, com o favor dos interesses inconfessáveis dos potentados económicos e, também, com a ajuda da repressão pela força armada. Quantas destas situações continuam a sobreviver na imensidão da Europa?

Na perspectiva política que defendo para a intervenção internacional de Portugal – uma intervenção democrática – os Galegos, os Andaluzes, os Asturianos, os Bascos e os Catalães, como exemplos mais frisantes dentro do estado espanhol, devem ganhar o estatuto legitimo de Estados Independentes e, como assim, viverem lado a lado, em fraternidade com os Castelhanos e, naturalmente, com os Portugueses. Nada de federalismos.

Aos portugueses não compete, bem pelo contrário, aceitar que o seu País tenha de defender e considerar ajustada a existência dum conglomerado de Nacionalidades forçada a qualquer autoridade, no caso vertente, a castelhana.

Depois do 25 de Abril, com a excepção honrosa duma pequena organização – a OUT – a chamada esquerda que com muito acerto soube demonstrar um grande empenho na descolonização portuguesa nunca foi capaz de reclamar, nos areópagos nacionais e internacionais, contra a existência, na própria Europa, de Estados que, como fruto aberrante das suas designadas Unificações, Reunificações ou Conquistas possam
continuar a manter muitas anexações e colonizações. Só Portugal é que era colonialista?

Mas que raio de esquerda! Não podia ofender nem Leste nem Oeste que, a cada qual, o que não faltava era ter colónias. Qualquer projecto de unidade europeia só terá exequibilidade democrática se cada Nacionalidade estiver traduzida por uma declarada Independência Nacional com representação própria e autónoma na ONU.

Lisboa, 21 de Maio de 2009
publicado por Carlos Loures às 21:00
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