Nobre esteve ao ataque, Alegre não gostou, tal como Cavaco Silva não gostou do discurso de Francisco Lopes, quem teve resposabilidades políticas tem responsabilidades na presente situação mas, isso é dificil de engolir, embora não possa ser de outra maneira.
Há barreiras na sociedade portuguesa que é preciso derrubar, diz Nobre, os 300 000 velhos que ganham 300 euros de reforma, os jovens que não têm emprego, é uma vergonha que 37 anos após o 25 de Abril estas situações se mantenham. Uma flagantre injustiça entre os que mais ganham e os restantes trabalhadores.
Alegre diz que todos têm responsabilidades uns mais outros menos, e aqui dirigiu uma saudação ao seu (suposto) adversário Francisco Lopes que na véspera tinha acossado Cavaco com as responsabilidades de quem está há 20 anos na política. lembrou ser um homem que pensa pela sua própria cabeça e que votou muitas vezes contra o seu próprio partido, esteve na origem do SNS e da Constituição....
Nobre clama pela sociedade civil, diz que não há motivo para ter medo, para votar contra os que nos desgovernam, os partidos já tiveram muitas oportunidades e a situação é esta de plano inclinado para a miséria. Não tenham medo, lutem pelos vossos ideais , já sabemos que os mesmos de sempre com as mesmas políticas vamos ter mais do mesmo.
Só por isto já teria valido a pena Nobre ter-se candidatado, chega uma voz de fora dos aparelhos partidários e está a fazer mossa, a democracia não se esgota nos partidos. Sem uma sociedade civil forte o país não tem saída entalado como está entre o estatismo e as corporações.
Nobre, tem contra si todos os partidos, vem da sociedade civil, é o maior pecado que algum candidato pode ter, todos os seus adversários lhe vão dizer que não tem experiência política. Nobre sempre poderá dizer que isso o torna o melhor de todos mas ninguem o ouvirá.
Moura, vem do PS e foi deputado, mas corre por fora do sistema, vão-lhe dizer que não pode ganhar o país quando, a bem de ver, perdeu o partido, não o escolhendo. Ele bem pode dizer que isso só mostra que é bem melhor que Alegre, é rigorosamente independente, como convém a um Presidente da Republica e tem a experiência política de vários anos de deputado.
Alegre, dirá que já antes do 25 de Abril lutava contra o fascismo, é um homem livre, nunca foi político de estruturas partidárias, junta a independência à experiência política, já foi candidato independente e obteve uma votação expressiva, tem a confiança dos portugueses. Vai apontar insistentemente para Nobre e Moura acusando-os de darem a vitória a Cavaco de mão beijada.( o que é habitual em Cavaco)
Lopes, repetirá sem cessar que se for presidente da república, mudará de política e de políticas, contra este estado de coisas, a favor dos trabalhadores e contra o grande capital, contra este orçamento, contra os usurários, contra os especuladores. Estamos todos de acordo mas só 8% gostam de o ouvir. Cumpre a sua função de segurar o seu eleitorado e ocupar tempo de antena.
Cavaco, dirá que nunca foi político, apareceu na política porque a situação o exigiu, outros viram nele o que não viam em mais ninguem, é apartidário, isento, independente, não reage a ofensas, é professor de finanças públicas, sabe muito bem para onde vai, avisou vezes sem conta o governo, deixou governar sem deixar de usar a sua influência. Mas não pode dizer em público o que diz em privado.
E, nós , vamos votar em quem? Falta-nos uma série de informações para podermos votar em consciência. Antes de tudo devíamos saber o que fará cada um dos candidatos depois de eleito em relação ao governo. Demite-o? Mantem-no? Tenho para mim que Alegre apesar de receber tarde e a más horas o apoio do PS, não tem condições partidárias para demitir o governo. Penso o mesmo de Nobre, veja-se como figuras conhecidas da ala Soarista se insinuam na sua candidatura e, Sócrates, é o último trunfo de Soares.( não foi assim nas últimas eleições presidenciais?).
Moura, demitiria de imediato o governo, é um republicano e socialista mas já percebeu que as traves mestras do socialismo, vão à vida com Sócrates. Não é o estatismo que é de esquerda, é o Serviço Nacional de Saúde que é preciso reformar para ser salvo, a escola estatal e pública, o estado social.. está profundamente em desacordo com estas políticas estatais confundidas como de esquerda.
E quanto a Cavaco, que fará Cavaco? Se as sondagens derem uma maioria ao PSD ou ao PSD+CDS, demite o governo e vai para eleições antecipadas, se não tiver essa certeza vai continuar a dizer que não pode dizer em publico o que diz em privado.