O título é tirado de uma das narrativas de Luaanda, o livro do escritor angolano Luandino Vieira (à direita) a que foi outorgado o prémio literário da Sociedade Portuguesa de Escritores, conduziu, em 1965, ao encerramento daquela associação de classe pela polícia política.
Disse Luandino: «Se não matarem todos os monandengues da nossa terra, eles contarão mesmo para seus filhos e seus netos dos tempos bons que vêm aí:» Monandengue é a palavra de quimbundo para garoto, criança. O pequeno poema que hoje aqui trago, escrito em 1965, constituiu uma homenagem ao Luandino Vieira, um protesto contra o encerramento da SPE, da qual eu era sócio, e, principalmente, um gesto de contestação contra a guerra colonial.
Foi publicado em 1968 na colectânea A Voz e o Sangue, livro que foi proibido quando se estava já a vender a segunda edição.
O poema diz assim:
Se não matarem todos os monandengues da nossa terra
Os meninos da terra mártir contarão
como os seus pais e irmãos foram assassinados,
como os homens e as mulheres do seu povo
depuseram as suas vidas no regaço do futuro.
Contarão como morriam as aldeias e os homens,
os pássaros e as árvores, como as suas mortes
semearam a vida nova e a liberdade na terra mártir.
Nas vozes comovidas dos monandengues, os mortos
renascerão mais nobres e heróicos, acendendo
lágrimas nos olhos do povo.
Pelos nossos jovens só suas mães chorarão.
Braços do nosso silêncio, da nossa cobardia,
molharão
os seus dedos no sangue que a nossa crueldade
os fez verter.
Quem os chorará?
Quem reclamará os louros da sua infâmia?
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