Domingo, 20 de Março de 2011
Publicado por Luis Moreira
Fui ali ao Blasfémias e pedi emprestado o que vem aí escrito. Tenho alguma desculpa porque já escrevi isto vezes sem conta, é bom saber que há gente que pensa o mesmo e que não compreende como é que a rede de escolas é administrada a partir dos gabinetes do Ministério. E, ainda compreendo menos que os professores não exijam a autonomia das escolas, tomarem nas suas mãos, juntamente com pais e autarquias, o destino dos seus alunos.
Para que serve um Ministério da Educação plenipotenciário, dirigista, centralizado em Lisboa, com tutela sobre uma imensa rede de escolas à escala de todo o país, e projectado pela cabeça de uma senhora ministra e da sua corte de burocratas? E que utilidade tem um curriculum uniforme para o
Ensino Básico das escolas públicas, sempre em eterna e constante «reformulação»? Eu respondo: serve para colocar em confronto permanente ministros, ministérios, professores, pais, alunos e sindicatos, e, obviamente, para fazer descer – se é que isso ainda é possível – a qualidade do ensino público português.
Não poderiam, porventura, os conhecimentos que esse curriculum supostamente quer assegurar ser estruturados localmente, por cada uma das escolas, desde que se garantissem coisas elementares na educação de um cidadão, como, por exemplo, aprender a ler e a escrever, a somar, multiplicar e dividir, e a responder à pergunta «quem foi o primeiro rei de Portugal», matérias a que os nossos «agentes educativos», todos eles quase sem excepção, respondem cada vez com maior dificuldade, embrenhados que andam em pontapearem-se reciprocamente? E não poderia, por sua vez, cada uma das Universidades portuguesas, no exercício daquilo que deveria ser a sua autonomia, admitir os alunos que se lhes apresentassem com melhor preparação, deixando à porta os menos preparados, até que eles conseguissem, pelo menos, atingir o nível suficiente de conhecimentos para frequentarem os cursos a que se candidatam?
É claro que sim. Para tanto, seria necessário que a educação deixasse de ser um assunto da responsabilidade de burocratas, e passasse a ser tratado por professores, pais e de alunos de cada uma das escolas, e, no fim de tudo, certificado pelo mercado. Acabar com o Ministério da Educação, com os curricula uniformes e as suas infindáveis reformas, e com a rede de escolas públicas centralizadas no gabinete dos senhores ministros, são condições sem as quais o ensino público português não abandonará a mediocridade em que há muito se encontra.
Terça-feira, 3 de Agosto de 2010
Luís MoreiraPara calcular a altura das estrelas e assim conseguir encontrar o caminho, vamos oferecer-lhe um estrolabio, talvez passe a pensar antes de falar, é que assim ainda vai dar razão aos sindicatos. E se os sindicatos sem razão já fazem o barulho que fazem, vejam o que será com razão.
Então agora ninguem chumba? A tendência para neste país se nivelar tudo por baixo é uma tentação, chama-se "igualitarismo", passam todos,é uma espécie de vitória em vitória até ao desemprego final, ninguem quer os nossos alunos,não sabem ler e contar, quer dizer, já não sabem, agora vamos oficializar o assunto. Não conseguimos ter uma boa escola? Deixa de haver chumbos!
Assunto resolvido, melhora tudo de uma penada, estatísticas incluídas, essas chatas que nos mantêm no fundo da tabela, nós que somos tão bons, somos um ministério cheio de "sabichões", os professores são do melhor, os funcionários, as políticas, tudo é bom só os alunos, esses malandros, é que são maus. A culpa é dos pais, do ambiente, das instalações, do "fast food", tudo coisas que não podemos controlar.
Como não podemos exterminá-los e, como, ano após ano, não conseguimos melhorar o ensino, já tentamos tudo, até já andarmos em guerra com os sindicatos a fazer de conta que não há escolas nem alunos, só nos resta oficializar os chumbos!
E, mais, na próxima vamos fazer uma manifestação unitária!
PS: Calculo que a ideia possa ser haver aulas de apoio aos alunos com ritmos de aprendizagem diferente, mas anunciar que deixa de haver chumbos, é a melhor maneira de matar a ideia à nascença.
Domingo, 18 de Julho de 2010
Luís MoreiraGabriela Canavilhas é um desastre, como ministra é um fantasma, não se sabe o que faz, nem o que quer, a primeira vez que abriu a boca, caíram-lhe em cima os próprios colegas do governo, afinal de dinheiro quem sabe é o ministro das finanças, toca a recuar...
Foi à Assembleia da República e o seu discurso esteve perto da humilhação, o Pacheco a gritar-lhe lá da última bancada de deputados que era Jorge Luís Borges e não José, a ministra da cultura a mostrar que toca muito bem piano mas que não devia querer ser ministra.
O nível vai descendo perigosamente, uma das razões pode ser que Sócrates e o seu "inner circle" não queira gente boa, competente, com medíocres é mais fácil o quero, posso e mando.
E a grande notícia, no que ao ministério da Cultura diz respeito, é que foi criada uma secção dedicada à tauromaquia...
Segunda-feira, 24 de Maio de 2010

Luís Moreira
Devo dizer, antes de tudo, que esta intromissão dos tribunais no assunto da avaliação dos professores é a melhor notícia para o Governo. Perante um círculo vicioso, o governo tem agora uma saída que sempre lhe será dada pelos tribunais. O governo, fosse qual fosse a decisão, iria sempre arrostar com a fúria de parte da classe dos professores.
Há um mês, o jornal “SOL” perante uma decisão de um tribunal favorável a uma providência cautelar, decidiu não acatar a decisão e distribuir a edição. Durante várias semanas afrontou a decisão do Tribunal, com evidente júbilo de nós todos! Editoriais a roçar o rídiculo do próprio director do jornal, acompanhavam a festa por termos acesso às escutas.
Agora temos uma ministra que decidiu não acatar uma decisão de um tribunal do mesmo nível e já tem uma acção de desobediência às costas, com evidente júbilo de nós todos. Há por aqui coerência?
Os tribunais não se podem substituir a quem foi eleito para governar o país, isso levaria os governos à inacção, qualquer um de nós, em qualquer actividade poderia amarrar de pés e mãos o governo. Eu, por exemplo, metia uma providência cautelar para as obras públicas, apresentando um rol de testemunhas deveras credível a que nenhum tribunal se atreveria a dizer não. Um Presidente da República, o próprio ministro das finanças do governo, o governador do Banco de Portugal e ex-ministros de todas as áreas ideológicas. Mas posso apresentar queixa se a teimosia do primeiro ministro levar o país para a bancarrota ! Veja-se como Tony Blair foi acusado por um magistrado por causa, não da guerra do Iraque,(decisão política) mas porque mentiu ao seu povo(crime) para poder assinar as leis que levaram os soldados ingleses à guerra!
No caso dos professores, os que se limitaram a obedecer a uma ordem da sua tutela(decisão política) não discutindo as condições em que foram avaliados, são os únicos que não podem em caso algum serem prejudicados, ninguem pode ver goradas as suas legítimas expectativas por ter cumprido a lei ou porque outros incorreram em desigualdades.(crime)
Bela prenda que ofereceram à Ministra. Não sei se ela será merecedora de tamanho carinho!
PS: aí está outra providência cautelar, a das SCUT do Vale do Sousa.