Sexta-feira, 18 de Março de 2011

Os jogos dos mercados financeiros - por Júlio Marques Mota 2

Os jogos dos mercados financeiros

A fase actual do capitalismo, o capitalismo financeiro, caracteriza-se pelo desenvolvimento prodigioso dos mercados financeiros onde massas enormes de capitais estão perpetuamente à procura de colocações mais rentáveis, mais líquidas e o menos arriscadas possíveis, enquanto os fundos especulativos (hedge funds) e os especuladores (traders) tiram partido da volatilidade dos mercados para organizar operações fortemente rentáveis.

Mas como encontrar a contrapartida: emprestadores sem risco e créditos a serem pagos a taxas de juro importantes? É necessário obrigatoriamente um montante enorme de dívidas face a um montante enorme de activos financeiros. Os prestamistas, os mutuantes, querem investir somas importantes, mas preocupam-se seguidamente com o facto de que os emprestadores, os mutuários, estarem demasiado endividados; procuram rentabilidades elevadas, mas estas fragilizam os emprestadores; é a maldição do devedor, do mutuário.
Os países, as empresas ou as famílias que beneficiam de contributos importantes de fundos externos estão fragilizados, dado que se tornam fortemente endividados e dependentes dos mercados de capitais: é a maldição do mutuário, do devedor.

O sistema financeiro internacional está assim constantemente à procura de tomadores de fundos: outrora eram os países do terceiro mundo; depois certos países da Ásia; ainda há pouco eram os Estados Unidos e as famílias anglo-saxónicas. Em 2010, os mercados financeiros tiveram necessidade de emprestar maciçamente a agentes fiáveis. Como as famílias e as empresas se procuram desendividar tendo em conta a incerteza económica, são os Estados que devem então endividar-se, mas ao mesmo tempo, as suas posições estão fragilizadas. Os mercados querem mutuários, mas acusam-nos de estarem endividados.

Numa economia onde a massa dos capitais financeiros é importante, o endividamento é automaticamente elevado. Um grande número de agentes estão endividados e certos estão-no mais do que os outros. Há por conseguinte permanentemente dúvidas sobre a solvabilidade dos devedores. Os mercados têm um comportamento de rebanho de carneiros,; as suas antecipações são auto-realizadoras, e os operadores sabem-no. Estes estão vigilantes, mas a sua vigilância acentua os riscos de crise. É suficiente que haja um rumor a colocar em dúvida a solvabilidade de um país para que alguns gestores de fundos se sintam obrigados a vender os títulos que detêm sobre este país; esta atitude faz subir as taxas de juro suportadas por este país, o que pode induzir uma agência de notação a baixar a sua notação, o que induz outros gestores a cobrirem-se, o que provoca um novo aumento das taxas, etc. A globalização financeira obriga a economia mundial a viver permanentemente sob a ameaça de crises da dívida.

A crise de 2007-2008 mostrou que acontecimentos inimagináveis podiam produzir-se; de modo que os mercados estão mais nervosos, mais rápidos a encarar cenários extremos, o que acentua a sua instabilidade. Os mercados recordam-se que fizeram explodir o Sistema Monetário Europeu (SME) em 1992 e que obrigaram a Argentina a sair do currency board (isto é, do seu compromisso inscrito na Constituição de manter o valor da sua moeda face ao dólar). Porque é que não terão eles agora sucesso em  fazer desaparecer a zona euro.


Os Estados são assim submetidos a duas exigências contraditórias: apoiar a actividade económica, nesta incluindo o apoio aos bancos em risco de falência, e assegurar a sua própria situação financeira.
Na economia globalizada, as políticas económicas devem ser consagradas a acalmar os mercados, enquanto que estes não têm nenhuma visão pertinente do equilíbrio e da evolução macroeconómica, como se testemunha com as fortes flutuações dos mercados financeiros (Bolsa ou taxa de câmbio). Assim,é absurdo pedir uma baixa forte dos défices públicos numa situação onde a procura global é fraca e as taxas de juro de curto prazo vizinhas de zero.

 

Os detentores de capitais querem deter activos financeiros importantes. Antes da crise, este desejo de ter activos tinha sido satisfeito graças ao desenvolvimento de bolhas financeiras e imobiliárias. Depois do rebentamento destas bolhas, o défice da procura deve ser satisfeito através dos défices públicos e através das baixas taxas de juro. Se os mercados financeiros recusam esta lógica, fazendo aumentar as taxas de juro de longo prazo, sob pretexto de prémio de risco  quando o Estado apoia a actividade, se difunde a tese de que os défices de hoje são os impostos de amanhã, de que é necessário, por isso memso, poupar mais em período de défice público, se os países que se endividaram para apoiar a actividade (e para apoiar igualmente o sector financeiro) devem rapidamente reduzir o seu nível de endividamento, a política económica torna-se impotente e a economia mundial completamente não governável.

publicado por Luis Moreira às 20:00
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Sexta-feira, 18 de Fevereiro de 2011

Volatilidade do preço das matérias-primas – por Joahnne Buba, Maxime Liegey - 1

Iª Parte: Para uma regulação dos mercados financeiros

  1. Os mercados de produtos derivados de matérias-primas na origem da volatilidade dos preços dos anos 2000?

Introdução

 

Os mercados de matérias primas não são um mercado de activos como os outros: estes produtos são matérias primas, produtos intermediários, são “inputs” incontornáveis na   produção, na economia real e  a evolução dos seus  preços tem consequências directas e imediatas para os investimentos, sobre a produção ou ainda sobre a  alimentação, como o mostrou bem o disparar dos preços no período de 2007-2008 e mais recentemente ainda com a crise sobre o trigo russo. Estes mercados são por conseguinte objecto de uma atenção muito específica por parte dos  poderes públicos, que os  inscreveram   na ordem de trabalhos do G20  de 2011.

 

Paralelamente, a imagem dos bancos foi fortemente corroída pela crise dita de subprimes, explicando-se assim  que os poderes públicos  vejam  a  sua participação   nos mercados a prazo de matérias primas com ar de bastante desconfiados, tanto quanto o aumento dos preços correspondem  mais ou menos à chegada maciça  destes novos operadores neste  segmento de mercados . De acordo com  a análise económica, os movimentos das cotações  observadas nestes últimos anos devem-se principalmente à tensão que pôde existir entre uma oferta estagnante e uma procura crescente. A literatura sobre o assunto, se explica a actuação dos mecanismos  em funcionamento , não fornece nenhuma prova da responsabilidade dos mercados à prazo  e, mais particularmente , dos operadores financeiros  no aumento dos preços de 2007-2008. A prudência é no entanto de rigor:  a ausência de provas, principalmente devida à ausência de dados, não significa  portanto que  estes  mercados derivados devam ser isentos de todo  e qualquer controlo. Cabe aos poderes públicos e às autoridades de mercado encontrarem uma situação de  justo equilíbrio com um regulamento que permita prevenir  a evolução  descontrolada das cotações  preservando ao mesmo tempo o desenvolvimento   destes mercados, essenciais  quanto às  necessidades de cobertura e quanto à  formação das antecipações  dos preços.

 

Os desafios

 

Desde o ano  2000, todos os mercados de matérias-primas , energéticas, mineiras ou agrícolas, conhecem um aumento regular dos preços. A partir do terceiro trimestre de 2006, os preços culminaram em  níveis raramente atingidos, se é alguma vez o foram. Durante o Verão  de 2008,   o barril de petróleo  esteve assim próximo  dos  150 dólares. Estes movimentos erráticos das cotações  renovaram o interesse  dos decisores públicos pelo  funcionamento dos mercados de  produtos derivados e as suas interrogações sobre a responsabilidade  dos “especuladores “ tradicionalmente  suspeitos , aquando das crises (1)[1], de estarem  n a origem da formação “de bolhas” especulativas que se traduzem   na economia real por uma perda  de  bem-estar social. A análise económica permite-nos fazer  luz sobre os mecanismos que puderam conduzir  a uma subida vertiginosa  dos preços nos mercados financeiros, que seguidamente se teriam ido repercutir  no mercado físico.  Se o seu papel na instabilidade constatada durante os últimos anos não está provada, o enquadramento dos mercados derivados de matérias -primas é hoje um dos pontos em discussão a nível comunitário (directivas e regulamentos em curso  de validação  na Comissão europeia), como a nível internacional

 

A volatilidade de produtos derivados na origem da  volatilidade dos preços dos anos 2000 ?

 

A volatilidade pode ser definida de diversas maneiras. Reteremos nesta nota a definição seguinte, que corresponde à compreensão mais ideia  mais frequente da  palavra: a volatilidade corresponde às variações de preços bruscas e de forte amplitude, excluindo as fracas variações em torno  de um preço médio[2]. A volatilidade assim definida teve consequências importantes na economia real. Recorde-se  “os motins da fome”, que agitaram o Egipto, o Haiti, Marrocos, as Filipinas e numerosos países da África, na sequência do aumento dos preços agrícolas em 2007-2008. Para os países em desenvolvimento, frequentemente dependentes dos produtos agrícolas, esta instabilidade conduziu  a muito fortes variações das receitas e constitui  um travão ao crescimento económico[3].

 

. No caso do petróleo, a noção mais corrente  de “ volatilidade”, se nos interessamos pelo  impacto na economia real, traz-se igualmente pelas  variações bruscas  no aumento da cotação do barril, outrora maneira chamadas  “choques petrolíferos”. Com efeito, os economistas estão de acordo em  reconhecer os efeitos assimétricos das variações do preço do petróleo sobre a economia real : o impacto negativo no PIB de um forte aumento do curso não será compensado por um brusco abrandamento das cotações, como a  que foi observada, por exemplo, durante o segundo semestre de 2008. Embora seja largamente reconhecido que o efeito negativo sobre o PIB resultante de um aumento do preço do petróleo é bem menor desde os anos 2000 que em 1970[4],  não se pode excluir a hipótese segundo a qual “o choque”  de 2007-2008 contribuiu para a redução do ritmo de crescimento nos Estados Unidos[5] .

 

O aumento das cotações  constatado em 2007-2008 inscreve-se num fenómeno mais global de aumento generalizado dos preços das matérias primas, como o mostra  o gráfico seguinte.

 

 

 

 

Paralelamente, os mercados financeiros de matérias primas desenvolveram-se fortemente. Assim, o volume das transacções aumentou consideravelmente desde os anos 2000, em especial nos mercados privado (OTC ou over the counter em inglês, ou fora da bolsa): os agentes presentes diversificaram-se, com a chegada maciça de novos investidores (fundos de investimentos pouco  regulamentados  ou hedge funds, fundos especulativos por excelência,  fundos indexados, etc.).



 

publicado por Carlos Loures às 21:00
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Segunda-feira, 17 de Janeiro de 2011

Manifesto de Economistas aterrados - 6

 

FALSA EVIDÊNCIA N.º 10: A CRISE GREGA POSSIBILITOU FINALMENTE AVANÇAR PARA UM GOVERNO ECONÓMICO E PARA UMA VERDADEIRA SOLIDARIEDADE EUROPEIA

 

A partir de meados de 2009, os mercados financeiros começaram a especular sobre a dívida dos países europeus. Globalmente, a forte subida das dívidas e dos défices públicos à escala mundial não resultou (ainda) em aumentos das taxas de longo prazo: os operadores financeiros acreditam que os bancos centrais vão manter durante muito tempo as taxas monetárias reais em valores muito próximos de zero, e que não há, nem o perigo de inflação, nem o risco de um grande país entrar em situação de incumprimento das suas dívidas. Mas os especuladores viram bem as falhas na organização da zona euro. Enquanto os governos de outros países desenvolvidos podem sempre ser financiados pelo respectivo Banco Central, os países da zona euro renunciaram a esta opção e estão totalmente dependentes dos mercados para financiar os seus défices. Em resultado, a especulação pôde desencadear-se sobre os países mais frágeis da zona: Grécia, Espanha, Irlanda.

 

As autoridades europeias e os governos nacionais têm sido lentos na resposta, não querendo dar a impressão de que os países-membros tinham direito a apoio ilimitado dos seus parceiros, e querendo castigar a Grécia, culpada de ter escondido — com a ajuda do banco Goldman Sachs — a dimensão dos seus défices. No entanto, em Maio de 2010, o BCE e os países-membros tiveram de criar de emergência um Fundo de Estabilização, para sinalizar aos mercados que dariam aquele apoio ilimitado aos países ameaçados. Em troca, estes tiveram que anunciar programas de austeridade orçamental sem precedentes, que os vai condenar a um abrandamento da actividade económica a curto prazo e a um longo período de recessão. Sob pressão do FMI e da Comissão Europeia, a Grécia deve privatizar serviços públicos e a Espanha deve flexibilizar o mercado de trabalho. Mesmo a França e a Alemanha, que não são objecto de especulação, anunciaram medidas restritivas.

 

No entanto, a procura não é, de forma alguma, globalmente excessiva na Europa. A situação orçamental é melhor do que a dos Estados Unidos ou da Grã-Bretanha, possibilitando margem de manobra orçamental. É necessário reabsorver os desequilíbrios de forma coordenada: os países do norte e do centro da Europa, com excedentes comerciais, devem empreender políticas expansionistas — salários mais elevados, mais despesas sociais... — para compensar as políticas restritivas dos países do Sul. A política orçamental não deve ser globalmente restritiva na zona euro enquanto a economia europeia não se aproximar, a um ritmo satisfatório, da situação de pleno emprego.

 

Mas os defensores da política orçamental automática e restritiva na Europa estão hoje, infelizmente, com mais força. A crise grega permite fazer esquecer as origens da crise financeira. Aqueles que concordaram em apoiar financeiramente os países do Sul querem impor, em troca, um endurecimento do Pacto de Estabilidade. A Comissão Europeia e a Alemanha querem impor a todos os países-membros que inscrevam nas respectivas Constituições o objectivo de equilíbrio orçamental e que as respectivas políticas orçamentais sejam controladas por comissões de peritos independentes. A Comissão Europeia quer impor aos países uma longa cura de austeridade, para que a dívida pública volte a ser inferior a 60% do PIB. Se há um passo rumo a um governo económico europeu, é para um governo que, em vez de afrouxar o grilhão da finança, vai impor austeridade e um aprofundamento das “reformas” estruturais, em detrimento da solidariedade social em cada país e entre os diversos países.

A crise proporciona às elites financeiras e aos tecnocratas europeus a tentação para porem em prática a “estratégia de choque”, aproveitando a crise para radicalizar ainda mais a agenda neoliberal. Mas essa política tem poucas possibilidades de sucesso:

 

 

publicado por Carlos Loures às 21:00

editado por Luis Moreira às 17:52
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Sexta-feira, 14 de Janeiro de 2011

MANIFESTO DOS ECONOMISTAS ATERRADOS - 3 -

(Continuação)

Primeiros signatários: Philippe Askenazy (CNRS, Ecole d’économie de Paris), Thomas Coutrot (Conseil scientifique d’Attac), André Orléan (CNRS, EHESS), Henri Sterdyniak (OFCE)

Tradução para português: Júlio Mota, Luís Lopes e Margarida Antunes (Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra

FALSA EVIDÊNCIA N.º 2: OS MERCADOS FINANCEIROS FAVORECEM O CRESCIMENTO ECONÓMICO.

A integração financeira alcandorou o poder da finança ao seu zénite, na medida em que unificou e centralizou a propriedade capitalista à escala global. Agora é a finança que determina as normas de rentabilidade exigidas pelo conjunto de todos os capitais. O projecto era o de a finança de mercado substituir o sistema de financiamento bancário dos investimentos. Projecto que aliás falhou, uma vez que hoje, globalmente, são as empresas que financiam os accionistas e não o contrário. A governança das grandes empresas foi, no entanto, profundamente transformada para corresponder às normas de rentabilidade do mercado. Com a ascensão dominante do valor accionista, instituiu-se uma nova concepção da empresa e da gestão, pensadas como estando ao serviço exclusivo do accionista. A ideia de interesse próprio comum dos diferentes interessados na vida da empresa desapareceu. Os gestores das empresas cotadas na Bolsa têm agora a principal missão de satisfazer o desejo de enriquecimento dos accionistas e nada mais. Consequentemente, deixam eles próprios de ser assalariados, como mostra bem o aumento desmesurado das respectivas remunerações. Como sugere a teoria do “agenciamento”, trata-se de fazer com que os interesses dos gestores passem a estar em convergência com os dos accionistas.

Uma ROE (“Return on Equity” ou rentabilidade dos capitais próprios) de 15% a 25% passa a ser a norma imposta pelo poder da finança às empresas e aos assalariados. A liquidez é o instrumento deste poder, permitindo a todo o momento aos capitais não satisfeitos de mudarem para outras paragens. Confrontados com este poder, os assalariados, tal como a soberania política, surgem, pela sua fragmentação, em situação de inferioridade. Esta situação de desequilíbrio leva a exigências de lucros irrazoáveis, porque definham o crescimento económico e conduzem a um aumento contínuo das desigualdades de rendimentos. Por um lado, as exigências de lucros inibem fortemente o investimento: quanto mais elevada for a rentabilidade exigida, mais difícil é encontrar projectos que sejam suficientemente rentáveis para a satisfazer. As taxas de investimento continuam a ser historicamente fracas na Europa e nos Estados Unidos. Por outro lado, esses requisitos provocam uma pressão constante sobre a baixa dos salários e sobre o poder de compra, o que não é favorável à procura. A travagem simultânea do investimento e do consumo conduzem a um baixo crescimento e a um desemprego endémico. Os países anglo-saxónicos têm procurado opor-se a esta tendência através do aumento crescente do endividamento das famílias e através de bolhas financeiras especulativas, que criam uma riqueza fictícia, permitindo o crescimento do consumo sem salários, mas que acabam por redundar em crashs.

Para ultrapassar os efeitos negativos dos mercados financeiros sobre a actividade económica, colocamos em debate três medidas:

publicado por Carlos Loures às 21:00

editado por Luis Moreira em 13/01/2011 às 23:08
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Quinta-feira, 13 de Janeiro de 2011

Manifesto de Economistas Aterrados - 2


(Continuação)

Primeiros signatários: Philippe Askenazy (CNRS, Ecole d’économie de Paris), Thomas Coutrot (Conseil scientifique d’Attac), André Orléan (CNRS, EHESS), Henri Sterdyniak (OFCE)

Tradução para português: Júlio Mota, Luís Lopes e Margarida Antunes (Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra)

FALSA EVIDÊNCIA N.º 1: OS MERCADOS FINANCEIROS SÃO EFICIENTES

Hoje, todos os observadores constatam um facto: o papel fundamental que desempenham os mercados financeiros no funcionamento da economia. É o resultado de uma longa evolução, que começou no final dos anos setenta. Qualquer que seja a forma de a analisar, esta evolução marca uma ruptura clara, tanto quantitativa como qualitativa, em relação às décadas anteriores. Sob pressão dos mercados financeiros, a regulação geral do capitalismo modificou-se profundamente, dando origem a uma nova forma de capitalismo, que alguns apelidaram de “capitalismo patrimonial”, de “capitalismo financeiro” ou ainda de “capitalismo neoliberal”.

Estas mutações encontraram a sua justificação teórica no postulado da eficiência informacional dos mercados financeiros. De facto, segundo este postulado, importa desenvolver os mercados financeiros, garantir que eles possam operar tão livremente quanto possível, porque são o único mecanismo de afectação eficiente do capital. As políticas obstinadamente levadas a cabo ao longo dos últimos trinta anos estão em conformidade com esta recomendação. Trata-se de criar um mercado financeiro integrado a nível mundial, em que todos os agentes (empresas, famílias, Estados, instituições financeiras) podem negociar qualquer tipo de valor mobiliário (acções, obrigações, dívidas, derivados, divisas) para qualquer maturidade (longo prazo, médio prazo, curto prazo). Os mercados financeiros têm vindo a assemelhar-se aos mercados “sem fricção” dos manuais: o discurso económico conseguiu recriar a realidade. Sendo os mercados cada vez mais “perfeitos”, no sentido da teoria económica dominante, os analistas acreditaram que o sistema financeiro estava agora muito mais estável do que no passado. A “grande moderação” — este período de crescimento económico sem aumento de salários que os Estados Unidos viveram entre 1990 e 2007 — pareceu confirmá-lo.

publicado por Carlos Loures às 21:00

editado por Luis Moreira às 18:05
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Domingo, 28 de Novembro de 2010

Para uma redefinição da União Económica e Monetária Europeia: da crítica dos seus fundamentos à crítica da crise actual

I. Crises na União Europeia: o que está por detrás de tudo isto? Para quê tudo isto?




Júlio Mota*, Luís Lopes e Margarida Antunes**




Hoje, existe uma crise económico-financeira mundial, mas existe também uma crise europeia que em parte tem as suas raízes na ausência de líderes políticos com uma outra visão do momento, tal como Jean Monnet e Robert Schuman tiveram há mais de 50 anos atrás. É assim preciso, julgamos, criar aqui um espaço de discussão de uma outra Europa, necessariamente inserida numa economia global, mas com um outro projecto político e económico que lhe seja próprio e assente também na solidariedade entre os seus membros, enfim assente numa visão de conjunto como a expressa por estes dois arquitectos da construção económica europeia.

Com esta sessão, com o tema específico Para uma redefinição da união económica e monetária europeia: da crítica dos seus fundamentos à crítica da crise actual, procuramos precisamente trilhar este caminho. Para isto, pretendemos colocar no centro do debate essencialmente duas grandes vias de análise: 1) os fundamentos da união económica e monetária europeia, os limites da sua própria construção e os contornos específicos que a crise económico-financeira nela assume; 2) na sequência do ponto anterior, as respostas da União Europeia à própria crise, respostas no quadro do seu modelo de referência e da sua arquitectura institucional e que se têm caracterizado pela sua submissão à tirania dos mercados (monetários e financeiros), para utilizar a feliz expressão de Henri Bourguinat utilizada já há quase quinze anos. A partir daqui, importa perspectivar alternativas possíveis ao seu quadro de funcionamento, de modo que a União Europeia seja capaz de responder definitivamente à situação presente.

A economia global em termos económicos, políticos e culturais, tem sido tradicionalmente expressa por um triângulo, em cujos vértices se encontra os Estados Unidos, a União Europeia e durante muitos anos o Japão ladeado pelos chamados Tigres Asiáticos. Hoje, a imagem do mundo mantém-se, mas com uma diferença de fundo: em vez do Japão está agora a China, contudo com um modelo económico e político completamente diferente, a colocar questões novas, a exigir respostas novas, nem uma nem outra a serem concebíveis na arquitectura económica actual da União Europeia.

Três pólos, três visões do mundo, também três modelos de resposta à profunda situação de crise que a economia global e cada uma das economias nacionais atravessam. A China continua a lidar com os seus excedentes comerciais, com as suas políticas de expansão económica e de expansão sobre o Mundo, através da produção, exportação de bens e de empréstimos ao exterior. Joga com as suas regras próprias de um capitalismo de Estado ao nível da produção e da repartição de rendimentos, podendo-se até mesmo falar de um regime de forte acumulação primitiva. Este regime também tem sido possível graças à intensidade da deslocalização das indústrias do Ocidente para a China, à crescente subcontratação industrial e ao enorme volume de investimentos directos estrangeiros, tudo como forma de aproveitamento das suas características: os baixos salários, os ritmos intensíssimos de trabalho e a cada vez maior capacidade tecnológica, muita dela devida a estas mesmas reconfigurações dos processos produtivos ao nível mundial da responsabilidade principal das multinacionais americanas e europeias. Tudo isto é assim feito no quadro da desregulação da economia mundial neoliberal, o que permite à China criar as suas próprias regras, crescer com elas e inserir-se intensamente no comércio mundial, este a ser feito sob a égide da Organização Mundial do Comércio. Tudo isto foi também possível, porque do outro lado esteve um país — os Estados Unidos — que fez do aumento do consumo e do endividamento a base da sua efémera estabilidade nos últimos vinte anos. Os dois países tornaram-se os principais “promotores” desta economia global, pois asseguraram em conjunto o equilíbrio macroeconómico necessário para que o modelo fosse funcionando: os Estados Unidos como “promotor” do lado da procura e a China como “promotora” do lado da oferta.

Devido a isto, a China manipula ainda uma poupança nacional em moeda externa, as suas receitas líquidas de exportação, que não utiliza para promover o consumo interno, preferindo antes limitar a sua capacidade de importação. “Congela” assim muitos milhares de milhões de dólares de exportações possíveis com destino a China, quer fossem elas da Europa, quer dos Estados Unidos. “Congelando-se” as exportações possíveis dos outros, limita-se também o crescimento da produção destes, dos seus investimentos produtivos, perdem-se assim postos de trabalho efectivos e potenciais no Ocidente. Todos estes novos trajectos da globalização são vistos pelos governos ocidentais como o resultado da lógica da concorrência à escala mundial e, como tal, supostamente não questionáveis.

Num segundo vértice, temos os Estados Unidos a procurar inverter o modelo económico dos últimos vinte anos, que o conduziu a ele, mas também a todos nós, à crise económico-financeira presente. Para além de haver um trabalho de diagnóstico da situação actual, feito mercado a mercado, sector a sector, onde se procura encontrar as causas possíveis para tudo isto, a Administração Obama tem levado a cabo uma política séria de retoma económica e de regulação da economia americana. A intencionalidade desta política é visível quando o Presidente Obama tem quase necessidade de convencer senador a senador, eleito a eleito, da importância dos seus projectos, tal é o peso dos grupos de pressão contra toda e qualquer reforma que ponha em causa o status quo. Foi assim com a reforma na saúde; foi assim com a regulação dos mercados financeiros; foi igualmente deste modo com a política de re-industrialização do país e com a política de reconversão de algumas infra-estruturas públicas; tem sido assim também com a oposição à política chinesa de manutenção do yuan extremamente subavaliado. Toda esta actuação política se distingue daquela que se vai passando na União Europeia.

Esta, depois de um período curto de políticas económicas anti-crise, volta a estar submetida como talvez o nunca tenha estado à tirania dos mercados financeiros e tomando como objectivo prioritário não o relançamento económico, não o crescimento económico, não a criação de emprego a tempo pleno e decente, não a intensificação da investigação e da melhoria da formação da sua população, não os investimentos maciços a pensar nas gerações futuras e no bem-estar das gerações presentes, mas antes a redução drástica dos défices públicos e do valor da despesa pública relativamente ao PIB. O desejo de apenas querer “acalmar os mercados”, “saber comunicar com estes”, tornou-se o grande objectivo da política económica europeia; o objectivo prioritário e único de estabilidade de preços na zona euro, inscrito nos Tratados, e cegamente procurado até ao despoletar da crise, em 2008, parece até esquecido.

Os dias de hoje têm revelado, com efeito, uma nova faceta do modelo da economia neoliberal que tem sido seguido na União Europeia, têm mostrado de forma mais explícita e brutal que são os mercados financeiros a determinar aspectos fundamentais da política governativa. O sistema, apesar destes novos contornos, continua a ser o mesmo e enquanto continuar assim, não se consegue pôr cobro definitivo à evolução da crise, pois as mesmas causas geram os mesmos efeitos. A este nível, a Europa parece estar a fazer o que o mais incompetente dos professores nunca faria: dar ao aluno a correcção do seu próprio exame.

A liquidez injectada de forma continuada pelo Banco Central Europeu para salvar da falência o sistema financeiro e o dinheiro cedido por este aos bancos privados a baixo custo têm estado a ser utilizados contra alguns Estados-membros, na aquisição de títulos da dívida pública com taxas de rentabilidade implícita elevadas, às quais não são alheios os ataques especulativas às dívidas soberanas destes países. Com isto, é agora a economia real que está a ser atingida com os planos de austeridade, considerados necessários para inverter o sentido dos mercados, para os “acalmar”. Com este comportamento inesperado dos mercados financeiros, os governos têm-se endividado ainda mais. À utilização do orçamento para salvar os bancos e diminuir as tensões que se criavam na economia real, às medidas económicas anti-crise, ao funcionamento dos estabilizadores automáticos, há que acrescentar agora o aumento do serviço da dívida. Tem-se dado assim um aumento excessivo e perigoso do movimento no mercado de obrigações da dívida pública, uma vez que a União Europeia não se tem preocupado em regular os mercados financeiros, onde a especulação ontem como hoje não está sujeita nem a constrangimentos nem a limites. Tem-se aberto assim o caminho para se criarem novas bolhas especulativas nos mercados financeiros com o novo objecto de ataque dos especuladores: a dívida soberana de cada país e, para se ser mais eficaz, tomada uma a uma.

A zona euro foi o alvo privilegiado e isto porque, como cada um dos Estados-membros tem valores de referência a cumprir e regras estabelecidas pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento a respeitar, é possível aferir a existência de desvios na sua situação orçamental e na sua respectiva evolução. Perante a degradação das contas públicas de todos eles, a capacidade de alguns países poderem assumir a sua dívida tem sido assim colocada em dúvida pelos mercados financeiros. A escolha de países da zona euro é tanto mais intencional quando se sabe que o não cumprimento por parte de vários países pode pôr em causa a concepção se não mesmo a própria existência desta união monetária. É isto mesmo que condiciona a capacidade de resposta dos Estados-membros e das instituições da União Europeia, dado o quadro institucional onde estão inseridos.

As indefinições de muitos, a falta de vontade de alguns, como a Alemanha, criam divisões entre o Norte e o Sul da Europa e por cada compasso de espera, por cada momento de indecisão, os especuladores criam mais espaço de actuação, o valor dos títulos soberanos dos estados atacados caiem, as taxas de rentabilidade implícita disparam e a dívida pública aumenta.

Por isto, hoje, pela lógica pura dos mercados financeiros e das opções políticas das instituições europeias, os países da zona euro percorrem três vias diferentes no acesso ao financiamento da sua dívida pública. Na primeira via, a mais rápida, circula a França, a Alemanha e os países da Benelux: os títulos da dívida pública a 10 anos são remunerados a taxas inferiores a 3%; na segunda via, de velocidade média, circulam a Itália e a Espanha com as suas faixas em perigo de degradação eminente, estando os seus títulos a 10 anos a ser remunerados a cerca de 4% e, enfim, na via mais lenta circulam Portugal e a Irlanda com taxas próximas de 6,5% e a não se saber o que lhes querem fazer a seguir. Fora da auto-estrada, na zona de paragem urgente, está a Grécia com os seus títulos a serem remunerados a cerca de 13% e a ser reparada da sua avaria pelas “oficinas” da União Europeia e do FMI.

Hoje, a Grécia, e a amanhã? Portugal? A Irlanda? A Espanha? E depois? Quem vai a seguir…? E o silêncio das instituições europeias continua. Estas instituições e os governos têm mostrado uma de duas coisas: ou uma incapacidade colectiva de agir e reagir de forma atempada e antecipada, regulando todos estes tipos de mecanismos, ou uma vontade de nada alterar como se na União ainda se tenha pudor em pôr em causa a eficiência dos mercados. É como se tudo esteja a acontecer como se nada de especial tenha ocorrido, a não ser passar-se agora a considerar que a má situação orçamental presente se deve exclusivamente à má gestão dos dinheiros públicos por parte de alguns governos europeus!

A submissão à tirania dos mercados financeiros não é nem política, nem económica nem socialmente aceitável e os seus efeitos são bem evidente desde a assunção clara do modelo da economia neoliberal pela União Europeia no início dos anos 90: um aumento insatisfatório da produção, taxas de desemprego elevadas, investimento produtivo insuficiente, precarização nos mercados de trabalho, desvalorização sucessiva da protecção social. A crise poderia ter constituído um bom momento de reflexão de tudo o que tinha sido feito, um bom momento de inverter o sentido das coisas. Mas, ao contrário, parece ter-se reafirmado ainda mais a lógica do modelo até agora seguido. Assim, em vez de políticas económicas anti-cíclicas consistentes e sustentadas, assiste-se a políticas fortemente pró-cíclicas de consolidação orçamental e de moderação ou mesmo de redução salarial, tudo isto, relembre-se, em nome do “bom interesse” dos mercados financeiros. Como resultado, a produção não mostra nenhum sinal consistente de recuperação, a taxa de desemprego mantém-se nos mesmos patamares e surgem de forma ainda mais preocupante taxas de desemprego extremamente elevadas dos jovens (15-24 anos), muitos deles com elevados níveis de formação. Como se assinala na OCDE e na OIT, há a possibilidade de se estar a criar uma geração perdida para o mercado de trabalho, perdida para a sociedade. Trágica ironia! Em nome das gerações futuras e de acordo com o modelo da economia neoliberal, muitos têm também justificado estas mesmas políticas de redução dos défices públicos, mas o que dirão eles agora perante isto, perante aquilo que a aplicação do próprio modelo está a sujeitar estas mesmas gerações? Perante a destruição de garantias de um futuro que passa pela inserção no mercado de trabalho, pelo respeito do direito ao trabalho, até mesmo do direito à cidadania?

Em vez de estar em marcha a construção da Europa dos cidadãos, a Europa das solidariedades, o que parece estar agora em marcha é a construção da Europa do medo, medo de perder o emprego, medo de não conseguir emprego, medo de não vir a ter cuidados de saúde, medo de não vir a ter reforma, medo de não poder vir a suportar os encargos de ter casa, em suma, medo.

A realidade actual impõem assim que se realize um verdadeiro debate democrático quando às opções de política económica possíveis. Como se assinala num recente manifesto intitulado Manifesto de Economistas Aterrados .

(Continua)

__________________

*Prof. Auxiliar Convidado da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra

** Docentes da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra


publicado por Carlos Loures às 21:00
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Sexta-feira, 12 de Novembro de 2010

Caso BPN – Escândalo e impunidade

Luís Rocha


Noticia veiculada via NET:


NOVE-MIL-SETECENTOS-E-DEZ-MILHÕES-DE-EUROS

9 710 539 940,09 EUROS


A burla cometida no BPN não tem precedentes na história de Portugal !!!
O montante do desvio é algo de tão elevado, que só a sua comparação com coisas palpáveis nos pode dar uma ideia da sua grandeza.

Com 9.710.539.940,09 € (NOVE MIL SETECENTOS E DEZ MILHÕES DE EUROS.....) poderíamos:

Comprar 48 aviões Airbus A380 (o maior avião comercial do mundo).
Comprar 16 planteis de futebol iguais ao do Real Madrid.
Construir 7 TGV de Lisboa a Gaia.



Face a mais esta situação gerada pela chamada ganância financeira protegida, não posso deixar de escrever o que penso sobre a especulação dos mercados financeiros

O “Mercado da Bolsa” – A Sinfonia dos mercados financeiros


Não sou um especialista da matéria, mas desde há alguns anos que sigo com alguma atenção as variações, a que os especialistas chamam “volatilidade” dos mercados financeiros, por entender que a sua movimentação é como uma orquestra que segue a batuta do maestro, que tanto pode interpretar uma peça do Impressionista “Claude Debussy” – La Mer, como um adágio de “Piotr Ilich Tchaikovsky” The Sleeping Beauty (Rose Adágio) ou como a Carmen de “Georges Bizet”.

O grande capital financeiro é, agora mais do que nunca, o maestro que comanda o Planeta a seu belo prazer, provocando conflitos sociais/guerras, com a consequente destruição e morte de milhões de pessoas justificando-as como geo-estratégicas, e com o poder divino de decidir quem são os bons e os maus.

Este “maestro” é também responsável pelas alterações climatéricas, com os consequentes cataclismos, que se repetem com maior frequência e cada vez mais devastadores.

Estabeleço assim uma relação entre as tempestades e bonanças dos mercados financeiros e a condução do Planeta pelos mesmos.

A imagem do filme “Titanic” dos músicos a tocar sob a batuta do maestro, no convés do barco que se afunda é bem ilustrativa de como o capitalismo de todo o mundo (independentemente do regime político vigente em cada pais) nos vai dando música, nos momentos mais difíceis (a que chamam CRISE), por ele provocados.

Somos assim (tal como uma orquestra) um conjunto de instrumentos musicais agrupados em secções homogéneas, por famílias de instrumentos.
Sob a batuta do maestro os instrumentos dão expressão às sinfonias escritas nas pautas, respeitando os vários andamentos e as variações em que um tema pode ser transformado, até se tornar uma forma complexa, partindo de um principio muito simples e comum, o de acrescentar a uma composição, novos elementos musicais e ornamentos.

Estas variações, veiculadas pelos meios de comunicação social, propriedade do poder (financeiro/politico), vão inundando a sociedade mundial que conduzem a seu belo prazer, criando eles próprios, através dos mercados financeiros de que são os donos, a condução dos acontecimentos que lhes convém em cada momento:

Conflitos sociais/guerras
Estímulo ao consumo fácil
Cataclismos
Crise
Desemprego
Marginalidade
Impostos
Economia paralela
……….

O Objectivo é sempre o mesmo. A crise provoca danos sociais na maioria e o enriquecimento de quem a provoca, ao ponto de os próprios governos (que o povo elegeu democraticamente!) pagarem o que os controladores dos mercados financeiros provocaram ou seja, estão sempre a ganhar (Caso BPN)

Depois, com o nosso dinheiro, fazem a recuperação do ciclo:
Pseudo/Estabilidade
Emprego
Consumismo/facilitismo
Euforia
Crise
……….
publicado por siuljeronimo às 16:30
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