Para quem aspira a uma democracia plena, o cenário da vida política portuguesa, da nossa «democracia», não podia ser mais desolador. Quando o ar está abafado dentro de casa, abre-se a janela e aspira-se ar puro. Porém, abrindo a janela, olhando globalmente o planeta, o ar é mais sufocante e o panorama é ainda mais assustador. Como num pesadelo ou num quadro de Dalí, num labirinto soturno, seres humanos sonâmbulos, errantes, incaracterísticos, vagueiam, enquanto um animal mutante e híbrido os persegue, devora e logo os regurgita devidamente educados, transformados em humanóides-socializados, em membros indiferenciados de uma gigantesca colmeia com milhares de milhões de corações, pulsando ao mesmo ritmo. Um a um, os seres vão sendo agarrados. Mas não fogem, oferecem-se aos dentes da fera com a indiferença de quem nada quer fazer para o evitar. Porque ser devorados e regurgitados, convertidos em peças da máquina global, parece ser o principal objectivo das suas vidas. E chamam a essa transmutação perversa «originalidade»!
Herbert Marcuse (1898-1979), o filósofo norte-americano de origem alemã, um dos mais importantes pensadores da Escola de Francoforte, explica-nos como o sistema, através de um marketing sofisticado, e utilizando os seus dispositivos de controlo, consegue que o «homem-unidemensional» assuma como seus os objectivos do sistema e como suas as necessidades do sistema (confundindo as formas de satisfação socialmente exigidas com as formas de satisfação genuinamente individuais – formas que, numa sociedade saudável, deveriam estar em dialéctico conflito). «Deste modo», conclui Marcuse, «a sociedade estabelecida assenta nos próprios pensamentos, nos próprios sentimentos e inclusivamente nos próprios corpos da maioria dos indivíduos».
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