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Traduzido e por apresentado por Júlio Marques Mota.
Los indignados
Junho de 2011
Estes dias de indignação são a expressão de um verdadeiro e adequado direito, diremos mesmo que são a expressão de um sentimento de indignação que de modo quase que obrigatório devemos todos nós sentir e exprimir. Foi fortemente defendido por Stéphane Hessel, um homem de 93 anos ex-combatente da resistência francesa, no seu influente documento de reflexão Indignez-Vous (2010) embora muitas vezes este texto apareça citado como panfleto. "Nestes nossos dias, escreve Hessel -" existem coisas intoleráveis ... A indiferença é a pior de todas as atitudes possíveis .. Uma das indispensáveis capacidades [do homem] é a capacidade de se sentir ultrajado, e com os comportamentos que daí derivam ". Gramsci disse muito sobre o tema bem antes dele.
Na Espanha no início de Março, uma pequena rede social ligada por via e-mails, Facebook e Twitter, que se auto-intitulou Real Democracia Ya, reuniu um enorme e crescente consenso de muita gente e apelou aos seus seguidores para ocuparem as ruas em 15 de Maio. E foi o que eles fizeram, pontual e maciçamente, pois foram mais de 60.000 deles que vieram para as ruas, apesar das proibições existentes devido às próximas eleições administrativas de 22 de Maio. Eles tornaram-se El Movimiento 15M; eles auto-intitularam-se Los Indignados. Em Madrid ocuparam a Plaza del Sol, em Barcelona a Plaza de Catalunya, bem como as principais praças na maioria das cidades do interior da Espanha. Eles responderam às provocações com reuniões pacíficas e ordeiras, com discussões e com uma livre alimentação colectiva. Eles saíram no último fim de semana, depois de terem limpo as praças mas planearam repetir a acção.
A 15 de Junho estes manifestantes reencontraram-se novamente em frente do Parlamento catalão, em Barcelona. El Pais noticiou que "os protestos foram dos mais violentos desde a restauração da democracia", mas um vídeo do Youtube fornece provas incontestáveis de que os manifestantes violentos foram agentes provocadores. Um pequeno grupo identificável de jovens teve comportamentos deploráveis e no final os jovens deste grupo acabaram por sair sob “escolta da polícia”, sic); os manifestantes pacíficos tinha cantado para estes provocadores " Secreta, idiota, tu crês que não se nota, Secreta, idiota, te crees que no se nota". Uma vergonha para José Luis Rodríguez Zapatero, este comportamento.
É verdade que numa emissão recente de títulos do FEEF a procura foi de cinco vezes maior que a oferta, mas isto era sobretudo devido ao facto de a procura estar a ser "estimulada pelas regras de capitais próprios de Basileia III" que foi definida pelo BIS, segundo a qual os títulos soberanos de rating AAA como os de FEEF "têm um ponderação de risco de 0%, o que significa que os investidores efectivamente não têm necessidade de manter capital próprios face a tomada de fundos nestes títulos ". E a necessidade de notação envolve a colateralização sobre títulos de FEEF , reduzindo a capacidade operacional das suas obrigações emitidas, e mesmo os títulos FEEF passam a estarem sujeitos ao risco (por exemplo, ao risco da baixa de notação de um dos países participantes, o que exigiria uma maior capitalização, veja-se Klaus Regling, Eurointelligence.com 27 deJaneiro).
Euro vulnerabilidade congénita
A mais intensa fonte de vulnerabilidade do euro foi o seu nascimento prematuro. A moeda única era suposto ser o coroamento do processo de integração económica, depois da união política e orçamental, depois de se ter feito a convergência das políticas laborais e das políticas sociais e, pensando nisso, depois de uma Política Externa e de um exército comum (embora estas duas condições possam esperar). Em vez disto tem a moeda única sido utilizada para promover a chamada finalidade politica, ou seja, para promover a união política que deveria ter sido a pré-condição do euro. Isto é como uma pessoa que compra roupas que estão demasiado apertadas e não as conseguem vestir na esperança de que isso pode facilitar o seu emagrecimento, forçando-a então a uma dieta: isto não serve para mim, não serve para a Europa. As restrições fiscais impostas pelo Tratado de Maastricht e pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento, que são de 3% do défice público e de 60% da dívida pública, não foram cumpridas por muitos países e durante muito tempo (incluindo a Alemanha e a França, que foram os primeiros a violar os 3% de limite superior), passaram a ser tratadas como os substitutos de uma união orçamental. Então, o movimento de descida inicial e a convergência das taxas de juros que ocorreu depois da introdução do euro foi depois invertido. A crise global reduziu as receitas fiscais e aumentou as despesas públicas, e por fim mas não
menos importante serviu pelo menos para resgatar as instituições financeiras. A Europa tem reagido muito lentamente e de forma inadequada à crise da dívida soberana ao longo do ano, os líderes europeus que se têm pronunciado têm-no feito com vozes dissonantes, muitas vezes fazendo declarações de efeitos perversos, seja por incompetência seja por maldade.
Pode a crise do euro ser resolvida, ou pelo menos significativamente atenuada, através da emissão de um título único europeu coberto por uma garantia Europeia, para substituir uma parcela considerável da dívida pública?
As obrigações da União segundo Delors
Eurobonds redux
A crise recente do euro, correctamente vista como uma crise de dívida soberana, ressuscitou a ideia da emissão de um título único
na zona euro, os Eurobonds, que iriam gradualmente substituir pelo menos uma parte da dívida dos Estados-membros soberanos. Em 2009-2010, foram apresentadas de novo várias propostas nesse sentido, entre outros, apresentadas por: Paul de Grauwe e Moesen Wim (Gains for All: A Proposal for a Common Euro Bond, in: Intereconomics, Vol. 44, No. 3, 2009, pp.132-135); Daniel Gros e Stefano Micossi ((A bond-issuing EU stability fund could rescue Europe, 2009, Europe’s World, spring) http://www.europesworld.org/NewEnglish/Home/Article/tabid/191/ArticleType/articleview/ArticleID/21306/Default.aspx);
Jacques Delpla e Jakob von Weizsäcker, The Blue Bond Proposal (http:/ /www.bruegel.org/pdf-download/?pdf=uploads/tx_btbbreugel/1005-PB-Blue_Bonds.pdf, Bruegel Policy Brief 2010 / 3, Maio); Erik Jones, Erik Jones, (http://www.ispionline.it/it/documents/PB_180_2010.pdf
A Eurobond proposal to promote stability and liquidity while preventing moral hazard, ISPI Policy Brief, n.180, March 2010); e, claro, Stuart Holland de novo: (Europe needs a Gestalt shift, http:/ /www.huffingtonpost.com/stuart-holland/post_1320_b_787643.html, 2010 e outras referências).
Um tal sistema foi com autoridade apoiado pelo primeiro ministro e pelo ministro do Tesouro Jean-Claude Juncker do Luxemburgo e pelo Ministro das Finanças italiano, Giulio Tremonti em Financial Times de 5 Dezembro de 2010 (http://www.ft.com/cms/s/0/540d41c2-009f-11e0-AA29-00144feab49a.html # axzz1DDL8Vy00 E-bonds would end the crisis ). Giuliano Amato, também apoiou fortemente a ideia (em IlSole-24Ore, de 11 de Dezembro de 2010). Mas a chanceler alemã Ângela Merkel e o presidente francês, Sarkozy, rejeitaram em conjunto a ideia, com a proposta alternativa de aumentarem o volume de capitais do FEEF ( Fundo Europeu de Estabilização Financeira), criada em Maio de 2010 para lidar com eventuais situações de incumprimento de dívida soberana na zona Euro.
(Continua)
Aos visitantes de estrolábio, aos leitores de estrolábio
Nota de leitura- Uma precisão, um detalhe, um artigo a não perder
Uma imprecisão na montagem de ontem, com a fotografia de Mário Domenico Nuti, antigo conselheiro de Jacques Delors junto ao artigo “A chantagem do BCE : uma bomba atómica sem material radioactivo” poderia dar a impressão de que era ele o autor do artigo em questão .
.No final do texto percebia-se que assim não era, que se tratava de um texto publicado no site Mediapart no dia de ontem e da autoria de Martine Orange, mas apenas no final a dúvida se esclarecia.
Quanto aos nossos leitores eventualmente interessados nos textos de Domenico Mário Nuti aqui vos deixamos o endereço do seu blog: http://dmarionuti.blogspot.com/
Correcção feita e o seu a seu dono, o texto em questão de Mediapart remete-nos para o texto de Mário Domenico Nuti “A época das tontices, das frivolidades, a Silly Season” ou mesmo para o nosso texto “Reflexões à volta da ideia de Munchau: a Europa em 2013 será igual à de 2011”.
Dada a importância do tema e na linha de Nuti a de se querer vislumbrar uma saída para a saída da crise soberana antes que a Europa possa implodir e sobre o mesmo tema publicamos amanhã um texto de Jacques Delpla sobre a dívida soberana.
Todos estes textos dão uma ideia das razões do que se está a passar, sendo certo que o que se está a passar é objectivamente estar a colocar a Europa sobre um verdadeiro paiol de pólvora. Um pouco de mecha, com o paiol completamente desprotegido, um uma lâmina de vidro partida e esquecida, um pouco de calor apenas , e muita gente poderá sair queimada. Negligência, incompetência, criminosa, diremos e façamos nossa a indignação de um outro texto de referência agora disponível para os nossos visitantes onde se denuncia que os nossos dirigentes andam com a Europa quase a arder, a assobiar para o lado.
Um texto de Maurice Allais, Prémio Nobel de Economia, uma forte acusação contra a incompetência dos nossos dirigentes, incompetência que a roupagem elegante do modelo neoliberal parece dar a ilusão de verdadeira sapiência . Um texto a publicar com urgência.
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