Segunda-feira, 28 de Fevereiro de 2011

Uma adenda à Carta Aberta a Mariano Gago - por Júlio Marques Mota

No fascismo não era necessário pensar, pensavam por nós, por isso era proibido pensar.

 

Há um dia ou dois ao falar com um dos meus colegas de trabalho sobre a carta aberta ao Ministro Mariano Gago, lembrei-me de uma conversa, há muitos anos havida, com o meu antigo professor, José Baptista Martins, a quem publicamente presto homenagem. Disse-me ele que em tempos de rapaz novo fazia com outros jovens uma espécie de think thank, junto do Engenheiro Araújo Correia que foi durante muitos o Presidente da Caixa Geral dos Depósitos e homem de extrema confiança de Salazar. E a esse propósito conta-me uma história que vale esta adenda: os americanos queriam Portugal inserido no Plano Marshall. Quem terá iniciado as negociações foi exactamente o engenheiro Araújo Correia. E o que os americanos estariam dispostos a financiar não era nada mais nada menos que a barragem do Alqueva e a regularização do rio Tejo em que ainda hoje falta muito para a concluir e de que a propósito dela se fala na carta quando nos referimos às águas sujas em Vila Franca de Xira. Salazar “heroicamente” recusou a ajuda, pois não precisávamos, podíamos viver “orgulhosamente sós”!

 

 Ainda nesta linha, mais tarde estou com um dos herdeiros do Engenheiro Araújo Correia, meu amigo e colega de curso, João Augusto Domingos, e é-me dado a ver um documento fabuloso: o projecto de financiamento para o Bairro de Encarnação, creio, que foi apresentado ao primeiro ministro António Oliveira Salazar. Neste documento, duas coisas a ressaltar: a primeira, as contas do projecto eram verificados por Salazar, nas margens do documento, ao nível do tostão e a lápis. O nosso “homem de Estado” tinha do futuro a dimensão do centavo mesmo, uma dimensão curtíssima, reduzidíssima, portanto, e foi bem isso que se viu; e a segunda característica do documento, referia-se a uma nota digna de facto do fascismo. Dizia-se nesse texto mais ou menos isto, que me foi relatado nessa altura: as casas do bairro de Encarnação eram concebidas para que os locatários não tivessem sequer que se questionar, o locatário e o local não eram feitos para pensar, isso cabia a outros. Fiquei com a ideia que este texto escrito terá sido escrito pelo próprio Araújo Correia.

 

Desta nota ressalta a ideia que o espólio da biblioteca de Araújo Correia , hoje na mão da família Domingos, de Castelo Branco, família de raiz profundamente democrática, alberga muita informação que ao país conviria saber e que muitos jovens precisam mesmo de aprender para que assim aquela realidade nunca, mas nunca mesmo se permita esquecer. Fascismo, nunca mais. E, seria bom que homens apaixonados pela História e competentes na sua análise estivessem disponíveis para trazer à luz do dia muito desses factos ocorridos e que assim com a sua interpretação quebrassem a capa que a poeira do tempo lhes teceu. Estou-me a lembrar, por exemplo e só a título de exemplo, de João Ferreira do Amaral ou de uma equipa que ele pudesse dirigir e se a família proprietária assim o consentir. Mas disto, eu não duvido, é este o meu sentir.

 

Já depois do texto escrito contactei a família Domingos. Um dos herdeiros leu-me o texto acima referido pelo que me foi dito nos termos citados, nessa altura, e estamos a trinta anos de distância, onde se pode ler, o que passo a transcrever : “O novo plano de habitação tem que obedecer a condições de solidez, isolamento e distribuição de quartos que a tornem de fácil uso, higiénicas e de quase automática utilização. O novo habitante deve ser orientado pela casa, na disposição dos seus móveis, ser-lhe-á por assim dizer imposto o modo de ali viver, os lugares onde é colocada a cama, onde é lavada a roupa, a posição da mesa de comer, o espaço do quintal, onde crescerão as flores, o sítio mais propício para as crianças poderem brincar, e mesmo o lugar mais próprio para galinheiros, plantação de árvores ornamentais ou de fruto. Tudo se resume numa simples frase: ao novo habitante será poupado o esforço de pensar sobre o lugar ou lugares em que vai desenvolver a sua actividade doméstica.

 

A colaboração de boas donas de casa no arranjo do plano interno será provavelmente útil a todos os concorrentes” (arquitectos a concorrer com os seus projectos. Nessa sequência fui eu próprio informado de que a família com muito gosto porá a Biblioteca do Engenheiro Araújo Correia à disposição do Professor João Ferreira do Amaral.

 

Da minha parte, leitores no Estrolabio, é tudo.

 

Júlio Marques Mota

publicado por Carlos Loures às 22:00
link | favorito

Carta aberta ao Ministro Mariano Gago (7) - por Júlio Marques Mota

Heráclito [afirmou]: “Tudo é fluído, nada é estático. Nada perdura, mas muda”. É uma verdade. Em todo o caso, entre hoje e 2020, duas coisas se manterão constantes. Primeira, a natureza humana não mudará. Segunda, as funções financeiras básicas, tal como as definiremos, não mudarão, embora mude a forma como realizamos estas funções...

À medida que se generaliza a utilização das tecnologias, verificar-se-á um impacte na forma como serão realizadas as funções financeiras básicas. Estas funções são (1) financiamento, (2) gestão do risco, (3) corretagem, (4) aconselhamento e (5) processamento das transacções. Este texto ignorará, no entanto, muitos dos termos financeiros estandardizados do século XX. Embora as funções financeiras sejam as mesmas, serão encaradas de forma diferente no século XXI...

Na verdade, está a processar-se uma convergência entre diversas disciplinas, dado que a finança se torna cada vez mais ciência e arte. A teoria financeira está a tornar-se cada vez mais importante e extraordinariamente útil na sequência de avanços teóricos registados nos últimos anos. Nestes se incluem as teorias de portefólio, as teorias de preços dos activos, as teorias de cotação das opções e as teorias de eficiência dos mercados.

Muitas das mais criativas pessoas do mundo financeiro estão a dedicar o seu tempo a estas teorias e estão a melhorar de forma radical a nossa percepção e gestão do risco.

Estamos ainda numa era “Newtoniana” da “finança clássica”, na qual tendemos a olhar para os instrumentos financeiros — tais como acções, obrigações e empréstimos — em termos estáticos e altamente agregados...

Muitos dos modelos financeiros clássicos, perante o que aconteceu ao histórico banco americano Bankers Trust, concentrar-se-ia no factor “beta” das suas acções — a volatilidade das acções em relação ao mercado. Estes modelos teriam grande dificuldade em tratar a multiplicidade de factores de risco críticos fundamentais que induzem o factor “beta”. Definimos estes factores críticos como “atributos financeiros”. O factor “beta” ignora-os ou redu-los grosseiramente a um conjunto homogéneo de “ruídos brancos”.

Os teóricos, porém, não os ignoram. Os investigadores começaram a procurar uma teoria — que designamos por “teoria das partículas financeiras” — que nos ajudará a compreender melhor os atributos financeiros de um activo.

A concepção de uma tal teoria não está ao virar da esquina, mas assistimos a interessantes sinais de progresso e, por volta de 2020, teremos uma teoria financeira muito mais poderosa. Estamos a partir de uma perspectiva “Newtoniana”, que funciona ao nível dos objectos tangíveis (definidos pela dimensão e pela massa), para uma perspectiva mais em linha com o mundo não linear e caótico da física quântica e da biologia molecular.

A física quântica, que trata das partículas subatómicas, podendo eventualmente interligar fenómenos subatómicos e astronómicos, vai para além da física Newtoniana — para além dos objectos, até às moléculas, aos átomos e às partículas subatómicas.

 

 

publicado por Carlos Loures às 21:00

editado por Luis Moreira às 21:44
link | favorito
Domingo, 27 de Fevereiro de 2011

Carta aberta ao MInistro Mariano Gago (6) por Júlio Marques Mota

 

Mais, a agregação não tem qualquer sentido. Os critérios utilizados são critérios de contagem e são globalmente relativos à capacidade que tem uma instituição em produzir uma grande quantidade de bons textos originais e de bons investigadores. A sua agregação é semanticamente coerente quanto aos indicadores 1, 2.1., 2.2., 3.1. e 3.2. dos critérios da classificação de Xangai acima referidos. Mas o critério 4, o dos resultados académicos relativamente à dimensão é de natureza totalmente diferente. Se os três primeiros critérios, com os seus cinco indicadores, representam a produção, o nosso “PIB” nas páginas acima, o último critério representa a “produtividade”, no mesmo exemplo, e o bom senso e a análise económica elementar diz-nos, senhor Ministro, que fazer uma soma ponderada do PIB e da produtividade conduz a um índice vazio de sentido. Isto basta-me, senhor Ministro, sem sequer ser necessário ir à substância de cada critério[1].

Sobre esta questão retome-se o relatório do Senado francês sobre ratings no ensino superior (Senado (França), 2008, p. 67 e s.) e que nesta parte segui de muito perto:

 

Os limites das classificações das universidades são inerentes à sua própria lógica, consistindo em medir a qualidade por indicadores que são quantitativos. A crítica das classificações internacionais incide sobre a legitimidade da medida e sobre a pertinência do método utilizado. Quanto à legitimidade, cada classificação tem os seus próprios limites: assentando sobre um número limitado de indicadores, uma classificação determinada só dá, naturalmente, um número limitado de objectivos.

Uma primeira questão é a de saber se os indicadores escolhidos estão claramente identificados com os que a sociedade considera prioritários. Deste ponto de vista, as classificações privilegiam os indicadores relativos à investigação e não ao ensino. Ora, em que medida é que será de facto interessante para os estudantes e futuros estudantes saber quem são os investigadores mais citados e aqueles que obtêm o prémio Nobel? Centrarmo-nos sobre estes indicadores não será desviar as universidades da sua missão de ensinar, em especial nos primeiros anos de estudos?

Uma outra questão é a de saber se os indicadores escolhidos têm em conta o valor acrescentado das instituições: não dependem eles mais das características dos estudantes, isto é, do seu nível académico à entrada e das suas origens geográficas e sociais? Ou pura e simplesmente não reflectem eles mais a dimensão das instituições do que a sua “produtividade”?

 

 

 

publicado por Carlos Loures às 21:00

editado por Luis Moreira às 21:25
link | favorito
Sábado, 26 de Fevereiro de 2011

Carta aberta ao Ministro Mariano Gago (5) - por Júlio Marques Mota

A fábula tratava da avaliação de instituições com a exclusão das pessoas, mas note-se a nota atribuída teria implicações profundas na vida de quem lá trabalhava. É assim também na realidade e, portanto, falar de avaliação de instituições ou de pessoas que nela trabalham é rigorosamente equivalente. Vê-se assim como se geram as cumplicidades. No nosso caso, dizem-nos que o processo de avaliação de desempenho serve para promover os docentes, mas os ratings que lhes estão inerentes servirão para quê? Não se quer atingir ninguém, acredita-se, mas nesta altura também não pode haver promoções. Já falei disto anteriormente, mas vale a pena perguntar outra vez: para que serve a avaliação? Para treinar, apenas para registo de promoções sem contrapartida financeira? Com esta pequena cenoura pensa-se que se consegue a anuição por parte dos docentes ou então a divisão entre eles. E o modelo neoliberal cumpre-se! É esta a posição por mim assumida em texto sobre a reforma de Bolonha e já referido (Mota, 2010). É isto a nossa Numerolândia. Mas como tudo na vida tem um curto, um médio e um longo prazo, também a questão da avaliação assim o tem.

No Expresso (de 30 de Dezembro de 2010), num artigo com o título “Instituições querem criar mais 431 cursos”, Alberto Amaral em declarações aí incluídas afirmava: “a Agência irá utilizar critérios rigorosos para a acreditação, uma vez que não existe qualquer problema de falta de oferta de cursos (o sublinhado é meu)”.Trata-se de uma agência de avaliação, a Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior, a A3ES. Mudemos de agência e podemos ter um outro avaliador a dizer então:“a Agência irá utilizar critérios rigorosos, uma vez que não existe qualquer problema de falta de oferta de professores” e a visão de médio prazo fica à vista. Fica à vista qual poderá ser o objectivo da avaliação a médio e a longo prazo, afinal.

Tudo isto que a nossa fábula nos mostra como representação da realidade parece não ter nenhum sentido, parece estarmos ao nível do inverosímel, ao nível do não aceitável. Parece que é inverosímel, mas é mesmo assim, isto é o que são os índices de classificação das universidades. Passemos então à análise do índice de Xangai que tanta tinta tem feito correr e que, de resto, parece estar na base das grandes manobras de concepção das políticas de ensino superior em vários países na União Europeia[1].

Em 1995, com o projecto 211, a China visa transformar uma centena de universidades repartidas pelo território chinês, cerca de 10 por cento do total, em estabelecimentos de excelência no domínio do ensino e da investigação. Foram assim reagrupados estabelecimentos universitários de modo a construirem-se universidades com dimensão suficiente para supostamente racionalizar a gestão dos estabelecimentos de ensino e de investigação. É nesta linha, parece-nos, que terá surgido a classificação da Universidade de Jiao Tong em Xangai, que é a classificação mais conhecida a nível internacional, daí a atenção particular que aqui lhe é dada.

Esta classificação de Xangai é publicada anualmente e classifica as 500 melhores universidades de acordo com os seus critérios e que são:

 

publicado por Carlos Loures às 21:00

editado por Luis Moreira às 22:28
link | favorito
Sexta-feira, 25 de Fevereiro de 2011

Carta aberta ao Ministro Mariano Gago (4) - por Júlio Marques Mota

Está-se pois a falar de ratings e é de ratings que se fala com a avaliação dos docentes e das instituições universitárias. Numa carta aberta dirigida ao presidente da Comissão Europeia José Manuel Durão Barroso sobre o mesmo tema e no ponto “Dizem-nos ter ‘modernizado’ o sistema de ensino superior”, “modernização” que o primeiro-ministro José Sócrates e o senhor Ministro se orgulham tanto, afirmei:

 

Flexibilizaram-se os contratos de trabalho, precarizou-se a segurança no trabalho, colocou-se, por essa via, os professores a considerarem a sua carreira como uma espécie de campeonato de futebol onde o importante é marcar pontos contra os outros e impedir que no-los marquem a cada um de nós, onde estão sujeitos a avaliação contínua como se as sucessivas provas públicas deixassem de ter qualquer significado, onde se passa a fazer não o que se deve verdadeiramente fazer mas sim aquilo que o avaliador é capaz de exigir e compreender, de quantificar e, normalmente, trata-se de coisas diferentes. Possivelmente, a partir de agora, cada professor poderá estar mais interessado em compor a montra onde se irão colocar os dados que vão ser quantificados, avaliados, medidos, do que propriamente em preocupar-se com a função para a qual é pago: ensinar. E esta última função passa-se sobretudo na sala de aulas, no que está aquém dela, no que está para além dela mas onde esta é sempre o centro. Aqui, não há métrica que valha mas a lógica neoliberal exige o impossível que é quantificar o que não é quantificável e é assim pela simples razão de que o que lhe interessa não é a qualidade mas a quantidade. Primado absoluto da quantidade sobre a qualidade, primado absoluto da precariedade a que os docentes vão estar submetidos sobre a estabilidade que a estes deveria ser oferecida, primado absoluto, portanto, do número, neste caso das vias que levam à redução dos custos. O que passa a ser preciso é considerar a carreira e a vida como uma escada de acesso a um trapézio muito alto e de onde não se pode cair ou não se deve, já que a queda pode ser mortal. Por essa via, é a profissão que sai minimizada e os estudantes, esses, passam para segundo ou terceiro plano, desejando-se apenas que não nos atrapalhem na subida das escadas da vida de cada um de nós, professores. Adicionalmente, reduz-se a dimensão dos cursos, multiplica-se o número destes, vejam-se só os números de cursos em engenharia espalhados por esse país, multiplicam-se os mestrados e inventa-se a transversalidade para os diversos mestrados, em que um licenciado em direito ou em agronomia ou noutro curso qualquer, onde praticamente não teve economia, pode tirar um mestrado na área de gestão ou de economia e num tempo bem curto. A tudo isto dizem chamar-se “modernização” do ensino superior.

 

Em suma, “modernizar” o ensino superior pode vir a significar um custoso processo de autonomização e de conservação da ignorância dos estudantes que, em vez de verem a ignorância por si vencida, esta é a função da Universidade, passam é a ser possuidores de uma ignorância mantida ou acrescida, derivada da erosão do tempo em que não se estuda ou em que se passa por cima de quase tudo o que é estudo, com a velocidade de quem tem medo de perder um outro comboio, o de ir procurar e conseguir emprego antes dos outros, os seus colegas concorrentes. Mas, tudo isto faz parte da “modernidade” de que nos falam até à exaustão os nossos políticos..

 

 

 

publicado por Carlos Loures às 21:00

editado por Luis Moreira às 18:26
link | favorito
Quinta-feira, 24 de Fevereiro de 2011

Carta aberta ao Ministro Mariano Gago (3) - por Júlio Marques Mota

Ao longo dos últimos anos alimentou-se a esperança nas famílias de mais fracos rendimentos de que os seus filhos poderiam atingir níveis de ensino cada mais avançados, graças ao alargamento do leque e dos horizontes escolares, e que isto era a garantia de uma ascensão profissional e social relativamente a eles próprios. Apesar de as gerações mais novas atingirem de facto diplomas de níveis de ensino superiores às precedentes, não adquiriram no entanto os saberes, os conhecimentos, as competências, que lhes deveriam estar associados, para enfrentarem os concursos aos quais têm o direito de concorrer e perdendo assim a possibilidade de conseguirem a mobilidade social ascendente tão ansiada. São então projectados para os segmentos de mercado que não têm nenhuma relação com o diploma ou o seu nível de estudos. O lugar de operadores de caixa nas grandes superfícies ou os empregados de balcão em lojas são disso um triste exemplo. Muitos destes só agora é que começam a compreender que os deixaram sucessivamente passar em disciplinas, em anos, em níveis de ensino, que do diploma ficaram quase que basicamente só com o certificado, não com os conhecimentos, não com as competências, porque nada ou pouco disso adquiriram. Muitos destes acabam por compreender no terreno dos factos que o ensino secundário não cumpriu uma das suas funções (seleccionar os estudantes capazes de chegar à Universidade), muitos destes acabam por compreender que a selecção se faz cada vez mais tarde, a meio dos cursos quando estes têm qualidade, ejectando-os do sistema, ou então descobrem já na Universidade que a própria entrada no ensino superior é ela própria a garantia de obtenção de um diploma. Neste último caso, a selecção é dramaticamente realizada no final, provocando uma multiplicação e consequente desvalorização dos diplomas, levando isto a uma corrida à procura de mais e mais pós-graduações na tentativa de se diferenciarem e assim poderem ser validados pelo “mercado”.

Aghion e Cohen (2004, p. 62) criticam implicitamente Stéphane Beaud por não avançar com uma reflexão sobre os meios que devem ser utilizados pelas universidades para deixarem de ser “fábricas de desempregados” (entre aspas no original); nas suas próprias palavras:

 

Stéphane Beaud considera aliás que “a democratização” quantitativa do ensino e a ausência de selecção não fizeram mais do que acrescer o dualismo das fileiras no ensino superior. As classes preparatórias e as Grandes Escolas constituem hoje, mais do que nunca, o viveiro de recrutamento das elites. A Universidade desempenha, ao seu lado, o papel de espaço de descompressão e de filtragem. Com efeito, para fazer face à massificação e à democratização, a instituição universitária adoptou a seguinte prática pedagógica: menos aulas práticas, baixa da taxa de enquadramento pedagógico, diminuição das provas de exame, para facilitar a correcção dos exames, pelo menos em certos cursos e nos primeiros anos. A baixa de selecção no liceu, no ensino terminal, implicou, quase que automaticamente, uma redução de nível do diploma do segundo ano e da licenciatura…

 

Os franceses ainda têm as “preparatoires” e as Grandes Escolas, nós ficamos sem nada. Sinceramente, senhor Ministro, a França ainda terá elites e o resto, nós apenas o resto… O texto citado foi escrito em 2004 para o primeiro-ministro francês, mas até me custa imaginar o que seria este texto hoje.

Mas como mostram as estatísticas da OCDE, nós crescemos e crescemos bem, mas estas estatísticas medem apenas o número de licenciados, não avaliam a qualidade dos mesmos. Esta não parece, não foi, nunca a pretensão do actual Governo, antes pelo contrário, nem é aqui a preocupação da OCDE. Os resultados em termos de qualidade são, do meu ponto de vista, os descritos no texto que a si, senhor Ministro, lhe foi enviado com a carta aberta entregue ao senhor Presidente da República. Mas dessa carta enviada nenhuma indicação de recepção assinalada e o nosso Presidente deste ponto de vista e do alto da sua honestidade por ele próprio bem afirmada mas nada provada continua a estar bem calado. Não vale a pena, portanto, insistir neste ponto.

A propósito da qualidade de ensino e do seu efeito sobre as capacidades intelectuais de quem dela é um produto, como me custa a imaginar, senhor Ministro, o que entenderá cada um dos “seus licenciados de Bolonha”, face à vida, face ao “mercado”, face ao seu próprio devir. Terá cada um deles capacidade de questionar o que é o Homem? Será cada um deles capaz sequer de sentir que a pergunta tem sentido? Ou será que ganharão esse sentido quando o não sentido que lhes é agora imposto se transformar em corrente humana, na rua, em manifestações, em protestos, conferindo-lhes pela revolta esse sentido de fazerem parte da vida, de fazerem parte da História, como nós o ganhámos nas ruas, nas fábricas, outros nos campos, outros nas universidades, nas campanhas de solidariedade que organizámos, nas manifestações, na capacidade de enfrentar directa ou silenciosamente o poder de Estado, o terrorismo de Estado de então?

Muito mais hoje do que ontem, muito mais do que há cinquenta anos atrás, sinto-me hoje um loser, mas não pelas mesmas razões. Antes, porque o sistema me garantia que não tinha direito a nada, tinha que o conseguir, senhor Ministro, agora como docente sinto-me totalmente enganado por alguns daqueles que outrora me ensinaram.

Gostaria de terminar este assunto sobre a qualidade do ensino na reforma de Bolonha com as palavras de Vitorino Magalhães Godinho (2010, p. 62) que de uma forma só ao alcance de alguém com a sua estatura intelectual podia escrever:

 

Sobre o caos em que se tornou o ensino universitário abateu-se o chamado processo de Bolonha, obcecado pela uniformização, baralhando os títulos e graus, e eivado por uma pedagogia simplista. O primeiro acto de qualquer governo com um mínimo de sensatez tem de ser a revogação das abstrusas disposições desse pseudo-acôrdo feito à revelia de professores e investigadores, que não tiveram a coragem de o rejeitar e se sujeitaram a passar sob as forcas caudinas.

 

 

A Universidade, a reforma de Bolonha e as avaliações

 

 

ente da quantidade”. Nessa mistificação assenta então a sua política mas coerentemente deveria perguntar, tal como o fez o biólogo Martin Enserink, “Who Ranks the University Rankers?”que aqui podemos traduzir por “quem avalia os avaliadores?” ou ainda por “quem o avalia a si, senhor Ministro, por estas políticas?” Os seus destinatários ou os seus mandatários? Neoliberalismo ou democracia, eis hoje a questão shakespeariana que todos devemos saber enfrentar.

Nesta sequência, vale a pena abordar com mais detalhe o reino das quantidades que parece ser o seu domínio de preferência não só no que diz respeito às licenciaturas obtidas, aos professores como também às universidades. Neste ponto, procura-se perceber a questão dos ratings que tanto poderão ser ratings sobre os professores como ratings sobre as instituições universitárias.

Para iniciar este assunto, nada melhor do que assinalar o que diz um relatório do Senado francês sobre ratings no ensino superior (Senado (França), 2004, p. 5):

 

É verdade que avaliar o ensino é uma tarefa complexa, porque esta actividade responde a objectivos múltiplos que não são todos directa e imediatamente observáveis. Num domínio tão dificilmente quantificável, os indicadores correm o risco de constituírem apenas um pálido reflexo da realidade ou, pior ainda, de suscitar efeitos perversos: com o facto de se centrar apenas em alguns indicadores, parciais pelo seu próprio objecto e imperfeitos na sua medida, pode correr-se o risco de empobrecer a qualidade do ensino.

 

 

 

publicado por Carlos Loures às 21:00

editado por Luis Moreira em 25/02/2011 às 01:52
link | favorito
Quarta-feira, 23 de Fevereiro de 2011

Carta aberta ao Ministro Mariano Gago (2) - por Júlio Marques Mota

(Continuação)

 

Se aos estudantes não cabe resolver as questões do sistema, mas como são parte dele, cabe-lhes pelo menos a obrigação de procurarem não serem arrastados por ele. Mas esse sistema é feito por nós, por todos nós, não o esqueçamos. É aqui que o papel dos movimentos estudantis seria de uma extrema utilidade, mas lamentavelmente até estes movimentos não escapam à voragem da “modernidade” de Bolonha e de todo o sistema e são parcial ou totalmente eliminados ou transformados em máquinas de consumir dinheiro. A possibilidade de eliminação destes das direcções das Escolas, criada sob a pressão legislativa de Mariano Gago, com a consequente perda de práticas e de responsabilidades institucional e democraticamente assumidas[1] mostra que tudo isto é também um produto do actual sistema. Basta também comparar a prática dos estudantes de hoje com as intervenções dos líderes estudantis de outrora, para percebermos como estamos perante uma vaga de obscurantismo assente numa ideologia extremamente simplista, a ideologia neoliberal, que pode levar a democracia para becos de difícil saída quando, em vez disso, deveríamos contar com o voluntarismo e a dádiva que caracteriza a juventude para caminhar no sentido de uma democracia humanamente mais rica.

 

Onde estão agora os estudantes equivalentes, entre tantos outros nomes, a Jorge Sampaio, a Jaime Gama, a Medeiros Ferreira, a Alberto Martins, a Mariano Gago, e quem são os líderes estudantis de hoje? Quem os conhece? Aqueles, políticos de agora e estudantes de então, eram bem conhecidos, deram um rosto, um corpo, uma ideia ao movimento associativo, ao movimento que alimentou a formação cultural e social da classe política recente. Hoje, qual o quadro de actuação do movimento associativo estudantil na linha da “modernidade” imposta pelos homens de Bolonha entre os quais, ironia do destino, está agora Mariano Gago? A situação de Mariano Gago nos dois momentos do tempo referidos faz-nos lembrar uma situação contada por Macciochi numa sua visita à China muitos anos depois da revolução cultural. Esta reencontrou muita gente que no passado tinha descrito entusiasticamente no seu livro sobre a revolução cultural; parte daquelas pessoas estava a trabalhar em museus a recuperar peças historicamente importantes que durante a revolução cultural tinham estragado. O paralelismo é imediato: aqui e agora destrói-se o que levou, em termos de cultura e de política, anos a fazer através da luta estudantil contra o fascismo, o movimento associativo estudantil politicamente activo, e que agora se está política e culturalmente a esvaziar. A história tem destas repetições, tem destas inversões. Deixemos Hegel, deixemos Marx, sobre as repetições na História…

 

Sobre Bolonha não estou interessado em discutir mais. De resto, Bolonha pode resumir-se à questão da quadratura do círculo: como é possível ensinar melhor em menos tempo, com menos disciplinas, com menos carga horária por disciplina, com menos anos de curso, quando para complicar ainda mais o problema já de si insolúvel, os estudantes que nos chegam à Universidade são cada vez mais e em maior número de uma incapacidade intelectual preocupante, mesmo aflitiva eu direi.

 

 

publicado por Carlos Loures às 21:00

editado por Luis Moreira às 21:37
link | favorito
Terça-feira, 22 de Fevereiro de 2011

Carta aberta ao Ministro Mariano Gago (1) - por Júlio Marques Mota

Coimbra, 20 de Fevereiro de 2011

 

Ex.mo Senhor Ministro José Mariano Gago

 

 

Sobre a Universidade, a reforma de Bolonha e a formação de elites na Europa

 

Senhor Ministro, tomo a liberdade de lhe escrever esta longa carta, que talvez até não leia porque escrita por alguém que, à luz da sua política, das suas hierarquias e do seu modelo de referência, o neoliberalismo puro e duro, deva ser ele próprio um excluído do seu sistema de ensino.

Escrevo-a, digo, enquanto professor, cidadão, pai e avô, porque não me consigo rever no quadro de valores em que assenta a modernização do Ensino Superior em Portugal concebida e assumida pelo actual executivo e por V.ª Ex. dirigida, a reforma de Bolonha e toda a arquitectura que com ela já veio e com o que ainda com ela estará para vir. Escrevo-a porque não consigo alguma vez aceitar a política de simplificação das formações de ensino superior que a Universidade é quase que obrigatoriamente levada a realizar, no quadro das estruturas por si criadas. Escrevo-a porque me recuso a encarar que a Universidade passe a ser ou uma fábrica de desempregados, como no actual sistema francês, ou pior ainda, uma fábrica de não empregáveis sequer, como começa a ser no caso português, agora ou amanhã, deixando a maioria da nossa juventude ao nível intelectual completamente indefesa, imatura e incapacitada até para se defender face à selva em que se está a transformar o mercado de trabalho em Portugal. E tudo isto sem que as autoridades competentes mostrem sinais claros de estarem dispostos a defendê-la. E não se trata aqui de falar de uma questão de gerações, é do mercado de trabalho para todos que estamos a falar. Não se trata aqui de falar de geração rasca, de geração à rasca, trata-se aqui de falar de um país que está a ficar quase todo ele completamente à rasca e não por uma questão de problema de gerações, mas sim pela política seguida, pelo modelo de política económica e social que está em vigor e que está a ser imposto. Trata-se aqui de falar de condições de acesso ou manutenção nos mercados de trabalho quando estes são o resultado deste mesmo modelo que está a ser gerido, afinal, pelos mercados financeiros, onde a união monetária europeia também não é mesmo nada alheia, é certo, e a forma como foi tratada a questão dos altos salários dos gestores públicos na Assembleia da República, num país onde a fome começa a grassar é deste modelo um muito claro exemplo. Escrevo-a porque me sinto numa Universidade em profunda, muito profunda, crise, ainda com fortes tendências a uma maior degradação da sua qualidade, dados os vendavais que já se sentem que sobre ela vão desabar, trazidos por mais um mecanismo imposto pela sua política de modernidade, os ratings, as avaliações, sem sequer se ter feito publicamente a avaliação dos resultados do que está a ser a avaliação no ensino secundário. Escrevo-a porque sinto tão intensamente esta degradação a chegar, trazida ainda aqui até pela sua nova legislação, que me interrogo sinceramente sobre o que da Universidade vai restar se assim continuar. Escrevo-a porque, face a tudo isto, sinto não ter no meu caso pessoal outra solução que não seja a de me ir embora, deixando aqui publicamente e bem claro, mais uma vez, as razões do meu profundo descontentamento.

 

 

A Universidade e a reforma de Bolonha

 

68 anos feitos, hoje. Tempo de balanços, de contas feitas e desfeitas, tempo de razões assumidas e de razões perdidas, tempo de me confrontar não com o meu passado[1] mas sim com o meu futuro, tempo como professor, de olhar não para as cadeiras que não dei, mas sim para as cadeiras que outros irão leccionar, tempo de me questionar não sobre os estudantes que reprovei mas sim sobre aqueles que injustamente passei e a estes, com simplicidade, sinto que devo pedir desculpa. E a ser assim, é tempo de me confrontar com o meu ministro da tutela, que com o seu trabalho está ardilosamente a destruir o futuro de gerações que se nos seguem, o nosso futuro afinal, e estas se o souberem e puderem serão elas que nos irão talvez proteger ou talvez contas pedir.

 

Quando jovem operário, um pouco perdido na amargura das horas trabalhadas a três escudos por hora, o custo de dois cafés a preço normal, onde cada livro lido, cada livro apreendido, muitas vezes à custa de um sono perdido, de um sono não havido, era mais um passo para quem procurava as referências do que era a vida, era mais um olhar de quem se queria situar num mundo que não compreendia, nessa altura um livro profundamente me marcou. Teria entre 17 e 19 anos, senhor Ministro, e o livro era A Condição Humana, um livro onde Malraux questionava o que é um Homem. Desse tempo, fiquei com a ideia de que o Homem era a intersecção do que foi e aprendeu com o passado dele próprio com o que deseja como seu próprio futuro, como seu próprio devir — fiquei com a ideia a partir de Kyo, ou do seu pai, duas das personagens relevantes desta obra literária, não sei qual delas, nem para aqui isso é agora relevante. O que é relevante é que, em cada momento, o Homem vale também pelo que quer como futuro e é esse futuro que com V.ª Ex.ª venho questionar.

 

Há já muito tempo que nos cruzámos nos corredores do Instituto Superior Técnico, ambos a aspirarmos a um outro tipo de sociedade, se a minha memória visual não me começa já a falhar, ela que foi feita passo a passo, sofrimento a sofrimento, para que deles não me esquecesse e com eles aprendesse, nos cruzámos várias vezes e eventualmente também em muitas camionetas, que todos nós estudantes de um devir solidário, a acontecer poucos anos depois, em Abril de 1974, enchemos numa marcha de solidariedade para com os sofridos do fascismo e das águas das cheias que tudo levaram pelos finais dos anos 60, na zona de Vila Franca de Xira. Por aí nos cruzámos, seguramente. Os filhos da burguesia do fascismo de então deslocavam-se em camionetas contratadas pelas associações de estudantes para irem ajudar os operários com rendimentos de pobreza, verdadeiras vítimas do regime de Salazar, atingidos pelas cheias, e com eles ia eu também. Aí me apercebi de um certo sentido da História que um pouco mais tarde haveria de redescobrir a um outro nível, muito mais abstracto, nos contactos com Hegel e sobretudo com as explicações dadas por Jean Hyppolite ou por Kojève, o sentido da História, o sentido também da dialéctica do senhor e do escravo, através de páginas e páginas difíceis de entender que me levariam a seguir até Marx e muito mais tarde, já estudante em Economia, a Piero Sraffa, a Joan Robinson, a Kaldor, a Maurice Dobb e a Mário Nuti, que pessoalmente conheci recentemente em Coimbra. Na pobreza extrema daquelas gentes, pelo singelo das casas que lavámos, das ruas que limpámos, no sentir das pessoas que apoiámos, na simplicidade das pessoas com quem falámos, na força com que assumiam os desaires e o destino que os outros lhes impunham, apercebemo-nos, senhor Ministro, e se lá estava terá seguramente sentido o mesmo, que por ali também passava a força de um futuro a fazer. Bastava só saber ler e olhar para os milhares de papéis, de jornais do Avante, de documentos outros, dir-se-ia na época, subversivos, que nos apontavam uma certa ideia de futuro que mais tarde a História também viria a demonstrar que destino também não era, mas que estava ali, como uma parte da força imensa que sabia dizer não à barbárie do fascismo, organizada ou sustentada pelos pais de muitos daqueles que ali estavam a prestar ajuda.

 

 

 

publicado por Carlos Loures às 21:00

editado por Luis Moreira às 22:59
link | favorito
Segunda-feira, 20 de Dezembro de 2010

Mariano Gago - há um grande ministro neste governo


Luis Moreira




Mariano Gago como é reconhecido à esquerda e à direita é um óptimo ministro. Falam por ele, não só essa revolução silenciosa que tem apoiado na investigação e ciência, com meritórios prémios internacionais ganhos frequentemente, e publicações em revistas cientificas reputadas internacionalmente, mas também a luta titânica sem desfalecimentos que tem travado com poderosas corporações ligadas às universidades.


No lançamento do livro " sobre as causas do atraso nacional" do nosso companheiro estrolábico, Fernando Pereira Marques, ouvi de viva voz o Prof Eduardo Lourenço referir-se a Mariano Gago em termos muito elogiosos como sendo o único político executivo com obra apresentada e a apresentar. Hoje, Mariano Gago, com muita coragem e de uma forma transparente nunca vista na política portuguesa, abriu o livro e, afirmou que as "Ordens Profissionais" impedem o desenvolvimento do país, barram o caminho aos jovens licenciados que querem entrar na vida profissional, erguendo "barreiras corporativas".


"Entram no meu gabinete a pedirem-me que impeça a entrada dos jovens licenciados na profissão e pressionam a Assembleia da Republica para manterem os privilégios", com êxito, no que diz respeito aos deputados que se acomodam aos interesses das corporações.

É, assim, com os gabinetes de advogados e consultores que vivem à mesa do orçamento, é assim com gabinetes de engenharia e arquitectura "convidados" para concursos fechados, é assim com as corporações (professores, administração pública,magistrados...) que por terem muitos elementos representam muitos votos, é assim com os médicos que durante anos impediram a entrada de alunos excepcionais nas faculdades de Medicina...


Mariano Gago, com transparência e sentido de Estado veio dizer o que já todos adivinhávamos, apontar o dedo a quem não se farta por mais que coma e se empanturre, querem sempre mais, nada os sacia.


Pedro Nunes, o bastonário da Ordem dos Médicos confirma que tem essas conversas com o ministro mas é para defender os doentes, não vão ser tratados por médicos menos conhecedores e competentes. É comovente este cuidado com os doentes, como se a Ordem dos Médicos não tivesse desfeito o sonho de alunos excepcionais, com médias muito acima das da maioria dos actuais médicos, incluindo as do senhor bastonário e que, por isso, por essa nefasta pressão corporativa, não tenha obrigado os jovens médicos a demandar outros países para fazerem os seus estudos.

São estes que agora não servem, na opinião do senhor bastonário!
publicado por Luis Moreira às 13:00
link | favorito

.Páginas

Página inicial
Editorial

.Carta aberta de Júlio Marques Mota aos líderes parlamentares

Carta aberta

.Dia de Lisboa - 24 horas inteiramente dedicadas à cidade de Lisboa

Dia de Lisboa

.Contacte-nos

estrolabio(at)gmail.com

.últ. comentários

Transcrevi este artigo n'A Viagem dos Argonautas, ...
Sou natural duma aldeia muito perto de sta Maria d...
tudo treta...nem cristovao,nem europeu nenhum desc...
Boa tarde Marcos CruzQuantos números foram editado...
Conheci hackers profissionais além da imaginação h...
Conheci hackers profissionais além da imaginação h...
Esses grupos de CYBER GURUS ajudaram minha família...
Esses grupos de CYBER GURUS ajudaram minha família...
Eles são um conjunto sofisticado e irrestrito de h...
Esse grupo de gurus cibernéticos ajudou minha famí...

.Livros


sugestão: revista arqa #84/85

.arquivos

. Setembro 2011

. Agosto 2011

. Julho 2011

. Junho 2011

. Maio 2011

. Abril 2011

. Março 2011

. Fevereiro 2011

. Janeiro 2011

. Dezembro 2010

. Novembro 2010

. Outubro 2010

. Setembro 2010

. Agosto 2010

. Julho 2010

. Junho 2010

. Maio 2010

.links