Sexta-feira, 8 de Julho de 2011

Poema a quatro mãos - Maria Inês Aguiar

 

Maria Inês Aguiar  Poema a quatro mãos

 

 

(Adão Cruz)

 

 

 
 
sonhei-te, inventei-te, moldei-te
amanheci-te
acordei-te nas aguas em que me banhei

doce pranto em que todos os meus medos mergulhei
em ti floresci
restos de fruto que não colhi mas ousei
seara do meu tempo sopro de vento lento
porto de alento que vislumbrei na noite de um dia vago
e foi em ti que descansei o meu desejo cansado
no outro lado do sol
aonde a chuva mansa descansa
e é em ti que madrugo e invento a aurora
sem te acordar
o abrigo deste momento em que o instante volta a gritar
ah liberdade!
canteiro de povo e remendo de jade


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publicado por Augusta Clara às 18:00
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Sábado, 4 de Junho de 2011

Mãe de todas as mães - Maria Inês Aguiar

 

Maria Inês Aguiar  Mãe de todas as mães

 

(Adão Cruz)





 

dóis-me mulher
com as tuas dores antigas
em espaços ocos a preencher
dóis-me em feridas
numa parte de mim
num lado qualquer
dóis-me entre o teu sonho e o teu ver
a continuação do teu ser

dóis-me em dores infernais
das tuas mazelas ancestrais
dóis-me o vácuo
a inversão do tempo
na outra margem do lamento

dóis-me em arrepios de medo
subtis sons silenciosos
desassossego dessa essência
quase apagada
dóis-me mãe de todas as mães

 

 

(Infelizmente não nos é autorizada a integração da belíssima interpretação de "Woman" de John Lennon sugerida pela Inês. Mas não perdemos nada em tê-la substituído por esta canção e, sobretudo, pelo discurso proferido no início)

 
 
 
(e, afinal, sempre conseguimos obter uma interpretação de "Woman" e não resistimos)
publicado por Augusta Clara às 19:00
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Sábado, 21 de Maio de 2011

Quase Madruguei - Maria Inês Aguiar

Maria Inês Aguiar  Quase Madruguei

 

(ilustração de Adão Cruz) 

 

quase madruguei na tua boca
e quase me esqueci de mim
respirei do teu ar como quem ama
senti o teu desejo feito chama
o teu abraço cor de ouro
e terra sagrada
quase dia inteiro até ao fim

abri a porta da evasão e quase anoiteci na ilusão
quase escorreguei no suave roçagar do tempo
deambulando nas brumas transparentes da aurora
murmurando por entre névoas,
meu nome mulher

voei pelo universo quase em verso
arrastada pela vertigem da entrega
e quase acreditei nesse querer ser tudo
sem ser nada
parei a roda do tempo, abriguei a brisa
e o vento
e madruguei na tua boca
boca tua que esculpi num dia 
em que quase me esqueci

(de mim)  
publicado por Augusta Clara às 19:00
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Quinta-feira, 4 de Novembro de 2010

Se


Maria Aguiar

 
se o pensamento isento tem sido adormecido com contínuos atentados fundamentados em falsas verdades,
se se caiu no erro de imitar o erro e se abriram as portas ao belicismo e a escravatura alastrou como uma praga e a realidade é uma amálgama disfuncional, se a democracia é utopia, a civilização um atestado de servidão, a cultura um doutoramento de cadeira, e o saber nunca premeia…
se caminhamos a misantropia e negligenciamos o legado histórico que nos foi legado, se todos os dias a mentira conveniente silencia a verdade sem esperança e os sinais do progresso são o retrocesso da alma, se somos mil(eu) as infâncias do estado novo SILENCIADAS, atropeladas e compelidas para o futuro sem futuro da falácia global deste mundo desigual, levante-se do tempo o poema, afie-se bem a palavra, resgate-se com resistência serena a terra que o homem lavra.
publicado por Carlos Loures às 08:00
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Domingo, 31 de Outubro de 2010

Apresentando Maria Aguiar




Maria Inês Lemos da Rocha Aguiar,  nasceu no Porto em 1958. É professora de língua inglesa e alemã, foi sub-directora e directora da Administração da escola de línguas Encounter English, onde deu aulas de Português para estrangeiros. Durante um ano trabalhou em Paris. Gosta de viajar e, por isso, conhece meio mundo e deseja conhecer a outra metade. Escreve poesia. Em 2002 publicou uma colectânea de poemas, Tinta Fina.
 Bem-vinda Maria Aguiar. Venha de lá essa poesia!
publicado por Carlos Loures às 09:00
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Embrulhei os meus sonhos

Maria Aguiar

Embrulhei os meus sonhos e convicções em caixas forradas a cetim, enterrei-os numa vala comum onde todas as utopias envelhecidas e ânsias de rio esquecidas acendem o pavio do fim, rasguei a anipnia de cada vez que para o papel remetia o hodierno, as cidades rasgadas de concreto, os sem abrigo, os sem tecto, mastiguei a exclusão amordaçada, a memória de uma pena sem glória dos poetas que conheci, que com um copo de vinho barato faziam da palavra a honra e o trato, desembrulhei madrugadas em lutos e contendas com o tempo que corria apressado nas telhas do meu telhado e rompi a poesia na magia da maturação, a metáfora do meu chão, desbravei horas bravias nas terras baldias, da excruciação e da palavra fiz a voz da solidão, na primeira pessoa!

(Ilustração - pormenor de quadro de Adão Cruz)
publicado por Carlos Loures às 08:00
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