Terça-feira, 5 de Julho de 2011

O Mar - porque somos pobres - por Luis Moreira

Os Japoneses descobriram no fundo do Pacífico uma reserva gigantesca de terras - raras cheias de minérios essenciais para o desenvolvimento de novas tecnologias.

 

Agora veja as nossas preocupações em relação ao nosso mar:" Tiraram o mar à Defesa e a Marinha não gostou"!

 

Na nova orgânica do governo o Mar passou para o super Ministério da Agricultura e do Mar, julgava eu que com toda a razão. O Mar é da Marinha para a defesa militar e, é, de um ministério que tenha como objectivo desenvolver a exploração das suas riquezas. Ainda não vi a Marinha à pesca, nem a apanhar algas marinhas, nem vejo que os submarinos passem para o Ministério da Agricultura e do Mar.

 

Andamos há muitos anos a fazer trabalho de investigação para conseguir que as Nações Unidas nos reconheçam a propriedade da Zona Marítima próxima da Madeira e Açores e do Continente, o que seria a segunda maior Zona Marítima exclusiva do mundo logo a seguir à dos Estados Unidos.O que se tem encontrado no fundo do Mar, especialmente junto dos Açores, é potencialmente de uma grande riqueza, mas a verdade é que duvido muito que com a atenção que os vários governos têm devotado ao mar, alguma vez cheguemos a ter uma notícia destas, a não ser que alguém o explore por nós.

 

O saudoso Dr. Hernâni Lopes deixou muito trabalho feito no que ao Mar diz respeito, em estratégia e estudos muito sérios sobre os caminhos a trilhar, mas a prioridade nunca foi nenhuma. Discutimos TGVs,  Aeroportos e autoestradas, mas sobre o Mar o mais próximo que conseguimos foram os submarinos e abater a frota de pesca.

 

Canalizar para o Mar meios e reforçar a sua importância entre os objectivos nacionais, traria grandes vantagens para o país, em postos de trabalho, investigação, novas tecnologias e criação de riqueza, mas isso requer políticas de longo prazo, estratégia, e capacidade de manter um rumo com fortes convicções e, não, governar ao sabor dos lobbies ou de objectivos de curto prazo.

 

Enquanto os grandes desígnios nacionais não forem claramente definidos e serem, para cumprir, seja quem for que acidentalmente esteja no governo, seremos sempre pobres. Veja a tecnologia que se está desenvolver para a exploração do fundo dos oceanos, seguindo o link, aí em baixo.

 

Nós temos trabalhado com um submarino não tripulado, desenvolvido pelos Noruegueses, se não estou enganado, que nos tem dado a conhecer novas espécies piscícolas, descobrir as famosas "fumarolas" no fundo do mar, e ter consciência das enormes potencialidades económicas que jazem no fundo do mar à espera de quem chegar primeiro. Que se saiba temos uma "Unidade de Gestão" que trabalha no reconhecimento da Zona Económica Marítima com o intuito de obter a certificação junto das nações Unidas.

 

E, a mais longe não chegamos!

 

 

publicado por Luis Moreira às 13:00
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Quinta-feira, 10 de Março de 2011

O Secreto Rumor do Mar - Manuel Simões

 

Manuel Simões  O Secreto Rumor do Mar

 

 

 

 

1

 

Não perceberás neste canto

de espera anunciada

senão a pedra áspera

do espanto

nem te chegará o som

da palavra reveladora

do que quer que seja

mas tão-só a humilde

sombra que projecta

a palavra e a devolve

à aguda aspereza do mundo.

 

2

 

Talvez te aflore, densa,

a memória da árvore

da qual se olhava o mundo,

donde se olhava tudo

e tudo era como nada:

jogo não inocente, luz

entre os ramos

por onde se filtrava o ar.

Soprava um leve vento,

o secreto rumor do mar.

 

(in A Sophia.Homenagem a Sophia de Mello Breyner Andresen, Lisboa, Caminho, 2007)

publicado por Augusta Clara às 19:00
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Quarta-feira, 9 de Março de 2011

Aqui me detenho - Adão Cruz

 
 
Adão Cruz  Aqui me detenho 
 
 
(ilustração de Adão Cruz)
 

 

Aqui me detenho nesta pedra que sentámos no dia das canções antigas lembrando a canção que não cantámos

 

aqui me sento frente ao mar de coração vestido com as folhas secas do desejo

 

olhos dentro dos olhos que não tenho na profundidade do céu que nunca vimos.

 

O mar não fala do passado em seu imenso painel de séculos e o sol diz-me adeus com sua mão de violeta na paisagem que não vimos.

 

Mesmo assim quero demorar-me na partida acariciando o tempo no sensual enrolar das ondas que explodem orgasmos eternos nas rochas nuas

 

quero sentir a meus pés esta manhã de lábios doces sorrindo com olhos de donzela

 

quero enxugar neste sol do meio-dia as lágrimas das palavras não ditas no silêncio dos caminhos.

 
Deste-me o mar que nunca tive e

pensei outrora vê-lo aqui mas não posso ter o que não perdi nem mudar o crepúsculo pela aurora
publicado por Augusta Clara às 19:00
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Domingo, 9 de Janeiro de 2011

"As Águas do Mundo", Clarice Lispector

 

jardimdasdelicias



 

Coordenação de Augusta Clara

 

 

Quem Conta Um Conto...


Clarice Lispector

 

Aí está ele, o mar, a mais ininteligível das existências não humanas. E aqui está a mulher, de pé na praia, o mais ininteligível dos seres vivos. Como ser humano fez um dia uma pergunta sobre si mesmo, tornou-se o mais ininteligível dos seres vivos. Ela e o mar.

Só poderia haver um encontro de seus mistérios se um se entregasse ao outro: a entrega de dois mundos incognoscíveis feita com a confiança com que se entregariam duas compreensões.

Ela olha o mar, é o que pode fazer. Ele só lhe é delimitado pela linha do horizonte, isto é, pela sua incapacidade humana de ver a curvatura da terra.

 

São seis horas da manhã. Só um cão livre hesita na praia, um cão negro. Por que é que um cão é tão livre? Por que ele é o mistério vivo que não se indaga. A mulher hesita porque vai entrar.

Seu corpo se consola com sua própria exiguidade em relação à vastidão do mar porque é a exiguidade do corpo que o permite manter-se quente e é essa exiguidade que a torna pobre e livre gente, com sua parte de liberdade de cão nas areias. Esse corpo entrará no ilimitado frio que sem raiva ruge no silêncio das seis horas. A mulher não está sabendo: mas está cumprindo uma coragem. Com a praia vazia nessa hora da manhã, ela não tem o exemplo de outros humanos que transformam a entrada no mar em simples jogo leviano de viver. Ela está sozinha. O mar salgado não é sozinho porque é salgado e grande, e isso é uma realização. Nessa hora ela se conhece menos ainda do que conhece o mar. Sua coragem é a de, não se conhecendo, no entanto prosseguir. É fatal não se conhecer, e não se conhecer exige coragem.

 

Vai entrando. A água salgada é de um frio que lhe arrepia em ritual as pernas. Mas uma alegria fatal – a alegria é uma fatalidade – já a tomou, embora nem lhe ocorra sorrir. Pelo contrário, está muito séria. O cheiro é de uma maresia tonteante que a desperta de seus mais adormecidos sonos seculares. E agora ela está alerta, mesmo sem pensar, como um caçador está alerta sem pensar. A mulher é agora uma compacta e uma leve e uma aguda – e abre caminho na gelidez que, líquida, se põe a ela, e no entanto a deixa entrar, como no amor em que a oposição pode ser um pedido.

 

publicado por Luis Moreira às 14:00
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Terça-feira, 9 de Novembro de 2010

O Mar - crescimento azul! - 8



Luís Moreira


Sob a égide da UE trabalha-se na coordenação entre estados membros para as actividades do mar. A Agência Europeia para os Mares mora em Lisboa, ali ao Cais do Sodré, o que mostra a importância que Portugal tem nas actividades marítimas.

Maria Damanaki, comissária europeia com a pasta dos assuntos Marítimos e Pescas, nascida na ilha de Creta, tem como objectivo fundamental lançar a Política Maritima Integrada (PMI) e, assim, de forma integrada levar os estados membros a ter uma visão de conjunto que traz imensas mais valias para todos.

Os instrumentos vão sendo conhecidos, desde a comunicação "conhecimento do meio marinho 2020" para facilitar uma melhor compreensão do mar e estimular a perspectiva de crescimento do sector, tornando o uso de dados fácil e barato. Programa de investigação sobre a exploração de novos dados do sector marítimo relacionados com alterações climáticas.

Avançou-se com um roteiro para o Ordenamento do Espaço marítimo (OEM) ao nível da UE e estão previstos desenvolvimentos no âmbito da Integração da Vigilância Marítima , tendo em vista a segurança e a defesa do mar das agressões de toda a especie que vem sofrendo.

Parece que se está a olhar para o mar de uma forma diferente. Portugal pode ser um dos grandes beneficiários atentas a dimensão do nosso mar e das condições que usufruímos, desde a situação geográfica, no centro dos grandes caminhos marítimos, até às riquezas que estão a ser descobertas e que sempre lá estiveram e que nós, portugueses, quase sempre ignoramos.
publicado por Luis Moreira às 02:00
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Quinta-feira, 4 de Novembro de 2010

O mar - Quintas marinhas - 3


Luis Moreira . publicado em Maio de 2009 no Aventar

Para as pescas, aquicultura e indústria de pescado, importa definir e delimitar áreas de potencial aquícola, para posterior concessão, bem como áreas ambientalmente protegidas à escala nacional (incluindo os Açores e a Madeira).

É proposta a criação e promoção de “Regiões Piscícolas Demarcadas”, o fomento da cadeia de valor do pescado português, a reconfiguração da indústria de transformação do pescado e a modernização da frota pesqueira.

Revitalizar a indústria de conservas tão pujante no passado, com melhoria de equipamentos e reforço das marcas com prestígio mundial.Guarda um potencial de criação de emprego notável e uma aceitação muito boa nos mercados externos, pelo que há que avançar.

A incerteza de existência de matéria prima (o pescado em alto mar) é agora compensada pela criação de peixe em "quintas agrícolas" em alto mar. A nossa costa, baixa, que se deixa inundar com as marés são de uma riqueza extraordinária , tudo se conjuga para sermos uma potência na indústria do pescado.
publicado por Luis Moreira às 02:00
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Quarta-feira, 3 de Novembro de 2010

Mar - áreas protegidas marinhas 2

Luís Moreira



Criação de uma rede de áreas protegidas marinhas e a identificação do valor económico associado; gestão integrada do mar e das zonas costeiras; programas lúdicos de educação ambiental; aplicação da inovação tecnológica à protecção do ambiente; e criação de competências em

Engenharia Ecológica.
Monitorização do Litoral: é necessário um programa de monitorização do litoral e dinamizar a produção de levantamentos topo-hidrográficos, assim como promover a defesa costeira e a valorização das praias. Desenvolver a extracção de inertes em offshore e divulgar cursos especializados em projectos e planeamento de portos de recreio.

Identidade Marítima: plano sistemático de cariz educativo e formativo para recuperar a identidade marítima da sociedade, que revitalize a cultura marítima como parte integrante do Património nacional. Planos sistemáticos de comunicação, conferências, congressos ou temas académicos que identifiquem Portugal com o mar, lançando marcas associadas a esta área.
publicado por Luis Moreira às 02:00
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Terça-feira, 2 de Novembro de 2010

O Mar - um hipercluster 1

Com três milhões de habitantes dominamos o mundo quando nos associamos ao mar. É preciso voltar!

Se a proposta que Portugal apresentou na ONU para que a extensão da nossa Zona Marítima vá para além das actuais 200 milhas ( para as 350 milhas) for aprovada, o que é certo , ficaremos a ser um dos países mais extensos do Mundo e um dos (potencialmente) mais ricos.

O abandono do mar por parte de Portugal é de tal ordem que produzimos três vezes menos emprego do que a Grécia, geramos um valor que é mais de três vezes inferior ao da Bélgica e mais de seis vezes inferior ao da Dinamarca. Arriscamo-nos a ver os nossos recursos marítimos a serem explorados por outros.Para evitar isso é preciso determinação, exploração e investigação cientifica e tecnologia de ponta.

Alguns números: Número de pescadores: 17 339; 10 000 toneladas de pescado; 8 700 embarcações, a quarta maior frota da UE; 4 792 empresas de pesca; 1320 espécies descobertas; 98% das espécies vivem no fundo do oceano;58,5 kgs é quanto come cada português, em média,por ano,em produtos do mar; 945 000 passageiros passaram pelos portos portugueses este ano; 415 804 turistas em cruzeiro passaram pelo porto de Lisboa este ano; 37 865 209 toneladas é o total da carga que passou nos portos portugueses no ano passado; 6 023 navios já passaram, entre Janeiro e Julho pelos portos portugueses; 350 milhas são a segunda maior Zona Marítima mundial logo a seguir aos US;

Há que desenvolver os portos, a náutica, turismo de cruzeiros, a energia do mar, a piscicultura, as quintas marítimas. Nos próximos dias iremos publicar uma série de artigos, seguindo o estudo do Prof Ernâni Lopes sobre o hiper cluster do Mar.
publicado por Luis Moreira às 02:00
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