Os Japoneses descobriram no fundo do Pacífico uma reserva gigantesca de terras - raras cheias de minérios essenciais para o desenvolvimento de novas tecnologias.
Agora veja as nossas preocupações em relação ao nosso mar:" Tiraram o mar à Defesa e a Marinha não gostou"!
Na nova orgânica do governo o Mar passou para o super Ministério da Agricultura e do Mar, julgava eu que com toda a razão. O Mar é da Marinha para a defesa militar e, é, de um ministério que tenha como objectivo desenvolver a exploração das suas riquezas. Ainda não vi a Marinha à pesca, nem a apanhar algas marinhas, nem vejo que os submarinos passem para o Ministério da Agricultura e do Mar.
Andamos há muitos anos a fazer trabalho de investigação para conseguir que as Nações Unidas nos reconheçam a propriedade da Zona Marítima próxima da Madeira e Açores e do Continente, o que seria a segunda maior Zona Marítima exclusiva do mundo logo a seguir à dos Estados Unidos.O que se tem encontrado no fundo do Mar, especialmente junto dos Açores, é potencialmente de uma grande riqueza, mas a verdade é que duvido muito que com a atenção que os vários governos têm devotado ao mar, alguma vez cheguemos a ter uma notícia destas, a não ser que alguém o explore por nós.
O saudoso Dr. Hernâni Lopes deixou muito trabalho feito no que ao Mar diz respeito, em estratégia e estudos muito sérios sobre os caminhos a trilhar, mas a prioridade nunca foi nenhuma. Discutimos TGVs, Aeroportos e autoestradas, mas sobre o Mar o mais próximo que conseguimos foram os submarinos e abater a frota de pesca.
Canalizar para o Mar meios e reforçar a sua importância entre os objectivos nacionais, traria grandes vantagens para o país, em postos de trabalho, investigação, novas tecnologias e criação de riqueza, mas isso requer políticas de longo prazo, estratégia, e capacidade de manter um rumo com fortes convicções e, não, governar ao sabor dos lobbies ou de objectivos de curto prazo.
Enquanto os grandes desígnios nacionais não forem claramente definidos e serem, para cumprir, seja quem for que acidentalmente esteja no governo, seremos sempre pobres. Veja a tecnologia que se está desenvolver para a exploração do fundo dos oceanos, seguindo o link, aí em baixo.
Nós temos trabalhado com um submarino não tripulado, desenvolvido pelos Noruegueses, se não estou enganado, que nos tem dado a conhecer novas espécies piscícolas, descobrir as famosas "fumarolas" no fundo do mar, e ter consciência das enormes potencialidades económicas que jazem no fundo do mar à espera de quem chegar primeiro. Que se saiba temos uma "Unidade de Gestão" que trabalha no reconhecimento da Zona Económica Marítima com o intuito de obter a certificação junto das nações Unidas.
E, a mais longe não chegamos!
Manuel Simões O Secreto Rumor do Mar
1
Não perceberás neste canto
de espera anunciada
senão a pedra áspera
do espanto
nem te chegará o som
da palavra reveladora
do que quer que seja
mas tão-só a humilde
sombra que projecta
a palavra e a devolve
à aguda aspereza do mundo.
2
Talvez te aflore, densa,
a memória da árvore
da qual se olhava o mundo,
donde se olhava tudo
e tudo era como nada:
jogo não inocente, luz
entre os ramos
por onde se filtrava o ar.
Soprava um leve vento,
o secreto rumor do mar.
(in A Sophia.Homenagem a Sophia de Mello Breyner Andresen, Lisboa, Caminho, 2007)
Aqui me detenho nesta pedra que sentámos no dia das canções antigas lembrando a canção que não cantámos
aqui me sento frente ao mar de coração vestido com as folhas secas do desejo
olhos dentro dos olhos que não tenho na profundidade do céu que nunca vimos.
O mar não fala do passado em seu imenso painel de séculos e o sol diz-me adeus com sua mão de violeta na paisagem que não vimos.
Mesmo assim quero demorar-me na partida acariciando o tempo no sensual enrolar das ondas que explodem orgasmos eternos nas rochas nuas
quero sentir a meus pés esta manhã de lábios doces sorrindo com olhos de donzela
quero enxugar neste sol do meio-dia as lágrimas das palavras não ditas no silêncio dos caminhos.
Coordenação de Augusta Clara
Quem Conta Um Conto...
Clarice Lispector
Aí está ele, o mar, a mais ininteligível das existências não humanas. E aqui está a mulher, de pé na praia, o mais ininteligível dos seres vivos. Como ser humano fez um dia uma pergunta sobre si mesmo, tornou-se o mais ininteligível dos seres vivos. Ela e o mar.
Só poderia haver um encontro de seus mistérios se um se entregasse ao outro: a entrega de dois mundos incognoscíveis feita com a confiança com que se entregariam duas compreensões.
Ela olha o mar, é o que pode fazer. Ele só lhe é delimitado pela linha do horizonte, isto é, pela sua incapacidade humana de ver a curvatura da terra.
São seis horas da manhã. Só um cão livre hesita na praia, um cão negro. Por que é que um cão é tão livre? Por que ele é o mistério vivo que não se indaga. A mulher hesita porque vai entrar.
Seu corpo se consola com sua própria exiguidade em relação à vastidão do mar porque é a exiguidade do corpo que o permite manter-se quente e é essa exiguidade que a torna pobre e livre gente, com sua parte de liberdade de cão nas areias. Esse corpo entrará no ilimitado frio que sem raiva ruge no silêncio das seis horas. A mulher não está sabendo: mas está cumprindo uma coragem. Com a praia vazia nessa hora da manhã, ela não tem o exemplo de outros humanos que transformam a entrada no mar em simples jogo leviano de viver. Ela está sozinha. O mar salgado não é sozinho porque é salgado e grande, e isso é uma realização. Nessa hora ela se conhece menos ainda do que conhece o mar. Sua coragem é a de, não se conhecendo, no entanto prosseguir. É fatal não se conhecer, e não se conhecer exige coragem.
Vai entrando. A água salgada é de um frio que lhe arrepia em ritual as pernas. Mas uma alegria fatal – a alegria é uma fatalidade – já a tomou, embora nem lhe ocorra sorrir. Pelo contrário, está muito séria. O cheiro é de uma maresia tonteante que a desperta de seus mais adormecidos sonos seculares. E agora ela está alerta, mesmo sem pensar, como um caçador está alerta sem pensar. A mulher é agora uma compacta e uma leve e uma aguda – e abre caminho na gelidez que, líquida, se põe a ela, e no entanto a deixa entrar, como no amor em que a oposição pode ser um pedido.
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