NOTA da Fundação Terra Nova
Desde o início do ano escolar, no mês de Setembro, as jovens gerações juntaram-se ao cortejo das manifestações. O dia de terça-feira, 26 de
Outubro, marca uma etapa nova na sociologia do conflito: os jovens estarão sozinhos em cena, a responderem à chamada feita pela Unef e por Sul-Etudiants.
A maioria finge surpreender-se com a presença dos estudantes na rua. Todos têm, no entanto, todas as razão do mundo para se manifestarem.
1 Os jovens, as vítimas da reforma dos regimes de passagem à reforma
Discute-se muito: o recuo da idade de partida para a reforma das pessoas mais velhas vai agravar o desemprego dos jovens
O mercado de trabalho na França está degradado. Adaptou-se à crise excluindo do mercado de trabalho as suas duas extremidades geracionais, os jovens e as pessoas mais velhas. A taxa de emprego dos jovens (menos de 25 anos) é de 31%, a das pessoas mais velhas (mais de 55 anos) é de 38%, e que são das taxas mais baixas da Europa. Na ausência de uma política voluntariosa de melhoria do mercado de trabalho, o retrocesso da idade de partida para a reforma vai aumentar o desemprego.
O desemprego das pessoas mais velhas, certamente. Dois terços dos franceses estão no desemprego quando liquidam a sua reforma.. É o que explica a grande diferença no sector privado entre a idade de cessação de actividade, 58 anos, e a idade de liquidação da reforma, 61.6 anos. Estatisticamente, para estes franceses, a manutenção durante muito mais tempo em actividade significa a manutenção no desemprego: a reforma transforma “os jovens reformados” em “velhos desempregados”.
Mas igualmente o desemprego dos jovens. Certamente, não há nenhuma relação directa: não se substitui posto a posto um torneiro fresador que parte para a reforma por um jovem diplomado saído da universidade. Mas as relações existem. Relações mecânicas em certos sectores, como na administração: com a regra da não-substituição de um funcionário sobre dois, a contratação de um jovem é condicionada pela partida de duas pessoas muito mais velhas. Ou no meio médico: o numerus clausus impõe que qualquer entrada seja garantida sobre uma saída. Relações mais difusas existem: os constrangimentos de massa salarial na empresa fazem com que as contratações sejam condicionadas globalmente pelas partidas.
Este debate foi particularmente mal colocado. Se a questão é “a melhoria do emprego das pessoas mais velhas provoca ela a degradação do emprego dos jovens? ”, então a resposta é claramente não. Todos os economistas o dizem: as duas coisas vão a par. Num mercado de trabalho degradado, os dois sofrem. Num mercado de trabalho são, os dois integramse bem, os dois ganham. Mas a questão é diferente: a reforma dos regimes de passagem à reforma vai agravar o desemprego dos jovens? A resposta é sim. Com a reforma, o desemprego dos jovens, como o das pessoas mais velhas, vai aumentar.
Discute-se muito quanto ao impacto da reforma sobre o desemprego dos jovens. Mas estranhamente, discute-se menos muito a questão central: quem é que vai pagar a reforma dos sistemas de reformas?
A esquerda e os sindicatos martelaram-no, e têm razão: são os assalariados modestos. O actual regime de passagem à reforma está marcado com o selo da injustiça social.
Mas não o quiseram entender, é também injusta para as jovens gerações. Vão pagar três vezes.
Vão contribuir mais, com o recuo da idade legal. Um recuo de que se verão globalmente os seus efeitos somente a partir de 2018, por conseguinte para os menos de 50 anos de hoje.
Vão receber reformas mais baixas. Devido à subida em força dos regimes de pensões de reforma dos governos Fillon e Balladur, que se estendem até 2020. Mas também devido às suas dificuldades crescentes para validarem os seus trimestre de contribuições. A duração de seguro validada a 30 anos não deixou de diminuir de geração, desde a geração de 1950. Para esta último, a duração validada era de 40 trimestres em média, enquanto que, para a geração 1974, é mais apenas de 31 trimestres. Uma parte deve-se ao alongamento do tempo de estudo, e é uma boa coisa.
Mas mais da metade (5 em cada 9 trimestres) deve-se às dificuldades de inserção dos jovens na França.
Cereja em cima do bolo, as jovens gerações são espoliadas do benefício do Fundo de Reserva das reformas que lhes era destinado. O Fundo foi criado para assegurar a realização intergeracional e aliviar as gerações de activos entre 2020 e 2040: trata-se dos jovens de hoje, as gerações de agora, em que houve menor crescimento demográfico, que deverão financiar as reformas de “ papy boomers”. O Fundo devia ser extinto a partir de 2020, a fim de limitar os aumentos de contribuições sobre estas gerações. O governo decidiu absorver os 34 mil milhões de euros para assegurar a melhoria financeira a curto prazo: assim tiram aos activos de amanhã para dar aos reformados de hoje…
2 Os jovens, as primeiras vítimas das políticas públicas
ONT RAISON DE MANIFESTER, 26 de Outubro de 2010.
Deolinda, lembras-te? Pois, em vez de chorar dão corda aos sapatos e aí vão vocês fazer uma coisa que é habitual ser feita por quem tem emprego seguro e para toda a vida. Vão exigir que sejam ouvidos, vocês que são 1 milhão e que constituem o maior grupo de pressão que há cá na terra. As corporações instaladas passam a vida a descer a Avenida a exigirem mais e mais e, agora, aparecem vocês a exigirem, não mais, mas o mínimo. Ter um emprego!
Ó Deolinda, eu tinha proposto que uma hipótese é a emigração, e na vossa idade é sempre uma opção, mas há quem ache que tem o direito de trabalhar na sua terra, e bem, e aí estão vocês a fazer tremer muita gente. Porque cá no burgo, come quem faz barulho, e faz barulho quem tem formas organizadas para se fazer ouvir, por isso, cá no cantinho, os mais fracos e mais pobres nunca comem nada.
A partir de agora, se vocês conseguirem manter-se unidos, os investimentos começam a ser dirigidos para a criação de emprego, porque, verdade seja dita, nunca haverá 100% de população activa com emprego mas vai haver maior flexibilidade, mobilidade e quem está desempregado pode ter algumas hipóteses. Não fiquem é à espera que os que têm emprego lutem pelos vossos direitos, pois não lutam nem nunca lutarão!
Já andam aí na blogoesfera os "terroristas de boca", que vocês são gente parva, mazinha, cuidado que é gente do pior, quando afinal vocês só estão a praticar um direito, o da liberdade de expressão e a fazer o que as corporações fazem vezes sem conta.
Estás a ver como de parvo vocês não têm nada?
Dentro do Coliseu com a lágrima no olho a fazer "encores" é que se não vai a lado nenhum!
Sábado, 12 de Março às 15:00 - 13/3 às 15:30 | |
Local | Avenida da Liberdade -> Praça Luís de Camões - Lisboa / Praça da Batalha - Porto |
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Criado por | |
Mais informação | http://geracaoenrascada.wordpress.com/ PROTESTO APARTIDÁRIO, LAICO E PACÍFICO. Nós, desempregados, “quinhentoseuristas” e outros mal remunerados, escravos disfarçados, subcontratados, contratados a prazo, falsos trabalhadores independentes, trabalhadores intermitentes, estagiários, bolseiros, trabalhadores-estudantes, estudantes, mães, pais e filhos de Portugal. Protestamos: - Pelo direito ao emprego! Pelo direito à educação! - Pela... melhoria das condições de trabalho e o fim da precariedade! - Pelo reconhecimento das qualificações, competência e experiência, espelhado em salários e contratos dignos! Porque não queremos ser todos obrigados a emigrar, arrastando o país para uma maior crise económica e social! |
Vamos a isso!
FALSA EVIDÊNCIA N.º 10: A CRISE GREGA POSSIBILITOU FINALMENTE AVANÇAR PARA UM GOVERNO ECONÓMICO E PARA UMA VERDADEIRA SOLIDARIEDADE EUROPEIA
A partir de meados de 2009, os mercados financeiros começaram a especular sobre a dívida dos países europeus. Globalmente, a forte subida das dívidas e dos défices públicos à escala mundial não resultou (ainda) em aumentos das taxas de longo prazo: os operadores financeiros acreditam que os bancos centrais vão manter durante muito tempo as taxas monetárias reais em valores muito próximos de zero, e que não há, nem o perigo de inflação, nem o risco de um grande país entrar em situação de incumprimento das suas dívidas. Mas os especuladores viram bem as falhas na organização da zona euro. Enquanto os governos de outros países desenvolvidos podem sempre ser financiados pelo respectivo Banco Central, os países da zona euro renunciaram a esta opção e estão totalmente dependentes dos mercados para financiar os seus défices. Em resultado, a especulação pôde desencadear-se sobre os países mais frágeis da zona: Grécia, Espanha, Irlanda.
As autoridades europeias e os governos nacionais têm sido lentos na resposta, não querendo dar a impressão de que os países-membros tinham direito a apoio ilimitado dos seus parceiros, e querendo castigar a Grécia, culpada de ter escondido — com a ajuda do banco Goldman Sachs — a dimensão dos seus défices. No entanto, em Maio de 2010, o BCE e os países-membros tiveram de criar de emergência um Fundo de Estabilização, para sinalizar aos mercados que dariam aquele apoio ilimitado aos países ameaçados. Em troca, estes tiveram que anunciar programas de austeridade orçamental sem precedentes, que os vai condenar a um abrandamento da actividade económica a curto prazo e a um longo período de recessão. Sob pressão do FMI e da Comissão Europeia, a Grécia deve privatizar serviços públicos e a Espanha deve flexibilizar o mercado de trabalho. Mesmo a França e a Alemanha, que não são objecto de especulação, anunciaram medidas restritivas.
No entanto, a procura não é, de forma alguma, globalmente excessiva na Europa. A situação orçamental é melhor do que a dos Estados Unidos ou da Grã-Bretanha, possibilitando margem de manobra orçamental. É necessário reabsorver os desequilíbrios de forma coordenada: os países do norte e do centro da Europa, com excedentes comerciais, devem empreender políticas expansionistas — salários mais elevados, mais despesas sociais... — para compensar as políticas restritivas dos países do Sul. A política orçamental não deve ser globalmente restritiva na zona euro enquanto a economia europeia não se aproximar, a um ritmo satisfatório, da situação de pleno emprego.
Mas os defensores da política orçamental automática e restritiva na Europa estão hoje, infelizmente, com mais força. A crise grega permite fazer esquecer as origens da crise financeira. Aqueles que concordaram em apoiar financeiramente os países do Sul querem impor, em troca, um endurecimento do Pacto de Estabilidade. A Comissão Europeia e a Alemanha querem impor a todos os países-membros que inscrevam nas respectivas Constituições o objectivo de equilíbrio orçamental e que as respectivas políticas orçamentais sejam controladas por comissões de peritos independentes. A Comissão Europeia quer impor aos países uma longa cura de austeridade, para que a dívida pública volte a ser inferior a 60% do PIB. Se há um passo rumo a um governo económico europeu, é para um governo que, em vez de afrouxar o grilhão da finança, vai impor austeridade e um aprofundamento das “reformas” estruturais, em detrimento da solidariedade social em cada país e entre os diversos países.
A crise proporciona às elites financeiras e aos tecnocratas europeus a tentação para porem em prática a “estratégia de choque”, aproveitando a crise para radicalizar ainda mais a agenda neoliberal. Mas essa política tem poucas possibilidades de sucesso:
O Professor Júlio Marques Mota, apresenta o texto com estas palavras:
Um manifesto, mais um manifesto, dirão os distraídos da crise que nos atinge, possivelmente porque não estão aterrados com a catástrofe que passo a passo a Comissão Europeia, os Grandes Operadores Financeiros, as Agências de rating, os Grandes Reguladores que só produzem desregulação, mas curiosamente menos as Instituições Internacionais, aterrados com o que nos vão criando, cercando, aniquilando. Aterrados , é o termo que qualquer pessoa minimamente consciente da situação presente e das perspectivas futuras utiliza para caracterizar o seu estado de alma, de emoção, de indignação, tal é o cinismo do discurso oficial e de qualquer governo, dito à esquerda ou à direita, pois todos eles já só aprenderam a andar na mesma direcção e a estar face ao erário público da mesma maneira, tal é o despudor das políticas económicas e sociais concebidas, tal é a indiferença face aos efeitos nefastos sobre as gerações presentes, tal é o desprezo quando ao futuro das gerações futuras que de futuro terão muito pouco se tudo assim continuar. E é disso que aqui se fala, neste manifesto.
A demagogia já é tanta que se não se desmonta o discurso oficial no que tem de subliminar qualquer dia começa-se a olhar para o funcionário público com na Alemanha do Hitler se olhava para alguém que se suspeitava ser judeu: alguém a abater! Caricatura, bem o espero, certo de que o é apenas ainda e com a esperança que não passe disso mesmo. Forçado este texto-pensar.
Um texto claro a explicar que não há outra atitude que não seja a de se estar aterrado, mas cuidado, aterrado sim, mas bloqueado não. Não há machado que corte a raiz ao pensamento, disse o poeta, não há bloqueio que destrua a nossa capacidade de indignação, não há repressão que nos corte a capacidade de reflexão. Por mais Bolonhas que os Marianos Gagos , em Portugal, Valérie Pécresse em França ou outros por esta Europa fora e são muitos, possam determinar, por mais planos de austeridade que os Teixeira dos Santos ou as Elena Salgado , de Portugal, Espanha ou qualquer outro país na Europa onde agora há muitos assim, façam votar nos seus respectivos Parlamentos , por mais Santos Silva ou Alain Minc que o argumentário saibam criar para esta política criminosa virem a justificar, não haverá nunca hipótese de destruir a nossa capacidade de nos revoltar, de outro mundo desejar.
Só não entendo por que é que não se verifica o que aprendi a ler livros para crianças, ou seja, que quando se mente e mente muito o nariz cresce desmesuradamente. Com as mentiras que assistimos, montados no nariz de qualquer ministro e de qualquer país chegaríamos ao céu. Imperdoável, afinal quem anda a mentir às nossas crianças, somos nós, afinal. Imperdoável, pois.
Um texto a ler, a reflectir, para não se deixar iludir .
Júlio Mota
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