Domingo, 19 de Junho de 2011
publicado por Carlos Loures às 09:00
editado por João Machado em 15/06/2011 às 00:01
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Quarta-feira, 25 de Maio de 2011
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Sexta-feira, 8 de Abril de 2011
Esta é a versão não oficial sobre a carreira do líder madeirense. A "Madeira nova" tem um modelo de desenvolvimento que é um enorme fracasso, vivendo muito acima das suas possibilidades e está afogada num mar de dívidas totalmente dependente do exterior.
A dimensão do medo, palpável, existente na sociedade madeirense, tendo contactado com dezenas de madeirenses nas várias deslocações que fez à ilha e mesmo no continente, todas lhe pediram para não serem nomeadas. Citando um ex-ministro do PSD que falou em off-record mas sem restrições "ninguém no seu juízo quer ter chatices políticas com o Alberto João, mas só porque é uma maçada e não vale a pena. É um assunto miúdo, percebe? Ele não mete medo - a não ser a quem depende dele ( que são quase todos, digo eu...). Acha que eu sou suficientemente doido para assumir em público isto que lhe estou a dizer agora? para ser insultado logo de seguida?"
Ribeiro Cardoso descobriu tambem "espantado, mesmo ali à sua frente a visão de conjunto vigente na Madeira: um líder fanfarrão e desqualificado, uma igreja de joelhos, um parlamento que é uma casa de horrores em tempo de Democracia, um poder autárquico absolutamente castrado, uma sociedade subsidiada e de mão estendida, um laranjal sentado gulosamente à mesa do orçamento, uma monstruosa administração pública às ordens de sua magestade, uma região autónoma que é tudo menos autónoma - sempre a mendigar no exterior, afogada em dívidas e com os mais baixos índices de desenvolvimento do país, apesar de tanto dinheiro que ali desaguou proveniente de Lisboa e Bruxelas."
Quando Jardim sair, com os vários delfins em guerrilha, vai ser pior que a guerra na Bósnia, assim acabe o dinheiro que Lisboa manda, em crise e sem dinheiro Jardim está de saída.
Onde e quando já eu ouvi isto com outros estadistas ?
in público
publicado por Carlos Loures às 13:00
editado por Luis Moreira em 09/04/2011 às 16:57
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Domingo, 23 de Janeiro de 2011
coordenação de Augusta Clara de Matos
Quem Conta Um Conto...de Cinema
Antes de lerem este conto da escritora madeirense de prosa encantatória, deliciem-se com estes sons:
http://nataliajuskiewicz.com/
Ana Teresa Pereira O Ponto de Vista das Gaivotas
Segundo Orson Welles, «o que conta é a poesia».
Lembro-me dessa frase a propósito de um filme pouco conhecido de Alfred Hitchcock: Nightmare de 1947.
Na filmografia do autor, o filme segue-se a Notorious e antecede The Paradine Case. Foi a única vez que ele dirigiu Humphrey Bogart (no mesmo ano em que este protagonizou Dead Reckoning, The Two Mrs Carrolls e Dark Passage).
Ao que parece, Hitchcock pensou primeiro em James Stewart. Mas, como ele próprio reconheceu, «James Stewart nunca faria o papel de assassino». Quanto a Ingrid Bergman não houve qualquer dúvida — Nightmare é um prolongamento da magia nocturna de Notorious...
O filme baseia-se num conto de Daphne du Maurier (Rebecca, The Birds). O argumento foi entregue a Ben Hecht, que escrevera o de Spellbound e o de Notorious, o que explica as referências psicanalíticas — o tema do duplo, a atmosfera uterina (é como se estivéssemos debaixo de água o tempo todo).
No plano inicial há uma igreja e uma pequena multidão que esconde parcialmente os noivos que acabaram de sair. Destaca-se a figura de Alfred Hitchcock com uma máquina fotográfica encostada ao rosto.
O plano seguinte mostra-nos uma mão segurando a fotografia. O rosto sorridente de Bogart, a expressão melancólica de Ingrid Bergman com flores brancas no cabelo. A câmara recua um pouco e vemos a mulher que segura a foto. Nesse momento uma mão pousa no seu ombro e ela volta-se soltando um pequeno grito.
Estamos numa sala funda e apercebemo-nos vagamente do som do mar. Bogart diz que é tarde, que devem ir dormir. Ingrid murmura «Yes, it's very late...» Não há qualquer menção à fotografia ou ao medo visível no rosto dela.
E então vemos a casa do exterior. Está situada sobre os rochedos, mesmo junto ao mar. Tem uma estranha semelhança com a igreja que víramos no início (há também uma torre de pedra...). Ouvimos as ondas, o vento, os gritos das gaivotas — a música de Bernard Herrmann e os diálogos são uma pequena parte da banda sonora (a história é visual, uma sucessão de imagens, uma experiência interior, quase abstracta...). Há duas ou três luzes acesas. Apagam-se uma a uma. Depois acende-se uma luz na torre.
Sentimos que a protagonista (nunca saberemos o seu nome...) tem medo daquele lugar, como uma criança que acorda num quarto desconhecido. A atmosfera é inquietante — aproxima-se uma tempestade...
Quando vemos a casa há sempre nevoeiro (nevoeiro que existe mesmo dentro da torre) e temos a impressão de estar a olhar para uma velha gravura (o que faz sentido porque o realizador utilizou uma maqueta em todas as cenas exteriores).
Há outra mulher na história — a governanta, a bruxa má presente em tantos filmes de Hitchcock. O que é estranho é que neste ele escolheu uma actriz pouco conhecida que se parece vagamente com Ingrid Bergman, de forma que quando as vemos de longe é fácil confundir uma com a outra.
Quando a protagonista diz ao marido que quer visitar a torre ele recusa. O único acesso é pelos rochedos, que são demasiado perigosos naquela altura do ano. Além disso, «there are only bats and ghosts...»
Como no conto do Barba Azul, a jovem espera que ele se ausente para explorar o local proibido.
É impossível esquecer a imagem de Ingrid Bergman nos rochedos, o vestido molhado, os cabelos revoltos pelo vento, tentando encontrar o caminho para o outro lado da casa. A espuma branca das ondas, os gritos das gaivotas. Mas quando chega à torre tudo parece imobilizar-se. Abre a porta e sobe lentamente as escadas (nas suas entrevistas a Truffaut, Hitchcock diz que o filme era somente a história de alguém que sobe e desce umas escadas).
No quarto da torre há gravuras, livros, uma velha mesa de trabalho. Um homem encostado à janela fuma um cigarro.
A jovem diz o nome do marido.
Quando o homem se volta, o rosto é o que conhecemos. E ao mesmo tempo é outro...
Bogart diz que é o irmão do dono da casa, mas acrescenta que é natural que ela os confunda porque «I’m wearing his clothes».
A partir desse momento é como se a personagem de Ingrid Bergman também se desdobrasse. Em casa tem um ar adormecido, move-se como um autómato, responde com monossílabos às palavras do marido e da governanta.
Mas depois vemo-la, mais bonita do que nunca, correndo pelas rochas (a ameaça de tempestade parece estar suspensa e há até um pouco de sol; o mar está calmo), apanhando flores brancas que crescem entre os rochedos e que irá dispor num velho jarrão no quarto da torre. Os longos beijos, as conversas sem importância, Bogart lendo em voz alta versos de Shakespeare
«For thy sweet love remember'd such wealth brings,
That then I scorn to change my state with kings»
ou páginas estranhas que se supõe terem sido escritas por ele.
Há uma noite em que a tempestade a impede de voltar Enrosca-se nos braços dele como numa concha, com medo da chuva e de algo de indizível que está do outro lado da parede.
Regressa ao amanhecer, uma figura leve, vestida de branco, com um casaco preto pelos ombros e pétalas nos cabelos (tudo é circular, voltamos à igreja, às flores no cabelo do dia do casamento...).
A luz da biblioteca está acesa. Um homem de roupão encontra-se sentado junto à lareira.
Durante alguns minutos falam de coisas absurdas, como se nada tivesse acontecido, depois ela diz que vai deixá-lo. Bogart sorri com indiferença: «You will never leave this place...» Com um gesto brusco puxa-a para si e beija-a na boca. Depois as suas mãos rodeiam-lhe o pescoço.
A tempestade aumenta lá fora, uma gaivota roça o vidro da janela...
O corpo da jovem caído no tapete junto à lareira. O homem passa as mãos pelo rosto, como se voltasse de muito longe.
Então damo-nos conta de que houve uma testemunha da cena. A governanta está encostada à porta com um ramo de flores brancas nos braços (e por instantes temos a impressão de que é Ingrid Bergman que se ergueu «de entre os mortos»). Ela entra na biblioteca e põe as flores numa jarra.
Bogart passa pela governanta sem a ver. A câmara segue-o num longo travelling pelos corredores sombrios (é a primeira vez que vislumbramos as entranhas da casa).
Ele parece caminhar durante muito tempo até que abre a porta de uma divisão escura. Acende a luz e, afastando uma velha tapeçaria (que representa quatro figuras sem rosto), abre outra porta.
Então percebemos que está na torre.
E o filme termina com o vulto cansado de um homem que sobe a escada de caracol. Depois, a casa vista do exterior. As ondas. Um grande plano das flores brancas que crescem nos rochedos.
Truffaut tentou estabelecer um paralelo entre Nightmare e Rebecca. Alguns elementos são comuns — a casa isolada, a governanta e acima de tudo a atmosfera irreal, de conto de fadas. Se Rebecca é uma versão de Cinderela, Nightmare tem muito a ver com o Barba Azul e com a Bela e o Monstro.
Hitchcock acrescentou: «Sim, é uma velha história, um conto de fadas, talvez... É acima de tudo, literalmente, um pesadelo.»
Mas um pesadelo de quem?
Porque nem sabemos claramente quantas personagens tem a história (seres sem alma que não se distinguem uns dos outros...). Se o final parece indicar que não existem dois irmãos mas sim um único homem (nunca o saberemos de facto), a parecença da governanta com Ingrid Bergman quase sugere que há uma única mulher...
Qual dos dois sonha?
E, se quatro personagens podem ser duas, talvez duas possam ser uma só.
Talvez só exista um sonhador na casa sobre os rochedos, talvez só haja uma presença nos quartos abandonados, na torre de pedra batida pelas ondas. Qual deles...
Ou talvez não exista ninguém.
Um sonho sem sonhador.
Quase o vazio.
Uma simples maqueta.
O mar.
Gaivotas.
E as flores brancas que crescem entre os rochedos.
(in Contos de Ana Teresa Pereira, Relógio d’Água)
Sábado, 27 de Novembro de 2010
Luis MoreiraNa continuação do:
Cristóvão Colombo - era Português?, vamos então ao famoso cromossoma Y, o tal que passa inalterado de macho para macho entre gerações.
D. Pedro I, além de colérico, gago e mal apessoado, era um mulherengo, casou com D. Constança, amantizou-se com a "Galega" D. Inês e engravidou uma tal Tereza Lourenço de Lisboa,que teve uma criança chamada João e que veio a ser Rei, o nosso D. joão I. Este por sua vez tambem teve um rancho de filhos desde logo os da ínclita geração e, entre eles D. duarte o futuro Rei que, por sua vez teve dois filhos, D. Afonso V e D. Fernando - primeiro Duque de Beja.
Este Duque de Beja, é o ACUSADO de ter engravidado uma dama da corte, chamada Isabel Gonçalves Zarco, filha do famoso João Gonçalves Zarco, que foi o descobridor do Porto Santo e da Madeira. Destes amores nasceu um rapaz a quem foi dado o nome de Salvador Gonçalves Zarco e que mais tarde mudou o nome para a "Firma" Cristóvão Colon.
Ora, em Espanha, os Condes de Verágua dos arrabaldes de Madrid são descendentes directos do filho de Cristóvão Colombo e de Filipa Moniz a quem deram o nome de Diogo Colon Moniz que nasceu em Porto Santo e que foi o primeiro Duque de Verágua.
O navegador morreu em 20 de maio de 1506, deixando publicado e revisto por ele um livro chamado "Os Privilégios" no qual descreve todos os contratos assinados com os Monarcas espanhóis e indicando os seus herdeiros. "Os Pleitos", acções de justiça lançados pelos monarcas obrigaram os descendentes de Diogo Colon Moniz a trocar as Américas de que eram proprietários pelo título de Duques de Verágua.
Note-se o nome da mãe, Moniz, bem português e muito frequente na Madeira e Porto Santo.
Bastará, pois, fazer a comparação do cromossoma de um cabelo dos muitos Zarcos que existem naquelas ilhas portugueses, um fio de cabelo chega, e compará-lo a um dos descendentes dos Duques de Verágua para termos a prova científica.
Mas, aqui, é que eu tenho uma divergência com o autor do livro, pois este anda a procurar as ossadas de D. Pedro I e de Cristóvão Colon para fazer a prova, o que não é fácil, já que tudo indica que o Túmulo de D. Pedro I, em Alcobaça, foi devassado pelas tropas Francesas e as ossadas do grande capitão, andaram em bolandas, desde as ilhas centrais da América Central, onde foi, primeiramente, sepultado, até chegarem a Sevilha.
A verdade é que bem me parece que bastará comparar um Zarco da Madeira com um Verágua, a não ser que não esteja a ver bem o problema.
No texto a seguir vamos visitar a Madeira e ver como nos túmulos da família Zarco se encontraram índicios que apoiam a conjectura do Dr.Manuel Luciano da Silva e de sua mulher Sílvia Jorge da Silva.
Segunda-feira, 25 de Outubro de 2010
Carlos LouresHá cerca de dois anos, o jornalista Daniel Oliveira, do Expresso, foi condenado a pagar uma indemnização a Alberto João Jardim por difamação. Em 10 de Junho de 2005, o colunista designara num artigo daquele semanário o presidente do Governo Regional da Madeira por «palhaço rico». Dizia em determinado passo do texto: «Alberto João Jardim é um palhaço. Envergonha, de cada vez que abre a boca, a nossa democracia. Não é politicamente incorrecto. É apenas um palhaço que manda numa ilha com mais de duzentas mil pessoas.» (…) «É um palhaço perigoso».
Porto Santo foi durante 15 anos o meu local de férias. Nos últimos anos deixei de ir porque ao «desenvolver-se», a ilha perdeu o encanto que tinha para mim. Embora compreenda que o desenvolvimento é bom para os portosantenses. Fiz também, ao longo destes últimos tempos, diversas viagens à Madeira. Tenho, por isso, podido apreciar a evolução do arquipélago. Neste aspecto, não concordo com Daniel Oliveira – a Madeira não tem estradas a mais, equipamentos a mais, empregos a mais – e, apesar da excessiva proliferação de estruturas voltadas para o turismo - é agradável verificar que no Porto Santo não há desemprego, não se vê mendicidade e as chagas da droga e da prostituição, pelo menos, não são visíveis. A Madeira não tem nada a mais, como diria o poeta cubano Nicolás Guillén – tiene lo que tenía que tener. Jardim apresenta obra feita, coisa de que nem todos os autarcas se podem gabar. A corrupção, o tráfico de influências, o nepotismo, existirão, mas não de forma tão gritante como em alguns concelhos do continente – embora neste capítulo haja a considerar que Jardim tem a comunicação social local domesticada.
O que se contesta não é o que Jardim fez, mas a maneira como fez e continua a fazer - o estilo arruaceiro com que ataca adversários, com que insulta os continentais que, afinal, contribuem com os seus impostos para que os Madeirenses tenham benefícios de que os insultados, em muitos, casos não usufruem; a permanente chantagem com a ameaça da independência. Mas, apesar desde espectáculo degradante, não é um palhaço – é apenas um mau português que, talvez, se encontrasse outro Estado que lhe pagasse as despesas, abdicaria da nacionalidade.
Não encontra e prossegue com diatribes e ameaças que produzem efeito, pois a nossa classe política é como é. Um exemplo: é estranho que quando Jaime Gama, em 1992, lhe chamou «Bokassa Branco», comparando-o ao tirano da República Central Africana, Jean-Bédel Bokassa, Jardim não o tenha processado. É verdade que, passados dezasseis anos, o agora presidente da Assembleia da República, mudou de opinião e se referiu ao presidente da Região Autónoma e à sua obra nos termos mais encomiásticos. Isto sem que Jardim tenha modificado a sua maneira de estar na política, moderado a prepotência e a verborreia ordinária. Moderou-a mais recentemente, depois do vendaval que assolou a ilha e o obrigou a pedir ajuda aos cubanos.
A verdade é que o tão falado «défice democrático» não começa nem acaba na Madeira. De Eanes a Cavaco Silva, passando por Guterres e por Sampaio – gente que «oportunamente» o senhor Jardim insultou, a pretexto das boas relações «institucionais» entre órgãos de soberania, sempre que foram e vão ao arquipélago, não deixam de o ir cumprimentar. Esta classe política merece o senhor Jardim. O povo português, particularmente o madeirense, é que não.
Quem é então este homem que provoca uma agitação que não é explicada senão pela incontinência verbal, por um sinuoso oportunismo e pela pacovice dos media que servem de caixa de ressonância aos seus dislates. Dispenso-me de lhe referir a biografia. Dela, o único aspecto assinalável é o de que, quando se deu o 25 de Abril, Jardim tinha 31 anos, não sendo, portanto uma criança. Mas nunca ninguém ouvira falar dele. O gosto pela democracia, só lhe veio quando ela deixou de fazer doer, quando qualquer idiota ou qualquer ébrio passaram a poder dizer, impunemente, tudo o que lhes passar pelas cabeças.
A coragem que tem manifestado a desafiar os poderes da República, teria sido bonito que a tivesse posto ao serviço da luta pelas liberdades democráticas antes de 1974 – mas isso «era perigoso»! Esteve na Câmara Corporativa, parece que andou pelas instâncias dirigentes da Mocidade Portuguesa; nunca militou em qualquer movimento democrático, por mais conservador que fosse. A «córagem» (como ele diz) só lhe chegou quando a liberdade, conquistada por «cubanos», «bastardos» e «f.d.p.», lho permitiu. Porém, Jardim não tem importância específica. Tem a importância que amigos e adversários, lhe conferem. Assumiu a espessura e a dimensão de um mito. Põem-no com insistência a opinar sobre os mais diversos temas - estava na Madeira quando, em Agosto de 1991, se deu o golpe de Estado contra Gorbatchov que desencadeou o desmantelamento da União Soviética: logo apareceu a criatura a debitar sobre a transcendência do acontecimento, com o ar ridículo que compõe sempre que quer parecer um político convencional.
Porque é que, na minha opinião, o senhor Jardim não é um palhaço? Vou tentar explicar o que é, quanto a mim, um palhaço. O britânico Charlie Chaplin (1889-1977) foi talvez o mais colossal dos palhaços. Homem de grande cultura e inteligência, um dos maiores génios criativos do século XX – clown e actor por antonomásia, excepcional realizador, talentoso compositor musical; Oleg Popov (1930), o palhaço russo que foi considerado o «maior do mundo»; Charles Rivel (1896-1983), o inesquecível clown catalão – quem, tendo-o visto, poderá esquecer o seu épico conflito com uma simples cadeira; os Anhucas e Augustos portugueses, que deliciaram gerações de crianças e não só, no Coliseu dos Recreios, no Coliseu do Porto e por outros chapitôs do País…
Estes, e muitos outros, são para mim os palhaços. Adoro os palhaços, pois só um artista com um grande coração e com uma grande sensibilidade escolhe uma tão difícil carreira. Como pôde Daniel Oliveira comparar gente tão excelente a uma criatura que só não envergonha a classe política, porque vergonha é coisa que tal classe não tem (salvo honrosas excepções)? Bem sei que o jornalista especificou que falava de um «palhaço rico» e os grandes palhaços são quase sempre palhaços pobres. Mesmo assim, acho que os palhaços, os pobres e os ricos, deviam ter processado Daniel Oliveira por terem sido comparados a Jardim ou, pelo menos, como são gente bondosa, deviam ter exigido um pedido de desculpa.
Quinta-feira, 21 de Outubro de 2010
Carlos LouresDesde que Platão em
Timeu e a Natureza e em
Crítias se referiu a um misterioso continente perdido, o mito da Atlântida tem dado lugar a narrativas de toda a espécie e a mil e uma teorias, uma ou outra com alguma consistência científica. Uma dessas teorias, situa a Atlântida na chamada região da Macronésia, que abrange as Canárias, a Madeira, Cabo Verde e os Açores. Segundo essa teoria, estes arquipélagos seriam os pontos mais elevados do continente tragado pelo oceano devido a uma catástrofe (e as hipóteses vão desde o Dilúvio, a uma bomba nuclear, talvez lançada por extra-terrestres…).
A 4 de Fevereiro de 1931, Houve uma revolta na Madeira que ficou conhecida, pela “revolta da farinha". Hei-de falar desta revolta popular. Mas hoje queria referir-me a outro levantamento, este feito por militares, que eclodiu cerca de um mês depois da "revolta da farinha". Ia a Ditadura Militar no seu quinto ano de vigência, quando em Abril de 1931, eclodiram na Madeira, nos Açores, na Guiné, levantamentos militares contra o Governo. Desde a Grande Depressão de 1929, Salazar então Ministro das Finanças, impusera medidas que, tentando restringir os efeitos dessa «crise global», como hoje diríamos, obrigava a população mais carenciada a complicadas ginásticas para resolver problemas básicos de subsistência.
As liberdades democráticas que tinham ficado como herança da I República, iam sendo, uma a uma, suprimidas. Daí as revoltas insulares desencadeadas por militares. Foram todas elas rapidamente juguladas, menos a da Madeira que, devido ao apoio popular que teve, resistiu durante alguns dias às tropas e aos navios de guerra que foram enviados do continente. Os revoltosos eram coordenados pela «Liga de Paris», directório de refugiados políticos portugueses na capital de França.
Esperava-se que as unidades continentais aderissem, o que não aconteceu. Só em 26 do Agosto seguinte foi desencadeada em Lisboa uma outra revolta militar e civil, orientada no sentido de repor as liberdades fundamentais coarctadas pela Ditadura, que após a rendição dos revoltosos, se cifrou em cerca de quarenta mortos e duzentos feridos.
Os revoltosos das ilhas chegaram a ponderar proclamar a independência daquilo a que chamaram a «República da Atlântida». Feita por militares na sua maioria continentais colocados nas unidades sediadas na Madeira, foi a primeira ameaça de secessão que dali nos chegou. Mas não seria a última, pois agora essas ameaças chegam-nos com muito maior frequência. Primeiro foi a FLAMA, Frente de Libertação do Arquipélago da Madeira, que se terá extinguido em 1978. Daí para cá, ou são alguns dirigentes históricos do movimento separatista ou o próprio presidente da Região Autónoma que, de forma explícita ou implícita, agitam esse fantasma.
Dessas ameaças hei-de falar proximamente. Hoje queria apenas dizer aos que não sabiam e lembrar aos que se tenham esquecido que em 1931, como que saída da imaginação de Júlio Verne, foi proclamada a efémera República da Atlântida,
Domingo, 9 de Maio de 2010
A Madeira tem duas equipas razoáveis, do meio da tabela, podiam divertir-se com uma bela equipa a jogar "outros" campeonatos.
O Algarve tem vária equipas, velhas glórias do futebol que se arrastam nas divisões secundárias, ou no sobe e desce. Com o belo estádio que lá têm, podiam ter uma equipa com outras pretensões, não sendo necessário acabar com as existentes que poderiam ser o "viveiro" da principal.
No Alentejo, há o glorioso Juventude de Évora, que me maravilhou com um futebol de filigrana quando eu era menino e moço. E por aí fora...
Mas a melhor e tambem a mais significativa é a que vai acontecer ao Sporting de Braga, que não ganhará o campeonato por ter perdido na terra vizinha minhota de Guimarães! É verdade, os três pontos de diferença são os três pontos perdidos em Guimarães e que custaram o título ao Braga!
No resto do campeonato o Braga foi tão bom quanto o Benfica!