Sábado, 15 de Janeiro de 2011

“Amor Intemporal”

O nome que lhe atribuo reflecte o que sinto com a visão e sensibilidade que a pintura me transmite. As cores e imagens, num ambiente sombrio com um pequeno rasgo de luz, da casa difusa, da presença da natureza e dos corpos despidos que se confortam com o seu calor, reflectem a sensibilidade do autor à intemporalidade do amor.
Terça-feira, 9 de Novembro de 2010
Texto de
Luís Rocha, poema de
Fernando Pessoa e
Fotografia de
José MagalhãesChegar e ir-se embora sem aviso é a sua naturezaAbraça mais que subjugaMostra mais do que escondeQuando chega é uma certeza- e mais não digo, mas peço ajuda ao Fernando Pessoa
e ele não a recusa:
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra, Define com perfil e ser Este fulgor baço da terra Que é Portugal a entristecer Brilho sem luz e sem arder, Como o que o fogo-fátuo encerra. Ninguém sabe que coisa quer. Ninguém conhece que alma tem, Numa o que é mal numa o que é bem. (Que ânsia distante perto chora?) Tudo é incerto e derradeiro. Tudo é disperso, nada é inteiro. Ó Portugal, hoje és nevoeiro...É a hora!(Fernando Pessoa
in Mensagem)
Domingo, 4 de Julho de 2010

Luis Rocha
Significado de reencontro: Acto ou efeito de reencontrar; Reencontrar: encontrar de novo; tornar a encontrar (Grande Dicionário da Língua Portuguesa do Prof. José Pedro Machado)
O nome de “Reencontros” é baseado num quadro/tapeçaria, que vi numa exposição das obras de uma artista plástica e que me tocou de tal modo que o comprei
Da observação diária do quadro e com base no nome que a autora lhe deu (Reencontro) vejo:
- Um passado emocional
- Um presente racional
- Um espaço de ausência que os separa
- Os caminhos possíveis do reencontro
A conclusão é que no “reeencontro” nada, ou quase nada, é já como estava registado na nossa memória.
O reencontro dá-nos no entanto a oportunidade de avivarmos, na nossa memória, as recordações que nos marcaram e a possibilidade de, nuns casos, podermos completar ciclos da nossa vida que tinham ficado em aberto e noutros, revê-los, senti-los, enquadrá-los no contexto e circulo de vivência da época e também como os vemos no momento actual.
Assim, inicio hoje um ciclo de escrita sob o tema “Reencontros”.
Terça-feira, 1 de Junho de 2010
Luis RochaO meu amigo Luís Moreira tem insistido comigo para publicar telas da autoria da minha irmã (Maria de Lourdes Fernandes Rocha) falecida em 16 de Novembro de 2009 com 60 anos que, apesar do seu espírito e força de luta, não resistiu ao terceiro cancro.
Tal como eu nasceu em Castelo Branco. Formou-se em Medicina na Faculdade de Lisboa. Depois de casada e ter passado por alguns hospitais, emigrou para Torre de Moncorvo (onde o marido, licenciado em Direito, tinha nascido e para onde decidiu ir exercer a profissão). Assim foi para o Hospital de Torre de Moncorvo onde chegou a ser Directora. Para Novembro deste ano a Câmara de Torre de Moncorvo, anunciou homenageá-la com a colocação de um “busto” no Hospital.
A morte do nosso pai em 1981 foi uma das primeiras nuvens escuras da sua vida. Mais tarde surgiu o primeiro cancro numa mama e, no ano seguinte na outra. Fez os tratamentos de Rádio e Quimioterapia. Como médica, mas principalmente com a força de lutadora que sempre a caracterizou, enfrentou o “animal”.
Reformou-se, passando a exercer medicina privada e, se até aí já era uma pessoa dedicada ao serviço da saúde, passou também a dedicar-se a acções sociais de que são testemunho, entre outros, a sua participação como voluntária no Corpo de Bombeiros e a criação de uma Associação “ O LEME” de apoio aos doentes do cancro.
Como forma de luta elegeu a escrita (publicou dois livros) e principalmente um dom que não sabia que tinha – o da pintura.
Nas noites em que as dores não a deixavam dormir, pintava até de madrugada o que lhe ia na alma. Pintou dezenas de telas e fez várias exposições.
A pedido do meu amigo, apresento acima uma pintura que reflecte a sua maneira de estar e lutar.
Quando vi este quadro pela primeira vez escrevi sobre ele o que a seguir transcrevo:
“Algumas nuvens de poeira esmoreceram, durante algum tempo, aquele brilho de força e esperança.
Por ser incontrolável a poeira que já começava a desanuviar, adensou-se e o brilho ficou de novo ofuscado.
Mas aí veio ao de cima a força interior daquela mulher que com um forte sopro de esperança, começou a esbater a nebulosidade provocada por aquela nova poeira.
Renasceu uma nova mulher com um brilho ainda mais intenso de ESPERANÇA E AMOR.
Sempre Vigilante seguia o seu caminho.”
Terça-feira, 25 de Maio de 2010
Luis Augusto Fernandes J.
Rocha, nasceu em 1946, em Castelo Branco. É licenciado em Organização e Gestão de Empresas pelo ISCTE. (actual IUL). É membro da Ordem dos Economistas e sócio do Sport Lisboa e Benfica. Diz –nos que teve uma infância com muito amor dos pais e de todos os familiares, o que contribuiu para a sua maneira de estar na vida. Tem dois filhos e quatro netos.
Quando terminou o serviço militar, foi, em Abril de 1972, admitido numa Editora internacional em constituição. Participou assim num projecto inovador na área da edição em Portugal, de tal modo inovador e aliciante, com participação directa na gestão da empresa, que teve como consequência a sua permanência nessa Editora durante 25 anos. Frequentou também vários cursos de formação profissional e participou na gestão de várias empresas, sempre ligadas à edição e comercialização de publicações.
Aos 50 anos saiu da editora e apresentou, a um distribuidor de publicações (quiosques, tabacarias, supermercados e livrarias), um projecto de negócio que tinha como base o tratamento de assinaturas das publicações dos editores. Tratava-se de propor aos Editores mais um serviço e neste caso inovador nas empresas de distribuição de publicações. O projecto tornou-se realidade com a constituição de uma empresa em sociedade com o Distribuidor. Durante 10 anos a empresa que começou do “zero”, foi por ele gerida com sucesso. Na edição e na distribuição teve contactos e negociações com editores portugueses, espanhóis, franceses e ingleses.
Aos 60 anos decidiu reformar-se por antecipação.
Após umas férias “sabáticas”, passou a fazer as coisas de que gosta e que não teve tempo para fazer, enquanto trabalhava. Está sempre ocupado e costuma dizer “ não sei como é que tinha tempo para trabalhar”. Para além do exercício físico e da prática de tiro ao alvo, aprecia os espectáculos (Cinema/futebol/Teatro/Bailado/Concertos) e as Artes em geral. Gosta de fotografia, de dançar, viajar e é um apaixonado pela música clássica. Gosta de ler (poesia e prosa), contar histórias aos netos e representar peças de teatro com eles.
Dá grande importância ao convívio com amigos e familiares. Em alguns momentos de solidão (sentado por exemplo numa esplanada á beira mar, sente um desejo súbito de escrever sobre o que sente ou o que vê. Escreve sobre memórias e sobre o que chama “fotografias da mente – do que vai vendo e observando”, andando por isso sempre acompanhado de um caderno de apontamentos. Algumas dessas “fotografias” serão mostradas aqui no Estrolabio. Tenciona também escrever sobre Economia e Edição.
Da experiência profissional e formação académica ficou-lhe o “bichinho” do gosto pela gestão de empresas, continuando a querer estar informado sobre o tema a nível nacional e internacional. Tem em mente o projecto de um livro técnico sobre a sua experiência profissional, adaptada aos dias de hoje e de um romance. Espera ter tempo para os concretizar.
Sábado, 15 de Maio de 2010
Luís Rocha
Estou sentado no banco de um jardim Municipal, que localmente se designa por “parque da cidade”.
Ainda é cedo e poucas pessoas passeiam pelo jardim. Apenas se ouve o chilrear dos pássaros e sente-se o conforto do silêncio.
Vejo o colorido das flores, as árvores e sinto o cheiro a fresco. O que atrai a minha atenção, até pela calma que transmite, são vários repuxos de água que no máximo do seu esplendor fazem um quadrado, com uma área quase idêntica à de um palco de teatro.
Os repuxos sobem e descem numa coreografia perfeita, em forma alternada ou conjunta, com mais ou menos exuberância que se manifesta na altura que alcançam, numa dança de água desafiante e ao mesmo tempo calma.
De vez em quando surge uma nuvem de água, como um fumo que envolve os bailarinos (repuxos) na fantasia da sua dança.
O fumo vai desvanecendo lentamente, os bailarinos param por momentos e vão surgindo como estátuas vivas à medida que se levanta o nevoeiro.
De seguida e também lentamente os bailarinos retomam a sua dança à espera de nova nuvem envolvente que quase os esconde, como a querer sufocá-los.
Por cima daquela névoa vão aparecendo um, dois e depois três repuxos, como que a gritar pela sua “liberdade”, ou será que os seus saltos mais altos, que vão contagiando os outros bailarinos, são o regozijo do aconchego e abraço daquela nuvem que vem e logo vai!