Júlio Marques Mota - continuação
1. O risco crescente de que Portugal vai solicitar um segundo plano oficial de apoio financeiro antes de voltar aos mercados financeiros, privados, e a possibilidade crescente de que a participação do sector privado credor venha a ser exigida como pré-condição.
2. A crescente preocupação de que Portugal não será capaz de alcançar completamente as metas da redução do défice e da estabilização da dívida que foram estabelecidas no seu contrato de empréstimo com a União Europeia (UE) e com o Fundo Monetário Internacional (FMI), devido às fortíssimas exigências que o país enfrenta para reduzir a despesa pública, para aumentar as receitas fiscais, alcançando o crescimento económico e apoiando o sistema bancário.
Uma verdade tão simples como esta é dada pela expressão que nos dá a dinâmica da dívida, bem conhecida dos estudantes em economia que estas matérias ainda estudam.
Na nossa última aula publicada pelo Estrolábio explicámos que a expressão de variação da dívida pública por unidade PIB é dada pela expressão db = dp+b(i - g), onde db é a evolução da dívida pública por unidade PIB, b a ratio da dívida pública relativamente ao PIB, dp o défice público primário por unidade de PIB, que também pode ser visto como sendo a diferença entre o que os contribuintes pagam ao Estado e o que dele recebem, mais geralmente definido como a posição orçamental por unidade do PIB, sem o serviço da dívida, i a taxa de juro da dívida pública e g a taxa de crescimento nominal do PIB.
Seja então i a taxa de financiamento definida pela taxa dos Bunds, os títulos alemães a que se adiciona a taxa dos CDS sobre os títulos portugueses. A cotação no dia 7 de Julho passado:
Dia anterior Fecho |
Ontem Fecho |
Esta manhã |
|
França |
0.372 |
0.426 |
0.432 |
Itália |
1.993 |
2.217 |
2.205 |
Espanha |
2.486 |
2.690 |
2.698 |
Portugal |
9.177 |
11.362 |
11.429 |
Grécia |
13.530 |
13.796 |
14.43 |
Irlanda |
8.760 |
9.776 |
10.148 |
Bélgica |
1.094 |
1.202 |
1.213 |
Bund |
3.245 |
2.933 |
2.945 |
E a taxa dos títulos da dívida pública de Portugal a 10 anos a considerar é então de 3,245%+9,177%, ou seja, 12,442%.
Neste caso, considerando as estimativas da Troika, para 2011, para a taxa de crescimento do PIB que é de (-2,2%) e para o valor da dívida pública relativa ao PIB de 2010 que é de 93%, a expressão de variação da dívida pública por unidade PIB acima exposta dá-nos db = dp+93% [12,442% - (-2,2%)] = dp+93% (14,642%) = dp+13,62%. Para que a ratio da dívida pública não crescesse em 2011, se db fosse igual a zero, então dp teria que ser (- 13,62%), ou seja, a estabilidade do peso da dívida pública teria que exigir um excedente primário na ordem dos 13,6% e isto significa pura e simplesmente que então, neste caso, o povo português deverá ser obrigado a pagar muito mais de impostos do que o que recebe através das despesas feitas pelo governo e, a mais, no montante de 13,6%, ou seja, por cada euro de despesa pelo governo prestada (ou, se calhar, por cada escudo novo, desculpem-me, enganei-me) terá que se lhe entregar 1 euro e 13,6 cêntimos.
Mas a pressão da União Europeia numa espécie de alinhamento total com os mercados e de desalinhamento não menos integral com as sociedades dos Estados-membros pretende forçar a que se respeitem os critérios de Maastricht de 1991, no que refere à dívida pública. Adicionalmente, numa invenção de Durão Barroso e de outros do mesmo quilate, “reforçou-se a governação económica”, pretendendo-se com isto compatibilizar as políticas macroeconómicas dos Estados-membros, criando-se a regra de resolução do endividamento excessivo que significa o seguinte: sendo a ratio do endividamento de referência 60%, vinda de Maastricht, então a redução anual da ratio da dívida pública deve corresponder a 1/20 da diferença entre o endividamento actual e o endividamento de referência, ou seja, espera-se com esta regra que num prazo de 20 anos, os valores de referência sejam atingidos.
No caso português, considere-se então uma ratio da dívida pública de 93%. Neste caso, a diferença para o valor de referência é de 33%, o que a dividir por 20 dá 1,65%. No nosso caso db deve então descer 1,65% anualmente. Retomemos a expressão anterior: db = dp+13,62%. Assim, com esta regra, o excedente primário teria que ser de 15,27%, que nem num período de expansão seria economicamente exigível. A situação de pressão a que a equipa de Durão Barroso está a submeter as economias dos Estados-membros em dificuldades leva ao desaparecimento da regra de Maastricht quanto ao défice público possível de 3%, que perante isto afinal até parece que não era assim tão restritiva. Ironia, triste e amarga ironia que Bruxelas a todos nós “oferece” mas que niguém lhe agradece.
Agora, esta equipa de altos quadros, que mais parecem estar a ser os agentes dos mercados financeiros do que os representantes dos povos, democraticamente encarregados de gerir colectivamente a situação de crise presente em conjugação com os governos nacionais e os seus respectivos povos e encarregados também de descortinar as linhas de coordenação entre os Estados-membros e o Resto do Mundo para impedir que a Europa não seja colocada num beco quase sem saída para onde os mercados financeiros estão a querer empurrar esta Europa, está exactamente a empurrar a Europa para a actual situação que não queremos. Em vez desse comportamento que não desejamos, em vez disso, em vez de opositores aos mercados em tempo de crise, as instituições europeias e os governos nacionais da zona euro tornaram-se seus colaboradores, em vez dos seus reguladores, e eis que nessa sequência, nessa inversão de funções, é agora a Comissão Europeia e as restantes instituições que destes e por estes mercados se tornaram regulados.
Se em tempo de crise a regra de 3% do défice público é já em si mesma altamente restritiva eis que a nova regra por Durão Barroso criada torna a situação ainda mais restritiva, deixando os Estados prisioneiros da situação criada e impedindo-os de responder com políticas de expansão à crise, mesmo que esta não tenha sido gerada por eles directamente, enquanto esta, esta sim, está em franca expansão.
Sarkozy wants a summit, but Merkel does not want to go
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Reuters reports that there will be an emergency EU summit this weekend, following another day of awful news for the eurozone. Italian 10-year yields shot through 6% at one point, before settling at 5.7% in the afternoon, on the news that Giulio Tremonti headed back for talks with Italy’s opposition, amid signs that the Italian parliament may be passing Mr Tremonti’s budget with a few days.
Yesterday’s highly volatile trading underlines the markets’ acute nervousness in the eurozone’s third largest economy. Moody’s downgrade Irish debt to junk status, citing concerns over a selective default of Greece.
11 de Julho de 2011
Li o presente texto da Moody’s de que vos ofereço, em anexo, uma tradução “livre”, texto este e análise esta que devem ser vista de acordo com o estatuto das agências de rating. Estas, de acordo com a lei americana, produzem opiniões e não avisos que envolvam a sua responsabilidade e em boa verdade não podem ser tomadas como responsáveis pela utilização que os agentes fazem das informações por elas fornecidas. As agências estão assim ao mesmo nível de protecção do que aquele que é concedido aos jornalistas, como difusores de opinião. É pois a opinião publicitada a propósito da dívida soberana portuguesa, e é apenas essa opinião, que passo a analisar, em suma é o seu conteúdo económico e nunca a notação atribuída pela Moody’s. Debruço-me também sobre a revolta dos recém-revoltados contra apenas a notação que esta atribuiu quando esta notação, esta sim, é parte integrante do modelo económico que aqueles com unhas e dentes estão dispostos a defender, nem que para isso a Democracia tenham que vender.
Por esta razão, pasmo com o silêncio que é feito sobre esta questão, porque a recusa deve assentar primeiro no modelo que a crise gerou e no qual as agências são pilares fundamentais e depois nas regras que o modelo sustenta. Pasmo com o barulho à volta deste texto, pasmo com o silêncio sobre tudo o que não foi dito sobre este texto, pasmo sobre o que fundamenta a existência legal deste texto, pasmo sobre a discussão à volta dos ratings, quando não se discute o modelo económico neoliberal que os exige e da forma como os exige, pasmo quando não se discute o papel das agências de rating na estrutura ou arquitectura da economia financeirizada, pasmo quando se silencia que nesta lógica é a própria Democracia que foi colocada ao desbarato, ao sabor das subjectividades de analistas, não só dos agentes da Moody’s, da Fitch, da Sandard & Poor’s (S&P), mas também da multitude dos agentes investidores e dos seus programas informáticos, e não só agora mas antes quando os mercados decidiram atacar a Europa, a zona euro e dispondo de uma força que a força dos tratados não previa, não contemplava, antes pelo contrário, até ajudava.
Nisso contavam, e até acertaram com a incompetência dos nossos dirigentes, sejam eles nacionais, sejam eles os altos quadros da Comissão Europeia, de Durão Barroso e dos seus comissários. Pasmo ainda quando, perante a situação de crise presente, os indignados (a não confundir com o movimento Os Indignados, de Espanha) que agora protestam da forma como o fazem contra a Moody’s não protestam contra nenhum dos princípios que travam os Estados nacionais de enfrentarem a crise, pasmo quando nenhum deles questiona o que foram e sobretudo o que são os critérios ditos de Maastricht, em que a regra dos 3% assumida como ciência não passa do produto da taxa de crescimento nominal da altura, 5%, pelo valor médio da dívida pública de então, 60%. Pasmo quando ninguém contesta a política suicida da União Europeia quer quanto à política comercial, em que apenas tem a política que os outros desenham, quer quanto à política cambial em que também aqui apenas tem a que os outros determinam, sejam eles chineses seja eles os americanos. Pasmo quando ninguém desses indignados se insurgiu contra a obrigação de mudar estatutos e legislação para que os bancos centrais nacionais fossem independentes, sem nenhuma prova que um sistema assim criado seria mais eficiente que um modelo em que o Banco Central Europeu ficasse dependente ou em articulação com a Comissão Europeia, com o Conselho e com o Parlamento.
Pasmo ainda com o silêncio havido e mantido com a imposição de os colaterais soberanos recebidos no Banco Central Europeu ficarem dependentes dos ratings privados e, last but not least, pasmo também que paralelamente a uma moeda única, a uma taxa de câmbio única, a défices públicos nacionais com limite comum, os 3% do PIB ou no limite zero, não se tenha criado também um mecanismo comum de financiamento dos défices públicos, de financiamento da dívida pública, possivelmente tornando desnecessária uma agência de rating mesmo que europeia ou sob a égide do FMI. Mas a tudo isto os nossos neoliberais respondem com silêncio.
Um dos exemplos mais vergonhosos desta incompetência tem a ver com os CDS, famosas armas de destruição maciça de que aqui muito temos falado. Não se trata de contestar quem quer pagar pela segurança dos títulos que tem, trata-se de contestar quem compra a segurança dos títulos que vai atacar. Logo que declarada a crise deveriam ser proibidos os naked credit default swaps, ou seja, as apostas contra os títulos de divida de soberana dos diversos Estados-membros, apostas de quem não tem esses mesmos títulos (isto é a própria definição de naked CDS) para os depreciar e com isso muito dinheiro ganhar. Mas isto era ir contra os mercados. E então agora que ninguém sabe os valores em jogo, adivinha-se que possam ser explosivos, eis os Estados nacionais, eis as instituições europeias a solicitar aos bancos que, por favor, aceitem a reestruturação da dívida pública, mas que esta seja informal, logo não declarada, logo legalmente não contestada, eis pois os nossos políticos do alto da sua incompetência a solicitarem que esta reestruturação seja voluntária, logo não imposta, logo não exequível de se accionarem os CDS!
Voluntária e informal, eis as palavras-chave que hoje martelam a mente dos nossos políticos e à escala de toda a Europa, eis as palavras-chave que transformam a possibilidade de sonhos dos nossos políticos em verdadeiros pesadelos porque aqueles aos mercados foram vendidos e por eles tragicamente agora se declaram vencidos.
Mas se a subserviência dos nossos políticos aos mercados é agora a força de lei e desde há bastante tempo, uma arrogância de maior dimensão ainda estão estes a manifestar face às manifestações que por todo o lado se desencadeiam, tendo-se ido em Espanha, por exemplo, ao ponto de um governo socialista chamado ter introduzido agentes provocadores no meio da juventude que protestava contra o trágico futuro que nas costas da Democracia lhes estavam a fabricar.
E tudo isto se passa no mais absoluto silêncio e a questão agora colocada é apenas a dos ratings que foram atribuídos e não a existência de ratings sobre a dívida soberana em si mesma no quadro da União Europeia.
E tudo isto se passa no mais absoluto silêncio, quando se devia estar perante uma frontal oposição às políticas e aos políticos que à situação de crise nos conduziram e que agora se mostram também eles indignados com a reavaliação da Moody’s.
E tudo isto se passa no mais absoluto silêncio, quando se devia contestar por todos os meios ao nosso alcance a política suicida que a União
Europeia está a tomar, a impor, e que os Estados-membros respeitam passivamente como sendo A resposta à crise. Nenhum Estado-membro desta Europa que as suas instituições estão a condenar ficou melhor com a sua intervenção e logicamente assim é porque logicamente é impossível sair da crise nestas condições, é impossível sair da crise com as políticas de austeridade. Uma verdade que agora o texto da Moody’s reconhece explicitamente, dizendo-nos pura e simplesmente que o rei está nu, já nem sequer tapado com um lençol já está. Diz-nos então a Moody’s a título de resumo das justificações da decisão tomada:
continua amanhã às 20 h
“enviado por Julio Marques Mota
O movimento “de indignados”, tal como a ajuda do Partido popular nas eleições municipais de 22 de Maio, são os sinais anunciadores de uma confusão dos socialistas espanhóis nas legislativas de 2012 ?
Desde há perto de um mês que a imprensa internacional cobre os acontecimentos relativos aos “Indignados”. Este movimento, nascido de maneira espontânea por ocasião de uma manifestação de jovens na Puerta del Solo em Madrid, a 15 de Maio, espalhou-se por outros lugares, na Espanha, na Europa e, mais recentemente, na Turquia. Do que é que se queixam “Os Indignados”? Do desemprego que atinge o conjunto da Espanha e em particular a faixa etária dos jovens ainda de forma mais dura ; da corrupção da classe política, seja direita como a de esquerda; pelo facto de a democracia, tal como foi restabelecida há trinta e cinco anos sob forma de monarquia parlamentar quase federal, não corresponde às suas expectativas.
Que reclamam os Indignados? Uma mudança da lei eleitoral que permita aos partidos mais pequenos fazer ouvir a sua voz, e reclamam trabalho a fim de poderem ter uma autonomia financeira em vez permanecerem dependentes dos seus pais até para além dos trinta anos , ao mesmo tempo que, devido ao rompimento da bolha imobiliária, mais de um milhão de alojamentos não encontram nenhum comprador. São todos eles de esquerda? São muito de esquerda? São todos os jovens? Responder-se-á prudentemente: possivelmente sim. Não são os todos os casos, pelo menos na sua grande maioria, nem partidários nem anti-sistema e as diferentes tentativas de recuperação do seu movimento pelo governo ou pela oposição comunista falharam.
O movimento vai durar ? Autogerido de maneira eficaz, com as suas tendas, com o seu material de electricidade, as suas cantinas, os seus jardins-escolas, as suas bibliotecas, não deixam de criar menos problemas de salubridade pública e de provocar a irritação dos comerciantes. Apesar das injunções da Junta eleitoral que proibia qualquer agrupamento durante o dia de reflexão que precede as eleições locais e regionais de 22 de Maio, os responsáveis da ordem pública tomaram a cuidadosa decisão de não tentar desalojar “ Os indignados”. Perante a perda progressiva de capacidade de mobilização, tomaram na quarta-feira dia 8 de Junho a decisão de levantar o campo no Domingo 12 de Junho. Só um núcleo de irredutíveis anunciou que permaneceria. Alguns começaram a manifestarem-se , no final da tarde, em frente do Congresso dos Deputados, em Madrid.
O que a maior parte de “ Os indignados” não fez, foi ir votar. Ora, 20 milhões de espanhóis voltaram às urnas, a 22 de Maio, e infligiram uma derrota significativa ao PSOE, o Partido socialista operário espanhol. Estes resultados eleitorais, que representam uma dupla afronta para José-Luís Rodriguez Zapatero, na sua qualidade de presidente do governo e secretário geral do PSOE, tiveram direito a pequenos artigos nos meios de comunicação social fora da Espanha.
Estas eleições marcam um momento decisivo muito importante na vida política espanhola, onde as eleições locais têm tradicionalmente uma grande importância: as eleições municipais, por razões nomeadamente históricas, e as regionais, devido aos largos poderes atribuídos às comunidades autónomas pela Constituição de 1978 e pelos diferentes estatutos de autonomia. Assim, aquando das municipais de 12 de Abril de 1931, os republicanos tinham ganho muitas das capitais de província, e o rei Afonso XIII, avô de Juan Carlos, tomou a decisão de deixar o seu país.
Este vazio do poder provocou a instauração da Segunda República, proclamada a 14 de Abril, que durou até aos horrores da guerra civil (1936-1939) e extinguiu-se com a vitória do general Franco, no poder até 1975. Percebe-se pois que os resultados das municipais sejam sempre acompanhados com muita atenção pela inteira e sejam sempre analisados minuciosamente .
No dia 22 de Maio, as eleições municipais realizaram-se em todo o território; em contrapartida, as regionais desenrolavam-se apenas em treze das dezassete comunidades autónomas, as quatro regiões ditas “históricas”, nomeadamente a Andaluzia, a Catalunha, a Galiza e o País Basco, que têm inclusive o seu próprio calendário eleitoral.
Assim, por exemplo, se um eleitor fosse votar em Barcelona ou em Málaga, ele fazia-o para as municipais. Em contrapartida, um eleitor em Madrid ou em Valência podia ao mesmo tempo votar para o seu conselho municipal e para o seu Parlamento regional.
Os resultados não deixam margem para dúvidas relativamente ao PSOE, a dez meses apenas das legislativas previstas o mais tardar para Março de 2012: uma diferença de 10 pontos de percentagem e mais de 2 milhões de votos em prol do seu principal adversário, o Partido popular (PP) ; a perda de bastiões socialistas como Barcelona (em prol dos nacionalistas catalães de CiU) ou Sevilha (em prol do PP); o deslocar para a direita de várias regiões, entre as quais Castela -la Mancha, ganha depois de cerrada luta pela secretária geral “popular”, Maria Dolores de Cospedal; esmagadora derrota, com uma de maré “popular” na Andaluzia, a pátria de Felipe Gonzalez, tradicionalmente situada à esquerda; a confirmação das maiorias absolutas “ populares” , em Madrid de Esperanza Aguirre, presidente de região, e de Alberto Ruiz-Gallardon, presidente da câmara municipal; a penetração da coligação de esquerda revolucionária nacionalista abertzale Bildu, considerada como o braço político da ETA, no País Basco.
Mais do que uma vitória do PP, que ganhou somente 500.000 votos, trata-se de uma derrota do PSOE, que perde mais de 1,5 milhão de votos.
Num país onde poucos são os eleitores que passam de um grande partido para um outro grande partido, por outras palavras do PSOE para o PP ou vice-versa, estes votos foram captados por partidos nacionais como UPyD (União Progreso yDemocracia, partido jacobino de centro esquerdo ganho por Rosa Diez, socialista dissidente), e IU (Izquierda unida, coalição marxista), ou por partidos regionais como o PNV (Partido nacionalista basco, nacionalista basco de centro direita) ou por CiU (Convergencia I Unio, coligação catalã de centro direita).
A Espanha entrou, portanto, na era pós-Zapatero. Os movimentos em curso e as eleições fazem apenas confirmar esta realidade. Tudo isto exprime, diferentemente mas sem equívoco possível, a grande vaga da sociedade espanhola provocada pela grave situação que atravessa, bem como a falta de confiança quer no que diz respeito ao conjunto da classe política, quer no que diz respeito ao governo. “ Os Indignados” estão muito longe de terem o monopólio da indignação.
A algumas semanas das eleições, os barões socialistas tinham exigido e tinham obtido de Zapatero que anunciasse publicamente que não se candidataria a uma terceira legislatura. Esperavam assim evitar a hemorragia dos votos anunciada por todas as sondagens, preferindo apresentarem-se sem candidato à sucessão de Zapatero, do que se apresentarem com ele. Em vão.
Imediatamente depois das eleições, alguns tenores socialistas, como Patxi Lopez, lehendakari, presidente do governo basco procedente de uma coligação atípica a nível regional do PSOE e do PP, aceleraram o processo de nomeação de um candidato socialista às eleições. A escolha levou-os ao Vice-Presidente do governo e ministro do interior, Alfredo Pérez Rubalcaba, em desfavor da jovem ministro da defesa, Carme Chacon, que fez “ uma grande caixa ” em toda a imprensa internacional quando passou as tropas em revista, grávida de sete meses, aquando da sua entrada ao governo.
Ambos apareciam desde há alguns meses como os possíveis herdeiros. É provável que a grande experiência de um homem especialista em questões do terrorismo pesou na balança, no momento em que Bildu efectua um avanço espectacular e se torna a segunda força política no País Basco, atrás do PNV, com 25% dos votos. As fugas de WikiLeaks, abundantemente retransmitidas pelo diário El Pais, mostram a que ponto os Americanos consideram Pérez Rubalcaba como um formidável animal político. Um simulacro de primárias abriu-se 1 Junho e encerrar-se-á a 15 de Junho.
Excepto qualquer surpresa improvável, Rubalcaba será por conseguinte o candidato socialista às próximas eleições legislativas. A questão que se levanta é a de saber se Zapatero, que continua ser o primeiro ministro e a ser o secretário geral do PSOE, poderá permanecer no comando, do seu governo e do seu partido, ou se dever convocar um congresso extraordinário do PSOE e/ou convocar eleições parlamentares antecipadas.
A Espanha, economicamente KO, está a ser dirigida por um homem politicamente KO. Pode a Espanha permitir que assim seja?
Se a probabilidade de evitar uma vitória do PP nas eleições gerais parece agora ténue, o PSOE vai procurar diminuir a distância que separa os dois partidos maioritários nas últimas eleições e que aumentou, de acordo com as últimas sondagens, de 13 para 15 pontos em percentagem. A questão não é pois tanto saber se o PP vai ganhar as eleições, mas se obterá ou não a maioria absoluta. Ora “o Partido Popular” é caracterizado por uma ausência de programa.
A sua campanha eleitoral e, de maneira mais geral, a sua estratégia política assentam sobre a crítica das medidas governamentais. Espera-se sempre da parte dele propostas precisas. Duvida-se que venham a impor medidas de austeridade à maneira de James Cameron, mas sem outra precisão. Este silêncio, que lhes serviu até agora , poderá voltar-se contra eles. Ouvem-se já vozes no partido contra o mutismo de Mariano Rajoy, o seu presidente. Os mais pragmáticos assinalam que a margem é tão estreita para uma Espanha encosta de tal modo à parede como ela está que o governo, qualquer que seja a sua cor política, poderá apenas aplicar as medidas que lhe forem ditadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), pela Comissão Europeia e pelo Banco Central Europeu (BCE). Neste caso, para quê então tanta discussão!
Uma outra notícia passou despercebida na imprensa internacional: o rei Juan Carlos não navegará este verão, como era seu hábito fazê-lo nas suas férias de Verão, para Palma de Maiorca . Não terá mais a seu cargo a direcção do leme dos eu barco . Às perguntas que lhe faziam os jornalistas sobre a sua saúde, respondeu com garra : “ estou muito mal. Vocês gostariam de me ver morto e dão-me diariamente um murro no estômago na imprensa. »
A Espanha estará ela a perder o seu timoneiro , o monarca que soube restaurar a democracia no seu país e é o chefe de Estado muito pouco contestado desde o dia 22 de Novembro de 1975? Deve a Espanha preparar-se para o após Juan Carlos?
Sylvia Desazars de Montgailhard
enviado por Júlio Marques Mota
Albert Einstein terá um dia declarado que a loucura consistia em fazer e refazer a mesma coisa e com isso esperar obter resultados diferentes.
Na base deste critério, o acordo que está quase concluído com a Grécia parece insensato. A sua única justificação é que se tem necessidade de ganhar tempo. É uma má estratégia. É necessário tomar medidas mais radicais.
A questão que é necessário colocar-se a respeito da Grécia não é tanto saber se vai assumir uma situação de incumprimento mas sim de saber se esta situação quando se der será suficiente para voltar a dar uma saúde razoável à economia grega. Duvido fortemente. O país parece demasiado pouco competitivo para que isto lhe sirva como resposta. A situação de incumprimento é uma condição necessária mas não suficiente para um regresso à boa saúde económica.
Os resultados na Grécia e no âmbito do programa concluído em Maio de 2010 com o Fundo Monetário Internacional (FMI) é extraordinariamente impressionante. Mas não teve êxito em tornar país de novo solvente.
O “spread” (desvio de taxas) entre as obrigações gregas e as alemãs com a maturidade de dez anos passou de 460 pontos base (4,6 pontos de percentagem), depois do programa ter sido anunciado, para 1.460 pontos de base, ou seja, 14,6%.
A mesma coisa para a Irlanda e para Portugal
A mesma coisa, ou quase , se passou com a Irlanda e Portugal. Mais perigoso ainda, mesmo os spreads espanhóis atingiram 270 pontos base. A Grécia, a Irlanda e Portugal não têm nenhuma possibilidade de poder, num futuro próximo, conseguir contrair empréstimos nos mercados a taxas suportáveis.
O que há de particularmente deprimente no caso da Grécia é que este alargar dos spreads se verificou apesar de desempenhos satisfatórios.
O programa original partia da hipótese que o produto interno bruto (PIB) grego cairia 4 % em 2010, seguidamente de 2,6% em 2011.
De acordo com o balanço publicado em Março, os números reais revelaram-se apenas ligeiramente superiores, ou seja respectivamente 4,5% e 3%.
O défice público estava previsto à partida à 8,1% do PIB para 2010 e 7,6% para 2011. De acordo com este mesmo balanço de Março de 2011, o défice atingiu apenas 9,6% em 2010 e 7,5% em 2011.
INSUFICIENTE POR QUATRO RAZÕES
Mesmo no que diz respeito ao défice das contas correntes, os 10,5% registados em 2010 e os 8,2% previstos para 2011 no balanço de Março passado são dificilmente piores que as previsões iniciais, respectivamente de 8,4% e 7,1%. Infelizmente, está muito longe de ser suficiente, por quatro razões.
Em primeiro lugar, o perfil da dívida, que era já de loucos , ainda se agravou: o programa inicial previa que o rácio da dívida bruta em relação ao PIB atingiria um PICO de 149% do PIB em 2012. Ora, de acordo com o balanço de Março passado, já terá atingido 159%.
Além disso, a economia grega parece extraordinariamente não competitiva. O indicador mais impressionante é a combinação de um défice ainda enorme das contas - correntes e uma profunda recessão. Este défice externo já não pode continuar a ser financiado pelo mercado.
Em terceiro lugar, constata-se que as perspectivas relativas ao défice das contas - correntes degradam-se claramente: à partida, o FMI previa que o défice se estabeleceria em 2,8% do PIB em 2014; no seu balanço de Março de 2011, fixa-o agora em 5,5% do PIB.
Em quarto lugar, e por último, sem um forte aumento das exportações, será impossível à Grécia renovar com um crescimento sustentado. Ora tal aumento exigirá uma forte redução dos custos nominais.
Ainda que isto seja possível, o que eu duvido, desta hipótese resultaria então um novo aumento do rácio da dívida em relação ao PIB.
O cepticismo do mercado quanto à capacidade da Grécia voltar a ser solvente é justificado. Este assenta sobre a tomada em consideração de dois factos: a dívida maciça e a falta de competitividade.
O facto de que o povo grego não queira suportar as consequências dolorosas torna completamente inconcebível o que era já pouco provável.
Neste caso, o que é que justifica que se seja fortemente teimoso em atribuir novos empréstimos se, ao fazê-lo, se faz deslocar uma parte crescente das dívidas do governo grego sobre as contas do sector público? Vejo quatro argumentos.
AJUDA-SE OS SEUS PRÓPRIOS BANCOS
O primeiro é que esta estratégia esconde a situação dos credores privados. É muito menos embaraçoso declarar que se ajuda a Grécia enquanto que realmente se está a ajudar os seus próprios bancos. Se os credores privados dispuserem de suficientemente tempo, poderão vender os seus empréstimos ao sector público ou registá-los como perdas e lucros sem injecções de capitais por parte dos Estados.
O segundo argumento é que a estratégia de estar a retardar permite a outros países de se colocarem eles-próprios em ordem antes de uma declaração de incumprimento grego e, talvez, de uma saída em catástrofe da zona euro. Se estes acontecimentos se produzissem agora, teme-se, assistir a um desfazer maciço da dívida soberana e a uma corrida sobre os bancos nos países frágeis, com efeitos devastadores.
O terceiro argumento é o de que é possível que a Grécia se livre ainda. Atribuir o máximo de apoio ao país torna pelo menos essa hipótese praticável.
O quarto argumento é que o FMI considera que a Grécia registará um défice orçamental primário (sem o pagamento dos encargos, os juros, da dívida) de 0,9% do PIB este ano. Assim a transferência líquida de recursos far-se-á com vantagem para o sector público grego. Tanto quanto for assim, e é por agora assim, uma situação de incumprimento não tem nenhum sentido.
Em termos aproximados, estes argumentos são convincentes de acordo com uma ordem crescente.
O primeiro argumento foi utilizado para justificar a política da recusa que precipitou a América Latina na sua “década perdida” dos anos 80. O argumento parecia imoral à época e ainda o parece hoje . As perdas devem ser reconhecidas e os bancos devem ser recapitalizados.
O segundo argumento parte da hipótese que a posição grega continua a ser misteriosa. É no entanto evidente que a desobrigação em relação a outras jurisdições frágeis está já a ser feito.
O terceiro argumento não é ridículo, mas uma tal saída feliz parece improvável tendo em conta a situação na qual se encontra a Grécia.
O último argumento é justo. Mas vale para uma curta suspensão, não para uma batalha prolongada.
No caso grego, a saída parece inevitável. Não vejo qual a vantagem que haveria em que a Grécia declarasse a situação de incumprimento no que diz respeito ao seu sector público ao fim de anos longos de grandes esforços em vez de o fazer face ao seu sector privado nos próximos meses.
O melhor seria agir de maneira preventiva. Um dos aspectos desta prevenção consistiria em consolidar os outros membros e sistemas financeiros frágeis da zona euro. Num caso pelo menos, o da Irlanda, isso deverá sem dúvida passar por uma reestruturação da dívida. Mas isso exigirá também que se progrida para um sistema financeiro único para o conjunto da zona euro, com um apoio orçamental correspondente.
Mas a principal exigência do momento é a de reconhecer a desagradável realidade.
.
Chegou a hora de obrigatoriamente reconhecer a dura realidade a que a Grécia está a ser sujeita e de agir imediatamente sobre as consequências que terá para os seus parceiros.
Martin Wolf, Grèce : l'Europe joue la montre, LE MONDE ECONOMIE | 27 de Junho de 2011
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The European Central Bank suspended the minimum credit rating threshold for collateral eligibility in the case of Portugal. The ECB’s governing council said it supported the Portuguese adjustment programme, and judged that progress to far had been appropriate. Given the Portuguese government’s commitment to implement the programme in full, the governing council decided to suspend the rules “also from a risk management perspective”. Market participants immediately interpreted the news as signifying that the ECB will continue to supply liquidity irrespective of what the rating agencies do – and this will almost certainly apply to Greece as well.
Trichet also ruled out that the ECB will agree a medium-term Irish finance facility. Mr Trichet said this was not a possibility.
Oh, and the ECB also raised the refinance rate to 1.5%, as expected. Jean-Claude Trichet did not signal any further rate rises. Micheál Martin, leader of Ireland’s Fianna Fáil, called the decision foolish, and said the ECB was now actively contributing to the crisis. Mr Trichet said the governing council had not decided on a series of further interest rate increases, which suggests that this is the last rise for now. The recent economic data, and sentiment indicators, suggest that economic growth was heading down again.
Dutch finance minister advocates Greek default
Jan Kees de Jager, the Dutch finance minister who recently advocated that more Scandinavians should join the ECB’s governing council, has now had another brilliant idea. He wants to throw caution to the wind, and force participation of private bondholders, irrespective of what the rating agencies say. This is what he told Financieele Dagblad (hat tip FT): “I think we have to accept that a voluntary contribution is unrealistic... If a mandatory contribution from the banks leads to a short-term and isolated rating event, that is not so bad, because Greece cannot go to the credit markets anyway now or in the near future.”
Despite the decision to relax collateral requirements for Portugal, Mr Trichet hardened the ECB’s line on defaults during his press conference. He said one should not presume that private sector involvement was normal.
(We should not be surprised that rating agencies start to lower ratings of eurozone member states pre-emptively, if European finance ministers talk so loosely about default. Of course, a default rating would not affect Greece’ access to capital markets right now, but as we have seen in the last few days, fear of a default spreads like wildfire.)
No progress on a new bank rollover proposal
Reuters has all the details of the latest futile attempt by bankers to agree a new rollover package. Finance chiefs, meeting under the auspices of the IFC, failed to make any progress at a meeting yesterday. It was the latest in a series of meetings in recent weeks, but there was little sign of a deal, according to Reuters, which said that Thursday's meeting broke up after four hours with no conclusion. The article quoted an Italian source as saying that the meeting discussed issues beyond the French rollover plan.
Europe’s confusion over ratings agencies
Europe’s muddled thinking on rating agencies was well reflected by a statement of Jean-Claude Juncker, who like so many other politicians was convoluting two issues when he said yesterday, first, it was wrong for a rating agency to downgrade countries that were in the process to undertake reforms, and, second, that Europe needs its own agency.
(It looks like he does not understand how rating agencies work. If Europe had its own independent credit rating agency, chances are that it would probably come to very similar conclusions as S&P, Moody’s and Fitch if it operated under a similar business model. Or does Juncker want the eurogroup to control the rating agency directly? In that case, the eurogroup or the ECB might as well produce their own ratings. But this is precisely what they have avoided in the past for political reasons. The European position on rating agencies has always been duplicitous. Also, the purpose of ratings is to signal a default probability to investors, not to reward government reform efforts. The rating agencies have simply lost confidence in the political process. So have other observers, like us.)
N-VA rejected di Rupo’s government bid
The Flemish separatist N-VA rejected the note from Elio Di Rupo, saying that it does not form a basis for successful negotiations and that the Flemish will have to foot the bill. It is not clear what happens next. All French-speaking parties and a number of Dutch-speaking parties had already agreed on the note as the basis to restart coalition talks. In theory they could press ahead with discussions, but they are reluctant to do so without the N-VA. De Morgen writes that the tenor of most comments in Flemish newspapers today is that new elections are now inevitable, though De Standaard notes that there is not a sufficient majority to dissolve parliament for this. The Belgian king Albert II had ruled out new elections so far. Consternation on the Flemish side, despair on the francophone side. Le Soir titles “ceci n’est plus un pays” (this is no longer one country).
Italy on the verge of a nervous breakdown
The crisis has hit Italy full force. Speaking at a meeting of the country’s agricultural industry association, Giulio Tremonti pained the future of Italy in dramatic terms: either the country manages to balance the budget, or the country’s civic society ceases to function. "If we don't get the budget into balance, there will be a disaster," he said. Yesterday the yield spread to German bunds reached its highest level since the start of the euro, with Italian 10 year yields reaching 5.2%. The country’s recent economic data have been disappointing, which has heightened alarm about the sustainability of the country’s debt, which now stands at 120% of GDP.
Anshu Jain likely to succeed Ackermann at Deutsche Bank
After Axel Weber’s decided to work for UBS, Deutsche Bank came under pressure to settle the succession of Josef Ackermann. According to Frankfurter Allgemeine Zeitung it will be Anshu Jain, the Indian born investment banker who is heading the bank’s London investment bank operations. But given the huge political role of Deutsche in Germany (it was Ackermann who effectively designed the bailouts for HRE during the financial crisis) und his nonexistent German language capabilities Jain will have a co-head. The most likely candidate is Jürgen Fitchen, currently responsible for the bank’s business in Germany. There had been speculation that Ackermann will become president of the supervisory board, as Spiegel Online reported, but FAZ reports that those speculations were premature.
Spreads, Forex, and ZC Swaps.
Those bad numbers are sticky. Italian, Spanish and Portuguese spreads unchanged, euro down.
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France |
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0.393 |
0.392 |
Italy |
2.190 |
2.194 |
2.194 |
Spain |
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2.661 |
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Portugal |
11.362 |
11.304 |
11.306 |
Greece |
13.796 |
14.020 |
14.45 |
Ireland |
9.776 |
9.941 |
10.381 |
Belgium |
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1.158 |
1.158 |
Bund Yields |
3.245 |
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Euro bilateral exchange rates:
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Zero Coupon Inflation Swaps
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1.77 |
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Enviado por Julio Marques Mota
Dado que foram os gregos que inventaram a democracia, é justo que lhes seja agora dada a oportunidade de a reinventar. Ah, sim, eu sei que os gregos têm uma reputação de criação de mitos e de dramas - mas, como eu descobri durante a minha viagem à Grécia na semana passada, esses são realmente os seus apoios.
Até ter ido à Grécia e testemunhado o que aí está a acontecer , também estava convencida de que os grandes problemas reais eram aqueles que os meios de comunicação estavam obsessivamente a cobrir: os efeitos de uma potencial situação de um incumprimento soberano sobre o euro e as grandes preocupações sobre a crise se espalhar para os outros países europeus.
Mas é aqui que está o maior problema: pode um movimento verdadeiramente democrático romper o ciclo da elites corruptas e das poderosas forças institucionais anti-democráticas que têm vindo a caracterizar não só a política da Grécia, mas a maioria das democracias ocidentais, incluindo a nossa própria democracia, a americana? A Grécia é apenas um exemplo extremo de um vir claramente à luz do dia esta sísmica mudança social que é também um desafio às democracias em todo o mundo.
O que está a acontecer na Grécia, pode muito bem dizer-nos se a democracia se irá recuperar da crise de legitimidade exacerbada pela crise financeira ou se ela vai ainda piorar - minada pelas enormes forças que em primeiro lugar nos trouxeram esta crise.
É muito cedo para se dizer se as forças da democracia irão prevalecer, mas saí extremamente comovida e sensibilizada com a coragem, a paixão, o empenho e a dedicação que testemunhei durante uma viagem em que três diferentes perspectivas são convergentes.
Em primeiro lugar, havia a Praça.
Os acontecimentos na praça Tahrir Square no Cairo foram as grandes notícias durante semanas no início deste ano, mas pelo que nos estão a mostrar na América, não saberíamos que há uma cena muito semelhante está a verificar em Atenas. Não são apenas uma questão de semelhança de espaço físico , não são apenas os dados demográficos dos participantes e a forma como que se estão a organizar, de modo similar a Tahrir Square, mas são também as exigências que estão a ser feitas. Em Atenas, o lugar do momento que atrai milhares de pessoas por dia é Syntagma Square, situada mesmo em frente ao parlamento grego.
O movimento tornou-se um acampamento permanente em Syntagma, com um número crescente de pessoas que se instalam na praça, prometendo não a deixar até que as suas exigências sejam satisfeitas. É claro, os jovens estão aí bem representados - nenhuma surpresa quando o desemprego entre os jovens gregos se situa à altura de 40 por cento -, mas fiquei impressionada com o vasto leque de participantes. Jovens, velhos, activistas, pensionistas, desempregados, trabalhadores por conta própria, todos eles estão lá, todos os dias e todas as noites. Como seria de esperar, vários partidos políticos e grupos organizados - alguns apelando à violência - estão a tentar cooptar a praça. De facto, na terça-feira, uma manifestação de 20.000 manifestantes que começou pacificamente desintegrou-se quando um grupo na sua maioria constituído por jovens começou a atirar pedras contra a polícia.
Como foi recentemente o caso em todo o mundo, os protestos estão a ser alimentados pelos meios de comunicação social. Dado que os gregos sempre foram o máximo em expansividade, em ligações e intimidades, não é nenhuma surpresa que os media sociais se combinem bem maneira de ser dos gregos para criar uma vaga perfeita de empenho, expressão e de democracia. De acordo com Hellas MRB, de 2008 a 2010, o número de gregos a usarem redes sociais cresceu cerca de 350 por cento. Actualmente, quase 92 por cento têm pelo menos uma conta nos media sociais, tornando muito mais fácil a coordenação dos protestos através da página de Facebook - "Indignados em Syntagma" (nome tirado do protesto espanhol, "Os indignados") - em que mais do que 152 mil pessoas carregam na tecla “liked”.
Embora os media sociais estejam a ser utilizados para se conectar a praça ao o resto do país e ajudar as pessoas, uma vez na praça, as pessoas estão a utilizara uma muito boa interacção de uns para os outros para se conectarem e se organizarem. Como Costas Douzinas, professor de Direito na Universidade de Birkbeck Institute de Londres, escreveu no The Guardian, "os paralelos com a ágora ateniense clássica, que se reuniu a algumas centenas de metros de distância, são mesmo impressionantes."
A maneira como funciona, explica Renee Maltezou da Reuters, é a seguinte:
Todas as noites, a "assembléia do povo" reúne e decide, por votação de mão no ar, o que será discutido. Um "comité de coordenação" voluntário e rotativo dá então um pedaço de papel com um número de ordem a quem deseja falar. Os oradores falam durante dois minutos seguindo a ordem indicada no papel entregue . As pessoas , em seguida, votam, com os resultados a serem rapidamente colocados num site. Como observa Douzinas, "nenhum problema está além da proposta e da discussão " e nos participantes incluem-se não apenas os estudantes, activistas e pensionistas, mas os economistas, professores e filósofos. Quando não há debate nem votação , eles formam equipes para lidar com os primeiros socorros, para a recolha do lixo e nas comunicações - até há mesmo uma equipa encarregada de serenar eventuais ânimos e para resolver uma ou outra disputa que possa surgir. .
Onde quer que eu fosse, fiquei sempre espantada com o nível de empenho e dedicação - não são apenas aqueles que estão fisicamente na praça que estão envolvidos. O sentimento com que eu fiquei é de que toda a gente estava empenhada, jovens, taxistas, lojistas, vendedores, alguém que esteja sentado ao seu lado ou à sua frente ao jantar - todos eles estão a falar da mesma coisa.
"A experiência de ficar diariamente em pé e enfrentar em oposição o Parlamento mudou a política da Grécia para o bem e fez com que as elites ficassem pela primeira vez preocupadas,", escreve Douzinas. "A exigência que lhes é comum é que as elites políticas corruptas que têm governado o país desde há cerca de 30 anos e o levaram agora até à beira do colapso devem ir embora."
O que acontece na Grécia não é muito diferente do que tem vindo a acontecer na América: um poucos ganham , mas quando as galinhas voltam para o poleiro, os custos não são distribuídos de modo igual - e de repente tudo o que aconteceu é culpa de todos nós.
Então, sim, há muita raiva e muito ressentimento na praça - muito de tudo isto bem justificado - mas há também uma incrível onda de esperança, e, considerando-se que as coisas estão muito difíceis para milhões de pessoas na Grécia, há também aqui uma incrível ausência de cinismo. Tudo isto não é apenas um protesto "anti" - há também gente do "pro" nisto."O que eu gosto desta praça é ver que as pessoas discutem as coisas, que se exprimem sem medo", disse Stavroula Koloverou, estudante com 18 anos "Queremos que o sistema mude e queremos também que todos os políticos tradicionais se vão embora. Queremos que as pessoas jovens que sofrem com este sistema ainda possam tem sonhos para assumir."
Ainda tenho sonhos - é uma prova do carácter grego quando muito do que agora estão a viver é verdadeiramente um pesadelo." Eles não representam o povo grego, eles são o povo", disse Peter Bratsis, professor de teoria política na Universidade do Reino Unido de Salford. "Tudo isto está fora do controle dos partidos políticos e isso é algo bem diferente."
A segunda perspectiva que eu tenho desta minha viagem aconteceu durante o jantar com o primeiro-ministro grego, George Papandreou. Mesmo para aqueles que não seguem a política grega, provavelmente, reconhecem o seu nome. Isso porque, como Tony Barber do Financial Times explica, Papandreou é um membro da " politikos kosmos ", a" casta semi-hereditária dos entranhados na política que tem governado e mal governado a Grécia durante tanto tempo quanto a gente se possa lembrar . " Não foi só o seu pai Andreas primeiro-ministro por dois mandatos, foi o seu avô que ocupou o cargo por três mandatos.
E a tarefa de confrontar o filho / neto é bem digna dos grandes dramaturgos gregos. Como Barber escreve , Papandreou deve agora salvar o seu país através do "desmantelamento do sistema de patrocínio verdadeiramente glutão e do parasitismo bem presente na Administração Pública que o seu pai Andreas construíu." Até agora tem sido uma estrada feita de pedra bem dura . Assumir o cargo no meio da crise, em 2009, a posse de Papandreou foi um acto de equilíbrio precário a tentar satisfazer as exigências draconianas da UE ao lidar com a agitação crescente e com a miséria económica do seu povo. Conheci-o uma semana antes, ele tinha acabado de sobreviver a um voto de confiança.
Nós encontramo-nos para jantar no Kastelorizo, um restaurante em Kifissia, um subúrbio de Atenas, onde o primeiro-ministro vive e onde, como aconteceu, foi onde eu nasci. Estávamos juntos com a sua esposa, Ada, que conheceu há mais de 20 anos atrás, quando ele estava em campanha em Patras, no Peloponeso, onde ela nasceu.Comêmos peixe fresco seguido de fruta fresca, falamos sobre os profundos problemas do país, mas também sobre todas as suas incríveis possibilidades. O ditado "a crise é uma coisa terrível a gastar" nunca foi tão verdadeiro como agora na Grécia. A decadência levou tanto tanto tempo a minar a sociedade que só uma grande crise poderia ter à exigência generalizada de reformas. .
E embora muitos dos manifestantes acampados em Syntagma estejam claramente a direccionar as suas frustrações em direcção à sua responsabilidade, o primeiro-ministro falou sobre elas com compreensão e com uma clara consciência não apenas da sua força e autenticidade, mas também do seu potencial. Poderá ele poder aproveitar a sua energia, o seu idealismo, a sua ingenuidade, a sua paixão?
"O que eles dizem está correcto, temos que mudar", disse-me ele . "A corrupção está em toda parte - e mesmo quando mudamos as nossas leis não se pode erradicar a corrupção do dia para a noite." Ele está , foi que o me disse, a tentar tornar o governo mais transparente, colocando tudo o que manda para aprovação no Parlamento on-line antes mesmo que chegue e seja votada pelo parlamento. Ele também publicita as propostas de emprego disponíveis. "Publicamos 87 aberturas de concursos", disse-me, "e recebeu 28.000 candidaturas o que criou os seus próprios problemas na forma como se lidou com esta avalanche."
Mas o grande problema é que, como ele me disse, "A Grécia precisa de uma nova narrativa." Se ele pode dar-lhe esta narrativa, não é certo, mas este é claramente um homem que se irrita com a imagem que os media estão a dar do seu povo . "Há tanta coisa boa que está a ser feita, há tanta criatividade e tanta inovação, que não estão a receber toda a atenção que merecem ", disse ele, "enquanto toda a gente está apenas a olhar para o que está disfuncional. "
Ele começou a falar-me de uma mulher que começou com uma pequena propriedade a criar caracóis em Milatos e que agora exporta caracóis para todo o redor do mundo. Ele também me falou de um agricultor que plantou olivais em Kritsa em Creta, cuja marca é Lambda e que agora é vendida no Harrods. "Somos superabundantes em recursos", disse-me ele. A questão que ele está agora a enfrentar é a de saber se qualquer político remotamente associado à velha guarda - por mais bem-intencionado - pode ser aquele que se vai aproveitar destes recursos e tirar partido daquilo que foi suscitado. Sim, a Grécia é corrupta, e os problemas existem e a todos os níveis. É um lugar onde viver com e pelas regras passou a ser vistos como apenas como um comportamento de otário, criando-se um sistema de clientelismo, em que cada um se fixa a um indivíduo poderoso ou a uma máquina política para ganhar bem e isto é visto como a única coisa inteligente a fazer.
Mas agora as pessoas andam a correr, literalmente, para retomar uma vida civicamente digna . As pessoas querem começar de novo e refazer o que é bem público. As pessoas querem novamente viver uma democracia real. E os meus contactos do dia a dia com os gregos durante a minha visita permanecem na minha memória como expressão do incrível talento, das capacidades e dos recursos que estão a ser desperdiçados.
No entanto, a atenção dos meios de comunicação social fixa-se no desagradável e circunscrito debate sobre a austeridade. Em vez de um debate sobre a maneira de aproveitar os recursos humanos e naturais em que a Grécia é rica, tudo o que se ouve é sobre a dimensão da redução dos serviços devem ser reduzidos. Bem, os gregos, esses não sabem ser mesquinhos. São muito expansivos, e se há pessoas que podem, com a sua humanidade, forçar a abertura neste debate perigosamente limitado, são os gregos. Porque este não é apenas uma debate político - é um debate sobre o que vão ser as grandes linhas daquilo a que chamamos democracia para o próximo século. As forças do status quo querem-nos fazer acreditar que a austeridade é a resposta - que é a resposta na Grécia, a resposta em Espanha, a resposta no Reino Unido e a resposta nos EUA. Mas também é claro que não são só os gregos que querem algo mais da vida cívica do que estão realmente a receber actualmente.
Na verdade, a austeridade não é a resposta, mesmo no debate puramente económico. Como o mostra Michael Burke do Guardian, o problema que a Grécia está a enfrentar não é devido a ter gasto muito . "As receitas fiscais em queda são o verdadeiro problema", escreve ele da mesma forma ", como os próprios cortes nas despesas têm colocado a economia numa espeiral descendente. " Isto faz também explodir um outro mito grego (de tipo recente ) prevalecente na Europa neste momento - que os gregos são preguiçosos, e que é daí que lhes advêm os seus problemas de hoje. Como ele nos sublinha, os gregos são os segundos na Europa com mais horas por semana trabalhadas e são os primeiros na Europa em número de horas trabalhadas em fim-de-semana .
O que me leva à terceira perspectiva da minha viagem - inspirado pela Special Olympics. Tive o privilégio de participar no dia de abertura dos Jogos Mundiais de Verão como convidado do director da Coca-Cola, Muhtar Kent, que faz parte do Conselho da Special Olympics. Se alguma vez tiver a chance de ir a um evento da Special Olympics, faça-o, e vai ver como a sua vida ficará muito mais rica por isso. Fiquei especialmente impressionada com as palavras de Sua Santidade, Bartolomeu I, o chefe da Igreja Ortodoxa Oriental. Numa pequena reunião que manteve com alguns dos atletas, ele chamou os jogos "um convite extraordinário para a cura."
E ao assistir às cerimónias de abertura, ficou para mim claro que ele não estava apenas a falar para os atletas. A participação no triunfo do espírito humano em superar a adversidade é realmente uma cura. E o é que está a acontecer na Grécia agora, parafraseando o Patriarca, é um convite extraordinário para se voltar a ganhar força de vontade, empenho . É um momento para explorar o que há de melhor em nós, para cada um se ligar com aqueles que, como o estudante na Praça Syntagma, dizem "ainda tenho sonhos", e, juntos, superarem os enormes desafios que se tem pela frente.
Como Tim Shriver, que dirige as Olimpíadas Especiais, colocou ao acender a tocha olímpica no Kallimarmaro, um estádio de 45.000 lugares, que foi sede dos primeiros Jogos Olímpicos modernos em 1896: "Apesar de todas as dificuldades e de todos os desafios que este país está a enfrentar, a Grécia não deixou de apoiar-nos, e os atletas da Special Olympics não deixarão de apoiar a Grécia. " Ele, então, apelou para uma "revolução com dignidade, onde não haja mais nós e eles" - um sentimento que claramente tem uma mais ampla ressonância dado tudo o que está a acontecer na Grécia, como quando fez a sua declaração um dia antes sobre o Parthenon: "Há aqui um vento muito forte e frio, mas nós vamos vencer."
Espero com todo o meu coração que a Grécia, também. E não apenas porque é onde eu nasci e cresci, mas porque a luta dos gregos - a luta para recuperar a democracia - é a nossa própria luta também.
Ariana Huffington, This Should Not Be About Austerity, 30 de Junho de 2011.
The crisis is back again in full force
EIP 1.0 – high time to address macroeconomic imbalances!
By: Guntram Wolff
This column argues that the euro zone has no time to waste for structural reforms given the risk of default of Greece. The new excessive imbalance procedure (EIP) could play a crucial role in fostering such structural reforms. If needed, the Commission should start the EIP procedure as early as September should countries such as Spain not deliver on their reform commitments.
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Moody’s downgrade of Portugal was a crucial moment in this crisis. Peripheral bond spreads shoot up yesterday, approaching previous records during this crisis, as default fear has once again gripped the markets. Germany’s decision to relaunch its idea of an essentially involuntary bond swaps for Greek sovereign debt holders did not help improve market sentiment either.
Moody’s downgrade also incited indignant reactions from Portugal. Prime minister Passos Coehlo called it a “punch into the stomach”, the chairman of Santander Portugal Nuno Amado “inappropriate”, and president Cavaco Silva saw“ not the slighted justification” for this downgrade. Interest rates for all maturities increased, reaching record levels especially at the three year horizon. Credit default swaps, the insurance against a government default, surged to 914 points, the highest value ever.
The political response to Moody’s downgrade and to S&P decision to kill the French debt rollover proposal) was furious. After S&P correctly concluded that a coerced default should be rated like a coerced default, EU governments and the European Commission reacted angrily, and threatened the rating agencies with a loss of their oligopoly in Europe. Michael Barnier went as far as to call for a ban a rating on countries subject to a European bailout programme, while calling on them to “respect EU rules”. (not clear to us which rule had been broken) Reuters reports that Portuguese bankers want the EU to set up its own rating agency, presumably to give policy-compliant ratings. Schäuble said yesterday that the Portuguese downgrade was unjustified because Portugal was way ahead in the implementation of the troika’s recommendations. Speaking – as he does these days - in his unofficial capacity as Portugal’s EU spokesman, Jose Manuel Barroso also wondered yesterday that “it seems strange that there is not a single rating agency coming from Europe. It shows there may be some bias in the markets when it comes to the evaluation of specific issues of Europe."
(The rating agencies have not broken any rules, nor are they anti-European. They have been calling the French rollover scam for what it is. As for Moody’s rating for Portugal, we find it completely coherent that the agencies are taking the cacophonous EU policy process into account when issuing a rating. It is perfectly rational for Moody’s to say that Portugal will eventually need a second loan programme, and that, given German and Finnish politics, you cannot take this for granted. Schäuble’s comment that Portugal was ahead in implementing the measures misjudges what the rating agencies do: they provide an opinion on default probability. We would consider a Ba2 rating as still relatively generous, considering the country’s net external debt. )
Paris meeting descends into cacophony and chaos
Wolfgang Schäuble yesterday put the old German bond swap plan back on the table, under which existing debt would be swapped for longer-dating debt. He was essentially arguing that if the rating agencies say No to everything, we might as well do it properly, and get as much money out of the Greek bondholders as we can. The FT has a very good report on this, and on the parallel process in Paris, where bankers had been discussing changes to the French rollover plan, which is now essentially dead. The meeting in Paris descended into chaos, with everybody reiterating long-held opinions. The FT quotes one participant as saying that the revival of the Schäuble plan was indicative of the fact that the people involved in this process had insufficient technical understanding. The article also makes the point that the Institute for International Finance advocates the idea of a voluntary bond buyback, with EU/IMF money, which in their estimate could raise some €40-50bn. Another round of talks – with a small group of participants – is scheduled for today in Rome, according to the article.
Papandreou sets up cross party parliament committee to calm down tensions
George Papandreou announced on Wednesday the formation of a cross-party parliamentary committee with the aim of rebuilding trust in the country’s institutions and countering cases of extreme behaviour by politicians, protesters and the police, Kathimerini reports. The premier voiced alarm about the increasing number of attacks by voters on politicians, which has caused a row between ruling PASOK and the Coalition of the Radical Left (SYRIZA). The committee is also to scrutinise police conduct, as the police were criticized last week for being overzealous.
Lagarde hints at fairer interest rate deal for Ireland
Christine Lagarde has hinted that Ireland could get a fairer deal with her in the driving seat, the Irish Independent reports. In her maiden address as a new head of the IMF she said ““There is no one category of country that deserves special treatment and another one that will receive harsh treatment." An EU/IMF team is currently in Dublin assessing Ireland’s progress under the programme.
Lagarde asks Greece to imitate Portugal’s political consensus on reform
In this first press conference as the IMF’s new MD, Lagarde also asked Greece to look at Portugal’s cross party consensus for a tough reform program and to be inspired by this, according to Frankfurter Allgemeine Zeitung. Lagarde further announced that the IMF’s executive board will meet on Friday to decide the disbursement of its next loan tranche to Greece.
Schäuble wants to increase privatization revenues
Presenting his budget in the cabinet meeting Wolfgang Schäuble said he wants to increase privatization revenues to €5.1bn, according to Financial Times Deutschland. Potential candidates for a sell-off are Telekom, in which the government still has a 34% stake, Deutsche Post with a public stake of 3.5% via the public KfW bank or the public real estate company TLG. In a separate article the paper reports Schäuble grudgingly agreed to limited tax cuts.
Guido Bohsem attacks Schäuble for his failure to repair the German budget
Writing in Süddeutsche Zeitung Guido Bohsem attacks Wolfgang Schäuble for his failure to use the exceptionally high tax receipts to seriously reduce the debt level and to put the budget back on a sustainable level. Bohsem warns that the planned tax cuts and additional expenditure for reform of the army and the exit of nuclear energy mean very tough future cuts in the budget since Germany will have to respect the tight limit’s of its constitutional debt break.
Jean-Claude Trichet’s last interest rate hike
Les Echos expects Jean-Claude Trichet to announce his “last interest rate hike” at today’s meeting of the ECB’s governing council before retiring by the end of October. Markets, economists and ECB watchers are unanimous that the ECB will raise its interest rate by 25bp from 1.25% to 1.50%. Bundesbank president Jens Weidmann, who yesterday participated in the German government’s discussion on the 2012 budget, told the cabinet that inflation in Germany was to ease in the second half of 2011, Financial Times Deutschland writes. Lower inflation in the largest eurozone economy would strengthen the thesis that the ECB will be less in a hurry to hike rates further. Meanwhile FTD polled bank economists who in their majority support the view of the Bank of International Settlement that persistently low interest rates in advanced economies were co-responsible for the build-up of speculative bubbles in emerging economies like China, India and Brazil
Wolfgang Proissl sees the ECB engaged in big poker match to safeguard its credibility
Writing in Financial Times Deutschland Wolfgang Proissl explains that the ECB is engaged in a crucial poker match with the eurozone governments. The central bank’s refusal to accept Greek government bonds should they be downgraded to a default level is intended to force the governments to put up enough money and to design institutional solutions so that the rescue program for Greece will be perceived as credible. The ECB’s aim is to get back some of the credibility it has lost in the past 18 months as a result of its SMP program and its loosening of collateral requirements for Greece and Ireland. But if worst comes to worse, the ECB’s tough stance will turn out to be a bluff because the central bank will continue to be flexible and help saving the euro.
Greek government invites German president to address parliament
The Greek government officially invited German president Christian Wulff to address the Greek parliament, mass circulation daily Bild reports. This political gesture is intended to ease tensions that have arisen between the two countries in the context of the bailouts of Greece. Speaking to Bild the new Greek foreign minister Stavros Lambrinidis asked Greeks and Germans to stop pointing fingers at each other, to shake hands instead and to cooperate.
DSK investigation overshadows Aubry’s presidential bid
The meeting between DSK’s lawyers and representatives of the New York disctrict attourneys did not lead to dropping the charges against the former French presidential hopeful, Le Figaro reports. The DA’s office yesterday published a communiqué saying that the proceedings continued. Le Monde has a story saying that despite the doubts about the victim’s credibility, her first medical examination shortly after the alleged rape seemed to support the rape charges. Meanwhile the lawsuit in the US and the potential rape charges in France totally overshadow the attempts of the Socialist’s party chairwoman Martine Aubry to start her campaign for the Socialists primary elections in October, Le Figaro writes in a separate piece.
Valls questions Socialist’s key electoral promises
Manuel Valls, another Socialist presidential election hopeful, questioned the key promises in the party’s bid for the presidential elections, Les Echos writes. About the pledge to create 300.000 jobs for young people he said: “Obviously I don’t believe it”. On the promise to go back on the retirement age from 62 to 60 years, he commented: “There will be no return to 60 years.” The Socialist’s promises prompted the influential public thinker Alain Minc and others to predict France’s loss of its AAA rating should a socialist win the presidential elections in 2012.
Spreads, Forex, and ZC Swaps.
Back in full crisis mode. Portuguese, Irish, Italian and Spanish spreads shoot up after Portugal’s downgrade. Euro down.
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France |
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0.432 |
Italy |
1.993 |
2.217 |
2.205 |
Spain |
2.486 |
2.690 |
2.698 |
Portugal |
9.177 |
11.362 |
11.429 |
Greece |
13.530 |
13.796 |
14.43 |
Ireland |
8.760 |
9.776 |
10.148 |
Belgium |
1.094 |
1.202 |
1.213 |
Bund Yields |
3.245 |
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Uma segunda nota aos leitores e visitantes de Estrolabio
O Expresso chamou-me a atenção para um debate que terá havido em que alguém se terá reclamado de Professor Doutor Catedrático de modo a distinguir-se do seu aparente opositor, que seria apenas Professor Doutor. O senhor de Professor Catedrático a reclamar-se dá pelo nome de António Nogueira Leite e o segundo foi o ex-ministro Manuel Pinho, o tal dos dois esticadinhos a quem uma empresa portuguesa pagou, bem pago, para dar umas aulas na Universidade de Columbia, onde terá recebido o nosso primeiro-ministro de então, José Sócrates. Uns para os outros estão, portanto.
Simplesmente num outro dia dei por mim a olhar para um debate na televisão e fixei a minha atenção porque nele participava alguém que desde longa data muito estimo, o engenheiro João Cravinho. E foi bom de novo ouvir o senhor Professor Doutor de Catedrático reclamado a falar da crise.
O tempo passa, a situação económica e social em cada país pela crise atingida degrada-se e os relatórios mundiais que nos falam com números sobre a acumulação de riqueza dizem que o volume de riqueza em activos já ultrapassou os valores de 2007. Os ricos estão mais ricos, os pobres estão mais pobres. A equação é simples. É o que nos diz o relatório da Merrill Lynch e Capgemini, é o que nos diz o relatório de Boston Consulting Group, ambos de 2011. É o que nos dizem os relatórios de qualquer grupo produtor de bens de grande luxo, quando referem que a crise por lá não passou.
Nesse debate que nos propunha o senhor Professor Doutor de Catedrático reclamado? Que se passasse por cima do que aconteceu, que se deixasse de andar à procura de culpados, que olhássemos para o futuro. Seria mais ou menos isto que eu ouvi e lembro-me bem da resposta do meu amigo João Cravinho que lhe respondeu que assim o senhor nunca saberá as causas da crise e portanto nunca estará em condições de evitar uma próxima crise, possivelmente bem perto, terá inclusive João Cravinho avisado.
Por proposta do Carlos Loures foi-me pedido uma peça para no nosso blogue falarmos sobre o 4 de Julho, sobre a independência dos Estados Unidos, para falarmos da liberdade ou da falta dela. Aceitei e decidi-me virar para vários documentos fundamentais sobre a crise económica e financeira. O povo português, espoliado por um governo de subservientes do grande capital, conjunto liderado então por José Sócrates, substituído agora por um outro com gente mais nova que crê ainda mais na necessidade de o povo português continuar a espoliar, sabe pouco sobre a crise. Eu próprio que por estas águas ando pouco ou mesmo nada sei.
Estarei um pouco como Donald Rumsfeld a propósito do que sabemos que sabemos, (known, known), a propósito do que sabemos que não sabemos (know, unknown) e do que nem sequer sabemos que não sabemos, (unknown, unknown). Da crise todos sabemos pouco, os que dela e com ela se preocupam, pelos dados que temos, mas sabemos as incógnitas que não sabemos, aquelas cujos dados nos escondem e que queremos conhecer para a crise poder entender e aos principais responsáveis responsabilidades vir a querer, e sabemos também que há as incógnitas que nem sequer sabemos que não sabemos, que estão talvez fora do nosso quadro mental para perceber a realidade e portanto desse quadro excluídas.
Se alguma analogia haveria aqui diríamos que nós estamos nos dois primeiros conjuntos enquanto o senhor Professor Doutor de Catedrático reclamado no terceiro caso poderá então ser colocado. Quisemos então aguçar o apetite aos nossos leitores, aos nossos visitantes do Estrolabio, propondo-lhes a leitura de longos excertos de um relatório produzido por uma Comissão nomeada pelo Presidente Obama com o objectivo de investigar os mecanismos da crise. A esta comissão chamou o New York Times de Comissão Pecora II, por homenagem a Ferdinand Pecora, o homem que levou à descoberta dos mecanismos e dos meios utilizados que levaram à crise de 29-33 do século passado e que por essa via levou à construção de um conjunto de leis que durante décadas de uma nova crise deste tipo nos defenderam. Passo a citar:
1. Na primeira metade do século 20, nós criámos uma série de protecções — o Federal Reserve como um emprestador de última instância, o seguro federal para os depósitos, amplos regulamentos para fornecer uma protecção contra as situações de pânico que tinham regularmente flagelado o sistema bancário da América no século XIX. No entanto, nos últimos 30 anos ou mais permitiu-se o crescimento de um sistema bancário sombra, opaco e assente no enorme volume de dívida de curto prazo, que rivalizava com a dimensão do sistema bancário tradicional. As componentes chave do mercado, por exemplo, os multi millhões de milhões de crédito do mercado repo, as múltiplas entidades fora do balanço, bem como a utilização de produtos derivados OTC (negociados fora da bolsa) estavam assim fora da vista, escondidos, sem as protecções que tinham sido criadas para evitar os colapsos financeiros. Nós tínhamos um sistema financeiro do século XXI com as salvaguardas do século XIX.
2. O sistema financeiro que analisámos tem pouca semelhança com o sistema financeiro da geração dos nossos pais. As mudanças nas últimas, só três últimas, décadas têm sido notáveis. Os mercados financeiros tornaram-se cada vez mais globalizados. A tecnologia transformou a eficiência, a velocidade e a complexidade dos instrumentos financeiros e das transacções. O acesso e a redução do custo de financiamento atingem níveis nunca antes alcançados. E o próprio sector financeiro tornou-se uma força muito mais dominante na nossa economia.
3. A maior tragédia seria aceitar o refrão de que ninguém poderia ter visto a crise aparecer e, assim, que nada contra ela poderia ter sido feito. Se aceitarmos essa ideia, a crise vai acontecer novamente.
Este relatório não deve ser visto como o fim da análise a ser feita pelo nosso país sobre esta crise. Há ainda muito a aprender, muito a investigar e muito a corrigir.
Esta é a nossa responsabilidade colectiva. Cabe-nos a nós fazer escolhas diferentes se queremos resultados diferentes.
Senhor Professor Doutor de Catedrático reclamado, a minha posição e a da Comissão Pecora II são completamente diferentes da sua, mas da minha que é no plano formal semelhante à da Comissão Pecora, esta, na sua visão das coisas para nada deve contar, porque a Catedrático nunca hei-de chegar. O que importa aqui é que os neoliberais da direita pura e dura chegam ao poder a substituir um outro conjunto de neoliberais, neoliberais ditos de esquerda, pela direita assim são considerados, que às mesmas ordens estiveram dispostos a reinar.
Os escândalos em Portugal também houve, a solidez bancária é mais do que duvidosa, o dinheiro público foi aí injectado, pela Troika novos valores aí serão colocados e da banca publicamente nada se sabe. Nenhuma justificação pública foi dada pelo primeiro-ministro de então quanto aos dinheiros injectados no BPN, nem sobre a estranha blindagem e protecção da Sociedade Lusa de Negócios, nenhuma explicação oficial sobre o BPP, nenhuma também a ser dada quanto ao BCP, em suma, nenhuma explicação para onde é que os milhares de milhões foram e quem é que os levou, esse dinheiro que agora se considera que se esfumou, que rasto não deixou e, por isso, melhor é passar por cima e pagarmos nós todos o buraco financeiro que por este país se deixou. .
Com a presença de um gestor de competência reconhecida à frente do BPN com o é o Dr. Francisco Bandeira, meu amigo de longa data, seria de esperar que a questão viesse em relatórios publicamente esclarecida como tem vindo a acontecer no país do Presidente Obama. Dos Estados Unidos sabemos já o que se passou com Madoff, pelo trabalho, entre outros de Irving Picard, sabemos o que se passou com o Goldman Sachs, o relatório Carl Levin, sabemos o que se passou com Lehman Brothers, o relatório Anton R. Valukas, sobre a AIG, o relatório do Office of the Special Inspector General for the Troubled Asset Relief Program ("SIGTARP") feito sob a direcção de Neil Barofsky, sabemos tanta coisa.
E de Portugal, e do trabalho de homens como Francisco Bandeira no BPN ? Nada, a não ser uma ida ao Parlamento. Muito pouco para os milhares de milhões que dolorosamente o futuro do nosso país irá no presente pagar. E tudo isto com o silêncio de Sócrates, de Teixeira dos Santos e de todos os outros, de socialistas considerados ou por estes apadrinhados. Temo agora e por isso esta nova dedicatória, que com a Direita no poder e com posições como as do senhor Professor Doutor de Catedrático reclamado se queira fazer um silêncio tumular sobre o que já deveria ser do conhecimento do público, deste público que tudo terá de pagar, e para nunca se poder perguntar, para onde foi então o nosso dinheiro parar, esse que agora nos querem objectivamente roubar.
Porque essa sua posição eu temo, considero minha função onde me é possível, neste caso no blogue Estrolabio, explicar o que até hoje sei do que se entende ter sido a crise e faço minhas as palavras finais da Comissão Pecora II aqui citadas. Na Europa, os Estados nacionais transformaram-se em verdadeiros ladrões legalizados, aos pobres a roubar para aos ricos ir dar, enquanto na América o partido republicano, liderado por Paul Ryan, está numa luta de morte contra a democracia, contra o Presidente Obama, contra o Vice-Presidente Joe Biden, e tenta a todo o custo, com os mesmos argumentos que aqui na Europa, a dívida, o défice, fazer do Orçamento a máquina de tirar aos pobres para dar aos ricos, uma espécie de Robin dos Bosques ao contrário, como muito bem nos avisa Jared Bernstein, ex-principal conselheiro de Joe Biden, uma luta a decidir-se até ao final da terceira semana deste mês.
Quanto ao silêncio que a direita irá tentar colocar em todo este processo da crise em Portugal, seguindo nesse silêncio o silêncio já anteriormente criado por José Sócrates e pelo nosso presidente da República em exercício, espero que o povo português passe da situação de resignado à de Indignado, porque não tenho dúvidas que o conhecimento da situação levará a que todos nós, como em Espanha, como na Grécia e noutros países que se lhes seguirão, passaremos do estado de Resignação ao estado de Indignação. A lógica do silêncio que o senhor Professor Doutor de Catedrático reclamado defende passa por aqui e contra essa lógica está a lógica da verdade que do nosso lado exigimos e disso nos reclamamos, tomando como referência apenas um documento oficial, o relatório Pecora II.
Coimbra, 4 de Julho de 2011
Júlio Marques Mota
enviado por Julio Marques Mota
Conclusões da Comissão de Inquérito sobre a Crise Financeira ( 2,3,4)
A Comissão Pecora II
Conclusão nº2
• Concluímos que as grandes falhas comuns na regulação e na supervisão financeira foram devastadoras para a estabilidade dos mercados financeiros da nação.
As sentinelas não estavam nos seus postos, em grande parte devido à fé amplamente aceite na natureza de autocorrecção dos mercados e da capacidade das instituições financeiras serem elas próprias polícias delas próprias. Mais de 30 anos de desregulamentação e de confiança na auto-regulação por parte das instituições financeiras, defendida pelo ex-presidente do Federal Reserve Alan Greenspan e outros, apoiados pelas administrações sucessivas e pelo Congresso Americano e activamente puxados pela poderosa indústria financeira por seu lado, fez saltar todas as salvaguardas, que poderiam ter ajudado a evitar a catástrofe. Esta abordagem tinha aberto brechas na fiscalização de áreas críticas com milhões de milhões de dólares em risco, tais como o sistema bancário paralelo e os mercados over-the-counter, os produtos OTC, sobre produtos derivados. Além disso, o governo permitiu que as empresas financeiras pudessem escolher os seus reguladores preferidos no que se tornou uma corrida para a mais baixa supervisão possível.
No entanto, nós não aceitamos a visão que os reguladores não tinham o poder para estarem a proteger o sistema financeiro. Eles tinham poder sobre muitas áreas e optaram por não o usarem. Retenhamos aqui três : a Comissão de Valores Mobiliários poderia ter exigido mais capital e poderia ter parado com as práticas de risco nos grandes bancos de investimento. Mas isto não aconteceu. O Federal Reserve Bank of New York e outros reguladores poderiam ter apertado o cerco contra os excessos do Citigroup na corrida para a crise. Mas estes não o fizeram. Os decisores políticos e os reguladores poderia ter parado o comboio em muito boa marcha da titularização de hipotecas. Mas eles não o fizeram.
Caso a caso, um a seguir a outro, os reguladores continuaram a classificar as instituições que supervisionou como estão a são e salvo, mesmo em face de problemas de montagens , muitas vezes baixando-lhes a notação exactamente apenas um pouco antes do seu colapso. E onde os reguladores não tinham autoridade, eles poderiam tê-la procurado. Muito frequentemente estes reguladores não tinham sequer a vontade política em terem um ambiente político e ideológico que os constrangesse, bem como não tinham a capacidade de, de forma crítica, desafiarem as instituições e todo o sistema que lhes era confiado para supervisionar.
As mudanças no sistema de regulamentação ocorreram em muitos casos, das mesma forma que os mercados financeiros também evoluíram. Mas como o relatório nos vai mostrar, a indústria financeira desempenhou um papel fundamental no enfraquecimento dos constrangimentos regula tórios sobre as instituições, sobre os mercados e sobre os produtos. Não foi nenhuma surpresa para a Comissão de que um sector com tanta riqueza e poder tenha exercido pressão sobre os decisores políticos e sobre os reguladores. De 1999 a 2008, o sector financeiro gastou $ 2,7 mil milhões em despesas relacionadas com o lobby federal; os indivíduos e os comités de acção política no sector obtiveram mais de um milhar de milhões de dólares nas contribuições de campanha. O que nos incomodou foi a medida em que a nação foi privada da força necessária e independência da supervisão necessária para salvaguardar a estabilidade financeira.
Conclusão nº 3
• Concluímos que houve falhas dramáticas de governança nas empresas e na gestão de risco em muitas instituições financeiras sistemicamente importantes e que estas falhas foram uma causa chave desta crise.
Havia uma visão de que os instintos de auto preservação dentro das grandes empresas financeiras iriam protegê-las da hipótese fatal de riscos sem a necessidade de uma mão firme na regulação em que, as empresas argumentaram, iriam sufocar a inovação. Muitas dessas instituições actuaram de forma imprudente, assumindo um risco muito grande, com muito pouco capital e com demasiada dependência no financiamento de curto prazo.
Em muitos aspectos, isso reflectiu uma mudança fundamental nestas instituições, particularmente nos grandes bancos de investimento e nas sociedades gestoras de participações financeiras que se concentraram em actividades cada vez mais de maior risco mas em que se geravam grandes lucros. Estes comportamentos levaram a assumir exposições enormes ao risco em adquirir e apoiar os devedores subprimes e criando, embalando, reembalando e vendendo milhões de milhões de dólares em activos ligados a hipotecas, incluindo produtos financeiros sintéticos. Como Ícaro, nunca temeram voar cada vez mais perto do sol.
Muitas dessas instituições cresceram agressivamente através de aquisições mal executados e através também de estratégias de integração que faziam com que a gestão eficaz seja ainda mais desafiadora. O CEO do Citigroup disse à Comissão que uma posição de 40 mil milhões de dólares em títulos hipotecários altamente cotados poderia "não ter, de forma alguma, chamado a minha atenção", e o co-director do banco de investimento Citigroup disse que gastou "uma pequena fracção de 1%" de seu tempo sobre esses valores. Neste exemplo, serem demasiado grandes para poderem falir significava muito grande para poder ser gerida.
As instituições financeiras e agências de rating de crédito passaram a usar modelos matemáticos como estimadores fiáveis de riscos, substituindo o julgamento em demasiados casos. Muitas vezes, a gestão de risco tornou-se a justificação de risco.
Os sistemas de compensação projectados num ambiente de dinheiro barato, a concorrência intensa, e regulação muita ligeira muitas vezes recompensaram e bem os negócios assentes em perspectivas de curto ou muito curto prazo, os ganho de curto prazo sem a devida consideração pelas consequências a longo prazo. Muitas vezes, estes sistemas encorajaram as grandes apostas, onde os ganhos quando a aposta era ganha eram grandes e se a aposta era perdida, os prejuízos eram diminutos. Esta foi a situação das grandes instituições para com os corretores de hipoteca a venderam nas ruas.
O nosso estudo revelou casos impressionantes de falhas de governança e de irresponsabilidade. Serão explicados e verão , entre outras coisas, sobre a ignorância da alta administração da AIG em face dos termos e da exposição aos riscos da empresa sobre 79 milhares de milhões de produtos derivados sobre activos ligados a hipotecas; iremos ver que a procura pela parte da administração de Fannie Mae em conseguir a maior quota de mercado possível, os maiores lucros e bónus possíveis, a levaram a uma situação de exposição crescente a empréstimos e a títulos de risco quando o mercado de habitação estava no auge; iremos ver a custosa surpresa quando a direcção de Merrill Lynch percebeu que a empresa tinha cerca de 55 mil milhões em títulos "super-sénior" e supostamente "super-seguros" colateralizados sobre hipotecas sobre valores mobiliários, que resultaram em milhares de milhões de dólares de perdas.
Conclusão nº 4
• Concluímos que houve uma combinação de endividamento excessivo, de investimentos de risco, e de falta de transparência que em conjunto colocaram o sistema financeiro em rota de colisão com a crise.
Claramente, esta vulnerabilidade está relacionada com as falhas de governança ao nível das empresas e da regulação, mas é significativamente suficiente por si só para justificar aqui a nossa atenção.
Nos anos que antecederam a crise, muitas instituições financeiras, bem como muitas famílias, endividaram-se ao máximo, deixando-os assim vulneráveis a problemas financeiros ou mesmo sujeitos a irem para a ruína se o valor dos seus investimentos caísse ainda que modestamente. Por exemplo, a partir de 2007, os cinco grandes bancos de investimento Bear Stearns, Goldman Sachs, Lehman Brothers, Merrill Lynch e Morgan Stanley, estavam a trabalhar com capital próprio extraordinariamente baixo .
Por uma das formas como esta relação é calculada, os seus rácios de alavancagem foram tão elevadas como 40-1, ou seja, para cada 40 dólares em activos, havia apenas US $ 1 em capital para cobrir as perdas. Uma descida mesmo inferior a 3% nos valores dos activos poderia acabar com uma empresa. Para piorar ainda mais a situação, grande parte do seu endividamento era de curto prazo, no mercado overnight, ou seja, os seus empréstimos tinham diariamente que ser renovados . Por exemplo, no final de 2007, o Bear Stearns tinha 11,1 mil milhões de dólares em capital e 386,6 mil milhões de dólares em responsabilidades, tinha em empréstimos cerca de 70 mil milhões no mercado overnight. Isto era equivalente a uma pequena empresa com $ 50,000 de património que fosse contrair um empréstimos de US $ 1,6 milhões, com 296.750 dólares de empréstimo overnight, mobilizáveis diariamente. Não se pode realmente perguntar "O que é que eles estavam a pensar?" Quando até parece que havia muitos deles que estavam a pensar da mesma forma.
E a alavancagem foi muitas vezes escondida através de posições sobre produtos derivados , em itens fora do balanço, e através de "vitrina" de relatórios financeiros disponíveis para o público investidor.
Os reis de alavancagem foram Fannie Mae e Freddie Mac, as duas empresas monstras , empresas patrocinadas pelo Governo (GSEs). Por exemplo, até ao final de 2007, Fannie e Freddie o ratio de alavancagem combinada, incluindo empréstimos que possuíam e garantias , situou-se em 75-1.
Mas as empresas financeiras não estavam sozinhos nesta farra dos empréstimos: de 2001 a 2007, a dívida nacional hipotecária quase duplicou, e a quantidade de dívida hipotecária por família subiu mais de 63% a partir de 91.500 dólares para 149.500 dólares, e isto quando os salários tinham basicamente estagnado .Quando a crise imobiliária apareceu , as empresas financeiras e as famílias altamente endividadas foram duramente atingidas.
A pesada dívida assumida por algumas instituições financeiras foi agravada pelos activos de risco que eles estavam a adquirir com essa dívida. Como o mercado de hipotecas e do imobiliário estava agitado tornava os empréstimos mais arriscados e de maior risco, muitas instituições financeiras carregavam nos encargos e remunerações destes . Até ao final de 2007, o Lehman tinha acumulado 111 mil milhões de dólares em habitações comerciais e residenciais como activos imobiliários e em títulos, o que representava quase o dobro dos seus valores sobre que tinha trabalhado apenas dois anos antes e representava mais de quatro vezes o seu património total.
E, de novo, o risco não estava a ser assumido apenas pelas grandes firmas financeiras , mas também pelas famílias. Aproximadamente um em cada 10 mutuários em 2005 e 2006 contraiu empréstimos com "a opção ARM", (aquisição de casa a taxa de juro variável) o que significava que poderia escolher efectuar pagamentos mensais tão baixos quanto subia o valor das suas casas hipotecadas.
Dentro do sistema financeiro , os perigos desta dívida foram ainda ampliados porque a transparência não era nem necessária nem desejada. Dívida enormíssima, de empréstimos de curto prazo, combinada com as obrigações não visíveis para os outros agentes no mercado, aumentou assim as possibilidades de o sistema poder rapidamente se desfazer. Na primeira metade do século 20, nós criámos uma série de protecções - o Federal Reserve como um emprestador de última instância, o seguro federal para os depósito, amplos regulamentos para fornecer um protecção contra as situações de pânico que tinham regularmente flagelado o sistema bancário da América no século XIX.
No entanto, nos últimos 30 anos ou mais, permitiu-se o crescimento de um sistema bancário sombra opaco e assente no enorme volume de dívida de curto prazo, que rivalizava com a dimensão do sistema bancário tradicional. As componentes chave do mercado, por exemplo, os multi millhões de milhões de crédito do mercado repo, as múltiplas entidades fora do balanço bem como a utilização de produtos derivados OTC ( negociados fora da bolsa ) estavam assim fora da vista, escondidos, sem as protecções que tinha sido criadas para evitar os colapsos financeiros. Nós tínhamos um sistema financeiro do século XXI com as salvaguardas do século XIX.
Quando o mercado imobiliário e de hipotecas se afundou , a falta de transparência, os extraordinários volumes de dívida, os empréstimos de curto prazo, e todos os activos de risco ficaram assim expostos . O resultado foi o pânico. Tivemos como colheita o que semeámos.
enviado por Júlio Marques Mota
Crise dos subprimes, um negócio criminoso?
O banco Goldman Sachs recebeu recentemente uma citação para comparecer perante o procurador de Nova Iorque devido ao papel ambíguo durante a crise dos subprimes. Será que se perfila, enfim, um inquérito penal ?
Desde o início desta crise, a finança americana assemelha-se com efeito a uma gigantesca “ cena de crimes ". Contudo, as fraudes maciças que deram origem ao desencadear da maior crise financeira desde há um século aguardam ainda os seus seus procuradores, os seus polícias e os seus juizes. A explicação de um fenómeno macroeconómico pelo crime pode parecer irrisória, anedótica ou até mesmo ingénua.
A opinião publicada - a das elites que têm acesso aos meios de comunicação social - apressa-se como sempre a diabolizar uma perspectiva tão incómoda, agitando cómodos espantalhos : teoria a conspiração, a teroia de bodes expiatórios, efeito de diversão, populismo.
Todos querem impôr uma amável visão das causas da crise através de explicações fatalistas (a teoria dos ciclos), mágicas (uma catástrofe) ou estimulantes (disfuncionamentos dos mercados). No entanto, poucas crises financeiras na história comportaram uma dimensão criminosa tão evidente, uma tal massa crítica de fraudes.
Estes especialistas da negação são frequentemente aqueles que, durante as décadas de euforia (1980-2000), estavam cegos pela anomia crescente dos mercados financeiros. Ontem foram incapazes de antecipar a crise, hoje apressam-se a dissimular os seus aspectos mais chocantes , o que siginifica dos dois lados do Atlântico a falência quase generalizada dos peritos universitários e mediáticos.
Ora esta cegueira só pode preocupar aqueles que ainda são dotados de memória histórica, mesmo por muito pouco que esta seja. Com efeito, nos anos 1980, a América já tinha sofrido uma primeira grande crise financeira de forte “odor criminoso” com a falência das caixas de poupança. Por falta de ter sabido tirar as verdadeiras lições desta primeira tragédia da desregulação dogmática dos bancos, a América condenava-se a uma recaída dolorosa.
A cegueira generalizada e a desregulação depredadora encontra a sua origem na ideia que os mercados são omniscientes e auto-reguladores. Por outras palavras, que a sua “mão invisível” é quase infalível. Inchada e arrogante com este pressuposto , o lobby financeiro de Wall Street pode-se ligar - se comprar ? - aos eleitos sempre disponíveis se não estiverem mesmo convencidos, a míopes professores e às vezes ávidos de avaliações remuneradas, a analistas simpatizantes, friendly , e a jornalistas enredados na complexidade da matéria e pela pertença da maior parte dos meios de comunicação social aos grandes grupos de capitalistas.
Nos factos, esta crise foi o teatro de fraudes ao mesmo tempo maciças (sistemáticas) e integradas nos mecanismos financeiros (sistémicos).
Fraudes que puderam eclodir apenas pela graça de uma desregulação dogmática dos mercados financeiros, pensada e depois realizada desde os anos 1980, tanto pelos republicanos como pelos democratas. Sendo portadora de incitações e de oportunidades criminosas inéditas, a desregulação teve de facto este efeito criminoso; o que explica porque é que estes comportamenos ilícitos têm podido espontanea e mecanicamente eclodir ao longo da complexa e opaca cadeia financeira americana, à maneira dos enxames de abelhas e das matilhas.
Estas fraudes foram determinantes em três níveis: a montante com os empréstimos ditos “depredadores” ou “mentirosos”, difundidos no interior da franja mais vulnerável da sociedade americana (pobres, minorias étnicas, pessoas idosas e deficientes). Estes empréstimos serão mesmo qualificados pelos profissionais da indústria financeira como sendo “ empréstimos de neutrões”, subentendendo-se: estes empréstimos são armas que irão destruir as famílias e deixar as casas intactas. Tanto cinismo linguístico reduz a nada as tentativas de defesa a posteriori sobre o tema da ignorância ou da incompetência.
A jusante, as fraudes têm a ver com os produtos titularizados que foram vendidos pelos grandes bancos de investimento de Wall Street. Aí, estes bancos entregam-se a múltiplos comportamentos engaanosos: engano sobre o nível de risco, trucagem dos balanços, manipulação dos cotaações em baixa, etc.
No meio do processo, as três grandes agências de notação - das quais uma francesa - agem em reguladores de facto, num pântano “de conflitos de interesses”, um eufemismo que hoje já não engana ninguém . Estas agências são juizes e partes interessadas dado que notam produtos financeiros que elas mesmas contribuíram para estruturar.
Ora esta crise vem “de cima”, os defraudadores pertencem geralmente às elites da sociedade americana. Estamos pois longe de uma criminalidade organizada clássica, estamos aqui perante uma criminalidade de “ colarinhos brancos ", integrados ao sistema e dispondo de todos os instrumentos para podererm fazer desaparecer até a ideia mesmo dos seus crimes. Esta crise financeira largamente criminosa coloca de novo à luz do dia o novo equilíbrio dos poderes nos Estados Unidos entre o poder político (Washington) e o poder financeiro (Wall Street): depois do “ complexo militaro-industrial” denunciado pelo presidente Eisenhower (1961), “um complexo politico-financeiro” ter-se-á ele imposto nos Estados Unidos?
Porque é que até agora, nenhum banqueiro foi condenado por crime , as únicas sanções têm-se resolvido com em compensações negociadas ao nível do direito civil. Além disso, o plano de salvamento federal realizou-se únicamente para a benefício de Wall Street. O que pensar, afinal, de um sistema que recompensa tão abertamente a predação? Porque a impunidade continua aser um potente estímulo para a recidiva, quer se seja seja ladrão de bancos ou banqueiro ladrão (“bankster”).
Exageros, dir-se-á ? Os sépticos deveriam ler os dois relatórios do Congresso dos Estados Unidos que foram publicados desde o início d eJaneiro de 2011 : FCIC (fcic.law.stanford.edu/report) ; Carl Levin (hsgac.senate.gov/public/_files/Financial _Crisis/FinancialCrisisReport.pdf). As quase 1 300 páginas não deixam nenhuma dúvida : a fraude aí está de maneira indiscutívela ser o fio conductor desta crise.
Jean-François Gayraud, chargé de mission au Conseil supérieur de la formation et de la recherche stratégiques, commissaire divisionnaire, La crise des subprimes, une affaire criminelle ? , Le Monde, 13.06.11,
Homenagem ao povo americano
Enquanto o governo português , como um qualquer um outro da União Europeia continua o seu jogo de mentiras para esconder que a crise é da sua inteira responsabilidade colectivamente, acrescente-se , e o caso da reestruturação voluntária e informal, da dívida soberana é disso um perfeito exemplo, enquanto desta forma ficam por punir os responsáveis da crise criada, e prova é que continuam a ir aos nossos bolsos para o nosso pão ao bancos estar a entregar, enquanto desta forma nos continuam a vida a estragar e aos bolsos legalmente a ir roubar, enquanto não são capazes de nos dar uma prova científica que a política actualmente seguida é a via capaz de empregos para os nossos jovens no futuro lhes serem capazes de dar , enquanto tudo, saudamos o dia da independência americana de uma forma muito especial:
Acima fomos relembrando um famoso jantar que a História da Americana tem vindo a moldar, publicando um artigo sobre a crise vista como um roubo generalizado a que os nossos governos democraticamente eleitos tem vindo a sancionar, como uma espécie de Robin dos Bosques ao contrário, e sobretudo a este dia nos associamos com o iniciarmos hoje a publicação de longos excertos da Conclusões da Comissão de Inquérito sobre a Crise Financeira, comissão a que podemos chamar de Comissão Pecora II, na linha de artigos publicados pelo New York Times.
Daqui relembramos duas pequenas frases do texto abaixo:
- Parafraseando Shakespeare, a culpa não está nas estrelas, mas sim em nós.
- Este relatório esforça-se por expor os factos, por identificar as responsabilidades, por desvendar mitos e para nos ajudar a entender como é que a crise poderia ter sido evitada. É uma tentativa de registar a história, não de a reescrever, nem de permitir que esta seja reescrita.
- Que mais se poderia esperar nesta auto-estrada onde não havia limites nem de velocidade e onde nem havia as linhas de demarcação estavam nitidamente pintadas
E é tudo, por este dia 4 de Julho, dia da Independência da nação americana.
Coimbra, 2 de Julho de 2011
Júlio Marques Mota
Documento 1.
Documento 2. A história de um jantar.
3. Em separado. Texto pequeno.
Conclusões da Comissão de Inquérito sobre a Crise Financeira
A Comissão de Inquérito sobre a Crise Financeira foi criada para examinar a crise financeira e económica que assola o nosso país e para explicar as suas causas ao povo americano. Estamos conscientes da importância da nossa função , dado o prejuízo económico que a América sofreu na sequência da maior crise financeira desde a Grande Depressão.
A nossa tarefa foi primeiro determinar o que aconteceu e como aconteceu para que pudéssemos compreender porque é que isso aconteceu. Aqui apresentamos as nossas conclusões. Nós encorajamos o povo americano a juntar-se a nós para fazer as suas próprias avaliações com base nos factos, nas evidências reunidas com o nosso trabalho. Se não aprendermos com a história, é então pouco provável que se recupere totalmente desta crise. Alguns em Wall Street e em Washington, com uma participação e uma responsabilidade no status quo podem ser tentados a apagar da memória os acontecimentos desta crise, ou a sugerirem que ninguém a poderia ter previsto ou impedido. Este relatório esforça-se por expor os factos, por identificar as responsabilidades, por desvendar mitos e para nos ajudar a entender como é que a crise poderia ter sido evitada. É uma tentativa de registar a história, não para a reescrever, nem permitir que esta seja reescrita.
Para ajudar os nossos concidadãos a entender melhor esta crise e as suas causas, também apresentamos algumas conclusões especiais v no final dos capítulos das Partes III, IV e V deste relatório.
O tema deste relatório é de grandes consequências para esta nação. Os acontecimentos profundos de 2007 e 2008 não foram nem solavancos na estrada, nem uma descida acentuada nos ciclos financeiros e de negócios que temos vindo a compreender num sistema económico assente no mercado livre. Esta foi uma fundamental disfunção - uma grande turbulência financeira, se assim quisermos entender, que causou enormes estragos nas comunidades e nas terras de todo o nosso país.
Quando este relatório for para a impressão, haverá mais de 26 milhões de americanos que estão sem trabalho, que não podem encontrar trabalho a tempo inteiro ou que podem mesmo ter desistido de procurar trabalho. Cerca de quatro milhões de famílias perderam as suas casas devido à execução das hipotecas e outros quatro milhões e meio estão agora sujeitos eles também aos processo de execução hipotecária ou estão seriamente com os seus pagamentos em atraso nas suas hipotecas . Quase US $ 11 milhões de milhões de riqueza das famílias desapareceu, evaporou-se, as poupanças dos reformados e as economias de toda uma vida que assim foram varridas. Empresas, grandes e pequenas, têm sentido os efeitos de uma profunda recessão. Há muita raiva sobre tudo o que aconteceu, e justificadamente é assim. Muitas pessoas que respeitaram todas as regras encontram-se agora sem trabalho e cheios de incerteza sobre as suas perspectivas relativamente ao seu futuro.
Os danos colaterais desta crise têm sido as pessoas reais e as comunidades reais. Os impactos desta crise são susceptíveis de serem sentidos por toda uma geração. E a nação não encontra facilmente nenhum caminho para renovar a sua capacidade económica.
Como tantos americanos, começámos o nosso trabalho com os nossos próprios pontos de vista e com algum conhecimento preliminar sobre como o mais forte sistema financeiro mundial chegou à beira do colapso. Mesmo na altura em que fomos nomeados para este painel independente, muito já havia sido escrito e dito sobre a crise. No entanto, todos nós temos sido profundamente afectados pelo que aprendemos no decorrer da nossa investigação. Nós ficámos várias vezes fascinados, espantados e até mesmo chocados com o que vimos, com o que ouvimos, com o que lemos
. O nosso trabalho foi para nós uma jornada de revelação.
Muita atenção tem sido dada ao longo dos últimos dois anos às decisões do governo federal em prestar forte assistência financeira para estabilizar o sistema financeiro e resgatar as grandes instituições financeiras que foram consideradas sistemicamente muito importantes para as deixar falir. Essas decisões e as emoções profundas em torno delas serão debatidas ao longo de muito tempo, no futuro. Mas a nossa missão era a de perguntar e responder a esta questão central: como é que isto aconteceu de tal modo que, em 2008, a nossa nação foi obrigada a escolher entre duas alternativas, ou o violento e doloroso risco do colapso total do nosso sistema financeiro e da economia ou então injectar milhões de milhões de dólares dos contribuintes para o sistema financeiro e para uma série de empresas, com milhões de americanos ainda a perderam os seus empregos, as suas economias, e as suas casas?
Neste relatório, detalhamos os eventos da crise. Mas um resumo de síntese, como estamos agora a publicar, no início do relatório é extremamente útil. Enquanto as vulnerabilidades que criaram o potencial para a crise foram feitas ao longo de anos , foi o colapso da bolha imobiliária, alimentada por baixas taxas de juros, pelo crédito fácil e disponível, pela regulação escassa e oelas hipotecas tóxicas, que foi a faísca que fez disparar uma série de eventos, que conduziram a uma crise de grandes proporções no Outono de 2008. Milhões de milhões de dólares em hipotecas de grande risco tornaram-se parte integrante de todo o nosso sistema financeiro , com as referidas hipotecas a serem empacotadas, reembaladas e ligadas a activos que eram, por sua vez, vendidos a investidores em todo o mundo. Quando a bolha estourou, centenas de milhares de milhões de dólares em perdas em hipotecas e nos activos que a estas estavam ligados abalaram os mercados, bem como instituições financeiras que tinha exposições significativas sobre essas hipotecas e que tinha contraído emprestado de forma maciça na base destes activos. Isso aconteceu não apenas nos Estados Unidos mas em todo o mundo. As perdas foram ampliadas através dos derivados, tais como títulos sintéticos.
A crise alcançou proporções sísmicas em Setembro de 2008 com a falência do Lehman Brothers e com o colapso iminente da empresa gigante dos seguros americana, a AIG . O pânico espalhou-se devido a uma falta de transparência nas contas das principais instituições financeiras, juntamente com um emaranhado de interconexões entre as instituições consideradas "demasiado grandes para as poder deixar falir", fez com que o mercado de crédito se redimensionasse e disso se aproveitasse . No campo comercial sofre-se de uma estaagnação forte .O mercado de acções afundou-se. A economia mergulhou numa profunda recessão.
O sistema financeiro que analisámos tem pouca semelhança com o sistema financeiros da geração dos nossos pais. As mudanças nas últimas só três últimas décadas têm sido notáveis. Os mercados financeiros tornaram-se cada vez mais globalizados. A tecnologia transformou a eficiência, a velocidade e a complexidade dos instrumentos financeiros e das transacções. Existe um maior acesso e um menor custo de financiamento do que nunca. E o próprio sector financeiro tornou-se uma força muito mais dominante na nossa economia.
De 1978 a 2007, o montante da dívida trabalhada pelo sector financeiro passou de 3 milhões de milhões de dólares para US $ 36 milhões de milhões , mais do que dobrando relativamente ao produto interno bruto. A própria natureza de muitas empresas de Wall Street mudou - de parcerias público-privadas relativamente seguras para empresas de capital negociadas em bolsa , assumindo cada vez mais, maiores e mais diversificados tipos de risco. Em 2005, os 10 maiores bancos comerciais dos EUA detinham 55% dos activos do sector, mais do dobro do nível realizado em 1990. Na véspera da crise em 2006, os lucros do sector financeiro constituíam cerca de 27% de todos os lucros empresariais nos Estados Unidos, contra 15% em 1980. Compreender esta transformação tem sido fundamental para a análise da Comissão.
Agora, passamos a apresentar os nossos principais resultados e conclusões e tudo o que afirmamos é baseado em factos contidos neste relatório: são publicados com a esperança de que estas lições possam ser aprendidas para ajudar a evitar uma catástrofe futura.
• Concluímos que esta crise financeira era evitável.
A crise foi o resultado da acção humana e da inacção, não é o resultado da Mãe Natureza ou dos modelos de computador que estariam errados. Os capitães das finanças e os administradores públicos do nosso sistema financeiro ignoraram os avisos e falharam em questionar, entender e gerir os riscos que estavam a evoluir dentro de um sistema essencial para o bem-estar do povo americano. Os seus comportamentos foram um grande erro , não um tropeção. Enquanto o ciclo de negócios não pode ser modificado , uma crise desta magnitude não necessitaria de se ter ocorrido. Parafraseando Shakespeare, a culpa não está nas estrelas, mas sim em nós.
Apesar do ponto de vista expresso por muita gente em Wall Street e em Washington de que a crise não poderia ter sido prevista nem evitada, havia claros sinais de alerta. A tragédia foi a de que estes sinais foram ignorados ou foram minimizados. Houve uma explosão na concessão de empréstimos subprime de grande risco e na sua titularização , houve um aumento insustentável nos preços da habitação, houve vários relatórios e testemunhos de monumentais práticas generalizadas de empréstimo predadores, houve o aumento dramático na dívida hipotecária sobre habitações e houve um crescimento exponencial nas actividades financeiras das empresas comerciais, houve um aumento de produtos financeiros de derivados que não são não regulamentados, e houve a utilização intensiva do mercado "repo", mercados de empréstimos a curto prazo com colaterais, entre muitas outras bandeiras vermelhas, bandeiras de alarme. No entanto, houve uma permissividade generalizada; a acção que foi tomada para conter as ameaças em tempo útil foi praticamente de pouco ou nenhum significado .
O principal exemplo é a falha fundamental do Federal Reserve, o banco central americano, para conter a vaga de hipotecas tóxicas, em que poderia ter criado um conjunto de regras definindo o que seria uma prudente concessão de empréstimos hipotecários. A Reserva Federal era a única entidade habilitada a fazê-lo mas isso não foi feito . O registo de nossa análise está cheio de sinais de outras falhas: as instituições financeiras fizeram, compraram e venderam títulos hipotecários que nunca analisaram, que nunca se incomodaram em analisar, ou sabiam que não prestavam; as empresas dependiam de dezenas de milhares de milhões de dólares de empréstimos que diariamente tinham que ser renovados, colateralizados por títulos assentes por seu lado, em créditos hipotecários de alto risco e as grandes empresas e os investidores cegamente confiaram e contavam com as agências de rating de crédito como sendo os árbitros de risco. Que mais se poderia esperar nesta auto-estrada onde não havia limites nem de velocidade e onde nem havia as linhas de demarcação estavam nitidamente pintadas?
2. Não é uma crise é uma fraude
“Não é uma crise, é uma fraude”
Um texto de Attac
“Não é uma crise, é uma fraude”, dizem indigndos os espanhóis. Esta quarta-feira, o Parlamento grego acaba de adoptar um novo plano de austeridade, símbolo da inverosímel fraude que se está actualmente a realizar na Europa.
Apesar da ineficácia mais que provada das medidas de austeridade para melhorar a situação das finanças gregas, o Parlamento é obrigado a aprovar um novo programa de austeridade , com reduções de salários e uma reforma fiscal que vai fortemente atingir a classes média e as pessoas de menores rendimentos;
Apesar da injustiça profunda destas medidas que visam fazer com que o povo grego pague sem estar a pôr em causa as políticas fiscais desastrosas que foram efectuadas pelos precedentes governos, os desequilíbrios inerentes ao bom funcionamento da zona euro ou ainda os enormes lucros realizados pelos bancos e outros especuladores à conta das finanças públicas gregas;
Apesar da resistência do povo grego, que se levantou dignamente e ocupa desde há quase três semanas a principal praça de Atenas - onde se situa o Parlamento - para contestar, de maneira pacífica e democrática, estas escolhas impostas apesar da sua falta de bom senso ;
Apesar de tudo isto , os deputados gregos escolheram submeterem-se à chantagem da União Europeia e do FMI, que aceitam em troca deste plano de austeridade que se atribua “uma ajuda” de cerca de cem mil milhões de euros à Grécia - sem a qual o governo se reencontrar-ia incapaz de financiar o seu funcionamento (incluidos os serviços públicos, hospitais, etc.). Este pretenso plano de “ salvamento” é feito mais para os bancos franceses e alemães do que para a Grécia: “O CAC 40 acentua os seus lucros, confiando na Grécia” pode ler sobre o sítio do jornal Point.fr.
Representa realmente uma vasta operação de socialização das perdas: um estudo do jornal Les Echos mostra que “graças” a estes planos, “a parte da dívida grega nas mãos dos contribuintes estrangeiros passará de 26% para 64% em 2014. Tudo isto significa que a exposição de cada família da zona euro vai passar de 535 euros actualmente para cerca de 1.450 euros”. Ora todos os economistas estão de acordo em afirmar que a Grécia não poderá reembolsar a integralidade das suas dívidas.
Opondo-se de forma selvagem a qualquer reestruturação, Sarkozy joga uma corrida contra-relógio a favor dos bancos franceses; Quando a Grécia não for capaz de pagar , serão as finanças públicas dos outros países europeus que estarão na primeira linha… E os povos europeus pagarão a factura através de novas medidas de austeridade.
“Privatizar os lucros, socializar as perdas”, esta lógica parece mais do que nunca de uma extrema actualidade: com a nova governança económica, promovida pelos governos europeus e pela Comissão e votada pelo Parlamento Europeu , as finanças públicas serão postas sob tutela, e à imagem da Grécia, será a austeridade permanente para os povos que garantirá os benefícios dos bancos.
É essencial que os povos europeus se mobilizem para levar ao completo malogro esta “estratégia do choque” à escala europeia. À imagem do povo grego, é necessário não somente se “indignar”, mas mostrar-se “determinado” a pôr um fim ao diktat dos bancos e dos mercados financeiros, começando por impôr uma auditoria democrática das dívidas públicas. Em França nomeadamente, as mobilizações devem redobrar de intensidade: o que se decide na Grécia hoje é a capacidade dos povos na Europa de sairem da armadilha na qual nos coloca a finança que está em causa.
Na quinta-feira 30 de Junho, no dia seguinte ao da mobilização sem precedentes do povo grego, e enquanto que os movimentos sociais e os sindicatos britânicos organizam uma greve geral contra os cortes maciços nos orçamentos públicos, Attac apela a que as pessoas se reunam as 18h em frente da embaixada da Grécia para um apoio às mobilizações que se desenrolam na Europa, na Grécia, no Reino Unido, na Espanha, para afirmar que os seus combates são mais do que nunca os nossos combates também.
3. Goldman Sachs assume oficialmente a direcção do BCE
Attac, França,
Paris, 29 de Junho de 2011
Goldman Sachs assume oficialmente a direcção do BCE
Mario Draghi, antigo Presidente de Goldman Sachs para a Europa, assume hoje a presidência do Banco Central Europeu. Era Presidente da Goldman Sdachs na altura em que o banco de negócios americano , nos anos 2000, ajudava a Grécia a maquilhar as suas contas públicas. O seu papel vai ser agora o de preservar os interesses dos bancos na actual crise europeia.
Podiamo-nos até agora interrogar sobre as razões que levavam o BCE e Jean-Claude Trichet a opôrem-se de maneira mesmo violenta - incluindo face à chanceler alemã - a toda e qualquer ideia de reestruturação da dívida grega.
Esta atitude parecia incompreensível dado que todos os analistas, incluindo os economistas dos bancos, estavam de acordo em considerarem que a Grécia não poderá assegurar o serviço da sua dívida nas actuais condições contratuais. Um reescalonamento, ou mesmo uma anulação parcial parece ser inevitável de acordo com a opinião geral. Querer atrasar esta solução faz apenas agravar os estragos económicos e sociais provocados pelos planos de uma austeridade brutal e impopulares impostos aos Gregos.
A nomeação de Draghi clarifica por conseguinte as coisas. O BCE defende não o interesse dos cidadãos e de contribuintes europeus, mas sim o interesse dos bancos. Um estudo britânico citado ontem por Les Echos tem o mérito de quantificar claramente o processo em curso. Este estudo indica que graças “aos planos de salvamento” da Grécia e ao “ mecanismo europeu de estabilidade” instaurado pelo BCE, pelo FMI e pela União Europeia, “ a parte de dívida grega nas mãos dos contribuintes estrangeiros passará de 26% para 64% em 2014. Isto significa que a exposição de cada lar da zona euro vai passar de 535 euros actualmente para 1.450 euros”.
“O salvamento” da Grécia é pois de facto uma gigantesca operação de socialização das perdas do sistema bancário. Trata-se de transferir o essencial da dívida grega - mas também espanhola e irlandesa - das mãos dos banqueiros para a mão dos contribuintes. Será em seguida possível fazer assumir os custos da inevitável reestruturação destas dívidas pelos orçamentos públicos europeus.
Como o afirmam os Indignados espanhóis, “não é uma crise, é uma fraude! ». O Parlamento Europeu votou ontem “o pacote da governança” que reforma o pacto de estabilidade, reforçando os constrangimentos sobre os orçamentos nacionais e as sanções contra os países em infracção. O Conselho Europeu reunido hoje e amanhã vai terminar o seu trabalho. E não é a próxima nomeação de Christine Lagarde à frente do FMI que reduzirá a influência dos bancos sobre as instituições financeiras internacionais, bem pelo contrário.
Felizmente as resistências sociais e de cidadãos vão em crescendo em toda a Europa. Governar para os povos ou para a finança? A resposta é hoje clara: vai ser necessário que os povos europeus se dêem as mãos para construirem juntos uma outra Europa.
Sobre a grande fraude
1. Crise da dívida: os credores privados ganham vantagem
Abandono do estatuto “prioritário” do Mecanismo Europeu de Estabilidade, aumento das capacidades de empréstimos da UE, compromisso voluntário dos credores para com a Grécia… o horizonte parece esclarecer-se para os investidores privados.
Isabelle COUET
Quem, investidor privado ou contribuinte será o que mais vai pagar na crise da dívida europeia? Recentemente, os acontecimentos parecem dar vantagem ao sector privado, ou seja, essencialmente aos bancos. O presidente do Eurogrupo surpreendeu os operadores de mercado, segunda-feira, declarando que o futuro Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) - o veículo de financiamento que nascerá em 2013 - não terá nenhum estatuto prioritário (“divisão entre credores séniores e juniores”) no caso da Grécia, de Portugal e da Irlanda. Em suma, se um destes países viesse a entrar em incumprimento , o mecanismo, que lhe emprestou os fundos não será çprioritariamente reembolsado mas será colocado em situação de igualdade com os detentores privados de empréstimos ao Estado.
Trata-se de uma viragem importante em relação a Março passado. O ministro das Finanças irlandês não deixou de se congratular. Com efeito, a retirada desta cláusula deverá tornar mais atractivas junto dos investidores as futuras emissões de dívida irlandesa, anunciadas para o fim de 2012. “Esta decisão, combinada com o aumento dos meios do Fundo de Estabilidade (FEEF) é um passo para uma união fiscal”,análisa a equipa de Deutsche Bank.
Reforçando as capacidades de intervenção dos veículos de financiamento europeus (440 mil milhões de euros para o FEEF e de 500 mil milhões para o MEE a partir de 2013), aumenta-se além disso a exposição potencial dos contribuintes europeus aos países periféricos. A equipa de ING sublinha que o FEEF, se devesse desembolsar a totalidade dos 440 mil milhões de euros para apoiar os Estados, seria obrigado a levantar ele mesmo 780 mil milhões de euros, tendo em conta o seu sistema “de sobregarantias”. “Para se ter uma ideia, o valor da dívida obrigacionista da Alemanha situa-se actualmente em redor de 840 mil milhões de euros; o FEEF pode por conseguinte tornar-se um dos principais emissores europeus se se vai até aos seus limites”,sublinha Padhraic Garvey, de ING.
A gestão da crise grega parece também orientar-se para uma saída mais favorável para os credores privados. Se esta se confirma, “a iniciativa de Viena” sobre uma base voluntária é solução mais satisfatória para os investidores: os que aceitarão reinvestirão simplesmente os montantes de dívida quando chegada à maturidade em novas obrigações gregas. Apesar deste compromisso do sector privado, é provável que o montante de dívida nas mãos dos investidores vai, nos próximos anos, diminuir em proveito dos empréstimos da União Europeia, tanto quanto a UE e o FMI está em vias de fixar um segundo plano de salvamento da Grécia. O círculo de reflexão britânico Open Europe calculou que, através deeste novo plano de ajuda, a parte de dívida grega nas mãos dos contribuintes estrangeiros (via UE, Banco Central Europeu e o FMI) passará de 26% para 64% em 2014. « Isto significa afirmar que a exposição de cada lar da zona euro vai passar de 535 euros hoje à 1.450 euros ”, dizem-nos.
O debate vai ganhar nova amplitude
Berlim, que não deixou de querer fazer participar o sector privado de maneira substancial , que vai deixar fazer? Apesar das críticas de vários partidos, a chanceler apresentava ontem um espírito de solidariedade. “ Devemos ajudar a Grécia a tornar-se mais competitiva e a reduzir a sua dívida”, declarou Angela Merkel, apelando ao mesmo chamando a Atenas para continuar a fazer esforços. O argumento desenvolvido pelos detractores de uma implicação dos credores privados pode de resto ser entendido pelos Alemães: de acordo com estes, não se deve fragilizar os bancos. Em síntese, tudo isto correria o risco de custar caro aos contribuintes.
Em todo o caso, o debate tem tempo de ganhar uma outra dimensão. De acordo com a Reuters, o ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, anunciou que a ratificação do Mecanismo de Estabilidade seria apenas feita no final do ano
ISABELLE COUET
enviado por Julio Marques Mota
Introdução
Na sequência do texto anterior onde um dos maiores críticos mundiais dos instrumentos financeiros chamados CDS. Satyajit Das, nos fala da incompetência das autoridades europeias, aqui temos uma demonstração mais do clara, claríssima, dessa mesma incompetência, com um texto simples sobre CDS. A crise sob os seus aspectos financeiros rebenta com a falência do Lehman Brothers , é aí diremos que a bolha especulativa explode mas curiosamente a União Europeia foi incapaz, por incompetência, por maldade, de regular fosse o que fosse dos instrumentos que à crise nos levaram.
Os CDS, um dos elementos chaves desse processo, armas de destruição maciça como os classificou Warren Buffet, e que à falência o primeiro segurador mundial levaram, a AIG, assim continuaram a ser fortemente utilizados contra a dívida soberana na Europa , a descoberto e a não descoberto e agora…toda a gente tem medo do que eles possam revelar pelo que a palavra Default é proibida nas Instâncias Europeias para que não se vislumbre a incompetência de quem aos destinos da Europa preside e que dá pelo nome de Durão Barroso, futuro doutorado Honnoris causa de uma Universidade low-cost portuguesa.
E tudo isto a fazer lembrar uma tragédia, a de Default da dívida russa onde se inventaram estratagemas e onde se gastaram milhões para se questionar se um não pagamento era um não pagamento! Afinal, a definição jurídica do que pode ser um acontecimento de crédito! Daí que só se possa falar na Europa em reestruturação voluntária e informal, para que assim não haja nenhuma declaração passível de activar os CDS! É esta a transparência a que os nossos dirigentes nos estão a habituar!
Como se diz no texto de Satyajit Das, um terrível acontecimento é um drama , dois acidentes são uma negligência e esta, dizemos nós, pode ser ou não ser criminosa.A Europa está agora ela ao nível dos comportamentos que derivavam das bebedeiras de Boris Eltsine, apetece-me perguntar?
Um texto pois sobre CDS aqui vos deixo à vossa atenção.
Coimbra, 29 de Junho de 2011
Júlio Marques Mota
O quebra-cabeças grego semeia a confusão no mercado opaco dos CDS, estes seguros contra o risco de incumprimento
Acusados de ser a arma favorita dos especuladores , os CDS impuseram-se como um dos símbolos da crise grega: os CDS, ou Crédito Default Swaps, estes são produtos financeiros complexos que permitem proteger-se contra o risco de falência de um Estado. Agindo como contratos de seguro que garantem ao credor que será reembolsado ainda que o seu devedor entre em falência , os CDS são hoje uma carga de complicações para os meios financeiros.
Na altura em que os líderes europeus se encontram em Bruxelas, na quinta-feira 23 e Sexta-feira 24 de Junho, para tentar salvar in extremis a Grécia da falência, uma pergunta se coloca : as instituições financeiras que venderam os CDS vão ter que pagar? “Sempre se pode jogar com as palavras , mas a realidade, é que a Grécia não pode reembolsar as suas dívidas ", diz de modo decido um banqueiro da praça .
Em teoria, tudo leva a crer que o país não escapará a ser sujeito a “uma reestruturação”, assimilada pelas agências de notação a uma situação de incumprimento. O que, tecnicamente, deveria provocar a liquidação dos CDS . Na prática, o problema é claramente mais complicado. Como o notam os peritos, há incumprimento e incumprimento. Como se deve então interpretar uma participação voluntária dos credores privados no salvamento da Grécia? A resposta não é nada clara.
Para os líderes da zona euro, é necessário custe o que custar evitar que o mercado conclua que se -se deu, como se diz em gíria financeira, um “acontecimento de crédito ", que levaria de imediato a que se fizesse o pagamento dos famosos CDS. Tal procedimento encarnaria concretamente a falência de Atenas. “E ninguém tem realmente desejo que se recompense quem andou a jogar contra a Grécia ", acrescenta Jean-François Robin, estratega no banco Natixis. Destinados na origem a proteger um investidor contra uma situação de incumprimento , os CDS tornaram-se para certos agentes um meio eficaz para ganhar muito dinheiro.
O princípio? Quanto mais elevado é o risco de falência, mais o seguro é caro. A acreditar nas autoridades europeias, os especuladores teriam comprado maciçamente estes produtos para aumentar os receios, as apreensões. Actualmente, custa 2 milhões de euros por ano a um investidor se este deseja segurar uma carteira de 10 milhões de euros de dívida grega. Do nunca visto!
Os responsáveis da zona euro temem também que um desencadeamento dos CDS seja o veículo de um contágio da crise ao sector privado. Sobre este mercado escuro, impossível de saber precisamente quem são os compradores, os vendedores, e o montante dos seus compromissos.
Renovação de volatilidade
“Ninguém no mundo sabe quem detém os CDS, quem deveria pagar e o quê no caso de um acontecimento de crédito na Grécia ", alertou, na quarta-feira, a chanceler alemã, Angela Merkel. Aquando da crise financeira de 2008, estes contratos tinham desempenhado um papel determinante na falência do ex-número um mundial dos seguros, o americano AIG, grande emissor de CDS.
Mas certos actores do sector preocupam-se com o andar dos acontecimentos. “ Os CDS são utilizados como uma protecção ", sublinha Gary Jenkins, responsável do mercado das obrigações junto do corrector londrino Evolução Securities. Qual será a sua credibilidade se os bancos decidirem não pagar, apesar da incapacidade manifesta da Grécia em honrar as suas dívidas? Jenkins avisa contra um aumento de volatilidade nos mercados: “Os investidores em dívida soberana incapazes de se proteger poderiam exigir garantias suplementares, o que aumentaria o custo de empréstimo de certos Estados. “
No momento, a organização ISDA (Internacional Swaps and Derivatives Association), a organização profissional que supervisiona este mercado, parece ir no sentido das capitais europeias. Em meados de Junho, considerou que uma participação voluntária dos credores não constituiria um “acontecimento de crédito ". Mas, em última circunstância , a decisão de pagar ou não caberá ao seu Determination Committee, uma discreta comissão composta de uma dezena de bancos.
Marie de Verges e Marc Roche, Le casse-tête grec sème la confusion sur le marché opaque des CDS, ces assurances contre le risque de défaut, Le Monde
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