Quinta-feira, 30 de Junho de 2011

A República nos livros de ontem nos livros de hoje - CIC e CC, por José Brandão

O 28 de Maio e o Fim do Liberalismo

 

(Das Lutas Liberais de Oitocentos ao Advento da República)

 

José António Saraiva/Júlio Henriques

 

Livraria Bertrand, 1977

 

A que se deve a tradição centralista do Poder em Portugal e a dificuldade da afirmação no País de uma burguesia activa e autónoma em relação ao Poder do Estado? Como se entende a incapacidade da sociedade portuguesa para produzir no seu interior uma classe dominante e a delegação cíclica do poder na força das armas? Recuando até ao século XIX, e mesmo antes, à procura das raízes profundas do Estado Novo, buscando no século XIX as razões de ser de um período que foi, só, um dos mais longos períodos de estabilidade política e institucional da história portuguesa moderna. O 28 de Maio e o Fim do Liberalismo não é, ainda assim, um livro sobre o século XIX. A História é normalmente a história das células vivas de um Tempo – e este livro, em certo sentido, é o seu contrário: a procura, num Tempo, das suas células mortas.

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O 28 de Maio e o Fim do Liberalismo

 

(Do Advento da República à Revolta de Braga)

 

José António Saraiva/Júlio Henriques

 

Livraria Bertrand, 1978

 

A análise das circunstâncias em que se dá o golpe militar de 28 de Maio; o facto de ele se ter feito praticamente sem um tiro e de a passagem do Poder das mãos dos militares para as mãos dos políticos civis ter acontecido depois praticamente sem convulsões; de, com ele, se ter iniciado um dos períodos mais longos de estabilidade política e institucional da história portuguesa moderna levaram-nos a concluir da impossibilidade de entender o 28 de Maio pela análise apenas da conjuntura próxima.

 

Com este volume, que trata da I República e do seu tempo – uma República que aqui se entende simultaneamente como prolongamento e estertor do liberalismo monárquico – dá-se por concluída a tentativa de descobrir aquilo a que se poderão chamar as «raízes distantes» do Estado Novo.

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Quarta-feira, 29 de Junho de 2011

A República nos livros de ontem nos livros de hoje - CXCVII e CXCVIII, por José Brandão

O “28 de Maio”

 

I – Na Génese do Estado Novo

 

Arnaldo Madureira

 

Editorial Presença, 1978

 

Só as circunstâncias extremamente difíceis vividas em Portugal durante cinquenta anos podem justificar a carência de estudos dedicados a tão importante período da vida nacional, a reduzida discussão pública do tema necessária para refutar conceitos, eliminar equívocos, desfazer sofismas e mentiras e contribuir para conhecer com nitidez os intuitos, as sucessivos manobras verificadas antes e durante o desenrolar dos acontecimentos, e o desfecho que teve o movimento militar iniciado na madrugada de 28 de Maio de 1926.

 

Na realidade, a história, a análise e a exposição dos factos, dos pormenores das operações, das sucessivas tentativas para desviar o «movimento» num ou noutro sentido, dos constantes ziguezagues políticos e compromissos dos diferentes sectores populacionais, estão em grande parte por fazer.

 

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O “28 de Maio”

 

II – Na Hora do Corporativismo

 

Arnaldo Madureira

 

Editorial Presença, 1982

 

No primeiro volume da presente obra – Na Génese do Estado Novo – fez-se a análise dos factos históricos decorridos desde a preparação e início das operações do 28 de Maio até ao isolamento e subsequente queda de Mendes Cabeçadas. Neste segundo volume, não se trata já de analisar passo a passo o curso dos acontecimentos, mas antes de estudar e alinhar as opções que se apresentaram ao País, todas elas apostando num projecto nacional dos sectores conservadores, expresso económica e socialmente no corporativismo.

 

O autor propõe-se determinar: o significado do afastamento de Mendes Cabeçadas: os objectivos reais de cada uma das facções em que a direita se desdobrou após a queda daquele; (…) o papel desempenhado pelas organizações republicanas e pelos representantes da classe operária.

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Terça-feira, 28 de Junho de 2011

A República nos livros de ontem nos livros de hoje - CXCV e CXCVI, por José Brandão

A Vida da República Portuguesa

 

Objectos do Quotidiano

 

Manuela Rêgo

 

Lisboa, 1981

 

Foi da varanda dos Paços do Concelho, que no dia 5 de Outubro de 1910 se proclamou a República em Portugal. Abria-se então um novo ciclo na história do nosso sistema político e institucional, pelo estabelecimento definitivo dos valores e princípios da cidadania, do sufrágio e da separação dos poderes. Nem o longo e nefasto "Estado Novo", com os seus sonhos perversos de restauracionismo monárquico, conseguiria alguma vez abolir a República, cujo ideal constituía já, em 1926, parte integrante da vida e do quotidiano dos portugueses.

 

Desde a primeira hora, o Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa apoiou com todo o interesse esta exposição, de acordo com o espírito divulgador que tem orientado a acção deste executivo municipal. Os últimos acontecimentos no mundo, a evolução das formas de poder e do seu exercício democrático.

 

João Soares

 

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A Vida Romanesca de Teixeira Gomes

 

Urbano Rodrigues

 

Editora Marítimo Colonial, 1944

 

Foi longe de Portugal, na capital inglesa, que tive o grande gosto de conhecer Teixeira Gomes. Encantado com o espírito europeu dos seus livros, com a elegância helénica da sua prosa, tinha o maior desejo de o ver e de o ouvir, tanto mais que me diziam maravilhas do seu talento de conversador e da sua distinção pessoal. Mas não apareceu essa oportunidade nem antes da sua nomeação para a Corte de S. James nem depois, nas suas raras visitas a Lisboa. Apertei-lhe a mão pela primeira vez em Victoria Station quando ali foi esperar a missão que ia tratar com o Governo de Sua Majestade Britânica as delicadas questões referentes à nossa participação na guerra de 1914. Representava o nosso Pais o dr. Afonso Costa, Ministro das Finanças no Governo da «União Sagrada», e o dr. Augusto Soares, Ministro dos Negócios Estrangeiros. O meu cargo era o de secretário do chefe da missão.

 

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Segunda-feira, 27 de Junho de 2011

A República nos livros de ontem nos livros de hoje - CXCIII e CXCIV, por José Brandão

A Verdade Sobre Afonso Costa

 

Alberto Guimarães

 

Lisboa, 1935

 

«Almocei e jantei bem. Provavelmente, venho a sair da prisão ainda mais gordo, e sobretudo com maior abdómen, do que tinha quando cá entrei.»

 

Muito mais engordaria ele depois da proclamação da República.

 

Mas é notar a sua insistência no problema alimentar. Não há um único dia de cativeiro em que tal preocupação não se apresente ao seu espírito. Até ao oitavo e último dia da sua detenção ele exprime o seu contentamento ante a boa mesa, anotando no seu canhenho:

 

«Esta manhã, depois de um bom almoço de linguado, bife de vitela, queijo da serra, fruta e doce…

 

O estilo é o homem... Este estilo que resume gulodice, que deixa desvendar em embrião o homem que à frente de um bando voraz havia de roer o Pais até aos ossos, só podia ter saído da mão pesada e papuda de Afonso Costa.

 

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 Vermelhos, Brancos e Azuis

 

Rocha Martins

 

Lisboa, 1948

 

Julgo não ser lícito ocultar o que se sabe quando a verdade pode servir de exemplo, de incentivo ou de aviso para não se repetirem erros, delitos e até crimes.

 

Não manifesto opiniões; apresento factos à semelhança do que fiz nos meus livros anteriores do mesmo género, desde João Franco e o seu Tempo a D. Carlos, História do seu Reinado e de D. Manuel II às Memórias sobre Sidónio Pais.

 

São testemunhos sinceros. Já que o destino me colocou em situação de, por vezes, lidar com personagens históricos, aqui os apresento como os considerei, sem paixão nem parcialidade.

 

Eram meus amigos esses portugueses ilustres; mas a sua amizade não me leva a enaltecê-los. Joeirei tudo na peneira do tempo. Ficou só o grão; voou a poeira, a que ainda podia cegar-me.

 

Rocha Martins

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Domingo, 26 de Junho de 2011

A República nos livros de ontem nos livros de hoje - CXCI e CXCII, por José Brandão

 

Um Jornal na Revolução

 

Jacinto Baptista

 

Seara Nova, 1966

 

O Século, apesar das suas opiniões. era, predominantemente, jornal de informação, enquanto o outro, O Mundo, a despeito das suas informações, se afirmava, essencialmente, jornal de opinião, não devia diferir muito, à data da revolução de Outubro, senão a tiragem, pelo menos a cotação de que um e outro fruíam no mercado de leitores, a avaliar pela publicidade (quer-se atestado mais qualificado?) que, por igual, preenche o espaço de ambos nas edições que lançam para a rua, por exemplo no dia 7 de Outubro de 1910: num, como noutro caso, uma página inteira de anúncios para cinco de texto.

 

Mas, apesar de tudo, não se tome como rigorosamente infalível o critério de avaliar a expansão de um jornal só pela quantidade de anúncios que insere: desconsertar-nos-ia. O País daquele mesmo dia 7, que reparte as suas quatro páginas em duas de anúncios e duas de redacção.

 

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Um Marinheiro Romântico

 

Bourbon e Menezes

 

Lisboa, 1924

 

A viúva de José Carlos da Maia agradece a Rocha Martins e a Bourbon e Meneses a sua anuência para a publicação deste livrinho como homenagem a seu infeliz marido, e dedica-o ao seu querido filho Francisco Manuel para no exemplo da vida honestíssima e altamente Patriótica de seu Pai aprender a imitá-lo.

 

Também o dedica aos poucos mas excelentes Amigos que se comoveram ante a tragédia horrível, e tem manifestado o seu protesto, prestando culto á memória de seu adorado Marido, carinhos esmolas e benefícios á mulher e ao filhinho que ele tanto amou.

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Sábado, 25 de Junho de 2011

A República nos livros de ontem nos livros de hoje - CLXXXIX e CXC, por José Brandão

Um Ano de Ditadura – Discursos de Sidónio Pais

 

João de Castro

 

Lisboa, 1924

 

 

Os canhões da Rotunda em 8 de Dezembro de 1917, dia de Nossa Senhora, sagravam o Libertador.

 

O que era ele e o que queria? Isso não importa. Era o Libertador. Era o homem capaz de congregar numa só energia todas as energias, num só sonho de esperança todas as desventuras. Era alguém que sozinho, desacompanhado, sem preparação nem génio político, acordou um país para a esperança de viver. Era um Messias, um desejado, mas trabalhando como devia contra as falsas ideologias, contra os estrangeiros, contra a indisciplina e a anarquia, contra a horda invasora contra tudo o que se congregara na demagogia. Era o Desejado, o entusiasmador do povo, mas ao mesmo tempo aquele que pelo seu aparecimento e existência mostraria o novo caminho.

 

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Um Escritor Confessa-se

 

Aquilino Ribeiro

 

Livraria Bertrand, 1974

 

Penso às vezes – por poesia, claro está – que talvez tivessem cometido esse intrigante e ilógico disparate por respeito fidalgo pela população lisboeta – em 1919 republicana até ao fundo dos ossos. Pressentiram possivelmente que seria criminoso conquistar pela astúcia uma cidade em que os homens e as mulheres, quando tomaram consciência da situação, vieram para as ruas aos gritos de horror entusiástico, a rebuscar nos museus e nos recantos dos alçapões as poucas armas existentes.

 

Qualquer servia para os grupos combatentes improvisados: mosquetes com azebre, espetos de assar carne, bacamartes de carregar pela boca, pistolões ferrugentos, paus de vassoura afiados e, principalmente, essas espantosas balas de água que são as duras lágrimas dos olhos determinados.

 

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Sexta-feira, 24 de Junho de 2011

A República nos livros de ontem nos livros de hoje - CLXXXVII e CLXXXVIII, por José Brandão

Teófilo Braga e os Republicanos

 

Carlos Consiglieri

 

Vega, 1987

 

A preparação deste dossier, que apelidámos “Teófilo Braga e os Republicanos”, deve-se à iniciativa de José Relvas que o recolheu, como tudo indica, nos anos 20, para possível publicação.

 

Foi decerto nesse período, após a passagem efémera pela chefia do Governo em 1919, aquando da restauração da “República Velha” em contraposição ao Sidonismo e à Monarquia do Norte, que José Relvas procedeu â seriação e arrumo desses papéis.

 

É nessa altura que escreve as Memórias Políticas, documento (fundamental para a história da I República, recentemente publicado, que constitui, como assegura Carlos Ferrão, “o mais valioso testemunho até hoje aparecido sobre a preparação do movimento revolucionário de 5 de Outubro de 1910.”

 

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O Terceiro Governo Afonso Costa – 1917

 

A. H. de Oliveira Marques

 

Livros Horizonte, 1977

 

É o mais desastroso erro político para a vida nacional.

 

Primeiro defeito saltando aos olhos: a organização do ministério. Alguns daqueles nomes nem os mesmos partidários julgam neste momento com arcaboiço para investidura tamanha. O Presidente do, Ministério tem a atenção focada sobre tão alto escopo, que não enxerga as misérias cá de baixo. Nem o suspeita, estou em crer. Do contrário não se julgava com abastança para substituir a pouquidade governativa dalguns dos seus colegas. Ao menos os nomes desses ministros deveriam conciliar o maior número de simpatias públicas. Desde logo se oferecia menos corpo ao ataque. Não aconteceu tal, e compondo-se o ministério com alguns nomes excelentes, outros ali há dos que mais irritam uma boa parte da opinião.

 

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Quinta-feira, 23 de Junho de 2011

A República nos livros de ontem nos livros de hoje - CLXXXV e CLXXXVI, por José Brandão

Surgindo Vem ao Longe a Nova Aurora…

 

Jacinto Baptista

 

Livraria Bertrand, 1977

 

 

Jornal diferente dos outros (mesmo oposto aos outros), voz singular da Imprensa portuguesa no período compreendido aproximadamente entre o fim de primeira guerra e o advento da ditadura militar, o diário A Batalha (1919-1927) é uma das mais salientes e vigorosas projecções do nosso movimento operário organizado. A sua linha de vida – nascimento, ascensão, apogeu, declínio e morte (compulsiva) – acompanha e reflecte, durante quase uma décadas a sorte do proletariado português na fase de deterioração mortal da I República. Subordinada a uma ideologia específica – o sindicalismo revolucionário –, A Batalha não foi solidária, ou raramente foi solidária, do regime que entendia ser a expressão política do principal inimigo: a democracia burguesa. Mas apenas um ano sobreviveu o jornal operário à I República.

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Teófilo Braga

e a Lenda do Crisfal

 

Delfim Guimarães

 

 

Editora Guimarães, 1909

 

 

 

 

Razão de ser deste livro:

 

Quando em Maio de 1908 tornamos pública a conclusão a que havíamos chegado de ser Crisfal um pseudónimo do autor da Menina e moça, como procurámos demonstrar no volume recentemente dado a estampa: Bernardim Ribeiro (O Poeta Crisfal) tínhamos o convencimento pleno de que seria bem acolhida por quantos se interessam pelo estudo da nossa História literária, com excepção apenas do Sr. Dr. Teófilo Braga. O laureado professor do Curso Superior de Letras não perdoa a quem quer que seja que ouse discordar de suas sentenças, nem vê com bons olhos que outros, que não S. Exa., encarem problemas que se prendam com a História da literatura portuguesa.

 

E neste caso do Poeta Crisfal, o sr. dr. Teófilo Braga não desejava que ninguém bulisse, pelo motivo que teremos ocasião do apontar no decurso deste livro.

 

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Quarta-feira, 22 de Junho de 2011

A República nos livros de ontem nos livros de hoje - CLXXXIV, por José Brandão

 

Suicídios Famosos em Portugal

 

José Brandão

 

Europress, 2007

 

As histórias dos suicídios aqui apresentadas são apenas uma parte de tantas outras que ocorreram durante esse período que medeia entre o início da segunda metade do século XIX e vai até aos anos Trinta do século XX.

 

São figuras que se destacaram nos diversos campos da vida nacional e que optaram por pôr termo à vida recorrendo ao suicídio.

 

Apresentadas em dois blocos, em que o primeiro, de José Fontana a Florbela Espanca, contem exposição mais detalhada de cada uma das histórias, esta relação de 17 suicidas famosos ocupa a maior parte deste trabalho.

 

O segundo bloco, que começa em 1856 e se estende até 1934, resume-se a pequenas notas de cada uma das 30 ocorrência expostas.

 

São pois, um total de 47 vultos envolvidos num final de vida que é comum a todos eles.

 

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Terça-feira, 21 de Junho de 2011

A República nos livros de ontem nos livros de hoje - CLXXXII e CLXIII, por José Brandão

A Sinfonia da Morte

 

 

Carlos Loures

 

Âncora Editora, 2008

 

 

A Sinfonia da Morte , terceiro romance do autor, utilizando como pano de fundo o tema do Regicídio de 1908 e a escaldante situação política em Portugal na primeira década do século XX, traça-nos uma interessante trama ficcionística, onde são colocadas questões eternas, tais como a existência ou a inexistência de Deus, a prevalência (ou não) do amor sobre os interesses materiais, a vitória ou a derrota da bondade na sua luta contra a ferocidade que o homem herdou da sua condição animal. Esta obra é uma co-edição com as Edições Colibri.

 

Carlos Loures nasceu em 1937 em Lisboa. Entre 1958 e 1960, foi um dos organizadores da Revista Pirâmide, na qual colaboraram numerosos escritores. Com Manuel Simões, organizou uma série de antologias temáticas de poetas portugueses. Talvez um Grito (1985) e A Mão Incendiada (1995), são as suas anteriores incursões no território da ficção.

 

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A Situação Política

 

Alfredo Pimenta

 

Lisboa, 1918

 

 

…como o regímen republicano que é diferente da pessoa do sr. Sidónio Pais, não merece confiança á Nação, esta, nas eleições de 28 de Abril, manifestando-se como se manifestou, deu provas evidentes do seu sentir monárquico, cercando os deputados e senadores, monárquicos de uma votação bem significativa.

 

A situação politica só se esclarecerá definitivamente no dia em que a Nação puder responder livremente á pergunta que se lhe faça sobre as instituições politicas que prefere. Por ora, sabemos isto apenas: a Nação é conservadora, e aclama quem lhe garantir, eficazmente e honradamente, o princípio da Autoridade. Nada mais.

 

l0 de Maio de 1918.

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Segunda-feira, 20 de Junho de 2011

A República nos livros de ontem nos livros de hoje - CLXXX e CLXXXI, por José Brandão

O Sindicalismo em Portugal

 

Manuel Joaquim de Sousa

 

Afrontamento, 1976

 

História do movimento sindical em Portugal desde os primórdios das velhas associações de classe até ao ano de 1926, escrita por esse notável militante anarco-sindicalista que foi Manuel Joaquim de Sousa secretário-geral da Confederação Geral do Trabalho e redactor principal d'A Batalha, então o terceiro jornal diário mais vendido no país! Esta edição conta com prefácio e notas de Emídio Santana.

 

 

 

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Os Sindicatos Operários e a República Burguesa (1910-1926)

 

David de Carvalho

 

Seara Nova, 1977

 

Este livro é a crónica dum tempo que de longe e do perto vivi, senti e observei, na infância e não menos na adolescência, desde uma idade em que os meninos só convivem com brinquedos, brinquedos que não tive e tive de improvisar, num tempo longo em que tudo me foi adverso e todas as coisas me atiraram para melancólicas reflexões sobre essas mesmas coisas do mundo que eu apenas pressentia e ninguém me sabia explicar; assim não pude compreender a razão da injustiça que feria tantos e tantos mocinhos como eu era então. E aqui está por que gostaria de dedicar o meu livro a tantos outros mocinhos, que o são hoje como o fui há mais do meio século, que me deixam ver que sofrem amarguras, decepções e frustrações como aquelas que sofri, mau grado tanto tempo andado e tanta coisa acontecida.

 

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Domingo, 19 de Junho de 2011

A República nos livros de ontem nos livros de hoje - CLXXVIII e CLXXIX, por José Brandão

Sidónio Pais

 

Ídolo e Mártir da República

 

Rocha Martins

 

Bonecos Rebeldes, 2008

 

Na redacção da Luta, pelas noites quentes de Agosto, o senhor Brito Camacho jogava o bluff no jardim coberto, e pela sua frente, em cumprimentos respeitosos, passavam oficiais, de todas as Armas, alguns fardados, que iam conspirar com Sidónio Pais. O chefe unionista, fingindo-se atento às cartas, enviesava o olhar para essa gente nova que chegava, cheia de fé, e num furor mal contido contra o Governo democrático.

 

Desde 1913 que se amontoavam revoltas, se excitavam ânimos, se soltavam cóleras, se faziam envolvimentos, de todos os partidos, sempre fracassados, o que enchia de orgulhosa força os detentores do Poder e os fazia aguardar, desdenhosos e audazes, as explosões da rua, para as dominar aumentando o seu prestígio.

 

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O Sidonismo e o Movimento Operário Português

 

António José Telo

 

Ulmeiro, 1977

 

É inútil realçar a importância dos anos de 1917-1919 a nível da história mundial. Já na história portuguesa, contudo, a sua importância é geralmente desprezada, apesar de os acontecimentos então vividos terem então marcado profundamente todo o século XX português.

 

Em Dezembro de 1917, Sidónio Pais, oficial do exército praticamente desconhecido, é levado por um golpe militar vitorioso ao lugar cimeiro da política portuguesa, apoiado num amplo bloco de classes possuidoras, e mesmo no proletariado durante os primeiros meses. O que parecia ser mais um vulgar golpe militar não tarda muito em transformar-se numa experiência politica única e insólita em Portugal e mesmo no mundo, cujo total alcance só poderia ser compreendido a posteriori.

 

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Sábado, 18 de Junho de 2011

A República nos livros de ontem nos livros de hoje - CLXXVI e CLXXVII, por José Brandão

Sidónio

 

(Contribuição para a história do presidencialismo)

 

José Brandão

 

Perspectivas & Realidades, 1983

 

«Súcia de imbecis que somos (perdoem que o diga), súcia de feiticistas das palavras a quem as palavras bastam, súcia de adoradores do Verbo que se não fez carne nem peixe mas que se pode fazer peixe-espada, súcia de escravos vis sobre que os aventureiros trepam, às escaladas inconfessáveis e às torpezas sem nome!» (Raul Proença, Março de 1924).

 

Vale a pena começar qualquer livro com as palavras de um homem como Raul Proença.

 

Se o que Proença diz em 1924 tem ou não alguma coisa a ver com o momento presente, é problema que não se torna obrigatória e muito menos vital para a leitura do livro que está agora a ser apresentado.

 

Nele se pretende falar do Sidónio Pais de 1918 sem que isso signifique qualquer desprendimento em relação ao presente.

 

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O Dr. Sidónio Pais e a República Nova

 

1910-1918

 

 

Sérgio Gouveia

 

 

Lisboa, 1918

 

 

 

Depois da extraordinária manifestação que lhe fez a população de Caminha – sua terra natal – e ainda após os estrondosos aplausos de que foi alvo por parte do povo e da Academia de Coimbra, regressou o sr. dr. Sidónio Pais a Lisboa, e então a recepção que lhe foi feita, tocou as raias do delírio, ascendendo até ao deslumbramento de uma verdadeira apoteose, destas que não esquecem mais e que profundamente devem ter calado no ânimo de S. Ex.ª, dando-lhe a mais nítida impressão de que o país está com ele e nele vê a figura predominante da redenção da Pátria saturada de desmandos, de tiranias e de crueldades sem nome.

 

 

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Sexta-feira, 17 de Junho de 2011

A República nos livros de ontem nos livros de hoje - CLXXIV e CLXXV, por José Brandão

O Segundo Governo de Afonso Costa

 

(1915-1916)

 

A. H. de Oliveira Marques

 

Publicações Europa-América, 1974

 

Depois do movimento revolucionário de 14 de Maio de 1915 e do Governo de concentração que se lhe seguiu, era lógico e constitucional que o Partido Democrático tornasse conta do Poder. Vitorioso como saíra das eleições de Junho desse ano, onde conquistara maioria absoluta em ambas as Câmaras do Congresso, tendo feito eleger presidente da República o seu candidato preferido, Bernardino Machado, dispunha dos trunfos essenciais para impor a sua soberania indiscutível e assegurar estabilidade à Nação. Afonso Costa era o seu dirigente máximo. E só a queda grave que deu de um eléctrico, em começos de Julho, e o pôs às portas da morte, impediu a transmissão rápida do Poder àquele chefe democrático e à sua equipa ministerial. José de Castro, presidente do Ministério malgré lui desde Maio, foi forçado a governar durante todo o Verão e parte do Outono, até Afonso Costa se considerar completamente restabelecido.

 

 

 

Servidor de Reis e de Presidentes


Vital Fontes

 

Lisboa, 1945

 

Quem melhor conhece os grandes homens é aquele que os serviu na intimidade, que os viu tal como andam por casa, em pantufas, por assim dizer. E Vital Fontes viveu assim na corte real e nos palácios da República, e conheceu assim os últimos reis e os presidentes, e os seus familiares, e os seus ministros.

 

Acedeu, mas pôs uma condição: de que não agravaríamos aqueles de quem nos falasse, e de que tudo contaríamos tal qual ele os serviu: respeitosamente.

 

Aceitámos, porque assim deve ser para que as suas memórias tenham o cunho da sua personalidade, simples como a sua vida simples, há 50 anos, numa casinha da qual não pagava renda no tempo da Monarquia, para estar perto do Palácio da Ajuda, com uma nesga de horta que ele próprio cultiva. Já reformado, mas ainda direito e aprumado, ali vive entre retratos que os seus senhores lhe ofereceram …

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Quinta-feira, 16 de Junho de 2011

A República nos livros de ontem nos livros de hoje - CLXXII e CLXXIII, por José Brandão

Sarmento Pimentel ou a Geração Traída

 

Norberto Lopes

 

Editorial Aster, 1976

 

Estes «Diálogos» com o autor das «Memórias do Capitão», para quem se tenha iniciado a lê-las em volume, produzem o efeito destas rotundas de parques escolhidos como ponto ideal para o visitante ouvir os rítmicos desdobramentos do «eco.

 

Recapitulam connosco os passos capitais da carreira do memorialista homem de armas, paralela às lides cívicas em que se viu envolvido e a que por temperamento respondeu sempre favoravelmente. 1910, 1914, 1919. 1927, ... Proclamação da República, campanha do Sul de Angola, derrota da Monarquia do Norte, ataque à ditadura saída do 28 de Maio... outras tantas gestas da longa jornada política de um homem que nunca ambicionou o Poder, mas que não consentia que ele fosse a presa dos leões de fáceis césares ou dos lobos de falsos democratas negaceando no povoado com samarras de cordeiro.

 

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Seara Nova – Antologia

 

Volumes

 

Sottomayor Cardia (Organização)

 

Seara Nova, 1972

 

O lançamento da Seara Nova em 1921 foi basicamente, obra de três grandes figuras intelectuais: Jaime Cortesão, Raul Proença e Luís da Câmara Reys.

 

Director da Biblioteca Nacional, Cortesão era já figura de larga projecção literária e política.

 

A sua primeira intervenção política de certa importância parece ter ocorrido em 1908, nos primeiros dias de Fevereiro. Preparava-se a revolução republicana no Porto; colhidos de surpresa pelo regicídio, os dirigentes decidiram adiá-la para evitar confusões entre a instauração da República, que tinham por objectivo, e o atentado, a que eram estranhos. Em nome dos revolucionários do Porto, foi Jaime Cortesão incumbido de se deslocar a Lisboa, onde procurou Bernardino Machado, que lhe deu parecer desfavorável à ideia de uma revolução imediata.

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