Sobre a grande fraude
1. Crise da dívida: os credores privados ganham vantagem
Abandono do estatuto “prioritário” do Mecanismo Europeu de Estabilidade, aumento das capacidades de empréstimos da UE, compromisso voluntário dos credores para com a Grécia… o horizonte parece esclarecer-se para os investidores privados.
Isabelle COUET
Quem, investidor privado ou contribuinte será o que mais vai pagar na crise da dívida europeia? Recentemente, os acontecimentos parecem dar vantagem ao sector privado, ou seja, essencialmente aos bancos. O presidente do Eurogrupo surpreendeu os operadores de mercado, segunda-feira, declarando que o futuro Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) - o veículo de financiamento que nascerá em 2013 - não terá nenhum estatuto prioritário (“divisão entre credores séniores e juniores”) no caso da Grécia, de Portugal e da Irlanda. Em suma, se um destes países viesse a entrar em incumprimento , o mecanismo, que lhe emprestou os fundos não será çprioritariamente reembolsado mas será colocado em situação de igualdade com os detentores privados de empréstimos ao Estado.
Trata-se de uma viragem importante em relação a Março passado. O ministro das Finanças irlandês não deixou de se congratular. Com efeito, a retirada desta cláusula deverá tornar mais atractivas junto dos investidores as futuras emissões de dívida irlandesa, anunciadas para o fim de 2012. “Esta decisão, combinada com o aumento dos meios do Fundo de Estabilidade (FEEF) é um passo para uma união fiscal”,análisa a equipa de Deutsche Bank.
Reforçando as capacidades de intervenção dos veículos de financiamento europeus (440 mil milhões de euros para o FEEF e de 500 mil milhões para o MEE a partir de 2013), aumenta-se além disso a exposição potencial dos contribuintes europeus aos países periféricos. A equipa de ING sublinha que o FEEF, se devesse desembolsar a totalidade dos 440 mil milhões de euros para apoiar os Estados, seria obrigado a levantar ele mesmo 780 mil milhões de euros, tendo em conta o seu sistema “de sobregarantias”. “Para se ter uma ideia, o valor da dívida obrigacionista da Alemanha situa-se actualmente em redor de 840 mil milhões de euros; o FEEF pode por conseguinte tornar-se um dos principais emissores europeus se se vai até aos seus limites”,sublinha Padhraic Garvey, de ING.
A gestão da crise grega parece também orientar-se para uma saída mais favorável para os credores privados. Se esta se confirma, “a iniciativa de Viena” sobre uma base voluntária é solução mais satisfatória para os investidores: os que aceitarão reinvestirão simplesmente os montantes de dívida quando chegada à maturidade em novas obrigações gregas. Apesar deste compromisso do sector privado, é provável que o montante de dívida nas mãos dos investidores vai, nos próximos anos, diminuir em proveito dos empréstimos da União Europeia, tanto quanto a UE e o FMI está em vias de fixar um segundo plano de salvamento da Grécia. O círculo de reflexão britânico Open Europe calculou que, através deeste novo plano de ajuda, a parte de dívida grega nas mãos dos contribuintes estrangeiros (via UE, Banco Central Europeu e o FMI) passará de 26% para 64% em 2014. « Isto significa afirmar que a exposição de cada lar da zona euro vai passar de 535 euros hoje à 1.450 euros ”, dizem-nos.
O debate vai ganhar nova amplitude
Berlim, que não deixou de querer fazer participar o sector privado de maneira substancial , que vai deixar fazer? Apesar das críticas de vários partidos, a chanceler apresentava ontem um espírito de solidariedade. “ Devemos ajudar a Grécia a tornar-se mais competitiva e a reduzir a sua dívida”, declarou Angela Merkel, apelando ao mesmo chamando a Atenas para continuar a fazer esforços. O argumento desenvolvido pelos detractores de uma implicação dos credores privados pode de resto ser entendido pelos Alemães: de acordo com estes, não se deve fragilizar os bancos. Em síntese, tudo isto correria o risco de custar caro aos contribuintes.
Em todo o caso, o debate tem tempo de ganhar uma outra dimensão. De acordo com a Reuters, o ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, anunciou que a ratificação do Mecanismo de Estabilidade seria apenas feita no final do ano
ISABELLE COUET
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