Segunda-feira, 13 de Dezembro de 2010
Líder do BCP ( o tal amigo do governo que transitou da Caixa Geral de Depósitos mais o camarada Vara) propôs dar aos EUA informações sobre finanças do Irão.( Público).
Estratégia de Carlos Santos Ferreira para poder negociar com Teerão. Sócrates autorizou repatriamentos via Lajes. (Público)Tudo para que os negócios corressem de feição, "estás a ver eu dou-te informações financeiras sobres os malandros e tu não te importas que eu os encha de dinheiro, estás a ver ò Obama!" nada para centrifugadoras, nós , o BCP que somos o orgulho do governo de Portugal passamos a ser os "olhos e os ouvidos" dos US, ali, no "olho do furacão" onde se joga o fim do planeta!
Porra! estou comovido, o patriotismo engasga-me! Mas os que têm apoiado o rapaz da Wikileaks percebem, agora, porque nada deveria ter sido revelado? Sócrates no Parlamento negou "veementemente" ter alguma vez recebido pedidos dos US para sobrevoo do nosso espaço aéreo ou para aterragem na base das Lages de aviões que se destinassem ao transporte ou à transferência de prisioneiros. E agora?
Mentir a bem dos negócios, afinal não é assim, em segredo, que se fazem negócios? Ou o BCP e Sócrates andariam para aí a armar que se dão com os grandes do mundo, dão não, controlam os grandes do mundo, dizendo a verdade na praça pública? E Cavaco, lixado por não ter sido recebido por Bush, não pôde dar-lhe uma lição de finanças públicas que teria colocado os US no bom caminho?
As visitas ao amigo Chavez foram devidamente corrigidas ,privadamente, por críticas duras "ombre porque não te calas?" eu logo vi que tal portento não podia ser criação de Juan, tinha que andar por ali o dedo dos nossos maiores, estes responsáveis que se afadigam com os problemas "globalmente" e não com as misérias deste cantinho que não os merece.
Quem já assegurou o registo do nome numa qualquer avenida, é Luis Amado , reflectido, verdadeiro amigo dos US, equilibrado, procura sempre coordenar os interesses de Portugal com os do US, exactamente o que faz o BCP e Sócrates ( não percebo o registo individual) e se há dúvidas "prefere discuti-las discretamente" ( na Porcalhota é assim que nos safamos quando dizemos sim a tudo numa discussão).
Quem andava receoso com um possível ataque ao direito de informar e à liberdade de expressão já ficou a saber , não temos que saber nada, os nossos são "tu cá, tu lá" com os donos do mundo, isto está entregue a quem sabe.
Estadistas!
Quarta-feira, 24 de Novembro de 2010
Luis Moreira
A Rússia juntou-se à NATO (embora a desoras o que nestas coisas tem sempre significado), ficaram de fora a China da mão de obra baratinha para os produtos das multicionais, e o Irão e aqueles países ali à volta.
O Presidente dos US veio cá dizer que não está nada a virar-se para o pacífico, a UE continua a ser o seu grande aliado, e com os países da antiga URSS aí a bater à porta há que dar todas as garantias que estão protegidos do Urso de Leste.
Este executa a política mais velha de sempre " se não os vences junta-te a eles" e vai ajudando o Irão com o enriquecimento do urânio, para efeitos pacíficos e científicos, evidentemente.
A Nato, sem inimigo que se veja não tem coragem de se desmantelar, mas vai reduzir a dimensão, enquanto o Ocidente tem à perna o Afeganistão. A crise faz soar o alarme no Orçamento dos US e grande parte do seu gigantesco déficit vem das tropas que estão estacionadas no exterior.
Há, pois, que levar a UE a reforçar o esforço militar para ter sobras que lhe permitam, aos US, entender-se com os países que estão aí cheios de força e que ameaçam a sua hegemonia. É tão bom mostrar aos europeus que essa coisa do "chapéu de chuva" americano tem que ser pago.
Os atentados terroristas e as ameaças cibernéticas (?) dão nova força à NATO, nascida defensiva, mas no estado actual das coisas, como se viu no Iraque, vira ofensiva em menos de um fósforo, nem precisa de ter o acordo dos parceiros, a não ser os mordomos que sempre aparecem para a fotografia, como aconteceu nos Açores.
Neste mundo global e multiplural creio que seria bem pior não haver uma força que seja bem superior a todas as outras, sob pena de ninguem se entender. Depois do Pacto de Varsóvia, o mundo ficou mais perigoso, havia um equilíbrio que se desfez. O pior de tudo seria não haver equilíbrio nenhum, mesmo que isso represente a hegemonia de uma das partes.
O que seria de um mundo em que a força caísse nas mãos de todo e qualquer um que, a qualquer momento, lança-se a humanidade no terror de uma terra sem lei? Não gostamos, é a força?
A NATO é uma espécie de polícia do mundo que chamamos quando vemos a casa assaltada!
Sábado, 2 de Outubro de 2010

Está ocorrendo na Palestina o mais recente e brutal massacre do povo palestino cometido pelas forças ocupantes de Israel com a cumplicidade do Ocidente, uma cumplicidade feita de silêncio, hipocrisia e manipulação grotesca da informação, que trivializa o horror e o sofrimento injusto e transforma ocupantes em ocupados, agressores em vítimas, provocação ofensiva em legítima defesa.
As razões próximas, apesar de omitidas pelos meios de comunicação ocidentais, são conhecidas. Em novembro passado a aviação israelense bombardeou a faixa de Gaza em violação das tréguas, o Hamas propôs a renegociação do controle dos acessos à faixa de Gaza, Israel recusou e tudo começou. Esta provocação premeditada teve objetivos de política interna e internacional bem definidos: recuperação eleitoral de uma coligação em risco; exército sedento de vingar a derrota do Líbano; vazio da transição política nos EUA e a necessidade de criar um facto consumado antes da investidura do presidente Obama. Tudo isto é óbvio mas não nos permite entender o ininteligível: o sacrifício de uma população civil inocente mediante a prática de crimes de guerra e de crimes contra a humanidade cometidos com a certeza da impunidade.
É preciso recuar no tempo. Não ao tempo longínquo da bíblia hebraica, o mais violento e sangrento livro alguma vez escrito. Basta recuar sessenta anos, à data da criação do Estado de Israel. Nas condições em que foi criado e depois apoiado pelo Ocidente, o Estado de Israel é o mais recente (certamente não o último) ato colonial da Europa. De um dia para o outro, 750.000 palestinos foram expulsos das suas terras ancestrais e condenados a uma ocupação sangrenta e racista para que a Europa expiasse o crime hediondo do Holocausto contra o povo judeu.
Uma leitura atenta dos textos dos sionistas fundadores do Estado de Israel revela tudo aquilo que o Ocidente hipocritamente ainda hoje finge desconhecer: a criação de Israel é um ato de ocupação e como tal terá de enfrentar para sempre a resistência dos ocupados; não haverá nunca paz, qualquer apaziguamento será sempre aparente, uma armadilha a ser desarmada (daí, que a seguir a cada tratado de paz se tenha de seguir um ato de violação que a desminta); para consolidar a ocupação, o povo judeu tem de se afirmar como um povo superior condenado a viver rodeado de povos racialmente inferiores, mesmo que isso contradiga a evidência de que árabes e judeus são todos povos semitas; com raças inferiores só é possível um relacionamento de tipo colonial, pelo que a solução dos dois Estados é impensável; em vez dela, a solução é a do apartheid, tanto na região, como no interior de Israel (daí, os colonatos e o tratamento dos árabes israelenses como cidadãos de segunda classe); a guerra é infinita e a solução final poderá implicar o extermínio de uma das partes, certamente a mais fraca.
O que se passou nos últimos sessenta anos confirma tudo isto mas vai muito para além disto. Nas duas últimas décadas, Israel procurou, com êxito, sequestrar a política norte-americana na região, servindo-se para isso do lobby judaico, dos neoconservadores e, como sempre, da corrupção dos líderes políticos árabes, reféns do petróleo e da ajuda financeira norte-americana. A guerra do Iraque foi uma antecipação de Gaza: a lógica é a mesma, as operações são as mesmas, a desproporção da violência é a mesma; até as imagens são as mesmas, sendo também de prever que o resultado seja o mesmo. E não se foi mais longe porque Bush, entretanto, se debilitou. Não pediram os israelenses autorização aos EUA para bombardear as instalações nucleares do Irã?
É hoje evidente que o verdadeiro objetivo de Israel, a solução final, é o extermínio do povo palestino. Terão os israelenses a noção de que a shoah com que o seu vice-ministro da defesa ameaçou os palestinianos poderá vir a vitimá-los também? Não temerão que muitos dos que defenderam a criação do Estado de Israel hoje se perguntem se nestas condições - e repito, nestas condições - o Estado de Israel tem direito de existir?
(in Carta Maior 12-01-2009)
Segunda-feira, 13 de Setembro de 2010
Carlos LouresFidel Castro foi, na semana que ontem terminou, entrevistado por Jeffrey Goldberg, um jornalista norte-americano ligado à especialista e em Relações Exteriores, Julia Sweig. Foi uma longa entrevista, durante a qual se abordaram temas como o conflito israelo-árabe e a tensão entre os Estados Unidos e o Irão. Fidel parece ter encetado um processo de autocrítica – depois de ter reconhecido, em declarações anteriores, o exagero da sua política persecutória relativamente aos homossexuais, admitiu perante Goldberg que o modelo cubano não serve para exportação, porque nem sequer em Cuba funciona. O Carlos Antunes, em texto que aqui publicou no Sábado, já se referiu a este tema. Esta extraordinária afirmação de Castro, veio lembrar-me o fervor e o entusiasmo com que, no início dos anos 60, nós seguíamos as suas vibrantes intervenções.
Mas, quando em 1962, na sequência da chamada «crise dos mísseis», para se proteger dos Estados Unidos, Cuba foi forçada a transformar-se num satélite da União Soviética, ao fascínio seguiu-se uma profunda desilusão. Porém, aqueles primeiros três anos da Revolução Cubana, tal como os 18 meses da nossa Revolução dos Cravos, foram algo que marcou os jovens daquela época. Não escapei à regra. Ouvir o verbo emocionado e emocionante de Fidel, lendo na Praça da Revolução, as declarações de Havana, particularmente a segunda, era arrepiante. É sob a emoção dessas recordações que escrevo este texto.
.Embora a admiração pela Revolução Cubana há muito tivesse morrido, era um projecto meu visitar Cuba, como quem revisita a juventude e algumas das ilusões perdidas (porque há outras que nunca se perdem e é isso que nos mantém vivos). Há poucos anos atrás, com a minha mulher e um casal amigo (o Gomes Marques e a Célia) metemos mãos à obra. As agências só ofereciam pacotes inaceitáveis – três dias em Havana e quatro em Varadero. Mas nós íamos lá fazer uma viagem de doze horas, atravessar o Atlântico para ir à praia, com a Caparica e as praias da linha aqui tão perto? Mas acabámos por descobrir uma alternativa aos pacotes usuais. Uma boa alternativa que agora vejo que já está mais divulgada. Um carro de aluguer à nossa espera no aeroporto de Havana, hotéis reservados por um itinerário escolhido por nós, a começar e a acabar na capital – Havana, Matanzas, Cienfuegos, Sancti Spíritus, Camagüey, Ciego de Ávila, Santiago de Cuba, Trinidad, Santa Clara, Havana… Tudo por um preço razoável, pouco acima do que custavam os tais pacotes. Durante duas semanas percorremos quase quatro mil quilómetros, vimos o que queríamos, sem guias turísticos a incomodar-nos. E lá fomos à Baía dos Porcos, ao Quartel de Moncada, à Sierra Maestra, ao museu da Revolução, a todos os lugares de culto. Visitámos Havana em pormenor, fomos aos locais frequentados por Hemingway, e até almoçámos em Varadero. Varadero é um local de veraneio, sem nada de especial (a não ser o mar maravilhoso das Caraíbas) – Hotéis, edifícios de apartamentos, etc. Nada, nesse aspecto, que Vilamoura ou Torre Molinos não tenham – tal como pensávamos, não se justifica ir tão longe. Mas o nosso itinerário foi uma maravilha.
Falámos com muita gente. Pudemos verificar que, apesar de algum medo à repressão que inegavelmente existe, as pessoas falaram connosco com à-vontade. Encontrámos mais descontentes nas grandes cidades, Havana e Santiago, principalmente. As condições de vida são constrangedoras. Racionamento dos bens mais elementares – lâminas de barbear, pensos higiénicos, géneros de primeira necessidade, arroz, ovos, leite, tudo é racionado. As casas de Havana, algumas lindíssimas, estão em ruínas. O turismo é uma das saídas. Cozinha-se em casa para os turistas. São os chamados «paladares», alternativas aos restaurantes. Combina-se previamente, escolhe-se a ementa e à hora combinada lá temos a mesa posta e anfitriões dispostos a deixar-nos sós ou a conversarem connosco, como preferirmos. Pelas ruas andam pessoas das mais diversas idades a cooptar clientes para os paladares. Em Ciego de Ávila um professor universitário de avançada idade andava nesta tarefa, recitando-nos de memória poemas de Nicolás Guillén. Para não falar da prostituição, mais ou menos encoberta, que pessoas normalíssimas, qualificadas, quase todas com cursos superiores, se vêem obrigadas a praticar para completar ordenados baixíssimos. A prostituição em Cuba é, de uma maneira geral, uma forma desesperada de sobrevivência.
Nos campos, sobretudo em granjas colectivas, encontrámos mais adeptos do regime, gente saudando-se de punho cerrado. Também é verdade que nos campos a vida não é tão difícil, pois os bens alimentares essenciais são ali produzidos e, portanto, escasseiam menos. Porém, numa coisa todos estão irmanados, fidelistas, antifidelistas: no ódio aos Estados Unidos. Mesmo os opositores ao regime, têm consciência de que sem o bloqueio norte-americano, o povo não sofreria tanto. É evidente que o bloqueio tem perpetuado a ditadura e impedido o advento da democracia. Toda a gente sabe isso. Só a CIA e a Casa Branca se obstinam em não o reconhecer. E Obama, que parece ser mais inteligente do que a generalidade dos antecessores, poderá, mesmo que queira, contrariar a CIA e os falcões do Pentágono? As recentes declarações de Fidel, reconhecendo erros, constituem metade da ponte. Será que o presidente norte-americano terá margem de manobra para construir a outra metade?
Quinta-feira, 19 de Agosto de 2010
Carlos GodinhoA propósito da situação que o excelente jogador iraniano Ali Karimi está a viver no no seu país, não resisto em contar uma história recambolesca passada com a selecção nacional em 2006, que não foi do domínio público. A selecção ia jogar em Frankfurt com o Irão, o seu segundo jogo da fase de grupos. Desde há meses que a FIFA nos tinha indicado o nosso hotel nessa cidade e já estava tudo organizado ao pormenor. Salas de reuniões, de refeições, de lazer, quartos, acessos controlados aos locais privados, enfim, um rol imenso de requisitos aprovados com a segurança da FIFA, com a nossa polícia e com a organização local.
Dias antes da nossa chegada, recebo uma chamada preocupante do departamento de alojamentos da FIFA, informando-me que no mesmo local se iria instalar o Vice-Presidente do Irão, com um número impressionante de acompanhantes, sobretudo de seguranças, que naturalmente iriam condicionar todas as nossas movimentações dentro do hotel. Informei a FIFA do seguinte, ou nós, ou o Vice-Presidente do Irão e o seu séquito. Tremenda confusão que envolveu o embaixador desse país, quadros superiores da instituição mundial do futebol, toda a espécie de diplomatas e directores do hotel. Sempre com a ameaça em cima da mesa e não havendo solução à vista, dissemos que não aceitaríamos qualquer tipo de restrições nas nossas áreas, nomeadamente de controlo de metais, cães, etc., etc. Finalmente, e já em Frankfurt, preparados para a confusão que se iria gerar com os políticos e os seguranças, houve o bom senso das autoridades iranianas em trocarem de hotel à última hora, evitando um enorme problema, para eles, para nós...e para a FIFA. Aí tiveram uma atitude correcta que muitas vezes não têm perante outros casos, como este de Ali Karimi.