O centralismo, longe das populações e das suas reais necessidades, enterra dinheiro em obras de fachada que só servem para dar trabalho às empresas amigas e ganhar , circunstancialmente, mais uns votos.
Um investimento de um milhão de euros numa escola para fechar aqui, mais uma auto-estrada sem carros ali, um hospital (vários) não necessário acolá, e a despesa em investimentos públicos sem retorno acumula-se num fartar vilanagem que explica muito a situação em que estamos como nação. Hospitais, embora se continuem a construir em parcerias públicas privadas, há vários para fechar.
Regionalizar, é um passo importantíssimo, no sentido de haver uma maior sensibilidade das reais necessidades das regiões que só a proximidade trás juntamente com uma maior responsabilidade. Quem comete erros desta envergadura , com a descentralização, passa a ter rosto .Construir escolas onde não há alunos em vez de investir em actividades económicas que criem emprego e, dessa forma, fixar população nas regiões do interior, é o resultado de políticas erróneas e que reforçam a desertificação.
É necessário democratizar o investimento público entregando uma boa parte aos poderes regionais.
“Em Portugal, 90 por cento das receitas do Estado são geridas pela Administração Central, que continua a concentrar o investimento no litoral e nas grandes áreas metropolitanas”, criticou Rui Solheiro, Presidente da Associação de Autarcas Socialistas.
(Continuação)
2. Sobre o que são os Hedge funds
O que são hedge funds?
Os hedge funds são clubes fechados, secretos, de investidores ultra-ricos e normalmente com mais de 100 membros.
Com o pretexto de que são associações de agentes privados (não são empresas públicas) e que os seus sócios, são todos super-ricos (o mínimo de investimento é geralmente situado entre um e dois milhões de dólares), não têm sido objecto de regulação pelas autoridades financeiras. Por outras palavras, não foram obrigados a divulgar os seus activos ou as suas actividades. Em todo o caso, muitos deles estão registados em paraísos fiscais (Quantum Fund de Soros está registado em Curaçao, nas Antilhas Holandesas). Recentemente, entretanto, têm sido tomadas medidas, em especial nos Estados Unidos, para que estes fundos sejam objecto de regulamentação.
Originalmente, os hedge funds eram suposto serem veículos relativamente seguros de investimento e com alta taxa de rendimento. Alfred Winslow Jones, que criou o primeiro hedge fund em 1949, desenvolveu a técnica de cobertura "hedging" (como 'hedge your bets "). Para cada acção que tenha comprado, uma posição longa, ou seja a manter um título por um período de tempo na hipótese de que o seu preço venha a subir), vendia igualmente uma outra similar à vista, dita posição "curta" ou posição a descoberto. "Short selling" significa que são títulos tomados de empréstimo (geralmente a corretores, com pagamento de juros) e vendidos rapidamente com a ideia de que o seu preço cairá - levando a que o hedge fund os venha a comprar depois, a mais baixo valor e a devolvê-los pois a quem lhos tinha emprestado e obtendo assim lucro. A ideia é que o hedge fund pode ganhar sempre quer os títulos subam ou desçam. Os hedge funds têm conseguido elevados lucros através da especulação sobre, activos concentrados em alvos específicos dos mercados financeiros, procurando identificar onde há "anomalias" (por exemplo, acções "sub-avaliadas" para comprar, a posição "longa" ou acções "sobre-valorizadas" s para vender, logo em posição "curta"). Mas estas anomalias, podem elas mesmo serem assim criadas na base dos rumores. Os hedge funds também exploram as diferenças de preços entre os diferentes mercados regionais.
O lucro por transacção só pode ser marginal. Mas Jones usou o efeito "alavanca" para ampliar os lucros. Isso significa a necessidade e a possibilidade de obter grandes somas nos bancos para permitir que o hedge fund possa comprar e vender em grande escala - a actividade que pode assim influenciar as flutuações nos preços das acções em benefício dos fundos especulativos. Em vez de serem seguros, tanto a venda a descoberta, short selling, como o efeito de alavancagem são estratégias de alto risco.
Os hedge funds estão hoje a usar a venda a descoberto como a principal táctica de a ser utilizada. Ao mesmo tempo, estes fundos têm a sua actividade especulativa sobre acções cada vez mais diversificada em todos as zonas do mercado capitalista internacional: junk bonds (títulos de alto rendimento, obrigações de empresas de alto risco), commodities, moedas, fusões e aquisições (aquisições de empresas), etc.
Oferecendo altas rentabilidades, os hedge funds foram capazes de atrair um número crescente de investidores ultra-ricos, apesar dos riscos envolvidos. "Ao longo da última década, os hedge funds têm conseguido dar aos seus membros uma taxa de rentabilidade quase quatro vezes maiores do que a dos mercados de capital”. (International Herald Tribune, Setembro de 2004). Os investidores têm de tomar uma posição inicial de pelo menos entre 1 a 2 milhões de dólares. Gestores de hedge funds cobram normalmente uma comissão de 2% (em comparação com uma média de 1,36% para os fundos mútuos nos Estados Unidos e também cobrar uma "taxa de resultado" entre 15 a 20 por cento dos lucros. Alguns gestores de hedge funds fizeram fortunas fabulosas ricos com os seus próprios investimentos e com os ganhos da sua gestão. Soros, por exemplo, estima-se que têm uma fortuna pessoal de mais de 11 mil milhões de dólares.
Não é só os gestores de hedge funds, no entanto, que obtêm gigantescos rendimentos com as actividades dos fundos. Os bancos de investimento que trabalham com os fundos especulativos também obtêm enormes quantidades de dinheiro com as suas comissões e encargos. " É tal a voracidade dos " hedge funds" que os reguladores estimam que alguns bancos de investimento estão a gerar cerca de 40% do total das suas receitas através das comissões cobradas aos hedge funds ". (The Times, 8 de Novembro de 2004).
(Continua)
(Enviado por Júlio Marques Mota)
Há algo de surpreendente no actual debate sobre a situação económica. Todo o mundo admite que há crise. O debate incide apenas sobre o problema de se saber se já se atingiu o fundo e assenta depois em torno do provável momento de uma eventual retoma, no Outono ou em 2010. Afinal, por que não? O espantoso é o conteúdo: estamos perante prognósticos alternativos de peritos sobre os períodos temporais mas quase nenhuma informação factual para se ter uma ideia sobre a questão de se procurar saber se sim ou não estamos a sair da crise
Esta constatação tem algumas excepções no campo das finanças e da banca. Os factos são claros: os bancos dominantes pouco a pouco tem-se restabelecido, deixou de haver mais receios de falências neste importante sector, a transmissão de falências por efeito de contagio parece estar ultrapassada segundo a opinião geral dos considerados peritos. A confiança interbancária está pois em vias de restabelecimento lento, o que é, naturalmente, uma das condições para a recuperação.
O acordo também parece estar adquirido sobre a razão de fundo para este resultado positivo. As autoridades públicas, ao contrário da crise de 1929-1932 em que a sua estupidez cumulativa tudo complicou, têm agido com rapidez, convergência intelectual e considerável poder. Se o contribuinte não vier a pagar todo esse esforço, ainda é ele que, na sua infinita bondade, forneceu a garantia e, eventualmente, assumiu uma parte significativa dos encargos. Não é nada evidente que esta questão coloque à profissão bancária um problema ético de considerável dimensão.
A impressão do fim das tensões e do reiniciar parcial da actividade é tão clara neste sector do que a profissão bancária, em toda a parte, iniciou campanhas activas para evitar os controlos, a regulação, e manter a opção de pagar aos sua gestores e aos seus operadores sobre títulos, os traders, as suas habituais remunerações extravagantes. A atmosfera estranha de saída da crise, mantida conjuntamente pelos governos, banqueiros e pela imprensa, contribuíram grandemente para minimizar a importância dos problemas.
Assim, a City, a praça financeira londrina, contribuiu para uma ofensiva, nestas últimas semanas, com a finalidade de desestabilizar Gordon Brown, o Primeiro-Ministro britânico culpado de querer muita ordem no sistema. O Presidente Barack Obama está claramente em luta contra os seus banqueiros e senadores sobre o mesmo assunto. O debate é menos veemente em França e na Alemanha, mas é o mesmo.
A precaridade do emprego
Parece que a tendência geral é para um - leve?- colocar à distância os paraísos fiscais, para os discursos simbólicos sobre as remunerações, e para o status quo, para a manutenção da situação no que diz respeito aos instrumentos derivados. Se isso finalmente acontecer, ter-se-á mantido o sistema, preservando simultaneamente os seus factores de forte instabilidade.
O detonador financeiro poderá explodir uma vez mais, dentro de alguns anos. Afinal, desde há vinte anos que o mundo tem estado a enfrentar uma grave crise financeira mais ou menos em cada cinco anos... A partir disto, tentar-se reduzir o volume insensato de actividade financeira quando comparado com o nível de produção, é tentar impedir a ganância colectiva que faz derivar o essencial desta profissão para a imoralidade, vai apenas um passo que não se quer dar. E, depois, tudo recomeça de novo.
Mas não é claro que o pior esteja aqui. As economias dos países desenvolvidos estão quase todas em recessão neste momento. Mais do que uma recessão, que pode ser curta, é a situação do desemprego que justifica o uso generalizado da palavra crise. Mas nesta área, a actual taxa de aumento do desemprego é assustadora - a França espera ultrapassar os 10% num ano, os Estados Unidos os 8%, e é quase o duplicar do desemprego em três anos - e as perspectivas são muito preocupantes. Ainda neste domínio, o do enfraquecimento do consumo, o principal componente é menos o desemprego do que a precariedade do trabalho. Neste contexto, todas as economias desenvolvidas atingiram desde há mais de quinze anos percentagens de trabalhadores precários entre os 15% e os 20%. Os trabalhadores precários consumem tão pouco quanto lhes for possível. Em toda a parte, a recente crise, veio agravar ainda mais o seu número.
Mas, curiosamente, as estatísticas oficiais e os governos são muito discretos em relação a este ponto. Acompanha-se mal a sua evolução. Toda a gente sabe que, no entanto, na América do Norte, na Europa e no Japão, mais de um quarto da população está numa situação precária, desempregados ou pobres. Um quarto: 70 milhões de pessoas na Europa, 40 a 50 milhões nos Estados Unidos, talvez trinta no Japão é obviamente enorme para o dinamismo do consumo.
De facto, em trinta anos, de forma lenta, a parte dos rendimentos salariais e de protecção social nos respectivos PIB diminuíram entre 7% a 10%. Este indicador é contestado devido à baixa visibilidade do período de referência e às diferenças no método de cálculo aqui e ali. Mas a massa de desempregados, trabalhadores eventuais e os pobres, são estatisticamente encontrados, e esta reflecte uma série redução da velocidade de crescimento e do consumo.
Compreende-se assim melhor que, se o capitalismo desenvolvido teve em toda a tríade (América do Norte, União Europeia e Japão) um crescimento económico médio de 4,5% a 5% entre 1945 e 1970, hoje, antes da crise, tem tido muita dificuldade em tentar alcançar os 2,5% a 3% de crescimento, sem verdadeiramente o conseguir. Na medida em que o indicador da crise é do mercado de trabalho, a crise é, sobretudo, isto. Esta situação reflecte o facto de o detonador financeiro (aumento de preços de matérias-primas relacionadas com os produtos derivados, depois as subprimes, depois a titularização parcialmente fraudulenta e a cadeia de falências) ter atingido economias em situação de anemica, sem capacidade de resistência. Desta situação ninguém fala e ninguém mostra interesse em dar-lhe resposta. Mas o fundamental da crise é isto.
Sair desta situação não é fácil. Relançar exclusivamente o consumo não tem sentido, pois importar-se-ia mais, sobretudo, da China e da Índia. É necessariamente pelo investimento que o ciclo virtuoso tem de ser reiniciado, principalmente através do investimento em energias renováveis, tecnologias e produtos biológicos. E é este arranque que pode, a seguir, conduzir ao aumento do poder de compra e do consumo.
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