Terça-feira, 19 de Abril de 2011

As Crianças e a Internet I - Clara Castilho

 

 

Por ser da maior importância estarmos atentos a estas problemáticas, passarei a transcrever partes do Relatório final do do projecto EU Kids Online que realizou em Fevereiro de 2011 uma Conferência em Lisboa.

 

 

 

Este projecto foi financiado pelo Programa Safer Internet da Comissão Europeia de modo a consolidar a base empírica para políticas de segurança na internet. Foi entrevistada uma amostra aleatória de 25.142 crianças, com idades entre os 9 e os 16 anos, utilizadoras da internet, e um dos seus pais, na Primavera/Verão de 2010 em 25 países europeus.

O inquérito investigou alguns riscos online fundamentais: pornografia, bullying, receber mensagens de cariz sexual, contactar com pessoas desconhecidas, encontros com pessoas que se conheceu pela internet, conteúdos potencialmente nocivos criados por utilizadores e abuso de dados pessoais.

 

Pode concluir-se que :

- O uso da internet está totalmente integrado na vida quotidiana das crianças:

93% dos utilizadores dos 9 aos 16 anos acedem pelo menos uma vez por semana (60% usam todos os dias ou quase todos os dias).

- As crianças estão a começar a usar a internet cada vez mais novas

– a média de idades do primeiro uso da internet é de sete anos na Dinamarca e na Suécia e de oito noutros países do Norte da Europa. Em todos os países, um terço das crianças com 9 ou 10 anos que usam a internet fazem-no diariamente, o que aumenta para os 80% entre os jovens com 15 ou 16 anos.

- A internet é mais usada em casa (87%), seguindo-se a escola (63%).

Mas o acesso à internet está-se a diversificar

– 49% usam-na no seu quarto e 33% através de um telemóvel ou outro dispositivo móvel. O acesso por dispositivos móveis ultrapassa um em cinco casos na Noruega, Reino Unido, Irlanda e Suécia.

- As crianças têm muitas actividades online, potencialmente benéficas:

as crianças dos 9 aos 16 anos usam a internet para o trabalho escolar (85%); jogam (83%); vêem clips de vídeo (76%); e trocam mensagens instantâneas (62%).

São menos as que publicam imagens (39%) ou que partilham mensagens (31%), as que usam uma webcam (31%), sites de partilha de ficheiros (16%) ou blogues (11%).

- 59% das crianças dos 9 aos 16 anos têm um perfil numa rede social

– incluindo 26% com 9 ou 10 anos, 49% dos que têm 11 ou 12 anos, 73% dos de 13 ou 14 anos e 82% dos 15 ou 16 anos.

As redes sociais são mais populares na Holanda (80%), Lituânia (76%) e Dinamarca (75%); e menos na Roménia (46%), Turquia (49%) e Alemanha (51%).

 

 

You tube - Campagne publicitaire contre les dangers d'internet sur les enfants et ados

 

 

publicado por atributosestrolabio às 18:00
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Segunda-feira, 21 de Fevereiro de 2011

Um passo no sentido da globalização – rede de satélites proporcionará Internet de baixo custo a metade da humanidade – por Carlos Loures

 

 

 

 

Em cada segundo são enviados cerca de três milhões de e-mails em todo o mundo. Em África apenas um em cada mil utilizadores de computador acede à net. Na Coreia do Sul a velocidade média de ligação é de 17 megas por segundo. Nas ilhas Cook, um simples e-mail pode demorar até 10 minutos a ser enviado. 80% dos alunos nos Estados Unidos têm um computador para apoiar o estudo. No Brasil, apenas um em cada dez colégios tem ligação à Internet. Todos as casas em Andorra têm acesso à fibra óptica. Na Nigéria, 95% nem sequer têm linha telefónica. O fluxo diário de SMS ultrapassa o número de habitantes do planeta (mais de 6000 milhões), mas há ainda cerca de 20% sem acesso a sinal de telefone móvel. Embora os mercados emergentes tenham cada vez uma maior influência na economia global, em muitos deles existem deficiências para aceder à sociedade da informação.

 

Segundo o El País de ontem, um projecto designado por O3b, fruto de uma parceria entre a Astra e a Google, vai proporcionar o acesso Internet em países pobres. Segundo estimativas de 2010, cerca de 2000 milhões de pessoas estão ligadas à rede. Este projecto criará mais 3000 milhões de internautas, mais do que duplicando o actual número. É, aliás, o que significa o nome de código – O3b Networks – Other 3 billion – metade da população mundial. Uma rede de satélites em órbita equatorial, transportará o sinal da Nicarágua à Nova Zelândia, passando pelo Brasil, Nigéria, Síria, Etiópia ou Índia.

 

 

 

Pode dizer-se que o hemisfério Sul vive de costas voltadas para a net, grande    parte dos dois mil milhões de internautas concentra-se na América do Norte, Europa e Japão. Este projecto dará acesso à rede a muitos milhões de pessoas que não entraram ainda na chamada sociedade da informação. Os primeiros oito satélites serão lançados em 2013.

 

Saltando os pormenores técnicos, direi que o equipamento necessário para  aceder à Internet, uma antena parabólica e um modem, custa cerca de 300 dólares, o que em muitos dos países do Terceiro Mundo é uma verba incomportável para as débeis economias da maioria das famílias.

 

Claro que tudo isto parece  positivo. Esta disseminação do acesso à rede vai dificultar a vida a ditadores. Mas vai também contribuir para espalhar conceitos deletérios, criar necessidades de consumo (por que motivo dois gigantes do mundo dos negócios se interessariam por este projecto?). Em suma, difundir um pensamento único que, pouco a pouco, vai alastrando. Enfim, é um grande passo na luta contra o obscurantismo e essa vantagem tem um preço. Não há almoços grátis.

 

 

 

 

 

publicado por Carlos Loures às 12:00

editado por Luis Moreira às 00:06
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Quarta-feira, 28 de Julho de 2010

Criança - Uma obra em aberto

REDES SOCIAIS


O Jornal online de 25 de Junho último publicou a seguinte notícia:

“Às duas da manhã de um domingo, o especialista em segurança Tito de Morais recebeu o telefonema de uma mãe em pânico. A filha de 13 anos estava a ser chantageada por alguém que conhecera online e a quem enviara fotos comprometedoras, pensando tratar-se de outra adolescente da sua idade.

Agora, sob a ameaça de divulgar as fotos, o desconhecido queria forçar a adolescente a encontrar-se com ele. Tito de Morais aconselhou-a a ir à Polícia Judiciária, que acabou por prender o perseguidor depois de lhe montar uma armadilha.

“Pela primeira vez, conseguiram evitar um crime de natureza sexual porque a adolescente conseguiu contar à mãe”, frisa Tito de Morais, para quem a atitude mais fundamental que os pais podem tomar para a educação dos filhos é “manterem os canais de comunicação abertos”.

O especialista falava ontem durante o evento onde foi apresentado o mais abrangente estudo mundial alguma fez feito sobre o comportamento das famílias online. Elaborado pela empresa de segurança digital Symantec, o “Norton Online Family Report”inclui perto de dez mil entrevistas com pais e crianças de 14 países, dos Estados Unidos e Brasil ao Reino Unido ou Japão. Chegou a uma conclusão preocupante: 62% de todas as crianças confessaram já ter tido uma experiência negativa durante a navegação na internet.

Entre as experiências mais traumáticas encontram-se a abordagem por parte de desconhecidos em redes sociais (41%), o download de vírus (33%), a visualização acidental de pornografia e/ou violência (25%) e a tentativa de desconhecidos de obter contacto físico (10%). “Um quinto destas crianças sente-se envergonhada com o que aconteceu e tem ressentimentos”, sublinha Salvador Tapia Rodríguez, director da unidade de consumo da Symantec Iberia, que fez a apresentação dos resultados do estudo. E há mais: quatro em cada dez crianças sentem-se responsáveis pelo que lhe aconteceu. “As crianças não podem assumir sozinhas a responsabilidade pelas experiências negativas”, alerta Tito de Morais, referindo que a culpa também é dos pais, “que não as souberam preparar”.

Apesar de alguns números preocupantes, o relatório também tem indicadores positivos. Por exemplo, os pais têm agora muito mais consciência da quantidade de tempo que os filhos passam na internet. Em estudos anteriores, a diferença era tão grande que se tornava ridícula: os filhos passavam dez vezes mais tempo online do que os pais julgavam. Essa lacuna está mais ou menos resolvida, indicam os novos números. Isto não impede de tanto pais como filhos admitirem que a internet ocupa demasiado tempo – 70% dos pais preocupam-se com o excesso de internet e 48% dos miúdos reconhecem que despendem muito tempo na net.

E o que fazem quando estão à frente do computador? Mais de 80% dizem jogar videojogos, 73% navegam de site em site, 71% pesquisam informação para trabalhos da escola e 67% conversam com amigos. No entanto, mais de 50% revelam que os pais não exercem qualquer controlo sobre os downloads – o que na maioria das vezes significa downloads ilegais e/ou potencialmente infectados -, bem como a subscrição de serviços pagos que podem acumular-se e gerar dívidas insuspeitas.

Um dos alertas feitos pela Symantec é de que as crianças estão a estabelecer as próprias regras de uso e códigos de conduta na internet, sendo que as regras impostas pelos pais estão, na maioria das vezes, ultrapassadas. Segundo Salvador Tapia, os pais não agem em conjunto e acabam por ter comportamentos diferentes, o que torna as regras de família quase inexistentes. Reflexo disso mesmo é o facto de 48% das crianças considerarem que são mais cautelosas online que os próprios pais.

“São os miúdos que estão a educar os pais”, diz Salvador Tapia, sublinhando que duas em cada dez crianças acreditam que os pais estão “desligados” da sua vida online.”

O “Norton Online Family Report” pode ser consultado em:

www.symantec.com/norton/theme.jsp?themeid=norton_online_family_report )







E já agora, para nos encorajarmos com a nossa capacidade de rirmos dos nossos erros, aqui fica um pouco de humor a este propósito:



Youtube:

Que Se Passou Foi Isto - Facebook (faz perder hábitos)
publicado por Carlos Loures às 11:00
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Segunda-feira, 31 de Maio de 2010

'Não Contem com o Fim do Livro', - diz-nos Umberto Eco

Carlos Loures

Umberto Eco, o ensaísta e escritor italiano deu há dois meses atrás uma entrevista a um jornal brasileiro a propósito do lançamento de uma edição da sua nova obra Não contem com o fim do livro. O apego de Eco ao livro em papel – a sua biblioteca conta com cerca de 50 mil volumes – levaram-no a aceitar o desafio que, Jean-Claude Carrière lhe lançou – o de debaterem a perenidade do livro, com vista à publicação de… um livro Não Contem Com o Fim do Livro. ´(N'espérez pas vous débarrasser des livres).

De modo algum tenciono transcrever a entrevista que está disponível na Internet e foi publicada em numerosos jornais. Vou apenas salientar uma ou outra afirmação do escritor e semiólogo. Contestando a anunciada morte do livro afirmou que o desaparecimento desse suporte de escrita é uma obsessão de jornalistas que lhe fazem a pergunta há 15 anos. «Para mim, o livro é como uma colher, um machado, uma tesoura, esse tipo de objecto que, uma vez inventado, não muda. Continua o mesmo e é difícil de ser substituído. O livro ainda é o meio mais fácil de transportar informação. Os electrónicos chegaram, mas percebemos que sua vida útil não passa de dez anos» (…) «quem poderia afirmar, anos atrás, que não teríamos hoje computadores capazes de ler as antigas disquetes? E que, ao contrário, temos livros que sobrevivem há mais de cinco séculos?».


O jornalista pergunta-lhe que diferença existe entre os conteúdos disponíveis na net e o de uma grande biblioteca. Eco diz: «A diferença básica é que uma biblioteca é como a memória humana, cuja função não é apenas a de conservar, mas também a de filtrar - muito embora Jorge Luis Borges, no seu livro Ficções, tenha criado um personagem, Funes, cuja capacidade de memória era infinita. Já a internet é como esse personagem do escritor argentino, incapaz de seleccionar o que interessa - é possível encontrar lá tanto a Bíblia como Mein Kampf, de Hitler. Esse é o problema básico da internet: depende da capacidade de quem a consulta. Sou capaz de distinguir os sites fiáveis de filosofia, mas não os de física. Imagine então um estudante fazendo uma pesquisa sobre a 2.ª Guerra Mundial: será ele capaz de escolher o site correcto? É trágico, um problema para o futuro, pois não existe ainda uma ciência para resolver isso. Depende apenas da vivência pessoal. Esse será o problema crucial da educação nos próximos anos.»

E quando lhe pergunta se pode existir contracultura na internet, responde «Sim, com certeza, e ela pode-se manifestar tanto de forma revolucionária como conservadora. Veja o que acontece na China, onde a internet é um meio pelo qual é possível manifestar-se e reagir contra a censura política. Enquanto aqui as pessoas gastam horas conversando, na China é a única forma de se manter em contacto com o resto do mundo».

Num determinado trecho de Não Contem Com o Fim do Livro, Eco e Jean-Claude Carrière discutem a função e preservação da memória - que, como se fosse um músculo, precisa ser exercitada para não atrofiar. «De facto, é importantíssimo esse tipo de exercício, pois estamos perdendo a memória histórica. A minha geração sabia tudo sobre o passado. Eu posso pormenorizar sobre o que se passava em Itália 20 anos antes do meu nascimento. Se se perguntar hoje a um aluno, ele certamente não saberá nada sobre como era o país duas décadas antes de seu nascimento, pois basta clicar no computador para obter essa informação. Lembro-me de que, na escola, era obrigado a decorar dez versos por dia. Naquele tempo, achava uma inutilidade, mas hoje reconheço a sua importância. A cultura alfabética cedeu o lugar às fontes visuais, aos computadores que exigem leitura em alta velocidade. Assim, ao mesmo tempo que aperfeiçoa uma habilidade, a evolução põe em risco outra, como a memória».

Continuaremos a falar deste tema - vai o livro sobreviver ou não? Eco diz-nos para não contarmos com a morte do livro. Acho que tem razão.
publicado por Carlos Loures às 12:00
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