O 28 de Maio e o Fim do Liberalismo
(Das Lutas Liberais de Oitocentos ao Advento da República)
José António Saraiva/Júlio Henriques
Livraria Bertrand, 1977
A que se deve a tradição centralista do Poder em Portugal e a dificuldade da afirmação no País de uma burguesia activa e autónoma em relação ao Poder do Estado? Como se entende a incapacidade da sociedade portuguesa para produzir no seu interior uma classe dominante e a delegação cíclica do poder na força das armas? Recuando até ao século XIX, e mesmo antes, à procura das raízes profundas do Estado Novo, buscando no século XIX as razões de ser de um período que foi, só, um dos mais longos períodos de estabilidade política e institucional da história portuguesa moderna. O 28 de Maio e o Fim do Liberalismo não é, ainda assim, um livro sobre o século XIX. A História é normalmente a história das células vivas de um Tempo – e este livro, em certo sentido, é o seu contrário: a procura, num Tempo, das suas células mortas.
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O 28 de Maio e o Fim do Liberalismo
(Do Advento da República à Revolta de Braga)
José António Saraiva/Júlio Henriques
Livraria Bertrand, 1978
A análise das circunstâncias em que se dá o golpe militar de 28 de Maio; o facto de ele se ter feito praticamente sem um tiro e de a passagem do Poder das mãos dos militares para as mãos dos políticos civis ter acontecido depois praticamente sem convulsões; de, com ele, se ter iniciado um dos períodos mais longos de estabilidade política e institucional da história portuguesa moderna levaram-nos a concluir da impossibilidade de entender o 28 de Maio pela análise apenas da conjuntura próxima.
Com este volume, que trata da I República e do seu tempo – uma República que aqui se entende simultaneamente como prolongamento e estertor do liberalismo monárquico – dá-se por concluída a tentativa de descobrir aquilo a que se poderão chamar as «raízes distantes» do Estado Novo.
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O “28 de Maio”
I – Na Génese do Estado Novo
Arnaldo Madureira
Editorial Presença, 1978
Só as circunstâncias extremamente difíceis vividas em Portugal durante cinquenta anos podem justificar a carência de estudos dedicados a tão importante período da vida nacional, a reduzida discussão pública do tema necessária para refutar conceitos, eliminar equívocos, desfazer sofismas e mentiras e contribuir para conhecer com nitidez os intuitos, as sucessivos manobras verificadas antes e durante o desenrolar dos acontecimentos, e o desfecho que teve o movimento militar iniciado na madrugada de 28 de Maio de 1926.
Na realidade, a história, a análise e a exposição dos factos, dos pormenores das operações, das sucessivas tentativas para desviar o «movimento» num ou noutro sentido, dos constantes ziguezagues políticos e compromissos dos diferentes sectores populacionais, estão em grande parte por fazer.
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O “28 de Maio”
II – Na Hora do Corporativismo
Arnaldo Madureira
Editorial Presença, 1982
No primeiro volume da presente obra – Na Génese do Estado Novo – fez-se a análise dos factos históricos decorridos desde a preparação e início das operações do 28 de Maio até ao isolamento e subsequente queda de Mendes Cabeçadas. Neste segundo volume, não se trata já de analisar passo a passo o curso dos acontecimentos, mas antes de estudar e alinhar as opções que se apresentaram ao País, todas elas apostando num projecto nacional dos sectores conservadores, expresso económica e socialmente no corporativismo.
O autor propõe-se determinar: o significado do afastamento de Mendes Cabeçadas: os objectivos reais de cada uma das facções em que a direita se desdobrou após a queda daquele; (…) o papel desempenhado pelas organizações republicanas e pelos representantes da classe operária.
A Vida da República Portuguesa
Objectos do Quotidiano
Manuela Rêgo
Lisboa, 1981
Foi da varanda dos Paços do Concelho, que no dia 5 de Outubro de 1910 se proclamou a República em Portugal. Abria-se então um novo ciclo na história do nosso sistema político e institucional, pelo estabelecimento definitivo dos valores e princípios da cidadania, do sufrágio e da separação dos poderes. Nem o longo e nefasto "Estado Novo", com os seus sonhos perversos de restauracionismo monárquico, conseguiria alguma vez abolir a República, cujo ideal constituía já, em 1926, parte integrante da vida e do quotidiano dos portugueses.
Desde a primeira hora, o Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa apoiou com todo o interesse esta exposição, de acordo com o espírito divulgador que tem orientado a acção deste executivo municipal. Os últimos acontecimentos no mundo, a evolução das formas de poder e do seu exercício democrático.
João Soares
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A Vida Romanesca de Teixeira Gomes
Urbano Rodrigues
Editora Marítimo Colonial, 1944
Foi longe de Portugal, na capital inglesa, que tive o grande gosto de conhecer Teixeira Gomes. Encantado com o espírito europeu dos seus livros, com a elegância helénica da sua prosa, tinha o maior desejo de o ver e de o ouvir, tanto mais que me diziam maravilhas do seu talento de conversador e da sua distinção pessoal. Mas não apareceu essa oportunidade nem antes da sua nomeação para a Corte de S. James nem depois, nas suas raras visitas a Lisboa. Apertei-lhe a mão pela primeira vez em Victoria Station quando ali foi esperar a missão que ia tratar com o Governo de Sua Majestade Britânica as delicadas questões referentes à nossa participação na guerra de 1914. Representava o nosso Pais o dr. Afonso Costa, Ministro das Finanças no Governo da «União Sagrada», e o dr. Augusto Soares, Ministro dos Negócios Estrangeiros. O meu cargo era o de secretário do chefe da missão.
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A Verdade Sobre Afonso Costa
Alberto Guimarães
Lisboa, 1935
«Almocei e jantei bem. Provavelmente, venho a sair da prisão ainda mais gordo, e sobretudo com maior abdómen, do que tinha quando cá entrei.»
Muito mais engordaria ele depois da proclamação da República.
Mas é notar a sua insistência no problema alimentar. Não há um único dia de cativeiro em que tal preocupação não se apresente ao seu espírito. Até ao oitavo e último dia da sua detenção ele exprime o seu contentamento ante a boa mesa, anotando no seu canhenho:
«Esta manhã, depois de um bom almoço de linguado, bife de vitela, queijo da serra, fruta e doce…
O estilo é o homem... Este estilo que resume gulodice, que deixa desvendar em embrião o homem que à frente de um bando voraz havia de roer o Pais até aos ossos, só podia ter saído da mão pesada e papuda de Afonso Costa.
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Vermelhos, Brancos e Azuis
Rocha Martins
Lisboa, 1948
Julgo não ser lícito ocultar o que se sabe quando a verdade pode servir de exemplo, de incentivo ou de aviso para não se repetirem erros, delitos e até crimes.
Não manifesto opiniões; apresento factos à semelhança do que fiz nos meus livros anteriores do mesmo género, desde João Franco e o seu Tempo a D. Carlos, História do seu Reinado e de D. Manuel II às Memórias sobre Sidónio Pais.
São testemunhos sinceros. Já que o destino me colocou em situação de, por vezes, lidar com personagens históricos, aqui os apresento como os considerei, sem paixão nem parcialidade.
Eram meus amigos esses portugueses ilustres; mas a sua amizade não me leva a enaltecê-los. Joeirei tudo na peneira do tempo. Ficou só o grão; voou a poeira, a que ainda podia cegar-me.
Rocha Martins
Um Jornal na Revolução
Jacinto Baptista
Seara Nova, 1966
O Século, apesar das suas opiniões. era, predominantemente, jornal de informação, enquanto o outro, O Mundo, a despeito das suas informações, se afirmava, essencialmente, jornal de opinião, não devia diferir muito, à data da revolução de Outubro, senão a tiragem, pelo menos a cotação de que um e outro fruíam no mercado de leitores, a avaliar pela publicidade (quer-se atestado mais qualificado?) que, por igual, preenche o espaço de ambos nas edições que lançam para a rua, por exemplo no dia 7 de Outubro de 1910: num, como noutro caso, uma página inteira de anúncios para cinco de texto.
Mas, apesar de tudo, não se tome como rigorosamente infalível o critério de avaliar a expansão de um jornal só pela quantidade de anúncios que insere: desconsertar-nos-ia. O País daquele mesmo dia 7, que reparte as suas quatro páginas em duas de anúncios e duas de redacção.
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Um Marinheiro Romântico
Bourbon e Menezes
Lisboa, 1924
A viúva de José Carlos da Maia agradece a Rocha Martins e a Bourbon e Meneses a sua anuência para a publicação deste livrinho como homenagem a seu infeliz marido, e dedica-o ao seu querido filho Francisco Manuel para no exemplo da vida honestíssima e altamente Patriótica de seu Pai aprender a imitá-lo.
Também o dedica aos poucos mas excelentes Amigos que se comoveram ante a tragédia horrível, e tem manifestado o seu protesto, prestando culto á memória de seu adorado Marido, carinhos esmolas e benefícios á mulher e ao filhinho que ele tanto amou.
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Teófilo Braga e os Republicanos
Carlos Consiglieri
Vega, 1987
A preparação deste dossier, que apelidámos “Teófilo Braga e os Republicanos”, deve-se à iniciativa de José Relvas que o recolheu, como tudo indica, nos anos 20, para possível publicação.
Foi decerto nesse período, após a passagem efémera pela chefia do Governo em 1919, aquando da restauração da “República Velha” em contraposição ao Sidonismo e à Monarquia do Norte, que José Relvas procedeu â seriação e arrumo desses papéis.
É nessa altura que escreve as Memórias Políticas, documento (fundamental para a história da I República, recentemente publicado, que constitui, como assegura Carlos Ferrão, “o mais valioso testemunho até hoje aparecido sobre a preparação do movimento revolucionário de 5 de Outubro de 1910.”
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O Terceiro Governo Afonso Costa – 1917
A. H. de Oliveira Marques
Livros Horizonte, 1977
É o mais desastroso erro político para a vida nacional.
Primeiro defeito saltando aos olhos: a organização do ministério. Alguns daqueles nomes nem os mesmos partidários julgam neste momento com arcaboiço para investidura tamanha. O Presidente do, Ministério tem a atenção focada sobre tão alto escopo, que não enxerga as misérias cá de baixo. Nem o suspeita, estou em crer. Do contrário não se julgava com abastança para substituir a pouquidade governativa dalguns dos seus colegas. Ao menos os nomes desses ministros deveriam conciliar o maior número de simpatias públicas. Desde logo se oferecia menos corpo ao ataque. Não aconteceu tal, e compondo-se o ministério com alguns nomes excelentes, outros ali há dos que mais irritam uma boa parte da opinião.
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Surgindo Vem ao Longe a Nova Aurora…
Jacinto Baptista
Livraria Bertrand, 1977
Jornal diferente dos outros (mesmo oposto aos outros), voz singular da Imprensa portuguesa no período compreendido aproximadamente entre o fim de primeira guerra e o advento da ditadura militar, o diário A Batalha (1919-1927) é uma das mais salientes e vigorosas projecções do nosso movimento operário organizado. A sua linha de vida – nascimento, ascensão, apogeu, declínio e morte (compulsiva) – acompanha e reflecte, durante quase uma décadas a sorte do proletariado português na fase de deterioração mortal da I República. Subordinada a uma ideologia específica – o sindicalismo revolucionário –, A Batalha não foi solidária, ou raramente foi solidária, do regime que entendia ser a expressão política do principal inimigo: a democracia burguesa. Mas apenas um ano sobreviveu o jornal operário à I República.
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Teófilo Braga
e a Lenda do Crisfal
Delfim Guimarães
Editora Guimarães, 1909
Razão de ser deste livro:
Quando em Maio de 1908 tornamos pública a conclusão a que havíamos chegado de ser Crisfal um pseudónimo do autor da Menina e moça, como procurámos demonstrar no volume recentemente dado a estampa: Bernardim Ribeiro (O Poeta Crisfal) tínhamos o convencimento pleno de que seria bem acolhida por quantos se interessam pelo estudo da nossa História literária, com excepção apenas do Sr. Dr. Teófilo Braga. O laureado professor do Curso Superior de Letras não perdoa a quem quer que seja que ouse discordar de suas sentenças, nem vê com bons olhos que outros, que não S. Exa., encarem problemas que se prendam com a História da literatura portuguesa.
E neste caso do Poeta Crisfal, o sr. dr. Teófilo Braga não desejava que ninguém bulisse, pelo motivo que teremos ocasião do apontar no decurso deste livro.
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Suicídios Famosos em Portugal
José Brandão
Europress, 2007
As histórias dos suicídios aqui apresentadas são apenas uma parte de tantas outras que ocorreram durante esse período que medeia entre o início da segunda metade do século XIX e vai até aos anos Trinta do século XX.
São figuras que se destacaram nos diversos campos da vida nacional e que optaram por pôr termo à vida recorrendo ao suicídio.
Apresentadas em dois blocos, em que o primeiro, de José Fontana a Florbela Espanca, contem exposição mais detalhada de cada uma das histórias, esta relação de 17 suicidas famosos ocupa a maior parte deste trabalho.
O segundo bloco, que começa em 1856 e se estende até 1934, resume-se a pequenas notas de cada uma das 30 ocorrência expostas.
São pois, um total de 47 vultos envolvidos num final de vida que é comum a todos eles.
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O Sindicalismo em Portugal
Manuel Joaquim de Sousa
Afrontamento, 1976
História do movimento sindical em Portugal desde os primórdios das velhas associações de classe até ao ano de 1926, escrita por esse notável militante anarco-sindicalista que foi Manuel Joaquim de Sousa secretário-geral da Confederação Geral do Trabalho e redactor principal d'A Batalha, então o terceiro jornal diário mais vendido no país! Esta edição conta com prefácio e notas de Emídio Santana.
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Os Sindicatos Operários e a República Burguesa (1910-1926)
David de Carvalho
Seara Nova, 1977
Este livro é a crónica dum tempo que de longe e do perto vivi, senti e observei, na infância e não menos na adolescência, desde uma idade em que os meninos só convivem com brinquedos, brinquedos que não tive e tive de improvisar, num tempo longo em que tudo me foi adverso e todas as coisas me atiraram para melancólicas reflexões sobre essas mesmas coisas do mundo que eu apenas pressentia e ninguém me sabia explicar; assim não pude compreender a razão da injustiça que feria tantos e tantos mocinhos como eu era então. E aqui está por que gostaria de dedicar o meu livro a tantos outros mocinhos, que o são hoje como o fui há mais do meio século, que me deixam ver que sofrem amarguras, decepções e frustrações como aquelas que sofri, mau grado tanto tempo andado e tanta coisa acontecida.
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Sidónio Pais
Ídolo e Mártir da República
Rocha Martins
Bonecos Rebeldes, 2008
Na redacção da Luta, pelas noites quentes de Agosto, o senhor Brito Camacho jogava o bluff no jardim coberto, e pela sua frente, em cumprimentos respeitosos, passavam oficiais, de todas as Armas, alguns fardados, que iam conspirar com Sidónio Pais. O chefe unionista, fingindo-se atento às cartas, enviesava o olhar para essa gente nova que chegava, cheia de fé, e num furor mal contido contra o Governo democrático.
Desde 1913 que se amontoavam revoltas, se excitavam ânimos, se soltavam cóleras, se faziam envolvimentos, de todos os partidos, sempre fracassados, o que enchia de orgulhosa força os detentores do Poder e os fazia aguardar, desdenhosos e audazes, as explosões da rua, para as dominar aumentando o seu prestígio.
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O Sidonismo e o Movimento Operário Português
António José Telo
Ulmeiro, 1977
É inútil realçar a importância dos anos de 1917-1919 a nível da história mundial. Já na história portuguesa, contudo, a sua importância é geralmente desprezada, apesar de os acontecimentos então vividos terem então marcado profundamente todo o século XX português.
Em Dezembro de 1917, Sidónio Pais, oficial do exército praticamente desconhecido, é levado por um golpe militar vitorioso ao lugar cimeiro da política portuguesa, apoiado num amplo bloco de classes possuidoras, e mesmo no proletariado durante os primeiros meses. O que parecia ser mais um vulgar golpe militar não tarda muito em transformar-se numa experiência politica única e insólita em Portugal e mesmo no mundo, cujo total alcance só poderia ser compreendido a posteriori.
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O Segundo Governo de Afonso Costa
(1915-1916)
A. H. de Oliveira Marques
Publicações Europa-América, 1974
Depois do movimento revolucionário de 14 de Maio de 1915 e do Governo de concentração que se lhe seguiu, era lógico e constitucional que o Partido Democrático tornasse conta do Poder. Vitorioso como saíra das eleições de Junho desse ano, onde conquistara maioria absoluta em ambas as Câmaras do Congresso, tendo feito eleger presidente da República o seu candidato preferido, Bernardino Machado, dispunha dos trunfos essenciais para impor a sua soberania indiscutível e assegurar estabilidade à Nação. Afonso Costa era o seu dirigente máximo. E só a queda grave que deu de um eléctrico, em começos de Julho, e o pôs às portas da morte, impediu a transmissão rápida do Poder àquele chefe democrático e à sua equipa ministerial. José de Castro, presidente do Ministério malgré lui desde Maio, foi forçado a governar durante todo o Verão e parte do Outono, até Afonso Costa se considerar completamente restabelecido.
Servidor de Reis e de Presidentes
Vital Fontes
Lisboa, 1945
Quem melhor conhece os grandes homens é aquele que os serviu na intimidade, que os viu tal como andam por casa, em pantufas, por assim dizer. E Vital Fontes viveu assim na corte real e nos palácios da República, e conheceu assim os últimos reis e os presidentes, e os seus familiares, e os seus ministros.
Acedeu, mas pôs uma condição: de que não agravaríamos aqueles de quem nos falasse, e de que tudo contaríamos tal qual ele os serviu: respeitosamente.
Aceitámos, porque assim deve ser para que as suas memórias tenham o cunho da sua personalidade, simples como a sua vida simples, há 50 anos, numa casinha da qual não pagava renda no tempo da Monarquia, para estar perto do Palácio da Ajuda, com uma nesga de horta que ele próprio cultiva. Já reformado, mas ainda direito e aprumado, ali vive entre retratos que os seus senhores lhe ofereceram …
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Sarmento Pimentel ou a Geração Traída
Norberto Lopes
Editorial Aster, 1976
Estes «Diálogos» com o autor das «Memórias do Capitão», para quem se tenha iniciado a lê-las em volume, produzem o efeito destas rotundas de parques escolhidos como ponto ideal para o visitante ouvir os rítmicos desdobramentos do «eco.
Recapitulam connosco os passos capitais da carreira do memorialista homem de armas, paralela às lides cívicas em que se viu envolvido e a que por temperamento respondeu sempre favoravelmente. 1910, 1914, 1919. 1927, ... Proclamação da República, campanha do Sul de Angola, derrota da Monarquia do Norte, ataque à ditadura saída do 28 de Maio... outras tantas gestas da longa jornada política de um homem que nunca ambicionou o Poder, mas que não consentia que ele fosse a presa dos leões de fáceis césares ou dos lobos de falsos democratas negaceando no povoado com samarras de cordeiro.
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Seara Nova – Antologia
2 Volumes
Sottomayor Cardia (Organização)
Seara Nova, 1972
O lançamento da Seara Nova em 1921 foi basicamente, obra de três grandes figuras intelectuais: Jaime Cortesão, Raul Proença e Luís da Câmara Reys.
Director da Biblioteca Nacional, Cortesão era já figura de larga projecção literária e política.
A sua primeira intervenção política de certa importância parece ter ocorrido em 1908, nos primeiros dias de Fevereiro. Preparava-se a revolução republicana no Porto; colhidos de surpresa pelo regicídio, os dirigentes decidiram adiá-la para evitar confusões entre a instauração da República, que tinham por objectivo, e o atentado, a que eram estranhos. Em nome dos revolucionários do Porto, foi Jaime Cortesão incumbido de se deslocar a Lisboa, onde procurou Bernardino Machado, que lhe deu parecer desfavorável à ideia de uma revolução imediata.
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A Revolução Portuguesa
O 5 de Outubro
Jorge D’Abreu
Lisboa, 1912
De todos os relatos que vieram à tona da imprensa portuguesa sobre episódios do movimento que implantou a República no nosso país, conclui-se nitidamente esta coisa curiosa: raros foram os pontos do programa revolucionário que se cumpriram à risca. No entanto, o movimento triunfou. As longas horas de expectativa dolorosa, que uns passaram a desafiar a morte e outros a contas com a torturante ignorância da verdade, desfecharam na manhã de 5 de Outubro em delirante estralejar da vitória alcançada simultaneamente pelo esforço heróico de meia dúzia de patriotas e a inacção de centenares de descrentes. O movimento triunfou apesar de tudo: da ausência, no momento supremo, de elementos de coordenação revolucionara, do desânimo que bem cedo invadiu quase a totalidade dos dirigentes da campanha, da falta sensível de armamento destinado aos carbonários e outros civis.
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Saibam Quantos…
Fialho de Almeida
Clássica Editora, 1969
Lisboa, 1 de Novembro de 1910
Um mês depois de proclamada a República, a situação política não parece tão assegurada, nem tão certa a liberdade moral dos cidadãos, como a princípio prometiam os discursos dos ministros e o porta-voz optimista das suas gazetas.
Alguma coisa desandou na alma altruísta dos salvadores da pátria (chamemos-lhe assim, por enquanto), uma vez adquirida a certeza de que, pela liquidação infame dos partidos monárquicos, não mais será possível a volta da Monarquia; e esse alguma coisa teria apeado o Conselho dos seus primeiros propósitos de concórdia, e ter-lhe-ia acerbado na consciência, agora um, ao depois outro, certos sinistros propósitos de vingança.
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A Revolução de Couceiro
Abílio Magro
Porto, 1912
A El-Rei o Senhor D. Manuel II
O movimento, ás ordens de Paiva Couceiro, não passa duma .. palhaçada ridícula! -Assim o afirmaram o ex-oficial da Armada João de Azevedo Coutinho, os capitães Conde de Penela, Homem Christo, tenente Manuel Valente e outros que, arrependidos de terem cooperado nele, já o abandonaram de vez, cheios asco!
Vossa Majestade, a quem envio em primeira-mão o meu livro, que só encerra verdades, há-de de fatalmente convencer-se que a maior parte daqueles que julga seus partidários, o enganam miseravelmente, como o enganaram os seus áulicos e todos os ministros do seu reinado!
Abandone-os para sempre, porque essa resolução será a única que contribuirá para a felicidade de Vossa Majestade.
Assim lho aconselha um homem que foi seu súbdito, que o defendeu sempre e ainda o estima.
Abílio Magro.
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A Revolução Portuguesa
(1907/1910)
Machado Santos
Assírio & Alvim, 1982
Por mais enigmáticos que, por pouco e mal estudados, sejam ainda ao nosso olhar, os primeiros surtos carbonários portugueses, não é impossível que o republicanismo tenha sido, com maior ou menor nitidez, o alvo que os orientou e que, ao mesmo tempo, os gerou. Isso, claro está, desde que se entenda, por uma vez, que o liberalismo, como tal, e de acordo com o modelo pioneiro da evolução político-social francesa contemporânea, tendera, naturalmente, para a “dessacralização” da Monarquia, contrapondo a esta uma República, aureolada pela etimologia (Res Pública, coisa pública) e pelos propósitos políticos de nacionalizar, com outra largueza, o Estado que as primeiras vagas burguesas haviam edificado como foi sendo possível. As sucessivas repúblicas francesas o demonstram, como por demais é sabido. E em Espanha, a República de 1873, que significado tem a não ser esse mesmo?
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