Quinta-feira, 14 de Julho de 2011

ENCONTROS IMAGINÁRIOS NA BARRACA - por Hélder Costa

 

 

Camaradas, amigos, companheiros

 

Penso que este escandalo Universal das agências de "rating"(talvez de ratice), tem um lado muito positivo. Acho que dá para perceber o lado discricionário e injusto de juris e concursos pretensamente sérios e impolutos, quando na verdade não passam de representantes de lobbies e máfias.

 

A Barraca sabe do que fala porque é perseguida e menorisada desde os anos 80!!! Mas, como não somos nem "pigs" nem marginais e nos habituámos desde sempre à luta, cá estamos com sorriso aberto perante esta ignominia socio-cultural. E por isso temos sabido responder a mais cortes da dita crise ( que, como sempre, só ataca alguns) . "As peugas d e Einstein", 3 meses em cena e digressões pelo país ; as Terças a ler ; os concertos de António Vitorino de Almeida e os Encontros Imaginários, quinzenalmente à 2ª feira. E ainda vai estrear no dia 20 "D. Maria, a louca", um trabalho de Maria do Céu Guerra. Muito trabalho e muito feliz trabalho. Em Agosto vamos de férias, mas queremos fazer uma despedida em grande dos nossos

 

Encontros Imaginários com Cervantes, Chaplin e Rasputin. Referencais a D. Quixote, Charlot e ao misticismo e imoralidade da Corte Czarista nas vésperas da Revolução Soviética. Reservas 213965360--- dia 18, 21, 30--- Bar

da Barraca.

 

E, já agora, vejam algumas cenas "Tempos Modernos":

 

 

 

 

 

 

 

publicado por Carlos Loures às 09:00

editado por João Machado em 13/07/2011 às 15:29
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Quinta-feira, 9 de Junho de 2011

As Peúgas de Einstein - na Barraca . entra em 3º mês de exibição

 

 

 

 

Novo aviso : a peça entrou no 3º mês de exibição e simultâneamente começou em digressões.

 

O horário continua a ser : 5ª a Sábado 21, 30 e Domingo 16 horas.

 

O público continua a felicitar-nos pelo espectáculo dada a aliança conseguida entre o divertimento e a "lição pedagogica" da Ciencia de Einstein.

 

NB - o espectáculo de 5ª feira tem preço único de 5€.
RESERVAS : 213965360 ou 968792495

 

publicado por Carlos Loures às 11:00

editado por Luis Moreira às 00:37
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Quarta-feira, 1 de Junho de 2011

A BARRACA - Dia 6 de Junho - recomeçam os Encontros Imaginários .

No dia 6 de Junho recomeçam os ENCONTROS IMAGINÁRIOS. Já vamos no nº 9, e a ceitação do público tem sido estimulante para o nosso projecto.

 

Dia 6 é a ressaca das eleições. É sempre bom, no dia seguinte às ressacas, sejam de tristeza ou de alegria, ouvir as vozes de sábios antigos ( Cada um na sua especialidade, claro!).

 

E o Encontro é entre o nosso grande Rei D. Dinis, o ficcionista e visionário Julio Verne  e o grande mito da Mafia Norte-Americana, Al Capone.

 

Não percam ,e , já sabem,.é bom reservar : 213965360 

publicado por Carlos Loures às 16:00

editado por Luis Moreira em 31/05/2011 às 15:29
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Sábado, 28 de Maio de 2011

"As peúgas de Einstein", de Hélder Costa - A BARRACA

 
 

As Peúgas de Einstein, de Helder Costa expõe as teorias científicas do grande génio da Física de uma forma lúdica e acessível, ao mesmo tempo que traça um quadro de todo o século XX através da sua biografia social e humana. É fascinante o rol de algumas personalidades públicas que privaram com Einstein e que são personagens da peça: Lenine, com quem privou enquanto estudante em  Zurique, os professores de Berlim Lenard e Max Planck, seguidores de Hitler, Roosevelt presidente dos USA, Marilyn Monroe e Arthur Miller, Paulette Godard e o seu grande amigo e companheiro de lutas contra o McCarthismo, Charlie Chaplin.

 

As peugas de Einstein entram no 3º mês de grande sucesso e começaram a fazer itinerancia pelo país.Aviso os eternos retardatários que não devem perder este espectáculo. Transmite conhecimento , faz o balanço civico e politico do século XX e, como não podia deixar de ser, tem a alegria , a irereverencia e o humor dos espectaculos de A BARRACA. 5ª a Sabado, 21,30, Dom. 16 horas. Reservas 213965360

publicado por Carlos Loures às 23:54

editado por Luis Moreira em 27/05/2011 às 14:52
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Terça-feira, 8 de Fevereiro de 2011

O Mistério da Camioneta Fantasma - II

 


 

 

Iniciamos hoje a publicação da série O Mistério da Camioneta Fantasma, uma peça de teatro representada pelo Grupo de Teatro A Barraca e que o seu autor,  o nosso companheiro Hélder Costa, apresenta no Estrolabio, cena a cena, a partir de hoje. Para que se compreenda a gravidade do que aconteceu naquele dia, há quase 90 anos, o historiador e também nosso colaborador José Brandão, escreveu um texto que a seguir apresentamos.

 

 

 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

A camioneta fantasma

 

 

 

 

A Camioneta Fantasma e a Noite Sangrenta – por José Brandão

 

19 de Outubro de 1921 não seria mais do que um dia com alguma história para contar se não viesse a noite que ficara para sempre a arrepiar quem dela se recorda.

 

Terá sido provavelmente a ocorrência subversiva verificada em Portugal que maior repulsa encontrou.

 

De facto, ninguém, nem uma só pessoa, ou qualquer organização, apareceu alguma vez a assumir e a reivindicar aquilo que aconteceu nessa noite em Lisboa.

 

Pelo contrário, foram muitos, ou melhor, todos, sem uma única alteração à regra, os que, das mais diversas formas e com as mais diferentes intenções, se apressaram a condenar o horror que caiu sobre a cidade, capital do País.

 

 

 

 

 

O Governo de António Granjo (segundo da primeira fila, da esquerda para a direita)

 

 

Quando, ao princípio da noite, a camioneta que estava às ordens do tenente Mergulhão sai do Terreiro do Paço, já todos sabem o que vai fazer.

 

A vida de António Granjo começava a entrar em contagem decrescente. Ia ser o primeiro a ter a Camioneta Fantasma à porta de casa.

 

António Granjo morreu. No Arsenal da Marinha está consumada a sua desgraça. Portugal acaba de viver uma das mais horríveis tragédias da sua história. O Pais, a República, a vida, tudo o que é português não mais voltará a ser como era.

 

Um chefe de Governo morre assassinado. Outros símbolos do regime caem vítimas da mesma ceifa pavorosa. Os crimes são praticados com cenas de monstruosidade sanguinária, poucas vezes igualáveis na história da humanidade civilizada.

 

A noite de 19 de Outubro de 1921 estava para sempre manchada de sangue.

 

Três cadáveres de homens apanhados traiçoeiramente jaziam sobre as pedras frias da morgue do Hospital de S. José. Uma quarta vítima desta medonha caçada humana estrebuchava em tormentosa agonia num canto abandonado do mesmo Hospital.

 

Todos, cada um à sua maneira, eram figuras que tinham a ver com o primeiro plano da vida política portuguesa.

 

António Granjo, como já foi referenciado, desempenhava as funções de primeiro-ministro, cargo que ocupava pela segunda vez num espaço de poucos meses. Era um histórico da República, carbonário e herói da Grande Guerra, onde combatera, integrado nos primeiros batalhões do Corpo Expedicionário Português.

 

José Carlos da Maia, também ele um histórico do 5 de Outubro de 1910, carbonário, várias vezes ministro, estava, então, mais ou menos retirado da actividade política directa. Era, contudo, uma das personalidades com maior referencial político existentes na vida pública portuguesa.

 

Mais obscuros, mas mesmo assim com alguma condição que os colocava entre os que estavam ligados ao desempenho de funções cimeiras, o comandante Freitas da Silva e o coronel Botelho de Vasconcelos não eram, de modo algum, pessoas que apareciam ao sabor do acaso metidas nesta tragédia revolucionária de 1921.

 

Mas o mais sublime, o de maior repercussão e de maior infâmia para o regime sob o qual vivia Portugal, ainda estava para vir.

 

O Dente de Ouro não tinha dado por terminada a sua obra. Voltava à rua, numa das mais sanguinárias perseguições nocturnas da história recente.

 

Eram duas horas da madrugada. A Camioneta Fantasma estava parada junto ao n.º 14 da Rua de José Estêvão, no Bairro da Estefânia. António Maria de Azevedo Machado Santos, o Machado Santos do 5 de Outubro de 1910, tem a sinistra viatura à sua espera. No segundo andar do prédio que habita, está já o Dente de Ouro.

 

A Camioneta Fantasma leva mais um condenado à traiçoeira morte que desde o princípio da noite espalhava o terror sobre Lisboa.

 

Estava concluída a obra da Camioneta Fantasma. A sinistra quadrilha comandada pelo cabo Abel Olímpio acabava de cometer uma das mais bárbaras chacinas políticas de que há memória na nossa história recente. O apodo Dente de Ouro será para sempre associado à figura de um temível criminoso, que numa noite de horror espalhou o pânico e a morte pelas ruas de Lisboa.

 

O sol da manhã do dia 20 de Outubro de 1921 vem descobrir um país envergonhado pelas atrocidades perpetradas na noite anterior. Como é possível? Interrogam-se os cidadãos, ao tomarem conhecimento da monumental tragédia que havia assolado a cidade, enquanto dormiam.

 

Todos são unânimes na condenação velada dos crimes praticados. A própria Junta que governa o País repudia qualquer relação com os autores da mortandade.

 

 

Sobre a Noite Sangrenta de 1921.

 

 

É certo que a confusão se generaliza sempre que se pretende aprofundar o que está por detrás desta noite. Porém, existem algumas evidências que permitem conclusões de considerável importância.

 

É o caso dos heróis republicanos assassinados nessa noite, em que pelo menos duas ou três referências são comuns a esses homens.

 

A primeira é, obviamente, a própria morte que os atinge sob a mesma fúria assassina.

 

A segunda é, historicamente, a condição de qualquer deles ter pertencido à Carbonária Portuguesa.

 

A terceira, e talvez a mais interessante, é a de politicamente todos os três terem sido sempre adversários firmes do Partido Democrático.

 

— Mas quem mandou matar?...

 

— Monárquicos? Republicanos? Ambos? Outros?

 

Se por um lado é fácil encontrar indícios da cumplicidade dos monárquicos mesmo entre as suas hostes, também não é muito difícil detectar mostras de suspeição no seio das fileiras republicanas.

 

É verdade que jornais de confissão e de financiamentos monárquicos ou católicos promoveram campanha de envergadura, criando condições para a revolta contra o governo de António Granjo. Mas é também verdade que o movimento revolucionário de 19 de Outubro de 1921 é de inspiração republicana e que pelo menos na sua fase preparatória estiveram envolvidos o Partido Democrático e a Maçonaria. Quer António Maria da Silva, ao tempo o mais importante dirigente dos Democráticos, quer Sebastião Magalhães Lima, grão-mestre do Grémio maçónico, não escondem esses envolvimentos e assumem-no sem problemas de maior.

 

E é também verdade que se vivia em Portugal uma situação política que — pela primeira vez na normalidade institucional da I República — não estava dentro do controlo do poderoso Partido Democrático.

 

José Brandão

publicado por João Machado às 23:55

editado por Carlos Loures em 07/02/2011 às 20:24
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Segunda-feira, 7 de Fevereiro de 2011

O Mistério da Camioneta Fantasma - I

 

 

 

 

 

 

 

 

O MISTÉRIO DA CAMIONETA FANTASMA

 

A BARRACA volta a debruçar-se sobre um tema da História de Portugal. Desta vez, da nossa História recente: os crimes da “Noite Sangrenta”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O ENQUADRAMENTO HISTÓRICO

 

 

1. No dia 19 de Outubro de 1921,desabou sobre Portugal uma horrível tragédia desmistificadora dos nossos tão celebrados brandos costumes.

 

Sendo presidente António José de Almeida, o governo presidido por António Granjo, heróico Republicano reconhecido “ Homem Bom “ respeitado por correligionários e adversários políticos.

 

A insatisfação provocada por algumas medidas necessárias e não demagógicas, era sistematicamente acirrada pela oposição monárquica e integrista através de vários órgãos de imprensa de que é essencial destacar “A Voz”, e a “Imprensa da Manhã”, propriedade de Alfredo da Silva, antigo deputado da ditadura de João Franco, industrial do Barreiro, e que se referia ao jornal como sendo “a sua amante mais cara”.

 

Foi por isso, com naturalidade, que os rumores de revoltas militares se concretizaram na manhã do 19 de Outubro, num putsh dirigido por Manuel Maria Coelho, antigo herói do 31 de Janeiro de 1891, primeira revolta Republicana, na cidade do Porto.

 

E foi ainda mais natural que o Presidente tenha acedido às exigências dos revolucionários, demitindo o governo e entregando-o aos revoltosos. António Granjo encarou também com naturalidade a sua demissão, retirando-se tranquilamente para casa.

 

Ao fim da manhã o golpe estava consumado e nem se tinha disparado um tiro.

 

3. Parecia chegado ao fim um período particularmente agitado da jovem Republica portuguesa.

 

Na verdade, o 5 de Outubro de 1910 não tinha significado a pacificação da sociedade portuguesa. Seguiram-se lutas e greves operárias e camponesas, golpes e invasões monárquicas, cisões no bloco republicano, sabiamente aproveitadas pelas forças mais reaccionárias, a ditadura de Pimenta de Castro recheada de revanchismo monárquico absolutista, a grande guerra de 14/18, a ditadura de Sidónio Pais e seu assassinato em Dezembro de l918, e mais pequenos golpes e intrigas.

 

Tudo isto convenientemente acompanhado por crise económica, bancarrota, corrupção, nepotismo e alienação progressiva da independência económica e financeira.

 

Parecia chegado o momento da pacificação, dado o prestígio ético e militar dos chefes da revolta.

 

Mas os Deuses tinham outros projectos

 

O DEZANOVE DE OUTUBRO

 

1. E, de repente, outra estória deu a volta à História.

 

Um grupo de marinheiros começou a percorrer a pacata e tranquila Lisboa com uma camioneta. A tradição anarquista e republicana da marinha permite-nos visualizar um grupo eufórico, gritando morras aos exploradores, talvez agitando bandeiras, e possivelmente com um pouco de álcool a mais. Nada de estranho, porque a revolução é uma festa e está longe dos cerimoniais académicos e professorais. É até de supor que tenham sido apoiados e vitoriados no seu épico percurso de triunfadores.

 

2. Para onde foram esses marinheiros, ao cair da noite?

 

Continuar a revolução, que tinha possivelmente ficado em águas mornas para os seus gostos?

 

São interrogações legítimas que permitem compreender o apoio ou a passividade com que o povo de Lisboa assistiu ao percurso dessa camioneta.

 

A primeira paragem foi na casa de António Granjo, na rua João Crisóstomo. Os gritos de vingança e de linchamento faziam-se ouvir e o primeiro-ministro deposto procurou refúgio, pelas traseiras, em casa do seu adversário político e vizinho, Cunha Leal, que vivia na avenida Miguel Bombarda.

 

Uma porteira, que teria ido buscar cebola e hortaliça à sua rica hortinha, avisou os marinheiros da fuga de António Granjo pelos quintais.

 

O cerco continuou à porta de Cunha Leal, e depois de telefonemas e insistências várias, a teimosia deu resultado, pois foram os dois para o Arsenal

 

À entrada quiseram matar António Granjo, Cunha Leal opôs-se, foi ferido com um tiro no pescoço, António Granjo fugiu, foi encurralado numa escada, abatido.com dezenas de tiros e trespassado pela espada de um “ corajoso” corneteiro da Guarda republicana.

 

O sangue espirrou à altura de metro e meio, e assim se silenciou para sempre um dos mais corajosos combatentes de Trás-os-Montes contra a invasão de Paiva Couceiro.

 

3.Os “bravos marinheiros” tinham começado a fazer justiça.

 

Chefiados por Abel Olímpio, cabo, conhecido por “Dente de Ouro”, retomam o percurso da vingança.

 

O próximo alvo chamava-se José Carlos da Maia, oficial da Marinha que tinha tomado o cruzador D. Carlos no 5 de Outubro , antigo ministro de Sidónio Pais em l917 e 1918, e de José Relvas em 1919.

 

Com informações de antigas vizinhas, chegam à sua nova residência na rua dos Açores.

 

São 11 horas da noite, e o casal, depois de beijar o filho de poucos meses, é assustado com fortes pancadas na porta.

Apesar dos esforços de Berta Maia, é arrastado e será assassinado à entrada do Arsenal.

Mas a “noite sangrenta”, nome por que ficaram conhecidas essas terríveis horas, tinha mais mortes a executar.

Seguiram-se Freitas da Silva, capitão de fragata, ex - chefe de gabinete do ministro da Marinha do Governo cessante de António Granjo, e o coronel de Cavalaria Botelho de Vasconcelos.

Os crimes continuavam, mas para os assassinos ainda faltava a chave de ouro.

4.São duas horas da madrugada, e a camioneta fantasma arranca do nº 14 da rua José Estêvão, no bairro da Estefânia, depois de arrancar Machado Santos, o herói da Rotunda, do sossego do lar.

No largo do Intendente, param a camioneta e fuzilam-no, sem dó nem piedade.

No mistério dessa noite surge um nebuloso empresário teatral, Augusto Gomes, que cede o seu táxi para que se leve o corpo à morgue.

Estes são os dados essenciais do que se passou no tristemente célebre 19 de Outubro.

 

O MISTÉRIO E AS DÚVIDAS

 

Tanta barbárie, levantou suspeitas.

Claro que a imprensa reaccionária e monárquica imputava os crimes à Republica, à desordem, e à falta de autoridade e anarquia do Governo.

 

Mas...a quem interessavam esses crimes?

 

Era possível que os marinheiros tivessem actuado em plena impunidade e a seu belo prazer?

 

Foram estas dúvidas que persistiram na mente dos familiares das vítimas e na convicção da opinião pública.

 

A 1 de Junho de 1923,o Tribunal Militar Extraordinário de Santa Clara condena o bando assassino a pesadas penas e iliba os oficiais revolucionários.

 

Mas as dúvidas continuam, e Rocha Martins publica as grandes questões:

- Quem preparou a aura do terror?

- Trabalharam por sua conta estes carrascos?

- Saiu das suas cabeças essa ideia terrível de assassinar gente honrada e deixar com vida tantos miseráveis?

 

BERTA MAIA


A viúva de Carlos da Maia desenvolve uma actividade incessante tentando desvendar o mistério dos mandantes desse massacre.

 

A insistência com o Dente de Ouro acabou por dar resultado. Ele acabou por confessar a ligação com o padre Lima, o dinheiro que iam receber ao jornal “A Voz”, e que o plano da conspiração monárquica consistia muito simplesmente em “infiltrar um movimento revolucionário, e depois empalmá-lo”.

 

Táctica, como se sabe, de ampla e profícua aplicação histórica.

 

Confissão adquirida, nomes denunciados, e a justiça parou.

 

Entretanto, tinha-se dado o 28 de Maio, o tal “movimento purificador”, e para uma paz tranquila não há como calar assuntos incómodos.

 

A peça “O mistério da camioneta fantasma”(x)

 

O trabalho dramatúrgico consistiu em desenhar o enquadramento do 19 de Outubro, focando a oposição monárquica, o importantíssimo papel da imprensa -principalmente os jornais “ A Época” e “A Imprensa da Manhã” do industrial Alfredo da Silva - na formação de um clima anti-regime através de boatos e intrigas, a conspiração dos exilados e o seu apoio por parte do Rei de Espanha, a acção determinante –no terreno e na confissão do Dente de Ouro -, dessa figura sinistra ,o empresário teatral Augusto Gomes, e a incapacidade ou total impossibilidade de os Republicanos terem conseguido a total clarificação deste “mistério”perante a opinião publica.

 

Será talvez essa a razão de se continuar a intitular de “mistério”um golpe reaccionário suficientemente clarificado nos seus propósitos e objectivos.

 

E se todos esses dados ainda são considerados insuficientes, pois que se faça luz definitiva sobre um dos mais bárbaros e repugnantes acontecimentos que manchou a vida politica nacional.

 

A História e o futuro vivem de saber ler o passado.

 

Não será despiciendo saber toda a verdade sobre os crimes que se abateram sobre os dirigentes do 5 de Outubro, onze anos depois de terem conquistado a liberdade para o povo português.

 

 

Hélder Costa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Hélder Costa nasceu em Grândola. Estudou Direito nas universidades de Coimbra e de Lisboa. Em Coimbra fez parte do CITAC. Em Paris, onde estudou Teatro, fundou o "Teatro Operário de Paris". Regressou a Portugal em 1974 Actor, dramaturgo e encenador, dirigiu cursos de Arte Dramática. É o director do Grupo de Teatro " A Barraca".

 

Principais obras: : Liberdade, Liberdade, Lisboa, 1974; O Congresso dos Pides e Um Inquérito, in "Ao Qu'isto chegou", 1977; A Camisa Vermelha, Coimbra, 1977; Três Histórias do Dia-a-Dia (O Jogo da Bola, A Sorte Grande, A Vaca Prometida), 1977; Histórias de fidalgotes e alcoviteiras, pastores e judeus, mareantes e outros tratantes, sem esquecer suas mulheres e amantes: sobre textos de Gil Vicente e Angelo Beolco, o Ruzante, Lisboa, 1977; Zé do Telhado, Coimbra, 1978; D. João VI, Coimbra, 1979; Teatro Operário: 18 de Janeiro de 1934, Coimbra, 1980; É Menino ou Menina (dramaturgia composta a partir de textos de Gil Vicente), Lisboa, 1981; Um Homem é um Homem - Damião de Góis, teatro, Coimbra, 1981; O Príncipe de Spandau, Lisboa, 1997; Marilyn, meu amor, drama original em dois actos, Lisboa, 1997;

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O Mistério da Camioneta Fantasma, Lisboa, 2001.O Incorruptivel, Fernão, mentes?, Bushlandia, Obviamente demito-o!, O Professor de Darwin, A Balada da Margem Sul, As peugas de Einstein (estreada no Brasil, inédita em Portugal)

 

(x) O texto de "O Mistério da Camioneta Fantasma" foi o produto de um concurso de bolsas de criação literária do Ministério da Cultura ganho pelo autor;

 

A peça teve uma 1ª edição (esgotada) pela “Colibri” com patrocínio do Instituto Português do Livro e das Bibliotecas

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publicado por João Machado às 23:55
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Quarta-feira, 15 de Setembro de 2010

Os 10 livros que devem ser salvos - a escolha do Hélder Costa

A Mãe - Gorki

Admirável Mundo Novo - Aldous Huxley
 Tudo o que é Sólido se Dissolve no Ar – Marshal Brehmen


Mein Kampf - Adolph Hitler*

La Historia me absolverá - Fidel Castro


As I  lay Dying-William Faulkner



                                         

 

Santa Joana dos Matadouros - Bertolt Brecht



O Visconde Cortado ao Meio - Italo Calvino

Les damnés de la Terre  - Frantz Fanon

O Ano da Morte de Ricardo Reis - José Saramago

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 * Esta escolha  insere-se na velha máxima : conhecer bem o inimigo para o poder combater.Penso que ele tinha lido muito bem o " Manifesto comunista" devido aos ataques que faz à burguesia e consequente "vénia/corte" a proletariado e lumpen, claro!


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publicado por Carlos Loures às 19:00

editado por Luis Moreira em 19/04/2011 às 18:11
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