Segunda-feira, 4 de Julho de 2011

Hoje na Barraca: debate entre o Marquês de Pombal e Inácio de Loyola, moderado por Cleópatra

Amigos e companheiros da grande festa que têm sido estes Encontros com grandes figuras da História da Humanidade : entramos no 6º e ultimio mês antes da interrupção para férias.Sim, porque essa gente importante também faz férias!

 

Hoje, dia 4 de julho aparecem Marquês de Pombal, Loyola ( dois inimigos de estimação) e a bela Cleopatra para amenizar o ambiente. E no dia 18, o 12º Encontro apresenta Cervantes , o alter-ego de D. Quixote, Chaplin e o seu Charlot e Rasputin , o bruxo místico e devasso da Corte Czarista pré-revolução bolchevique. Não faltem, avisem os distraídos, e venham divertir-se. Reservas 213965360

publicado por Carlos Loures às 09:00

editado por João Machado em 03/07/2011 às 22:47
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Domingo, 3 de Julho de 2011

OS ENCONTROS IMAGINÁRIOS CONTINUAM

E aqui está uma polémica que muitos esperam :

Marquês de Pombal enfrentando Loyola o chefe da Companhia

 de Jesus a poderosa seita religiosa que o implacavél ministro

de D. José expulsou de Portugal. Para amenizar o ambiente ,

chega a bela e divina Cleopatra que assustou o Império Romano

 com os seus amores com Julio César e Marco António. Não percam

 e reservem por segurança : 213965360

 

 

publicado por Carlos Loures às 09:00

editado por João Machado em 29/06/2011 às 18:26
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Sábado, 2 de Julho de 2011

"AS ´PEÚGAS DE EINSTEIN" EM ÚLTIMAS EXIBIÇÕES

 

 

 

ULTIMOS ESPECTÁCULOS de " AS peugas de Einstein" . 1,2,3 e 7,8 e 9 de JULHO. 5ª a Sabado 21, 30 , Domingo 16 horas. Não percam e avisem os amigos

 

“As Peúgas de Einstein”,  de Helder Costa expõe as teorias científicas do grande génio da Física de uma forma lúdica e acessível, ao mesmo tempo que traça um quadro de todo o século XX através da sua biografia social e humana. É fascinante o rol de algumas personalidades públicas que privaram com Einstein e que são personagens da peça: Lenine, com quem privou enquanto estudante em Zurique, os professores de Berlim Lenard e Max Planck, seguidores de Hitler, Roosevelt presidente dos USA, Marilyn Monroe e Arthur Miller, Paulette Godard e o seu grande amigo e companheiro de lutas contra o McCarthismo, Charlie Chaplin.

 

No vídeo, podemos ver um momento do espectáculo interpretado por uma companhia brasileira - no dia 07/11/09 no Teatro São João em Sobral-CE-Brasil, na estreia internacional.

 

publicado por Carlos Loures às 15:00

editado por João Machado às 11:50
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Sexta-feira, 1 de Julho de 2011

A BARRACA - AS PEÚGAS DE EINSTEIN EM ÚLTIMAS EXIBIÇÕES

ATENÇÃO!

 

"As peugas de Einstein" estão a terminar a temporada em Lisboa. Ultimo espectáculo é no Sábado, dia 9 de Julho às 21, 30. Como é hábito bem português deixa-se tudo para o fim. Por isso, não se distraiam e não percam este panorama do século XX através do olhar e da vida de Einstein, Chaplin, Paulette Godard, Marilyn e tantos outros.

 

Reservas : 213965360

 

 

publicado por Carlos Loures às 09:30

editado por João Machado às 02:23
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Sábado, 4 de Junho de 2011

Encontros Imaginários - por Hélder Costa

 

Último aviso sobre os Encontros Imaginários para dia 6 às 21, 30 no Bar da Barraca

 

Jules Verne ( 1828 – 1905)

 

 

Escritor Francês do século XIX é considerado por críticos literários o precursor

do gênero de ficção científica, tendo feito predições  sobre o aparecimento de novos
avanços científicos, como os submarinos, máquinas voadoras e viagem à Lua.

 

Com uma produção prolifica de enorme qualidade, escreveu cerca de 50

romances tendo sido traduzido em mais de 150 línguas e levado ao cinema em

várias produções de Hollywood.

 

Nos últimos anos, Verne escreveu muitos livros sobre o uso erróneo da tecnologia e
os seus impactos ambientais, sua principal preocupação naquela época. Continuou
a sua obra até a sua morte em 24 de Março de 1905.

 

  Al Capone (1899 – 1947)

 

 

 

   Alphonsus Gabriel Capone, ou simplesmente Al Capone foi um 

 ítalo-americano considerado por muitos como o maior gângster dos

 Estados Unidos.  Al - como era chamado pelo seu círculo íntimo, tinha o apelido

 de Scarface ("Cara de Cicatriz"), devido a uma cicatriz que tinha no rosto.

 

 Capone controlava informadores, casas de jogo, bordéis, bancas de

 apostas em corridas de cavalos, clubes noturnos,destilarias e cervejarias. Chegou

 a faturar 100 milhões de dólares norte-americanos por ano, durante

 a Lei seca.

 

Em 1929 foi nomeado o homem mais importante do ano, junto com personalidades da importância do físico Albert Einstein e do líder pacifista Mahatma Gandhi.

 

Em 1931, foi condenado pela justiça americana por fuga aos impostos, com 11 anos de prisão. Sua pena foi revista em 1939, devido ao seu estado de saúde. Tinha distúrbios mentais e morreu de sífilis em 1947.

 

 

D. Dinis (1261 – 1325)

 

 

 

D. Dinis ficou conhecido como «O Lavrador», devido a uma série de medidas que tomou com vista à protecção da agricultura, da pesca e do comércio, orientadas para o desenvolvimento das várias regiões. Procurou ainda, através das inquirições, evitar as crescentes e abusivas usurpações sobre o património régio. A actividade piscatória e salineira registou igualmente um grande incremento durante o seu reinado, com a fundação de numerosas póvoas marítimas e a promoção da construção naval.Filho de D. Afonso III e de D. Beatriz de Castela. Foi aclamado em Lisboa em 1279, para iniciar um longo reinado de 46 anos, inteligente e progressivo. Lutou contra os privilégios que limitavam a sua autoridade. Quando subiu ao trono, estava a coroa em litígio com a Santa Sé motivado por abusos do clero em relação à propriedade real. Fomentou todos os meios de uma riqueza nacional, na extracção de prata, estanho, ferro, exigindo em troca um quinto do minério a um décimo de
ferro puro. Desenvolveu as feiras e foi o grande impulsionador da nossa marinha, embora fosse à agricultura que dedicou maior atenção. Deve-se ainda a D. Dinis, poeta de grande qualidade, um grande impulso na cultura nacional. Entre várias medidas tomadas, deve citar-se a Magna Charta Priveligiorum, primeiro estatuto da Universidade, a tradução de muitas obras, etc.

 

 


O monarca português nacionalizou ainda as ordens militares, criando em 1315 a ordem de Cristo, destinada a manter a cruzada religiosa contra os infiéis, cuja fundação viria a ser confirmada pela bula papal de Março de 1319 Ad ea ex quibus. Esta nova ordem militar viria a ter uma enorme projecção no reino, sobretudo na expansão ultramarina dos séculos XV e XVI.


O final do reinado de D. Dinis foi marcado por violentas guerras familiares,primeiro com o seu irmão (D. Afonso) e depois com o seu filho herdeiro (D. Afonso IV) e o seu filho bastardo (D. Afonso Sanches). Nestas guerras
sobressaiu a figura da rainha D. Isabel, que contribuiu, decisivamente, como medianeira em várias diligências, para restabelecer a paz entre pai e filho.

A D. Dinis se deve a fundação do Estudo Geral Português, em Lisboa (1290), onde se leccionavam artes, cânones, leis, medicina e teologia, e que constitui o primeiro núcleo de estudos universitários em Portugal. Durante o seu reinado, os documentos oficiais passaram a ser escritos no nosso idioma, e o monarca ordenou ainda a tradução para português de obras de renome como as Sete Partidas (conjunto de leis de Afonso, o Sábio) e a Crónica do Mouro Rásis. 

 

A sua corte foi um dos centros literários mais notáveis da Península.

 

 

publicado por Carlos Loures às 10:30

editado por João Machado em 03/06/2011 às 23:26
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Quinta-feira, 19 de Maio de 2011

A Republica nos livros de ontem nos livros de hoje, CXV e CXVI, por José Brandão

As Minhas Memórias

 

3 Volumes

 

Gonçalo Pereira Pimenta Castro

 

Lisboa, 1950

 

 

Onde passava a noite ninguém o sabia. Quando ia a uma esquadra de polícia deixava o carro à porta e saía, depois, por outra porta, com destino a uma outra esquadra, mas sem dizer para onde ia. Outras vezes o seu carro passava no Rossio levando dentro o seu impedido com umas barbas postiças iguais às dele e um boné e uma capa que lhe pertenciam, fingindo que era ele próprio. O carro parava à porta da esquadra do teatro de D. Maria e aí ficava até de madrugada para depois o levar a casa. Em caso de revolução ninguém sabia onde ele estava e donde dava as ordens. No Governo Civil, até ordem em contrário, concentrava-se apenas a esquadra que ali estacionava. Quando foi atacado não se pôde defender porque lhe alvejaram as mãos e não pôde fazer fogo com as duas pistolas que levava. Não perdendo o sangue frio, resolveu então lançar-se no chão, fingindo-se morto.

 

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O Mistério da Camioneta Fantasma


Hélder Costa



Edições Colibri, 2001

 

No dia 19 de Outubro de 1921 deu-se mais um golpe militar contra um governo republicano. Demissão do Ministério e nem soou um tiro.

 

O golpe nascera na Armada e tinha a chefiá-lo um dos heróis do «31 de Janeiro», o tenente-coronel Manuel Maria Coelho. Tratava-se, portanto, de um golpe de esquerda contra o governo de António Granjo, prestigiado combatente transmontano nas forças republicanas que se opuseram a Paiva Couceiro. Este governo imprimia medidas impopulares para tentar equilibrar a bancarrota e combater o desemprego e a miséria do após-guerra.

 

Entretanto, durante o dia e na noite seguinte, uma camioneta começou a percorrer a cidade, raptando e assassinando figuras importantes da República: o primeiro-ministro António Granjo, Machado Santos, o herói da Rotunda, Carlos da Maia e Botelho de Vasconcelos.

 

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publicado por João Machado às 17:00
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Quarta-feira, 11 de Maio de 2011

Medalha de Honra da Sociedade Portuguesa de Autores atribuída a Hélder Costa

 

 

 

No próximo dia 20 de Maio o nosso colaborador Hélder Costa receberá a Medalha de Honra da Sociedade Portuguesa de Autores. 

 

Hélder Costa frequentou a o Curso de Direito na Universidade de Coimbra, integrando o CITAC (Círculo de Inicição Teatral da Academia de Coimbra), foi presidente do Grupo Cénico  de Direito, que recebeu menções honrosas no Festival Mundial de Teatro Universitário de Nancy- 1966/67; estudou no Institut d'Études Théatrales da Sorbonne e foi fundador do Teatro Operário de Paris, em 1970. Encenador e Director artístico do grupo A Barraca (Prémio UNESCO em 1992), tem encenado e dirigido espectáculos em Espanha, Brasil, Dinamarca e Moçambique. Tem participado em numerosas acções de formação, em congressos e festivais em muitos países da Europa, de África e da América Latina. É autor de uma vasta obra dramática.

 

Com a peça Dancing venceu o I Festival Internacional da Cidade do México.

 

A presente condecoração vem juntar-se a outras distinções nacionais e internacionais, como por exemplo o Grande Prémio de Teatro da RTP, o Prémio Damião de Góis, o da Associação de Críiticos, o da Casa da Imprensa, o da Associação de Actores e Directores da Catalunha. As Peúgas de Einstein, seu trabalho mais recente, está actualmente em cena no Teatro de A Barraca.

 

Ao Hélder Costa, os parabéns do Estrolabio!

 

 

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publicado por Carlos Loures às 09:00

editado por Luis Moreira em 09/05/2011 às 23:27
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Sábado, 23 de Abril de 2011

Os 10 livros que devem ser salvos - a escolha do Hélder Costa

 

 

A Mãe - Gorki

 

Admirável Mundo Novo - Aldous Huxley

 

 

 

Tudo o que é Sólido se Dissolve no Ar – Marshal Brehmen

 

Mein Kampf - Adolph Hitler*

 

La Historia me absolverá - Fidel Castro

 

 As I  lay Dying-William Faulkner

 

Santa Joana dos Matadouros - Bertolt Brecht

 

 

 

O Visconde Cortado ao Meio - Italo Calvino

 

Les damnés de la Terre  - Frantz Fanon

 

O Ano da Morte de Ricardo Reis - José Saramago

 

                                         

 

 


 

 

 

 

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 * Esta escolha  insere-se na velha máxima : conhecer bem o inimigo para o poder combater.Penso que ele tinha lido muito bem o " Manifesto comunista" devido aos ataques que faz à burguesia e consequente "vénia/corte" a proletariado e lumpen, claro!

 

 

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publicado por João Machado às 15:00
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Domingo, 10 de Abril de 2011

Einstein e o século XX – por Hélder Costa

 

 

 

 

 

 

 


 

 

https://1.bp.blogspot.com/_sxspXXHoZgg/S9t3br3JWvI/AAAAAAAAAms/2eVqyLCaZmk/s320/albert_einstein.jpg

 

 

A biografia da Einstein constitui um retrato brilhante e lúcido sobre o século XX, o século das grandes guerras, catástrofes, Holocausto, e – simultaneamente , dos grandes avanços do saber humano.

 

Einstein foi um dos grandes motores responsáveis pelo extraordinário avanço cultural e civilizacional da Humanidade.

 

Testemunha privilegiada de conflitos, derrotas e sucessos, sempre esteve do lado bom da História lutando pela Paz, pela destruição de armas atómicas e pela liberdade de pensamento.

 

Como homem de inteligência que era, não aceitou o convite para ser o primeiro Presidente do Estado de Israel. Declarou que estava contra  a formação de um Estado e que era necessário falar com os Árabes para chegar a acordos territoriais, único caminho para evitar guerras eternamente insolúveis.

 

Como prova a actual situação no Médio Oriente.

 

É com enorme prazer que vemos chegar Einstein à família de intelectuais , artistas e “gente de Bem” que  A BARRACA foi juntando durante estes 35 anos.

 

Sinopse

 

“As peúgas de Einstein” de Helder Costa expõe as teorias cientificas do grande génio da Física de uma forma lúdica e acessível, ao mesmo tempo que traça um quadro de todo o século XX através da sua biografia social e humana.

 

É fascinante o rol de algumas personalidades públicas que privaram com Einstein e que são personagens da peça : Lenine, com quem privou enquanto estudante em  Zurique, os professores de Berlim Lenard e Max Planck, seguidores de Hitler, Roosevelt presidente dos USA, Marilyn Monroe e Arthur Miller, Paulette Godard e o seu grande amigo e companheiro de lutas contra o McCarthismo, Charlie Chaplin.

 

 

 

 

publicado por João Machado às 21:00

editado por Luis Moreira às 02:58
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Sábado, 9 de Abril de 2011

“AS PEUGAS de EINSTEIN”- Estreia dia 13 de Abril de 2011 às 21,30 na BARRACA

 

 

 


 


 

A ESTREIA no BRASIL


A peça “ As peúgas de Einstein” estreou no Brasil em Novembro de 2009 integrado nas comemorações do Ano Internacional da Astronomia da ONU.


Sinopse



As peugas de Einstein” de Helder Costa expõe as teorias cientificas do grande génio da Física de uma forma lúdica e acessivel, ao mesmo tempo que traça um quadro de todo o século XX através da sua biografia social e
humana.


É fascinante o rol de algumas personalidades públicas que privaram com Einstein e que são personagens da peça : Lenine, com quem privou enquanto estudante em  Zurique, os professores de Berlim Lenard e Max Planck, seguidores de Hitler, Roosevelt presidente dos USA, Marilyn Monroe e Arthur Miller, Paulette Godard e o seu
grande amigo e companheiro de lutas contra o McCarthismo, Charlie Chaplin.


 

Em cena : de 4ª a Sábado, 21,
30 e Domingo 16 horas


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RESERVAS : 213965360

publicado por Carlos Loures às 21:00

editado por João Machado às 23:36
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Sexta-feira, 25 de Fevereiro de 2011

O Mistério da Camioneta Fantasma - XIX

 

 

 

 

 

 

 

(Continuação)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O Mistério da Camioneta Fantasmapeça de Hélder Costa – 20 e 21


Cena 20

 

Pesadelo e melancolia

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(Musica e luz intermitente)

 

Berta Maia – Diz-me Dente de Ouro: quem te mandou matar o meu marido?

(esta fala é repetida por outras vozes a seguir a cada fala de BM ou de AO)

 

Abel Olímpio – Ninguém mandou. Desconfie a senhora daqueles que mais choram o seu marido.

 

Berta Maia – Tu hás-de falar. Tu falarás.

 

Abel Olímpio – Padre Lima, ... ia receber dinheiro ao jornal “A Época”...

 

Berta Maia – Eles vão-te matar. Não morras sem me dizeres a verdade.

 

Abel Olímpio – Minha senhora, a República não avança porque os monárquicos se introduzem nela e não deixam.

 

Berta Maia – Fala, Dente de Ouro... fala!

 

Abel Olímpio – Eu fui aliciado pelo Padre Lima, residente na Rua da Assunção, 56 – Direito.

Sou o cabo de artilharia da Armada, nº 2170, e estou a prestar declarações sem coacção, nem dádivas ou promessas, para efeitos de justiça e revisão do processo das vítimas de 19 de Outubro.

O Padre Lima dizia nas reuniões: “no próximo movimento revolucionário, depois de tudo organizado, como devia ser, lançavam-se no movimento para o empalmar, e donos da situação liquidavam-se os republicanos, em especial os do 5 de Outubro, e vingava-se a morte de el-rei D. Carlos”.

 

Berta Maia (com o filho nos braços) – Ninguém me pode dar o meu marido. Mas limpei a sua honra e o ideal dos republicanos honestos.

(Slide - morte de Carlos da Maia e reprodução ao vivo—Dente de Ouro dá tiro na nuca a Carlos da Maia)

 

Cena 21

 

O silêncio

 

(Salazar sentado numa cadeira É novo, entra senhora Maria. Mimam cálices de porto).

 

Senhora Maria – Aqui está o biscoitinho e o portinho, senhor doutor.

 

Salazar – Muito obrigado, senhora Maria. Olhe, não quer um cálicezinho?

 

Senhora Maria – Não vale a pena, muito obrigada, senhor doutor.

 

Salazar - Vá lá, tome lá um golinho... que é para não dizer que o Salazar é um sovina.

 

Senhora Maria – Valha-me Deus, se alguma vez eu era capaz de uma coisa dessas!

 

Salazar - É que eu estou satisfeito com umas coisas, quero comemorar, e também quero saber a sua opinião

 

Senhora Maria - Se eu souber dizer alguma coisa que se aproveite...

 

Salazar – O que é que pensa daquele caso do Dente de Ouro?

 

Senhora Maria – Olhe, senhor doutor, vê-se que Deus não dorme. Quem é que havia de dizer que passados tantos anos, aquele monstro ia começar a falar... grande mulher, aquela senhora...

 

Salazar – Pois olhe, eu acho que isto já deu conversa a mais e vou proibir que os jornais falem do assunto.

 

Senhora Maria – O senhor doutor é que sabe, mas olhe que agora, anda toda a gente a querer saber o que se passou... e parece que aquele bandido que matou a Maria Alves também estava metido nisso...

 

Salazar – O perigo disto é que há amigos nossos que estiveram metidos no caso, e se isso se sabe é uma carga de trabalhos.

 

Senhora Maria – Parece impossível. Então não foram esses republicanos, ou lá o que é, que mataram aqueles senhores?

 

Salazar – Está a ver... a coisa estava tão bem feita, que até a senhora acreditou... está-se a descobrir que foi a nossa gente quem organizou tudo; é por isso que tem de se pôr uma pedra sobre o assunto.

 

Senhora Maria – O que vai haver pr’aí de barulho...

 

Salazar – Está enganada. Esses republicanos, democratas e revolucionários e outros nomes que lhes quiser chamar, calam-se todos.

 

Senhora Maria – Oh senhor doutor!

 

Salazar – Mataram o Machado Santos e quem é que quer saber disso? O Carlos da Maia, com a mania da seriedade... e o Granjo...

 

Senhora Maria – O senhor Granjo parece que até estava a governar menos mal...

 

Salazar – Estava, estava. Estava a cortar no que a populaça exigia. Era para ficar bem visto pelos capitalistas. Esse ainda está pior. Primeiro, porque os seus antigos companheiros aproveitaram isso para dizer que ele tinha mudado, que já não merecia confiança, e que foi muito bem feito ter morrido como morreu. Os capitalistas e os monárquicos também não irão mexer uma palha, porque esse tipo de política é para ser feita por nós, e não por eles.

Está a perceber porque é que eles se vão calar?

 

Senhora Maria – Alguém há-de refilar.

 

Salazar – Senhora Maria, vai tudo ficar calado, até porque apanharam medo a sério. Já perceberam que a gente não está para brincar, e que as coisas vão mesmo endireitar. O reviralho acabou.

Umas prisões, uns safanões dados a tempo, umas deportações para bem longe... Timor, Cabo Verde, Costa de África... ficam a fazer a revolução com os pretinhos...eles é que gostam dessas algazarras… (ri)... os que nós deixarmos por aqui, a gente já os conhece... não fazem mal a uma mosca e até convém que digam as suas coisas para parecer que o nosso regime respeita a liberdade. Está tudo bem assim, e nem podia ser de outra forma.

 

Senhora Maria – O Senhor doutor Salazar é muito inteligente.

 

Salazar (bebe) – Olha traga-me a minha mantinha….

 

(Senhora. Maria põe-lhe a manta nos joelhos)

 

É muito bom este vinho do Porto...

 

(Som de máquina de escrever e voz)

 

- Condenados só vi, até agora, os executores, aqueles cujas culpas não oferecem dúvidas. Trabalharam por sua conta estes carrascos? Saiu das suas cabeças essa ideia terrível de assassinar gente honrada e deixar com vida tantos miseráveis?

 

Quem preparou a aura do terror? Das suas revelações é que depende a justiça, não a do tribunal republicano, que só condena marujos e soldados, mas a outra, a que algum dia, tarde ou cedo, se fará em nome da Nação.

 

Rocha Martins

(Som da camioneta. Faróis no ciclorama .)

 

Voz off (acompanhando a entrada dos personagens)

Os autores morais dos crimes nunca foram inquiridos.

Alfredo da Silva fugiu para Espanha, voltou a financiar outro golpe – o 28 de Maio – e foi recompensado com A Tabaqueira, o grande negócio dos tabacos.

Gastão de Melo e Matos, monárquico e investigador pertenceu à Comissão de Censura de Espectáculos

Carlos Pereira continuou a dirigir a sua Companhia das Aguas

O Padre Lima voltou para a terra, sendo pároco em Macedo de Cavaleiros e Mogadouro. Morreu em paz .

Augusto Gomes, preso pelo assassinato de Maria Alves

Abel Olímpio, o Dente de Ouro, foi degredado para Àfrica.

O sargento que assassinou Carlos da Maia nunca foi preso.

Tinha-se dado o golpe do 28 de Maio, e estes crimes foram cobertos com um oportuno manto de silêncio.

( 4 Actores (Alfredo da Silva, Gastão de Melo e Matos, Carlos Pereira e Padre Lima) atiram para os projectores que se vão apagando até se atingir o black – out)

 

FIM

 

Saída do publico com

 

One O’clock jump de Duke Elington

 

 

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publicado por João Machado às 23:55
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Quinta-feira, 24 de Fevereiro de 2011

O Mistério da Camioneta Fantasma - XVIII

 

 

 

 

 

 

 

(Continuação)

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 O Mistério da Camioneta Fantasmapeça de Hélder Costa - 19


 

Cena 19

 

 

A impunidade

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(Gastão Melo Matos com Barbosa Viana)

 

BV – Senhor Gastão Melo Matos , como sabe foi referenciado como implicado no 19 de Outubro...

 

GMM – Sim, Sr. agente Belém. Fui referenciado nesse caso e com muito prazer.

 

BV – Sr. Gastão, não me parece que o caso seja para dar muito prazer. Foram crimes horríveis que se praticaram e a partir das confissões do Dente de Ouro, a acusação dirige-se ao vosso campo, o monárquico.

 

GMM – Houve um julgamento, criminosos foram condenados, e se há denúncias contra outros, prendam-nos. Não percebo o que é que o Sr. agente pretende investigar...

 

BV – Eu quero investigar os motivos desses crimes, quem foram os instigadores... é a opinião pública que exige ser esclarecida.

 

GMM – Mas se é só isso, eu informo-o. É evidente que a nossa táctica consistia em empalmar o movimento revolucionário republicano. Nem podíamos fazer outra coisa, depois das nossas invasões monárquicas de 1911 e 1919 terem falhado, da morte do Sidónio, da derrota em Monsanto (ri) ... era o único caminho que nos restava, e como vocês passavam a vida a dar-nos oportunidades sempre com golpes uns contra os outros... (ri) ... acabou por ser fácil.

 

BV – Mas para isso, é preciso dinheiro...

 

GMM – Oh, senhor agente, dinheiro é coisa que não nos falta, graças a Deus. Para esses marujos foram 100 contos dados pelo conde de Tarouca e pelo Carlos Pereira da Companhia das Águas, o palerma do tenente Mergulhão deu a camioneta a troco de trezentos mil réis e houve mais dinheiro que funcionou para outra gente... e quando for preciso mais, arranja-se...

 

BV – O Sr. Gastão sabe que as suas declarações são graves...

 

GMM – O que é grave é se o Sr. as quiser utilizar. Não percebeu que o país mudou? Não percebeu que o 28 de Maio foi feito para pôr ordem – de uma vez por todas – neste desgraçado país? O 19 de Outubro foi feito, foi bem executado, foi julgado, o caso está arquivado e acabou. Nunca mais se falará nisso. Daqui por cem anos ainda hão de dizer que foram os Republicanos que fizeram estes crimes. (Riso cínico) A você e aos seus correligionários só resta deixar esses mortos em paz e sossego, e acautelar as vossas vidas.

 

Porte-se bem, que não lhe acontece nada. Se alguma vez tiver um problema, diga-me. Passe muito bem.

 

Barbosa Viana - (Sai) Sacana!

 

(Continua)

publicado por João Machado às 23:55
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Quarta-feira, 23 de Fevereiro de 2011

O Mistério da Camioneta Fantasma - XVII

 

 

 

 

 

 

 

(Continuação)

 

 


 

O Mistério da Camioneta Fantasmapeça de Hélder Costa – 17 e 18


 Cena 17

 

A hipocrisia

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(com as imagens dos assassinatos em fundo, os oradores avançam)

 

Gastão Melo Matos

É preciso parar esta iniquidade. Os bárbaros crimes do 19 de Outubro não podem sair da nossa memória. A Nação está revoltada e exige justiça. Mas, quem são os culpados? Quem arrastou o nosso país para uma sucessão infindável de tragédias e crimes? Foram estes republicanos, estes maçónicos sempre agitando a revolução ( Apoiado! Apoiado!)

 

São esses oficiais obscuros e despeitados, chefiados por esse Coelho do 31 de Janeiro, um demagogo que prega a honestidade e deixa os seus homens matarem António Granjo, o chefe do Governo, Machado Santos, Carlos da Maia e outros vultos imperecíveis da República! São eles que têm de enfrentar a lei! É o que este povo reclama, sedento de justiça e de verdade na vida pública!

 

(aplausos. Bravos)

 

Carlos Pereira

Que gente é esta que nos envergonha perante as nações civilizadas da Europa? Que republicanos são estes que matam os seus próprios correligionários? Que partidos são estes que só espalham a desordem e mergulham a nação num caos sangrento de que dificilmente se curará?

 

Levantemo-nos contra esta vergonha. Desarmemos a Guarda Republicana, esta força ilegal que amedronta o Exército, que domina o Presidente da República e o Parlamento, e que serve de capa protectora aos sinistros desmandos anarquistas e bolchevistas

 

Regeneremos Portugal. É preciso limpar a mancha repugnante que se abateu sobre a Nação! Viva Portugal!

 

(Aplausos. Viva a Nação! Viva Portugal!)

 

(Sobe o som do charleston)

 

 

Cena 18

 

Investigação e vontade política

 

(Na rua, escuro. BV faz sinal com lanterna .Aparece VP)

 

Virgílio Pinhão – Sr. Dr. Barbosa Viana a que devo a honra desta entrevista?

 

Barbosa Viana – Sente-se, meu caro director Virgílio Pinhão. A D. Berta Maia tenta encontrar-me para falar do 19 de Outubro. Houve o 28 de Maio, os militares tomaram outra vez conta disto, o Alfredo da Silva está por trás por causa dos negócios do tabaco, é gente com muita força, não me quero meter nisso.

 

Virgílio Pinhão – Tem toda a razão. O que lá vai, lá vai. Eu, pela minha parte, desfiz as provas que pude. Fiquei de mãos limpas e sem poder cair na rede desses senhores...

 

Barbosa Viana – aquela lista...

 

Virgílio Pinhão - sim, sim, esteja descansado.

 

Barbosa Viana – Faça-me um favor. Vá, por mim, à entrevista com a D. Berta Maia e tente dissuadi-la de continuar com aquela mania de querer descobrir tudo. Só se prejudica a ela e ao nosso movimento republicano, que agora tem de estar cauteloso e de unhas encolhidas à espera de melhores dias.

 

Virgílio Pinhão – Eu trato disso, fique descansado. Melhores dias virão. E muito rapidamente. A estes golpistas, dou-lhes mais um mês, o máximo.

 

Barbosa Viana – É o que eu e os meus correligionários pensamos. Na altura, falaremos sobre as suas futuras funções e responsabilidades.

 

Virgílio Pinhão – Eu estou sempre ao serviço do ideal republicano, senhor doutor.

 

Barbosa Viana – Muito bem. Vá indo, trate-me desse assunto. Passe muito bem.

 

(Casa de BM com VP)

 

VP – O Sr. Dr. Barbosa Viana estava adoentado, enviou-me a mim com um cartão...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

BM (com o cartão) – “minha senhora, não me sinto bem, mas envio-lhe o Sr. Virgílio Pinhão, que é o mesmo que conversar comigo... (pausa) o quê? O senhor é o Sr. Virgílio Pinhão?

 

VP – Sim, minha senhora.

 

BM – Ah! Sim, a conversa não será nunca igual à que eu teria com o Dr. Barbosa Viana. Queria elogiá-lo por falar da infiltração de integralistas no 19 de Outubro, e queria censurá-lo por não dizer mais nada, deixando apodrecer na cadeia o Abel Olímpio enquanto os verdadeiros criminosos andam, por aí, à solta.

 

VP – O Dente de Ouro é uma besta feroz, um animal.

 

BM – E quem o industriou e convenceu, o que é? O Abel Olímpio contou-me como foi recrutado, como ia receber dinheiro à Época...

 

VP – A senhora pode possuir todas as provas morais de que a morte do seu marido se deve à acção de monárquicos, mas nunca terá as provas jurídicas.

 

BM – É verdade, eu não tenho a prova jurídica... e se eu não a tenho é porque alguém a tem!

 

VP – Mas que prova quer a senhora ter?

 

BM – Senhor Virgílio Pinhão, o Abel Olímpio falou-me de uma lista com nomes a abater, e disse-me que tinha dado essa lista à polícia...

 

VP – Isso é mentira! Nunca houve tal lista!

 

BM – Senhor Virgílio Pinhão, o julgamento do 19 de Outubro está incompleto. Os oficiais republicanos foram absolvidos, mas há quem continue a considerá-los culpados... se o senhor ou o senhor Dr. Barbosa Viana conseguissem algum documento, era muito importante...

 

VP – Minha senhora, recordo-lhe que eu e o Dr Barbosa Viana fomos afastados das investigações, que eu propus ao jornal “A Capital” uma campanha jornalística, que essa campanha começou e foi suspensa, que fui preso por ter divulgado documentos que faziam parte da conspiração monárquica, que me apresentei no tribunal com toda a papelada para servir de testemunha, e que dispensaram o meu depoimento...

 

BM – Se isto não se esclarecer, eu vou publicar as minhas entrevistas com o Abel. Depois, aqueles de quem eu citar os nomes, vão dizer que eu sou doida...

 

VP – Isso não. Eles hão-de arranjar uma defesa inteligente...

(Beija a mão. Sai)

 

(Continua)

publicado por João Machado às 23:55
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Terça-feira, 22 de Fevereiro de 2011

O Mistério da Camioneta Fantasma - XVI

 

 

 

 

 

 

 

(Continuação)

 

 


 

O Mistério da Camioneta Fantasmapeça de Hélder Costa - 16


Cena 16

 

 

O golpe em marcha

 

(SLIDE ROTATIVA: Redacção “Imprensa da Manhã”)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jornalista. – está aqui o artigo, chefe.

 

Chefe – Muito bem, óptimo. É preciso publicar que o Machado dos Santos está riquíssimo, e que convinha saber onde arranjou o dinheiro. ( rasga o artigo)

 

Jorn. – Mas ele está rico?

 

Chefe - O que é que isso interessa? A gente tem de publicar isto, e mais nada. E poucas perguntas, faça favor.

 

Jorn. – mas eu não sei o que hei de escrever.

 

Chefe – não sabe? Se não sabe, invente. Olhe, que ele foi visto a comprar um fato novo nos armazéns do Chiado, que esteve na Brasileira a fumar charuto, que anda com putas e em festas de pederastas na Graça, sei lá...

 

Jorn. – Mas...

 

Chefe - E o senhor cala-se. Se não quer trabalhar, vá - se embora. Olhe que há muita gente à procura de um emprego destes...

 

(Vai ao escritório de Alfredo da Silva)

Alfredo da Silva – Bom dia, chefe. Tudo em ordem?

 

Chefe – Tudo em ordem, senhor Alfredo da Silva. As tiragens estão a subir, mas é preciso mais dinheiro para propaganda e para pagar a uns informadores.

 

Alfredo da Silva – Esta “Imprensa da Manhã” é a minha amante mais cara.

 

Chefe – Mas também vai ser a que lhe vai dar maiores prazeres. Espere, que logo vê.

 

Alfredo da Silva (dá notas) – chega?

 

Chefe – Chega e sobra. Abençoado seja o capital.

 

Alfredo da Silva – Abençoado seja o operariado do Barreiro! .. (ri-se) pelas conversas que tenho ouvido, as pessoas estão a gostar do jornal. Tem muitos escândalos. Muito bem, muito bem.

 

Chefe – Nós esforçamo-nos o máximo.

 

Alfredo da Silva – A ideia é não deixar os republicanos respirarem. Eles têm de perceber que não nos vencem com facilidade. Mesmo que estejam a fazer alguma coisa boa, é preciso atacá-la e destruí-la.

 

Chefe – pois claro. Se estes bolcheviques tomam asas, nunca mais conseguimos virar a situação. Mas dizer mal de uma coisa boa é mais difícil.

 

Alfredo da Silva – Puxe pela cabeça. É para isso que os revolucionários do Barreiro lhe estão a pagar... puxe pela cabeça... Deus o ajudará.

 

(Num cabaret. Padre Lima, Gastão Melo Matos, Alfredo da Silva)

 

Gastão Melo Matos – Finalmente, Alfredo! A hora da vingança aproxima-se.

 

Padre Lima – A revolta está marcada para daqui a dois dias, temos tempo de planificar a nossa acção. O golpe vai ser dado pelo Coronel Manuel Maria Coelho, tem o apoio da Guarda Republicana, da polícia...

 

Gastão Melo Matos – Esses ainda são piores que estes que estão no Governo.

 

Alfredo da Silva – Muito piores. O que quer dizer que este é que é o bom movimento para a gente empalmar... (ri)...oh padre, e há gente boa para usar do varapau e moer os ossos a estes bolcheviques?

 

Padre Lima – Gente do melhor... E até dentro da Guarda Republicana... e há o Dente de Ouro que anda cheio de raiva contra estes republicanos todos, por causa do que aprende com os marinheiros anarquistas... (ri)...é só atiçá-lo e ele aí vai arrastando os outros.

 

(Entra Augusto Gomes com 2 coristas que entram em dança e jogo com os homens enquanto falam)

 

Augusto Gomes – Os senhores dão licença? Há aqui umas senhoras que os querem cumprimentar. Artistas de teatro, a Piedade e a Maria Alves...

 

Alfredo da Silva – Grande Augusto Gomes, o grande empresário teatral da nossa praça! Sempre bem acompanhado

 

Alfredo da Silva – Muito bem, muito bem. Confirma-se a revolução para o dia 19? E quem é que vai dirigir as operações? Eu não vou , já estou a dar muito dinheiro, é para pagar a essa gente que gosta de brigas e pancadaria. A minha política foi sempre outra.

 

Gastão – Eu estou um bocado engripado. E se nos acontece alguma coisa? Quem é que dirigia o movimento?

 

Padre Lima – Com certeza. Os generais nunca vão para a guerra. A cabeça do movimento tem de ficar bem escondida. Não se preocupem, eu trato do assunto... com o Sr. Augusto Gomes…

 

Augusto Gomes – Eu tenho que pertencer aos homens do terreno, até para orientar o que se deve fazer. E como sou um homem da noite, posso andar por todo o lado... vou falar com o Roque, o nosso banheiro de Pedrouços, é dos bons, pode dar uma ajuda.

 

Padre Lima – Depois combinamos as nossas zonas.

 

Augusto Gomes - Depois desta festa, padre...

(Padre é empurrado para o chão, coristas caiem em cima dele)

 

(Irrompe dança ocupando toda a frente de cena)

 

CABARET - Festa.

 

Charleston

7º Slide / Filme - morte de A. Granjo (desenho)

 

Charleston

8º Slide - Corneteiro com espada, sangue e frase “Venham ver de que cor é o sangue do porco!”

 

Charleston

Dança c/ rasgar da bandeira Republicana

 

Charleston

CHUVA DE NOTAS, notas acendem charutos; faixas azul e branca percorrem o cenário

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Charleston, faróis no ciclorama e som da camioneta acompanham os discursos

 

(Continua)

publicado por João Machado às 23:55
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Segunda-feira, 21 de Fevereiro de 2011

O Mistério da Camioneta Fantasma - XV

 

 

 

 

 

 

 

(Continuação)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O Mistério da Camioneta Fantasmapeça de Hélder Costa - 15


Cena 15

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Últimas ordens

 

Padre Lima e Dente de Ouro põem moedas em saquinhos

(Marinheiros com Padre Lima e Dente de Ouro. A imagem sugere a ceia de Cristo)

(Padre Lima prepara beberagem no garrafão que dá aos marinheiros)

 

Padre Lima – Bebei, meus irmãos, este é o elixir consagrado que vos dará forças e alegrias. A palavra de Deus irá entusiasmar-vos para poderdes conquistar um lugar imperecível na nossa luminosa história.

Vós sois os apóstolos da liberdade. Não queremos Judas entre nós. Sai Satanás !

(mostra o pergaminho). Quem lutar , será recompensado. Está aqui o compromisso de gente honesta.

 

Abel Olímpio – Viva el-rei D. Carlos! (com o pergaminho) Acabou a nossa miséria! Viva el-rei D. Carlos!

 

Todos – Viva!

 

Padre Lima – (agita um saco) - Vocês ganham mal. A República despreza-vos, não vos paga o que vós mereceis. Mas as pessoas que foram perseguidas e injuriadas, respeitam o povo martirizado. Tendes necessidades e alguns de vós tendes responsabilidades familiares...

(risos)

Irmãos, irmãos, não façais chacota. Há, com certeza, quem tem mulher e filhos que necessitarão de maior carinho e conforto.

Tenho a sorte de vos poder oferecer algum dinheiro... dinheiro de almas piedosas que ainda acreditam que este país mudará de rumo... tomai....e multiplicai-vos...

Que Deus vos proteja!

(Distribuição de pequenos sacos, em mistura com nova distribuição de bebidas)

 

(Na rua, de noite. Padre Lima com Abel Olímpio e Augusto Gomes)

Padre Lima – O Augusto Gomes ainda não veio?

 

Abel Olímpio – não, e já estou aqui há um bom bocado.

 

Padre Lima - Abel, isto está mau. Não podemos falhar. Últimas informações: o Machado Santos tem mesmo de ser abatido.

 

Abel Olímpio – Mas esta gente gosta dele. É perigoso.

 

Padre Lima – Tem de ser. Agora está a fazer contra-espionagem para descobrir os nossos negócios com Espanha e com o Rei Afonso XIII.

 

Abel Olímpio – Essa agora! Mas como é que o senhor padre descobriu isso?

 

Padre Lima - Como é que havia de ser? Primeiro, porque muitos dos nossos nunca saíram dos ministérios nem das polícias, e depois porque fomos infiltrando a nossa gente no meio desses palermas. Tens aqui a última lista dos que têm que ser abatidos. Quero o serviço bem feito.

 

(Camioneta, som e faróis. Aparece Augusto Gomes)

Augusto Gomes – Olá, Dente de Ouro. Tudo em ordem?

 

Abel Olímpio – Sim, senhor Augusto Gomes.

 

Padre Lima – Já lhe dei a lista. E já lhe disse aquilo do Machado Santos.

 

Augusto Gomes – isso é que nunca pode falhar. Eu mesmo me encarregarei dessa encomenda ( risos). Não queremos falhanços. O ataque tem de ser rápido e sem piedade. Temos de aproveitar a surpresa.

 

Abel Olímpio – Esteja descansado.

 

Augusto Gomes – Se fizerem o que é preciso, vão ter uma vida de lordes. Atenção, o silêncio é essencial para a nossa vitória. Porque se este golpe não for totalmente triunfante, outro estará em marcha e não se podem descobrir pistas. Percebes?

Se algum for  preso, dentro de pouco tempo será libertado.

E se falar, é considerado traidor e terá de ser morto.

Percebes?

 

Padre Lima – Vai meu filho, vai. Deus te abençoe.

(Abel Olímpio ajoelha-se, Padre benze-o e dá-lhe a mão a beijar. Augusto Gomes iluminado pelos faróis faz sinal de cortar o pescoço a AO)

 

(Continua)

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