Sexta-feira, 8 de Abril de 2011

Os jovens começam mal por Louis Chauvel

enviado por júlio Marques Mota

 

Nota de abertura

Um texto duro, mais um, sobre a situação da geração em precariedade que não será apenas esta, a que agora veio para rua a 12 de Março, aqui ou algures, mas igualmente as que se lhe seguirão se não conseguirmos travar esta marcha infernal para a destruição civilizacional a que os nossos neoliberais de hoje nos querem condenar.

 

Sobre a juventude, triplamente desqualificada, diz-nos o autor agora aqui reproduzido:
“Observamos uma tripla desqualificação. Uma desqualificação escolar, primeiramente, a juventude sendo agora de classe média do ponto de vista dos diplomas, está abaixo da classe operária do ponto de vista dos rendimentos. Para além do valor dos diplomas, a desqualificação é também intergeracional, com uma multiplicação esperada das trajectórias sociais descendentes relativamente aos seus pais.

 

É também sistémica, dado que, com a queda das novas gerações, são os seus direitos sociais futuros que são postos em causa: o seu desenvolvimento humano hoje, a sua capacidade a criar e formar os seus filhos amanhã, e as suas reformas depois de amanhã. Trata-se por conseguinte de uma regressão do sistema social na sua totalidade, e não simplesmente de uma regressão de indivíduos isolados. Para além do mais, uma frustração geral atinge toda a gente face à acumulação das promessas não cumpridas: a do regresso ao pleno emprego graças à partida para a reforma dos primeiros-nascidos na geração do baby-boom, de melhores empregos pelo crescimento escolar, num contexto onde o trabalho por si só já não permite garantir a possibilidade de habitar, de viver numa casa. De tudo isto resulta uma fúria, ou mesmo uma certa raiva, que se detecta claramente na juventude de 2010 e que o movimento sobre as reformas paradoxalmente canalizou

 

Então, que fazer? Em parte, a solução é conhecida. O ensino é uma questão vital. O estado de pobreza da universidade “low cost” à francesa assusta os nossos colegas estrangeiros: assinamos desta forma a desqualificação científica do nosso país. Mas isto não é ainda suficiente: para que serve formar de forma correcta os jovens quando estes não encontrarão emprego?

 

A invenção do trabalho quase gratuito (os estágios), maciçamente subvencionados pelos pais com mais dinheiro, não foi suficiente e, depois de trinta anos de incúria, é necessário também restabelecer os antigos jovens de 1985 que tenham errado a sua entrada na vida. Esta política de regresso ao pleno-emprego é a primeira prioridade da política geracional de que temos necessidade.”

 

Lá, diferente de cá, a juventude não ficou silenciosa quando se prolongou a idade limite de passagem à reforma plena, percebeu claramente que eram também os seus direitos, não só os dos seniores, que estavam em jogo, veio para a rua e as Universidades pararam. Lá, como cá,  temos as Universidades “low cost” impostas pela reforma do ensino superior exigida por Bruxelas, a dita reforma de Bolonha, ou das formações curtas, a hipotecar, mais um elemento, a juventude na construção do seu futuro;  lá, como cá, assinala-se a desqualificação científica de um país mas lá, diferentemente de cá, os professores manifestaram-se fortemente. Lá como cá, imperou de forma brutal a lei da precariedade. Muitas semelhanças  e algumas diferenças.

 

É imperativo como primeira resposta à precariedade geracional a política do pleno-emprego, e disto ninguém de bom senso tem dúvidas. E enquanto se vão anulando ou neutralizando todos os mecanismos que à realização deste objectivo nos possam conduzir, iremos entretanto assistir brevemente ao elogio destas políticas fortemente responsáveis pela situação de precariedade intensa de que a juventude é agora vitima, como quase toda a gente de trabalho, aliás, através de um doutoramento Honoris Causa, que irá ser atribuído por uma das mais prestigiadas universidades portuguesas a um dos mais emblemáticos responsáveis pela tripla desqualificação acima citada, desqualificação a que dão o pomposo nome de modernização das sociedades. Veja-se ou ouça-se o nosso primeiro- ministro ou o homenageado,  em alternativa, ou ainda, se disto temos dúvidas, os discursos universitários que serão proferidos, a confirmar ou não o “low cost” do ensino superior, também em Portugal, a que se refere o autor agora e aqui publicado.

Coimbra, 18 de Março de 2011.

Júlio Marques Mota

 

Texto

Os jovens começam mal
Louis Chauvel

 

Nas sociedades envelhecidas, a surdez face aos problemas sociais das próximas gerações, as gerações futuras, pode tornar-se um verdadeiro problema. Mas trata-se mais de um sintoma do que da causa profunda do mal, e isto não tem nada de novo. O que é, porém, novo, tem a ver com a dimensão da recusa em procurar perceber este fenómeno como problema e que se está a ampliar. A minha experiência, doze anos depois da primeira edição de Destino das gerações, permite-me estabelecer a seguinte confirmação: desde 1998, não temos feito rigorosamente nada enquanto que o sabíamos. De cada vez que há um período de atenuaação, este dá-nos a ilusão de situação normalizada mas, realmente, a situação tem-se é degradado .

 

 

 

 

publicado por Luis Moreira às 23:00
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