Leia aqui quem sabe de futebol...
O Sporting de Braga a jogar com os jogadores bem perto uns dos outros e marcando individualmente os jogadores mais ofensivos do FC do Porto, foi, em contra-ataques equilibrando as coisas até que uma jogada de grande nível dá o primeiro golo. Grande golo e muito importante porque é a saída para o intervalo.
O defesa central do Braga, Rodriguez, sai a jogar mas é desarmado por Guarin que de imediato coloca a bola na área, onde falta Rodriguez, mas sobra Falcão. E a ave de rapina não falha! Veja o vídeo:
Logo nos primeiros minutos da segunda parte Mossoró que havia entrado para o lugar de Hugo Viana, aproveita um falhanço de Fernando do Porto e, em frente de Helton, falha o golo. Veja o vídeo:
Para alem destes 7 minutos pouca coisa houve. Veja o vídeo
E, aqui no estrolábio, só torna a haver reportagem de futebol quando houver nova final Europeia "Portuguesa" !
in Todos Somos Portugal
Conheço como poucos o processo de desenvolvimento do futebol feminino em Portugal. Sei bem os passos difíceis que foram sendo dados nestes últimos anos e por isso sou capaz de reconhecer que muitas vezes uma derrota pode significar um avanço. A Selecção Nacional Feminina Sub/19 perdeu com a Noruega por 2/0 na qualificação para o Euro da categoria, e os números já por si, significam um avanço e uma aproximação com uma das maiores potências do futebol feminino europeu. Este caminho, sabe-se, é longo e vai demorar mais alguns anos até surgirem equipas competitivas que nos permitam pensar em ganhar a adversários tão fortes. Continuar a trabalhar é o único caminho.
O rescaldo que faço desta dupla jornada de jogos de preparação é extremamente simples. Aprontar mecanismos, organizar mais e melhores procedimentos colectivos, entendimento mais positivo entre sectores, conhecimento mais aprofundado de alguns jogadores que não tinham tido oportunidades até este momento, algumas estreias de jovens jogadores de futuro, a de Ruben Micael foi notável, a consolidação de uma nova geração pronta a dar sequência ao trabalho do passado ainda recente e em suma, para terminar, unificar ainda mais todo o grupo. Mesmo com turbulências pelo meio, foi possível, de certa forma, blindar a selecção nacional de alguns traumas que vieram a lume no período da concentração e levar a equipa a um destino seguro, particularmente em Aveiro. Hoje existe um leque alargado de jogadores que poderão consolidar uma posição internacional de relevo numa próxima competição internacional. Haja entretanto alguma pacificação dentro do futebol português de forma a se poder preparar convenientemente os desafios difíceis de Junho, Setembro e Outubro. A Selecção Nacional irá concerteza, mais uma vez, corresponder aos anseios de todos os portugueses que gostam de futebol e da equipa das quinas.
Oriundo de uma família angolana. Guilherme Santa Graça Espírito Santo nasceu em
Lisboa em 30 de Agosto de 1919. Em 1927 a família fixou-se em Luanda.
Adolescente, começou a jogar futebol na filial do Sport Lisboa e Benfica. Diz Espírito Santo; “Sou benfiquista desde os três anos. Havia na altura uns maços de tabaco com as figuras dos jogadores da época. Eu gostava especialmente do Vítor Silva e
foi a partir dessa altura que fiquei a torcer pelo clube”. De notar que Vítor Silva era uma lenda daqueles anos 30. Estreara-se em 1928 e durante oito anos foi a grande estrela do Benfica, brilhando também na selecção, pela qual jogou 19 vezes.
Inventou um passe acrobático – o «salto de peixe» que surpreendia adversários e encantava os adeptos. Foi o primeiro jogador português a ser contratado por dinheiro, pois foi do CIF para o Benfica. A opinião pública e a imprensa especularam sobre o assunto. De certo modo era considerado indigno um atleta sair de um clube para outro «por dinheiro». Bons tempos!
Pois Guilherme Espírito Santo foi substituir Vítor Silva que, apenas com 26 anos,
se despediu do futebol – Estava-se em 1936 – Vítor fazia a sua festa de despedida, Guilherme, estreava-se, com 17 anos e depressa passou a ser um elemento vital
no eixo do ataque benfiquista.
«O cavalheirismo das suas atitudes foi faceta evidenciada logo no começo da sua carreira e mantida pelo tempo adiante, com uma dignidade que era motivo de orgulho para os seus amigos e admiradores», disse António Ribeiro dos Reis (1896-1961), futebolista, treinador, seleccionador nacional, jornalista, oficial do Exército, um desportista de elevada qualidade. Jogou até 1950. Foi seis vezes campeão nacional (1936/37; 1937/38; 1941/42; 1942/43; 1944/45 e 1949/50) e venceu
quatro taças de Portugal (1939/40;19427/43; 1943/44 e 1948/49). Em 285 jogos oficiais, marcou 199 golos.
No grande rival do Benfica, o Sporting Clube de Portugal, brilhava outro angolano, um grande amigo de Guilherme – Fernando Peyroteo. O Fernando, que além de grande jogador era um homem de grande carácter, a propósito do despique que entre ambos existia e das inevitáveis comparações feitas por adeptos e jornalistas – deu assim a sua opinião: «O Guilherme sempre foi melhor jogador de futebol do que eu: mais técnica, mais jogo. Menos prático, menos golos, etc.? Sim, também é verdade. mas mais jogador». Quando comparamos esta humildade com as declarações das estrelas actuais – um diz que quer ser o melhor jogador do mundo! – não podemos deixar de pensar que o mundo do futebol foi tocado por Midas – o ouro e o marketing sobrepuseram-se ao espírito desportivo e ao fair play.
Mas, sobre o nosso Guilherme, nem tudo está dito.. Ouçamo-lo: “Estava num treino e a determinada altura a bola saiu do campo, fui a correr apanhá-la e sem dar por isso saltei uma barreira de salto em altura. Estava a 1,70 metros e ninguém tinha conseguido fazê-lo”. Ficou tudo de boca aberta – foi convidado a praticar atletismo e, em 1940, veio a bater o recorde nacional, com 1,88 metros, só ultrapassado vinte anos mais tarde. Foi ainda campeão nacional de salto em comprimento e triplo-salto (com 6,89 e 14,015, respectivamente, ambos em 1938. “Deve ter sido porque em Angola fui mordido por um macaco”, diz é a explicação bem-humorada de Espírito Santo para esta sua inesperada competência.
A «Pérola negra», foi como os jornalistas lhe chamaram. Sobre a cor da pele, conta Guilherme: “Naquele tempo, existiam alguns preconceitos por causa dos jogadores de cor. Um dia, em 1947, num hotel da Madeira, queriam colocar-me num anexo por ser negro. Os jogadores do Benfica disseram que para onde eu fosse eles também iam. E acabámos todos no anexo”.
Infelizmente o racismo não foi erradicado. Cavalheiros no futebol como o foram Peyroteo, Pinga ou Guilherme Espírito Santo, é que não abundam. Espírito Santo, o mais velho dos jogadores de futebol do Benfica ainda vivo, cumulado com todas as honras e dignidades que o clube tem para oferecer, seria um bom exemplo para os jovens craques – ambiciosos, como é natural e até saudável, mas muitas vezes patetas e vaidosos, como é indesejável e ridículo.
Mas ricos, incensados pelos adeptos e pelos jornalistas, eles não precisam de exemplos - vão continuar a ser estúpidos e ricos (com as honrosas e felizes excepções. claro).
Futre é um espectáculo fora do relvado como foi lá dentro a jogar, o mundo "impossível" do futebol, onde tudo é possível,tais são os valores, as vaidades, os negócios que estão em jogo .
E, conhecem negócio que ao fim de dois anos dê 66% de lucro? Mas há, vejam o vídeo. Fica-se a perceber porque se diz que a UEFA é a maior multinacional do mundo inteiro.
in Todos Somos Portugal
O xadrez sempre foi considerado um jogo de gente muito séria, intelectual, incapazes de entrarem em caminhos que os outros, onde o dinheiro corre com grande facilidade, permitem. Pelos vistos e pela leitura do "O Jogo" de ontem, já nem o xadrez escapa. A notícia refere que três elementos ligados à equipa nacional francesa, durante as Olimpíadas de xadrez do ano passado, disputadas na Rússia, tinham um esquema montado através de sms que faziam chegar a um dos seus mais conceituados xadrezistas. Descobertos, foram suspensos e castigados pela Federação Francesa, em períodos entre 3 e 5 anos. Uma tristeza para um desporto que usa sobretudo a inteligência e a capacidade intelectual.
in Todos Somos Portugal
Bola pé para pé
As notícias sobre o alegado envolvimento da equipa do Barcelona em acções de doping, por parte de um órgão de comunicação social espanhol, é a prova que muita gente brinca com o fogo e com coisas muito sérias. Claro que este assunto não irá ficar por aqui, e o clube catalão irá de certeza accionar todos os meios ao seu alcance para atingir o autor ou autores deste boato. De qualquer forma esta é uma notícia que tem um efeito e impacto enorme num país tão afectado ultimamente por casos ainda não confirmados, mas sob grande suspeita, como foram os de Contador, e o de alguns atletas olímpicos do atletismo. Bem esteve o Real Madrid, e o seu presidente ao demarcarem-se desta polémica tão perigosa.
Todos Somos Portugal
Para os que gostam do futebol só através dos jogos em si, pode parecer estranho que em dia seguinte a tão boa participação portuguesa na Liga Europa, venha escrever sobre Mestre Cândido Oliveira. Sempre que vou investigando sobre o passado do futebol português, mais admiração sinto por Cândido Oliveira.
Ainda há bem pouco tempo, em documentação editada pela FPF, que me chegou às mãos de uma forma inesperada, tive oportunidade de referenciar a grande capacidade desse Homem, que de facto andava muito à frente dos seus contemporâneos. Dessa e doutras publicações falarei um dia destes.
No entanto esta entrada refere-se a uma notícia do "seu" jornal "A Bola" que divulga o facto da Universidade Técnica de Lisboa lhe ir atribuir o grau de doutor "honoris causa" a título póstumo, na FMH, no dia 28 de Abril, pelas 15.00 horas. Uma honra merecida ao primeiro capitão da Selecção Nacional, antigo Seleccionador Nacional, cidadão íntegro e perseguido pelo regime salazarista, jornalista e homem de cultura. Bem haja a quem tomou tal iniciativa.
Muitos dos mais famosos jogadores de futebol são jovens oriundos de famílias modestas. Frequentemente, a fama sobe-lhes à cabeça, o assédio dos jornalistas, a intensa exposição mediática a que eles e a família ficam expostos, é algo com que não conseguem lidar pacificamente. Nesse aspecto, aquele que foi este ano considerado o melhor jogador do mundo, Messi - sendo um grande jogador, não se deixa ofuscar pelo brilho da própria imagem.
E, naturalmente, lembro grandes jogadores portugueses como Pepe, Pinga, Peyroteo, Matateu, Eusébio… Todos eles modestos, pessoas simples. Todos eles geniais jogadores.
Dir-se-á – eram outros tempos. É verdade. De Pepe e de Pinga nem sequer existem registos filmados (disponíveis, pelo menos) que nos permitam avaliar o virtuosismo que se diz eles terem exibido. Mas
eram ídolos, e nesses anos trinta o futebol era já um desporto de massas. Num país onde se dizia nada acontecer, o campeonato de futebol, a Volta a Portugal, com o Nicolau e o Trindade digladiando-se,
eram acontecimentos importantes.
Artur de Sousa Pinga, de quem vou hoje falar, era madeirense. Nasceu no Funchal em 30 de Setembro
de 1909, tendo falecido no Porto em 12 de Julho de 1963. Celebrou-se, portanto, recentemente o seu centenário. Não nasci a tempo de o ver jogar, mas lembro-me dos elogios que meu pai, benfiquista ferrenho, lhe fazia. Cândido de Oliveira, um grande democrata e uma das grandes figuras do futebol nacional, considerou-o, em artigo publicado em Abril de 1945 no jornal «A Bola» «talvez o maior talento
do nosso futebol, um jogador fulgurantíssimo, verdadeiramente genial».
Estreara-se no Marítimo, vindo para o Futebol Clube do Porto na época de 1930/31. Jogava a interior esquerdo e, possuía uma característica que, nos nossos dias é ainda mais valorizada do que o era então – a polivalência – atacava e defendia, dominava a bola com mestria, fintava e, esquerdino, disparava remates de uma força e de uma pontaria letais. O chamado jogador completo.
Na «Stadium», na época de 31/32, após uma robusta vitória por 3-0 contra o Benfica, elogiava-se a sua capacidade de drible, o rigor do passe e da intercepção. Salientava-se a sua correcção, nunca cometendo violência sobre o adversário. Aliava, dizia-se nesse artigo, «a mestria técnica, à maneira mais elegante de jogar».
Nos dezasseis anos em que jogou, Pinga foi o indiscutível «patrão» da equipa. Quando no Natal de 1933, o Porto venceu a selecção de Budapeste por 7-4 e, oito dias depois, ganhou ao First de Viena por 3-0, a Europa do futebol não poupou elogios à equipa portista, onde Pinga brilhava como um diamante. Com Valdemar Mota e com Acácio Mesquita, Pinga, o maestro, fez tal exibição, que o trio ficou conhecido como os «três diabos do meio-dia» (meio-dia porque o jogo se realizou a essa hora).
Foi campeão de Portugal, sempre pelo FCP, nos anos de 1934/35, 1938/39 e 1939/40. Na época de 1935/36, foi o melhor marcador do campeonato. Em 1937 ganhava 1500 escudos mensais – um ordenado considerado fabuloso para a época – mas que nada, quando comparado com os milhões que hoje os ídolos recebem.
Em Julho de 1946, no Estádio do Lima, realizou-se a sua festa de despedida. Grandes jogadores do Benfica, do Sporting, do Belenenses – Azevedo, Cardoso e Feliciano; Amaro, Francisco Ferreira e Serafim; Espírito Santo, Alberto Gomes, Peyroteo, José Pedro e João Cruz, associaram-se à homenagem, constituindo uma selecção dos «melhores de Portugal» que defrontou o Porto. A emoção foi enorme, entre o público, entre os colegas de equipa, entre os adversários. Um grande jogador e um cavalheiro. Um exemplo para os craques de hoje.
Fotografia da equipa do FCP, campeã em 1939/40. Pinga está ao centro, com o joelho ligado devido a uma operação ao menisco.
Há figuras do desporto que, embora ligadas a um determinado clube, pertencem a esse clube, mas também a todos os que amam o desporto. Irei aqui homenagear esse tipo de desportistas - Eusébio, Pinga, Pepe, Cosme Damião… Começo esta galeria com Fernando Peyroteo, um jogador excepcional. Nascido em Humpata, Angola, em 1918, chegou a Lisboa em 1937, com 19 anos. Dera a sua palavra ao Sporting, mas não assinara qualquer contrato. Outros clubes (pensa-se que o Benfica e o Porto) assediaram-no, oferecendo-lhe melhores condições. Peyroteo não aceitou – estava comprometido com o Sporting. Outros tempos.
Estreou-se em 12 de Setembro de 1937, num torneio realizado nas Salésias (nessa altura, o único campo relvado de Lisboa). O Sporting defrontou o Benfica e venceu por 5-3, com dois golos de Peyroteo. Nesse ano, o Sporting foi campeão nacional. O contributo de Peyroteo foi decisivo. Durante a sua carreira, Peyroteo contribuiu para a conquista de cinco campeonatos nacionais, quatro Taças de Portugal e sete campeonatos de Lisboa. Os 43 golos que marcou no campeonato nacional de 1947/48 só vieram a ser ultrapassados por outro sportinguista: Hector Yazalde que em 1973/74 marcou 46 golos. Entre 1937 e 1949, jogou no Sporting, terminando a carreira no Belenenses, onde jogou na época 1949-1950.
Com Albano, António Jesus Correia, José Travassos e Vasques (foto abaixo), formou os célebres «Cinco Violinos», uma linha avançada cujos ataques de passes certos e rápidos, eram letais para as equipas adversárias. No meio dos seus companheiros, dos outros quatro violinos, Peyroteo era um autêntico «stradivarius».
Peyroteo, cuja carreira coincidiu com o período de maior esplendor do seu clube, faleceu, vitimado por um ataque cardíaco, em 28 de Novembro de 1978, com 60 anos. Uma glória do Sporting Clube de Portugal e uma grande figura do futebol português. Nunca será esquecido.
Carlos Loures
Estas três palavras andam por vezes tão separadas que mais parecem pertencer a três diferentes idiomas. Quando ouvimos as claques insultar os adversários em linguagem rasteira ou quando tomamos conhecimento de actos de corrupção ou de deturpação da verdade desportiva, é difícil associar ao futebol os conceitos de cultura e de democracia. No entanto, ao longo da minha vida profissional, grande parte dela passada no mundo da edição, por diversas vezes me cruzei com o futebol. Vou referir dois desses fortuitos encontros.
Anos atrás, traduzi um livro de Ernesto Sábato, o grande escritor argentino, um dos indigitados crónicos para o Prémio Nobel da Literatura. Foi o romance «Sobre héroes y tumbas» que na edição portuguesa, com o acordo do autor, ficou «Heróis e Túmulos». Não foi trabalho fácil, pois tendo estudado o castelhano europeu, deparei com um texto cheio de argot porteño que só vim a decifrar com a ajuda de Sábato. - tendo-lhe confiado os problemas, mandou-me um glossário com termos que os dicionários de que dispunha não registavam.
Contudo, o que me surpreendeu num intelectual de tamanha dimensão foi o rigor com que as suas personagens discorriam sobre futebol, descrevendo jogadas de confrontos históricos entre o Boca e o River Plate, evocando grandes jogadores... Vim depois a saber que Sábato, hoje quase centenário, pois nasceu em Junho de 1911, é um fervoroso adepto do Boca Juniors, o clube do mítico Diego Maradona. Hei-de voltar a falar de Ernesto Sábato e oxalá que seja a propósito da atribuição do Nobel – poucos escritores houve e há que tanto justifiquem esse galardão.
Num almoço que, há muitos anos tive com o grande musicólogo João de Freitas Branco e com o maestro Ivo Cruz no restaurante Belcanto, no Largo de São Carlos, Freitas Branco contou-me um episódio muito curioso ocorrido durante a vinda a Lisboa do grande violinista ucraniano David Oistrakh, que na altura era considerado o maior executante do mundo, sobretudo de compositores do repertório russo contemporâneo.
Logo após a chegada e a recepção protocolar, Oistrakh chamou Freitas Branco de parte e pediu-lhe para lhe arranjar maneira de ir ver o Eusébio jogar. Embora surpreendido pelo inusitado pedido, o maestro contactou o presidente do Benfica e logo foi disponibilizado um camarote para Oistrakh e Freitas Branco. Diz-se que, no final do concerto, o grande violinista não agradeceu pela segunda vez os aplausos do público do São Carlos, para poder chegar rapidamente ao estádio. No final do jogo, em que Eusébio marcou um golo magnífico, David Oistrakh foi ao balneário cumprimentar o jogador.
Sobre o concerto em São Carlos, o grande escritor José Gomes Ferreira escreveu um interessante poema, que vem publicado no 2º volume de Poeta Militante (Não, não deixes secar/este fio de água de violino/que nas manhãs de ouro/completa as nossas sombras com flores -/ enquanto os pássaros de sementes nos olhos/procuram na espiral dos voos/outro cárcere de recomeço.). A leitura deste belo poema de Gomes Ferreira, leva-nos até a Fernando Namora e a Manuel Alegre. O primeiro, no seu poema «Marketing», alude aos 5-3 do Eusébio à Coreia. Manuel Alegre, sobre o «Pantera Negra» diz:
Havia nele a máxima tensão
Como um clássico ordenava a própria força
Sabia a contenção e era explosão
Não era só instinto era ciência
Magia e teoria já só prática
Havia nele a arte e a inteligência
Do puro e sua matemática
Buscava o golo mais que golo – só palavra
Abstracção ponto no espaço teorema
Despido do supérfluo rematava
E então não era golo – era poema.
Futebol, democracia e cultura – palavras de idiomas diferentes e de distintos mundos conceptuais? Não necessariamente. Figuras míticas como Pinga, Pepe, Peyroteo, Eusébio fazem parte da face luminosa do futebol. Bem sei que há a face oculta, aquela a que a resplandecente luz solar da verdade nunca chega – claques, subornos, tráficos diversos… Hoje quis falar da sua face positiva, luminosamente inspiradora.
Aquela em que o futebol nos reconcilia com a beleza da vida, dela fazendo parte. O futebol não tem de estar sempre nos antípodas da cultura e da democracia.
Nota: Publiquei este texto no "Todos Somos Portugal", um blogue do nosso colaborador Carlos Godinho. É um blogue ligado às coisas do futebol em particular, nomeadamente da actividade das selecções, e do desporto em geral. Por serem estes dias dominados pelo futebol, pareceu-me oportuno publicá.lo aqui .
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