2. Não é uma crise é uma fraude
“Não é uma crise, é uma fraude”
Um texto de Attac
“Não é uma crise, é uma fraude”, dizem indigndos os espanhóis. Esta quarta-feira, o Parlamento grego acaba de adoptar um novo plano de austeridade, símbolo da inverosímel fraude que se está actualmente a realizar na Europa.
Apesar da ineficácia mais que provada das medidas de austeridade para melhorar a situação das finanças gregas, o Parlamento é obrigado a aprovar um novo programa de austeridade , com reduções de salários e uma reforma fiscal que vai fortemente atingir a classes média e as pessoas de menores rendimentos;
Apesar da injustiça profunda destas medidas que visam fazer com que o povo grego pague sem estar a pôr em causa as políticas fiscais desastrosas que foram efectuadas pelos precedentes governos, os desequilíbrios inerentes ao bom funcionamento da zona euro ou ainda os enormes lucros realizados pelos bancos e outros especuladores à conta das finanças públicas gregas;
Apesar da resistência do povo grego, que se levantou dignamente e ocupa desde há quase três semanas a principal praça de Atenas - onde se situa o Parlamento - para contestar, de maneira pacífica e democrática, estas escolhas impostas apesar da sua falta de bom senso ;
Apesar de tudo isto , os deputados gregos escolheram submeterem-se à chantagem da União Europeia e do FMI, que aceitam em troca deste plano de austeridade que se atribua “uma ajuda” de cerca de cem mil milhões de euros à Grécia - sem a qual o governo se reencontrar-ia incapaz de financiar o seu funcionamento (incluidos os serviços públicos, hospitais, etc.). Este pretenso plano de “ salvamento” é feito mais para os bancos franceses e alemães do que para a Grécia: “O CAC 40 acentua os seus lucros, confiando na Grécia” pode ler sobre o sítio do jornal Point.fr.
Representa realmente uma vasta operação de socialização das perdas: um estudo do jornal Les Echos mostra que “graças” a estes planos, “a parte da dívida grega nas mãos dos contribuintes estrangeiros passará de 26% para 64% em 2014. Tudo isto significa que a exposição de cada família da zona euro vai passar de 535 euros actualmente para cerca de 1.450 euros”. Ora todos os economistas estão de acordo em afirmar que a Grécia não poderá reembolsar a integralidade das suas dívidas.
Opondo-se de forma selvagem a qualquer reestruturação, Sarkozy joga uma corrida contra-relógio a favor dos bancos franceses; Quando a Grécia não for capaz de pagar , serão as finanças públicas dos outros países europeus que estarão na primeira linha… E os povos europeus pagarão a factura através de novas medidas de austeridade.
“Privatizar os lucros, socializar as perdas”, esta lógica parece mais do que nunca de uma extrema actualidade: com a nova governança económica, promovida pelos governos europeus e pela Comissão e votada pelo Parlamento Europeu , as finanças públicas serão postas sob tutela, e à imagem da Grécia, será a austeridade permanente para os povos que garantirá os benefícios dos bancos.
É essencial que os povos europeus se mobilizem para levar ao completo malogro esta “estratégia do choque” à escala europeia. À imagem do povo grego, é necessário não somente se “indignar”, mas mostrar-se “determinado” a pôr um fim ao diktat dos bancos e dos mercados financeiros, começando por impôr uma auditoria democrática das dívidas públicas. Em França nomeadamente, as mobilizações devem redobrar de intensidade: o que se decide na Grécia hoje é a capacidade dos povos na Europa de sairem da armadilha na qual nos coloca a finança que está em causa.
Na quinta-feira 30 de Junho, no dia seguinte ao da mobilização sem precedentes do povo grego, e enquanto que os movimentos sociais e os sindicatos britânicos organizam uma greve geral contra os cortes maciços nos orçamentos públicos, Attac apela a que as pessoas se reunam as 18h em frente da embaixada da Grécia para um apoio às mobilizações que se desenrolam na Europa, na Grécia, no Reino Unido, na Espanha, para afirmar que os seus combates são mais do que nunca os nossos combates também.
3. Goldman Sachs assume oficialmente a direcção do BCE
Attac, França,
Paris, 29 de Junho de 2011
Goldman Sachs assume oficialmente a direcção do BCE
Mario Draghi, antigo Presidente de Goldman Sachs para a Europa, assume hoje a presidência do Banco Central Europeu. Era Presidente da Goldman Sdachs na altura em que o banco de negócios americano , nos anos 2000, ajudava a Grécia a maquilhar as suas contas públicas. O seu papel vai ser agora o de preservar os interesses dos bancos na actual crise europeia.
Podiamo-nos até agora interrogar sobre as razões que levavam o BCE e Jean-Claude Trichet a opôrem-se de maneira mesmo violenta - incluindo face à chanceler alemã - a toda e qualquer ideia de reestruturação da dívida grega.
Esta atitude parecia incompreensível dado que todos os analistas, incluindo os economistas dos bancos, estavam de acordo em considerarem que a Grécia não poderá assegurar o serviço da sua dívida nas actuais condições contratuais. Um reescalonamento, ou mesmo uma anulação parcial parece ser inevitável de acordo com a opinião geral. Querer atrasar esta solução faz apenas agravar os estragos económicos e sociais provocados pelos planos de uma austeridade brutal e impopulares impostos aos Gregos.
A nomeação de Draghi clarifica por conseguinte as coisas. O BCE defende não o interesse dos cidadãos e de contribuintes europeus, mas sim o interesse dos bancos. Um estudo britânico citado ontem por Les Echos tem o mérito de quantificar claramente o processo em curso. Este estudo indica que graças “aos planos de salvamento” da Grécia e ao “ mecanismo europeu de estabilidade” instaurado pelo BCE, pelo FMI e pela União Europeia, “ a parte de dívida grega nas mãos dos contribuintes estrangeiros passará de 26% para 64% em 2014. Isto significa que a exposição de cada lar da zona euro vai passar de 535 euros actualmente para 1.450 euros”.
“O salvamento” da Grécia é pois de facto uma gigantesca operação de socialização das perdas do sistema bancário. Trata-se de transferir o essencial da dívida grega - mas também espanhola e irlandesa - das mãos dos banqueiros para a mão dos contribuintes. Será em seguida possível fazer assumir os custos da inevitável reestruturação destas dívidas pelos orçamentos públicos europeus.
Como o afirmam os Indignados espanhóis, “não é uma crise, é uma fraude! ». O Parlamento Europeu votou ontem “o pacote da governança” que reforma o pacto de estabilidade, reforçando os constrangimentos sobre os orçamentos nacionais e as sanções contra os países em infracção. O Conselho Europeu reunido hoje e amanhã vai terminar o seu trabalho. E não é a próxima nomeação de Christine Lagarde à frente do FMI que reduzirá a influência dos bancos sobre as instituições financeiras internacionais, bem pelo contrário.
Felizmente as resistências sociais e de cidadãos vão em crescendo em toda a Europa. Governar para os povos ou para a finança? A resposta é hoje clara: vai ser necessário que os povos europeus se dêem as mãos para construirem juntos uma outra Europa.
Luis Moreira
Uma das piores chagas com que as nossas empresas se confrontam é o absentismo. Não acontece nada a quem falta ao trabalho. Há bem pouco tempo os serviços da Segurança Social informaram que tinham encontrado fraudes em diversos casos de faltas "devidamente" justificadas com atestados médicos.
Agora o Presidente da Jerónimo Martins vem dizer-nos que o aumento do salário mínimo não constitui problema nenhum comparado com os níveis de absentismo com que lida nas suas empresas, o que o obriga a ter mais 15% de empregados para compensar aquele nível de absentismo. O extraordinário é que esta verdadeira fraude é protegida por acordos entre associações patronais e os sindicatos, facilitando a fraude e não tirando dela qualquer consequência para quem mente a quem lhe paga, ao estado que lhe compensa o salário perdido e aos médicos que lhes passam os certificados.
Os médicos atestam que as pessoas estão doentes, e não pode ser de outra maneira, se alguém se queixa que está com diarreia que pode fazer o médico? Dá-lhe um comprimido para parar a diarreia e dois dias para ficar em casa. Não é por aí que se resolve esta chaga, é pela sanção e pelas consequências a nível de vencimentos, prémios de mérito e progressão na carreira. Ainda há bem pouco tempo um director de uma escola se queixava que o absentismo dos professores não contava para a avaliação e para a progressão na carreira.
Ter mais 15% de empregados para assegurar que o trabalho é feito porque sabe que de outra forma tem graves prejuízos a nível da produtividade, é um contra senso dificil de entender. E, ainda mais dificil porque não tem qualquer consequência na carreira do "faltista" o que é inaceitável.
Aqui está uma "reforma" que além de ser justa para quem é sério e cumpridor tem influência directa na produtividade e na despesa!
Sem custos acrescidos!
Que o BNP foi objecto de uma gestão criminosa por gente que o criou e que o desenvolveu, vinda do mais profundo cavaquismo, está mais que visto e os contornos de tais crimes são bem conhecidos. Mas o que se está a passar com a nacionalização do banco e a sua posteriror gestão da CGD não deixa de surpreender.
Então, não é, que se soube hoje que, apesar das injecções de cerca de 5 mil milhões de euros vindos da CGD (nossos) a situação líquida do banco é de 2 Mil milhões negativos? Diz o senhor ministro das finanças que o dinheiro da CGD é para a tesouraria e que a situação líquida são os capitais mais as reservas, não têm a ver uma coisa com outra! Eu, por mim, que vou ajudar a pagar os tais 5 mil milhões fico descansadíssimo com esta subtil explicação técnica.( sabendo nós que o BPN não tem activos nenhuns face aos compromissos que tem, esta explicação do sr. ministro é mais uma mentira descarada)
Mas que, o BPN, continue a pagar compromissos aos antigos accionistas recomprando acções a 3.25 euros /accão, quando as acções não valem nada, ZERO, é que me vira do avesso, para não ser malcriado num blogue que até tem o "Jardim das Delícias"...
Isto é, quem queria saber para onde está a ir o nosso dinheiro, já fica a saber, muitos milhões estão a ir para os bolsos de grandes accionistas que, mais uma vez, fazem negócios e dinheiro sem correr qualquer risco, o governo encarrega-se de arranjar sempre uma saída para os homens do dinheiro (este governo, então, é muito forte neste particular. Lembram-se dos negócios "finos" com a CGD?) tirar aos pobres e dar aos ricos ( deve ser a quarta via do socialismo, a terceira foi com Blair e o Iraque..)
Um escândalo que deveria fazer no mínimo, corar de vergonha, quem tanto pensou nos argumentos falaciosos que sustentaram a nacionalização, o maior desastre que um político fez em vida ( iniciou-o em vida e já está a ver o resultado ainda vivo) o que é bastante raro, os grandes erros ,habitualmente, pagam-se caro, mas mais tarde!
Se o BPN tivesse ido para a falência ou se o governo tivesse aceite a proposta de Miguel Cadilhe toda esta gente íria receber "ao TOTTA", os contratos existentes entre a empresa-mãe (SNL e agora com um novo nome que o antigo não ajudava nada) eram assunto privado ou da Justiça e o nosso dinheiro estaria, ou deveria estar, a financiar as empresas exportadoras.
Queriam um escândalo, fresquinho? Pescado hoje, vendido na lota a um preço muito elevado e com a margem toda a ficar nas mãos de quem ganhou muito com o BPN, e continua a ganhar, sem esforço, sem risco, sem correspondência na economia real...
Já se viu como se ganha dinheiro no BPN, compram-se umas acções a 1 euro, e faz-se logo um contrato com a empresa - mãe para a recompra dali a um ou dois anos a um preço fixado, sem qualquer correspondência com a realidade, mas também sem mancha, como se vê, o governo paga e não "bufa", não há volta a dar, dizem os juristas, contratos válidos...
E agora, já está tudo esclarecido?
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