Luis MoreiraO Governo avança com agenda do crescimento, lançando o
Congresso das Exportações no inicio do próximo ano, e aposta na requalificação urbana.
Os principais pontos da agenda são as exportações, a redução dos custos de contexto (alterações administrativas que facilitem a actividade económica) a requalificação urbana e as mexidas no mercado laboral.
Com as obras públicas travadas a fundo, todo o esforço do sector vai ser dirigido para a requalificação urbana, de mãos dadas com as empresas de construção civil que têm sido as principais beneficiadas com os ciclos de obras públicas que o país tem conhecido. Com um peso excessivo na economia nacional!
Esta agenda aparece assim, como se fosse a coisa mais natural do mundo, quando todos sabemos que o governo anda há pelo menos dois anos a tentar levar em frente os mega investimentos que muitos o aconselharam a não concretizar. Não arrancou com os mega investimentos e perdeu a oportunidade de estar neste momento com um programa avançado de criação de riqueza e de postos de trabalho que, conceda-se, conseguiu numa pequena parte com a requalificação das escolas públicas.
A teimosia é uma virtude se estivermos certos ou tivermos razão mas a margem que a separa da burrice é muito ténue. Muita gente com responsabilidades, especialmente os economistas que em oposição a uma lista pública também de economistas, apoiou as bravatas do governo, mostra que há muita gente disposta a vender a alma por "um prato de lentilhas".
Em relação com a requalificação urbana esperemos que o governo e os parceiros acertem de vez políticas urgentes na área do arrendamento urbano puxando para dentro das cidades gente jovem, o que iria facilitar os transportes de acesso às cidades com todas as vantagens inerentes ambientais, qualidade de vida e as milhares de horas perdidas nos acessos de entrada e saída.
Quanto à flexibilidade laboral resulta da intromissão dos orgãos europeus, politicamente errada, pois em ambiente recessivo não é prioridade nenhuma e contribui para encher a taça de veneno que o liberalismo nos tem obrigado a engolir até à última gota. É, mais ou menos, como os partidos comunistas que dizem que a URSS soçobrou por não ter adoptado suficientemente o socialismo. O PPE, liberal e de direita que domina o parlamento europeu encarrega-se de abrir a cova à pazada, por onde se enfiará a UE e o Euro, um e outro tão laboriosamente construídos.
Face às boas notícias do crescimento das exportações percebe-se bem que o governo se agarre à tábua de salvação do naufrago, tentando surfar a onda vitoriosa para a qual não contribuiu. Mas mais vale tarde que nunca!