Quarta-feira, 20 de Abril de 2011

O Filme - London Boulevard - por Luis Moreira

 

 

London Boulevard é um filme baseado no romance homônimo de Ken Bruen. Dirigido e escrito por William Monahan, é interpretado por Keira Knightley, Colin Farrell, David Thewlis, Anna Friel e Ray Winstone. Foi lançado no Reino Unido em 26 de Novembro de 2010

 

 

 

 A historia de um homem acabado de sair da prisão que tenta sobreviver num mundo de violência, drogas e álcool. Os amigos são do meio e ajudas vindas deles é mais do mesmo. A família representada por uma irmã, drogada e alcoólica, é mais um fardo que tenta suportar.

 

Encontra um emprego e os braços da paixão numa actriz acossada pela imprensa e pela ausência de um marido que, aliás, não se chega a ver.

 

E, como convém, o nosso homem acaba as mãos de quem poupou (como acontece quase sempre no cinema e na vida).

publicado por Luis Moreira às 23:00
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Segunda-feira, 14 de Março de 2011

O Filme - Blue Valentine - por Luis Moreira

 

 

 

 

 

 

 

 

O filme não é fácil, é feito de pormenores, de frases que passam despercebidas aos mais atentos. Ouça esta música e murmure as palavras da canção. O filme está, genialmente, contido nelas.

 

 

 

Casados há vários anos e com uma filha, Cindy e Dean passam por um momento de crise, vendo o relacionamento ser contaminado por uma série de incertezas. Dispostos a seguir em frente, os dois tentam superar os problemas, buscando no passado e no presente os motivos que o mantiveram unidos até este momento e os fizeram apaixonarem-se um pelo outro.

 

Realizado por Derek Cianfrance
Com Ryan Gosling, Michelle Williams, Faith Wladyka

A estreia oficial de Derek Cianfrance como realizador ficcional correu muitíssimo bem porque este seu “Blue Valentine” é um excelente filme realista e sem moralismos sobre as dificuldades que muitos casais enfrentam para manter um relacionamento estável e feliz quando o amor não existe, um filme nada trivial ou banal que convenceu a crítica mundial com a sua fantástica história que se centra em Cindy (Michelle Williams) e Dean (Ryan Gosling), um casal emocionalmente instável que se encontra à beira do divórcio mas que tenta salvar o seu casamento com uma noite romântica, sem a sua filha, num motel, no entanto, essa noite acaba por se revelar um verdadeiro desastre que os afasta ainda mais um do outro.

 

 

 

 

publicado por Luis Moreira às 15:00

editado por João Machado às 00:08
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Quarta-feira, 2 de Março de 2011

Programa - Ciclo Integrado de Cinema, Debates e Colóquios na FEUC

Enviado por Júlio Marques Mota

 

Coimbra,  2 de Março de 2011



Caros Colegas

O grupo de docentes da FEUC dinamizador e organizador do Ciclo Integrado de Cinema, Debates e Colóquios na FEUC, este ano intitulado Reflexões sobre a economia global em crise: migrantes, cidades, mercados, governação, vem com o presente texto dar a conhecer o programa da quarta sessão do Ciclo com o tema específico As velhas e novas cidades na economia global, que se  realizará a  2 de Março de 2011. Esta sessão  está incluída na XIIIª Semana Cultural da Universidade de Coimbra  sendo constituída por uma sessão de cinema seguida de  debate no Teatro Académico Gil Vicente sobre o tema referido. Contará com a presença de Arquitecto João Cardielos FCT-UC), António Gama (FLUC) e Engenheiro Álvaro Seco (FCTUC).
A importância do tema e do filme levou-nos à elaboração de uma brochura especial que será distribuída no TAGV  com textos sobre o filme e sobre a dinâmica das cidades na economia global, onde apresentaremos dois textos de Jacques Donzelot que, lamentavelmente e por motivos de força maior, não pode estar pode estar presente nesta sessão.
 
Programa

21H,15 min
Do tempo e da Cidade, (Of time and the city), de Terence Davies
Documentário (2008)
Debate com :
Arquitecto João Cardielos, António Gama e Álvaro Seco.

Sem outro assunto e certos da vossa atenção que antecipadamente agradecemos, as nossas saudações académicas.


Pela Comissão organizadora

Júlio Marques Mota

Sobre o filme
Do Tempo e da Cidade (Of time and the city), Terence Davies, 2008
Philippe Pilard

publicado por Luis Moreira às 14:00
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Domingo, 20 de Fevereiro de 2011

O Filme - Indomável velho oeste por Joel e Ethan Coen

Luis  Moreira

 

Filme dos irmãos  Coen e está tudo dito. E com a apreciação de João Lopes também fica dito o resto. E sabem que há 40 anos tivemos este filme com John Wayne ?

 

No princípio era John Wayne. O “True Grit” original, que deu ao “Duke” o seu único Óscar, em 1969, poderia ser uma sombra pesada para um realizador que ousasse fazer um “remake” deste clássico dos westerns. Mas estes são os irmãos Coehn (“Fargo”) e este “True Grit” não é sequer um “remake”.

 

 

Com este filme nasce uma estrela, uma jovem actriz que arranca uma interpretação de grande nível, ela está em todas as cenas do filme, foi nomeada para "a melhor actriz secundária", mas secundária é que ela não é, talvez a Academia de Hollywood lhe queira dar mesmo o prémio e evitou-lhe o confronto com actrizes "veteranas" não a nomeando para "a melhor actriz principal".

 

O filme é uma adaptação do livro "True Grit", de Charles Portis, que em 1969 deu origem ao filme "A Velha Raposa", de Henry Hathaway e cujo protagonista era John Wayne.

 

O humor que acompanha todo o filme, principalmente na interacção de Hailee Steinfeld ( a jovem actriz) com Jeff Bridges e Matt Damon é do melhor. Um filme de dois grandes realizadores entregue a grandes actores!

 

E sabem quem é o produtor? Steve Speilberg!

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publicado por Luis Moreira às 13:00
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Segunda-feira, 14 de Fevereiro de 2011

O Filme - o amor é o melhor remédio - por Edward Zwick

Luis Moreira

Jamie (Jake Gyllenhaal) vive a vida com um optimismo contagiante. São os anos 90 e, nos Estados Unidos, parece que qualquer um pode enriquecer de qualquer forma. Por isso, ao contrário do que a família deseja - que siga os passos do pai na medicina -, Jamie prefere tentar a vida como vendedor. Primeiro de electrodomésticos e depois como delegado de informação médica pela Pfizer, convencendo os médicos a prescreverem Zoloft em vez do famoso Prozac. E, pelo caminho, vai conquistando tudo o que é mulher à sua volta.

 

Até se cruzar com Maggie (Anne Hathaway), uma jovem que cultiva a sua independência e liberdade de espírito. A atracção entre os dois é inevitável. E quando Jamie falha sexualmente com Maggie, terá a revelação da sua vida: o Viagra, acabadinho de chegar ao mercado e que promete resolver a sua vida sexual e também a profissional. Mas nem tudo será perfeito: assim que sente a relação a tornar-se mais séria, Maggie, a enfrentar o processo degenerativo da doença de Parkinson, decide afastar-se. A partir da autobiografia de Jamie Reidy, "Hard Sell: The Evolution of a Viagra Salesman", é dirigido por Edward Zwick ("Estado de Sítio", "O Último Samurai"). Gyllenhaal e Hathaway foram ambos nomeados para o Globo de Ouro pelos seus papéis. [cinecartaz.publico.pt]

 

Uma comédia com um enredo mais que visto, mas que se (re)vê muito bem. Dois jovens e talentosos actores. Anne Hathaway ( como eu sofro...) acelera o coração a qualquer um com ou sem viagra!

publicado por Luis Moreira às 18:00
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Terça-feira, 8 de Fevereiro de 2011

O Filme - Black Swan - de Darren Aronofsky

Luis Moreira

 

Realizador: Darren Aronofsky. Elenco Natalie Portman, Mila Kunis, Vincent Cassel.

 

A procura sem limites da perfeição na arte é uma forma de loucura? É preciso ter a alma negra para dançar na perfeição o "Cisne Negro"? É preciso ser uma pessoa boa e bem formada para poder extrair toda a emoção do "Cisne Branco"? Onde pára a realidade e começa o acto de representar?

 

No ambiente do " ballet" essa forma de interpretação que exige uma dávida total, extraordinariamente bela, onde se misturam as emoções à perfeição dos corpos, passando pela música e pelos "décores", este filme toma posse dos expectadores, a barreira invisivel é quebrada e as emoções andam à solta pela mão de uma interpretação arrebatadora de Natalie Portman ( como sofro a ver estas mulheres...)

 

Vincent Cassel ( o atrasado que num filme menor que realizou, os filmes dele são todos menores, colocou a Souvigné a fazer-lhe um "blowjob", o bandido) faz o papel de quem puxa até à exaustão a sua estrela, nada lhe importando a pessoa, conseguindo o contraponto a bom nível e, irreconhecível, a Wynona Ryder, na estrela que vê chegar o fim da carreira.

 

O drama por trás do grande palco, do grande espectáculo, do grande público...

 

O prémio de melhor actriz irá para Natalie Portman?

 

 


 



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Domingo, 6 de Fevereiro de 2011

O Filme - Hereafter - por Clint Eastwood

 

 

 

Todos os que estiveram entre a vida e a morte sentiram uma paz, uma luz, a vida que tiveram a correr perante os seus olhos como num filme ! O que acontece quando ainda não se largou a vida e se está próximo de mergulhar na morte? Não há medo, um corpo que flutua e a consciência que a alma se separa e se eleva harmoniosamente.

 

Muitos de nós viveram momentos marcantes que nos condicionaram a vida para sempre.

 

Mais um filme de Clint Eastwood, o actor dos filmes Farweste "spagetti" e que se tornou num realizador extraordinário, embora este HereAfter não seja um dos seus melhores filmes. Mas é um filme muito interessante. A não perder! E claro há o Matt Damon.

 

Realizador: Clint Eastwood. Elenco Cécile De France, Thierry Neuvic, Jessica Griffiths. A drama centered on three people -- a blue-collar American, a French journalist and a London school boy -- who are touched by death in ...

www.imdb.com/title/tt1212419/ - Em cache - Semelhante

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Domingo, 23 de Janeiro de 2011

O Ponto de Vista das Gaivotas - Ana Teresa Pereira

coordenação de Augusta Clara de Matos

 

 

 

Quem Conta Um Conto...de Cinema

 

 

Antes de lerem este conto da escritora madeirense de prosa encantatória, deliciem-se com estes sons:

 

http://nataliajuskiewicz.com/

 

 

 

Ana Teresa Pereira  O Ponto de Vista das Gaivotas

 

 

Segundo Orson Welles, «o que conta é a poesia».

 

Lembro-me dessa frase a propósito de um filme pouco conhecido de Alfred Hitchcock: Nightmare de 1947.

 

Na filmografia do autor, o filme segue-se a Notorious e antecede The Paradine Case. Foi a única vez que ele di­rigiu Humphrey Bogart (no mesmo ano em que este pro­tagonizou Dead Reckoning, The Two Mrs Carrolls e Dark Passage).

 

Ao que parece, Hitchcock pensou primeiro em James Stewart. Mas, como ele próprio reconheceu, «James Stewart nunca faria o papel de assassino». Quanto a Ingrid Bergman não houve qualquer dúvida — Nightmare é um prolongamento da magia nocturna de Notorious...

 

O filme baseia-se num conto de Daphne du Maurier (Rebecca, The Birds). O argumento foi entregue a Ben Hecht, que escrevera o de Spellbound e o de Notorious, o que explica as referências psicanalíticas — o tema do du­plo, a atmosfera uterina (é como se estivéssemos debaixo de água o tempo todo).

 

No plano inicial há uma igreja e uma pequena multidão que esconde parcialmente os noivos que acabaram de sair. Destaca-se a figura de Alfred Hitchcock com uma máqui­na fotográfica encostada ao rosto.

 

O plano seguinte mostra-nos uma mão segurando a fotografia. O rosto sorridente de Bogart, a expressão melancólica de Ingrid Bergman com flores brancas no cabelo. A câmara recua um pouco e vemos a mulher que segura a foto. Nesse momento uma mão pousa no seu ombro e ela volta-se soltando um pequeno grito.

 

Estamos numa sala funda e apercebemo-nos vagamente do som do mar. Bogart diz que é tarde, que devem ir dormir. Ingrid murmura «Yes, it's very late...» Não há qualquer menção à fotografia ou ao medo visível no rosto dela.

 

E então vemos a casa do exterior. Está situada sobre os rochedos, mesmo junto ao mar. Tem uma estranha semelhança com a igreja que víramos no início (há também uma torre de pedra...). Ouvimos as ondas, o vento, os gritos das gaivotas — a música de Bernard Herrmann e os diálogos são uma pequena parte da banda sonora (a história é visual, uma sucessão de imagens, uma experiência interior, quase abstracta...). Há duas ou três luzes acesas. Apagam-se uma a uma. Depois acende-se uma luz na torre.

 

Sentimos que a protagonista (nunca saberemos o seu nome...) tem medo daquele lugar, como uma criança que acorda num quarto desconhecido. A atmosfera é inquietante — aproxima-se uma tempestade...

 

Quando vemos a casa há sempre nevoeiro (nevoeiro que existe  mesmo dentro da torre) e temos a impressão de estar a olhar para uma velha gravura (o que faz sentido porque o realizador utilizou uma maqueta em todas as cenas exteriores).

 

Há outra mulher na história — a governanta, a bruxa má presente em tantos filmes de Hitchcock. O que é es­tranho é que neste ele escolheu uma actriz pouco conhecida que se parece vagamente com Ingrid Bergman, de forma que quando as vemos de longe é fácil confundir uma com a outra.

 

Quando a protagonista diz ao marido que quer visitar a torre ele recusa. O único acesso é pelos rochedos, que são demasiado perigosos naquela altura do ano. Além disso, «there are only bats and ghosts...»

 

Como no conto do Barba Azul, a jovem espera que ele se ausente para explorar o local proibido.

 

É impossível esquecer a imagem de Ingrid Bergman nos rochedos, o vestido molhado, os cabelos revoltos pe­lo vento, tentando encontrar o caminho para o outro lado da casa. A espuma branca das ondas, os gritos das gaivo­tas. Mas quando chega à torre tudo parece imobilizar-se. Abre a porta e sobe lentamente as escadas (nas suas en­trevistas a Truffaut, Hitchcock diz que o filme era somen­te a história de alguém que sobe e desce umas escadas).

 

No quarto da torre há gravuras, livros, uma velha mesa de trabalho. Um homem encostado à janela fuma um ci­garro.

 

A jovem diz o nome do marido.

 

Quando o homem se volta, o rosto é o que conhecemos. E ao mesmo tempo é outro...

 

Bogart diz que é o irmão do dono da casa, mas acres­centa que é natural que ela os confunda porque «I’m wearing his clothes».

 

A partir desse momento é como se a personagem de In­grid Bergman também se desdobrasse. Em casa tem um ar adormecido, move-se como um autómato, responde com monossílabos às palavras do marido e da governanta.

 

Mas depois vemo-la, mais bonita do que nunca, cor­rendo pelas rochas (a ameaça de tempestade parece estar suspensa e há até um pouco de sol; o mar está calmo), apanhando flores brancas que crescem entre os rochedos e que irá dispor num velho jarrão no quarto da torre. Os longos beijos, as conversas sem importância, Bogart len­do em voz alta versos de Shakespeare

 

«For thy sweet love remember'd such wealth brings,

That then I scorn to change my state with kings»

 

ou páginas estranhas que se supõe terem sido escritas por ele.

 

Há uma noite em que a tempestade a impede de voltar Enrosca-se nos braços dele como numa concha, com medo da chuva e de algo de indizível que está do outro lado da parede.

 

Regressa ao amanhecer, uma figura leve, vestida de branco, com um casaco preto pelos ombros e pétalas nos cabelos (tudo é circular, voltamos à igreja, às flores no cabelo do dia do casamento...).

 

A luz da biblioteca está acesa. Um homem de roupão encontra-se sentado junto à lareira.

 

Durante alguns minutos falam de coisas absurdas, como se nada tivesse acontecido, depois ela diz que vai deixá-lo. Bogart sorri com indiferença: «You will never leave this place...» Com um gesto brusco puxa-a para si e beija-a na boca. Depois as suas mãos rodeiam-lhe o pescoço.

 

A tempestade aumenta lá fora, uma gaivota roça o vidro da janela...

 

O corpo da jovem caído no tapete junto à lareira. O homem passa as mãos pelo rosto, como se voltasse de muito longe.

 

Então damo-nos conta de que houve uma testemunha da cena. A governanta está encostada à porta com um ramo de flores brancas nos braços (e por instantes temos a impressão de que é Ingrid Bergman que se ergueu «de en­tre os mortos»). Ela entra na biblioteca e põe as flores nu­ma jarra.

 

Bogart passa pela governanta sem a ver. A câmara segue-o num longo travelling pelos corredores sombrios (é a primeira vez que vislumbramos as entranhas da casa).

 

Ele parece caminhar durante muito tempo até que abre a porta de uma divisão escura. Acende a luz e, afastando uma velha tapeçaria (que representa quatro figuras sem rosto), abre outra porta.

 

Então percebemos que está na torre.

 

E o filme termina com o vulto cansado de um homem que sobe a escada de caracol. Depois, a casa vista do ex­terior. As ondas. Um grande plano das flores brancas que crescem nos rochedos.

 

Truffaut tentou estabelecer um paralelo entre Nightmare e Rebecca. Alguns elementos são comuns — a casa iso­lada, a governanta e acima de tudo a atmosfera irreal, de conto de fadas. Se Rebecca é uma versão de Cinderela, Nightmare tem muito a ver com o Barba Azul e com a Be­la e o Monstro.

 

Hitchcock acrescentou: «Sim, é uma velha história, um conto de fadas, talvez... É acima de tudo, literalmente, um pesadelo.»

 

Mas um pesadelo de quem?

 

Porque nem sabemos claramente quantas personagens tem a história (seres sem alma que não se distinguem uns dos outros...). Se o final parece indicar que não existem dois irmãos mas sim um único homem (nunca o sabere­mos de facto), a parecença da governanta com Ingrid Bergman quase sugere que há uma única mulher...

 

Qual dos dois sonha?

 

E, se quatro personagens podem ser duas, talvez duas possam ser uma só.

 

Talvez só exista um sonhador na casa sobre os roche­dos, talvez só haja uma presença nos quartos abandona­dos, na torre de pedra batida pelas ondas. Qual deles...

 

Ou talvez não exista ninguém.

 

Um sonho sem sonhador.

 

Quase o vazio.

 

Uma simples maqueta.

 

O mar.

 

Gaivotas.

 

E as flores brancas que crescem entre os rochedos.

 

(in Contos de Ana Teresa Pereira, Relógio d’Água)

 

 

 


 


publicado por Augusta Clara às 14:00
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Domingo, 16 de Janeiro de 2011

O Filme - O preço da traição

 

chloe

 

 

 

 

Luis Moreira

 

As nossas maiores fragilidades são também os nossos pilares? A desconfiança, o ciúme, a ingratidão, a traição só têm significado com quem gostamos. Os outros que nada nos dizem não nos podem atingir.

 

Um filme com excelentes actores, uma Julianne Moore portentosa e um Liam Nielson no seu melhor, à volta de um enredo onde a verdade não é o que parece e a mentira é o instrumento que tudo munipula. Mas quem falha são os que se amam, deixam que entre eles se insinue a desconfiança.

 

Quem manipula acaba na teia que urdiu o que nem sempre é verdade na vida real.

 

Uma história contada por linhas tortas...

 

 

 

 

 

publicado por Luis Moreira às 18:39
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Domingo, 19 de Dezembro de 2010

O Filme - O Concerto





VERBARTE

Luís Moreira





É verdade que o passado não regressa mas podem regressar factos desse mesmo passado e quanto perturbadores podem eles ser.

Estamos perante um filme entre a comédia e o drama, com cenas bem conseguidas e hilariantes mas, paralelamente, corre como o marfim, o talento aprisionado nos corpos de homens e mulheres que por razões políticas foram afastados da sua paixão. A música! E, quem os afastou, fê-lo também por uma paixão. O amor a um partido e a uma ideologia!

Chegou a altura da redenção e no ambiente fantástico da grande música, desenrolam-se factos há muito contidos que se vão elevando na arte esplêndida de exímios músicos.

Ficamos sentados muito para além do fim do filme, enquanto não termina o sonho, teimamos em ficar. Gostei muito, embora cenas hajam desnecessárias e que tiram alguma beleza e mistério ao filme!
publicado por Luis Moreira às 08:00
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Segunda-feira, 6 de Dezembro de 2010

Baltazar Garzón: cinema e justiça

Pedro Godinho


Convidado pelo Estoril film festival, no passado mês de Novembro, o juíz Baltazar Garzón falou sobre cinema e justiça. Aqui ficam alguns apontamentos:



Sobre a justiça internacional

O direito é a última reserva contra a impunidade. É esse o âmbito da justiça internacional.

O Tribunal Penal Internacional é a iniciativa de paz mais importante dos últimos anos. O sistema de princípios internacionais constitui um corpo jurídico que contrabalança eventuais abusos nacionais.

Actualmente, há duas posturas judiciais em confronto: uma que advoga que se deve interpretar a lei num sentido mais universalista (linha dos direitos humanos), porque os crimes e as vítimas são universais; outra segundo a qual o que importa exclusivamente é o território e a soberania, que interpreta a lei num contexto estritamente local.

No mundo inteiro, do ponto de vista dos tribunais internacionais, há um consenso de que as normas de impunidade têm de desaparecer.

Sobre a indiferença e a responsabilidade

É precisa uma reflexão sobre a indiferença.

Em Espanha não se discutiu nada. Houve uma transição, mas nunca se debateu a questão dos desaparecidos do franquismo.

Há muita gente que não quer que se investigue isso, porque acha que estamos bem como estamos. Falam, decerto, da sua perspectiva, não da dos familiares das vítimas. Para sarar uma ferida é preciso primeiro limpá-la.

Face aos discursos negacionistas há que praticar uma ética da responsabilidade em lugar do aproveitamento.

É preciso combater a indiferença e defender os valores básicos da ética, da responsabilidade e do bem-comum. Estão teorizados mas há que pô-los em prática. Para isso, a educação é fundamental.

Em Itália, o general Della Chiesa, que dirigiu a luta contra a mafia e a violência organizada, quando lhe disseram que a tortura dos detidos das Brigadas Vermelhos associados ao rapto de Aldo Moro era a única forma de obter informações e salvá-lo, terá respondido que, no limite, a Itália podia permitir-se a perda de Aldo Moro mas não a prática da tortura.

Sobre os registos, a memória e a acção

As imagens, os documentos cinematográficos, são determinantes em processos de recuperação de memória colectiva. Mas estas obras são também fundamentais para consciencializar as pessoas.

Um filme sobre a ditadura  argentina, ou Pinochet, ou o Iraque, tem muito mais impacto junto das pessoas do que uma investigação judicial. E cria consciência para que quando se iniciar uma investigação sobre esses factos os cidadãos estejam lá para exigir que ela se faça.

A acção concreta, por mais inútil que pareça no imediato, pode produzir efeitos, noutro momento, noutro lugar, por mais inesperado e longínquo que pareça. Há que ousar continuar. E fazer bem o que é necessário fazer. É importante que cada um seja um bom profissional e realize correctamente o seu trabalho, por pouco relevante que possa parecer.


Estamos a avançar. E nesse caminho a consciencialização das sociedades é cada vez maior. E isso o que implica? Que as resistências do Poder vão ser também maiores.
publicado por estrolabio às 22:00
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Terça-feira, 2 de Novembro de 2010

O Filme - Ondine - Um Irish puro, sem gelo!

1Luis Moreira

Um pescador pesca nas suas redes uma jovem e bela mulher. O seu canto atrai os peixes e a vontade de viver a um homem alcoólico que tem na filha, doente, a única razão de viver.

Só a criança compreende, dá nome às coisas pouco normais, aceita a verdade ainda que inverosímel, antevê um horizonte menos escuro para todos. E persiste, com a clarividência que só os olhos puros de uma criança são capazes.

As imagens são belas, puras e duras como um wiskie irish, straight, sem água e sem gelo. O mar profundo e cinzento da Irlanda, as suas costas de um verde que se confunde com o mar e com o céu, as sua gentes duras que são capazes de serem felizes neste ambiente hostil e também terrivelmente belo.

Uma história belíssima, pouco habitual, com actores a compor personagens densas e ricas, música e canções trazidas pelas ondas...

Saiam antes da última cena. Até aí tudo é perfeito.

publicado por Luis Moreira às 13:30
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Quinta-feira, 28 de Outubro de 2010

Dia de Lisboa - Lisboa no cinema


Carla Romualdo


Lisboa tem razões para envaidecer-se da sua passagem pelo grande ecrã. Se o primeiro filme produzido e realizado em Portugal foi da autoria do portuense Aurélio da Paz dos Reis e se rodou à porta da Fábrica Confiança, na Rua de Santa Catarina, bem no centro da Invicta, depressa o cinema português tomou a capital como cenário.

De entre as primeiras longas-metragens, ainda mudas, realizadas em Portugal várias tiveram Lisboa como cenário: “O Rapto de Uma Actriz” (1907), de Lino Ferreira, “O Quim e o Manecas” (1916), de Ernesto de Albuquerque, “O Primo Basílio” (1922), de Georges Pallu, “Lisboa, Crónica Anedótica” (1930), de Leitão de Barros.

E esta tendência confirma-se nas primeiras longas-metragens sonoras, a começar pela primeira que se realizou em Portugal, “A Severa”, de Leitão de Barros, realizada em 1931, e a que se seguiria, dois anos depois, “A Canção de Lisboa”, de Cottineli Telmo, do qual se poderia dizer que ainda hoje dificilmente se encontra algum português maior de dez anos que não o tenha visto pela menos uma vez.

A marcha do “Olh’o balão”, o “Fado do estudante”, a canção da agulha e do dedal, o esternocleidomastoideu, “Chapéus há muitos, seu palerma!”. Quantos filmes poderiam orgulhar-se de se terem perpetuado de tal forma na memória de gerações de espectadores como “A canção de Lisboa”?



Os anos seguintes corresponderiam ao "período de ouro" da comédia portuguesa, com uma sucessão de filmes cuja acção decorre em Lisboa: “O Pátio das Cantigas” (1932), de Francisco Ribeiro, cuja acção decorre num típico pátio lisboeta, “O Pai Tirano” (1941), de António Lopes Ribeiro, centrado nas desventuras amorosas de um empregado dos armazéns Grandela, ou ainda “O Leão da Estrela” (1947) e “O Costa do Castelo” (1943), ambos de Artur Duarte. Comédias de costumes, nas quais se exaltam os valores do regime: a honradez na pobreza, a humildade abençoada pela Divina Providência, a casinha modesta e alegre.

Novos ventos soprarão no cinema português a partir dos anos 60, com aquilo a que se convencionaria chamar “cinema novo”. “Verdes Anos” (1963), de Paulo Rocha, com a extraordinária música de Carlos Paredes, rodado na zona do café Vává, traçava o retrato de uma geração encerrada numa Lisboa claustrofóbica.





Seguem-se-lhe “Belarmino” (1964), de Fernando Lopes, retrato em grande plano desse filho de Lisboa caído em declínio, e “Domingo à tarde” (1965), de António de Macedo, adaptação do romance homónimo de Fernando Namora.

Os anos 80 são inaugurados com uma entrada triunfal da Lisboa de má fama nas salas de cinema: Intendente, Bairro Alto, Alfama. É por lá que se passeiam Kilas e a sua amante, a artista de variedades Pepsi-Rita, notáveis Mário Viegas e Lia Gama, cujos passos errantes são embalados pela banda sonora de Sérgio Godinho. “Kilas, o mau da fita” (1980), de José Fonseca e Costa, continua a ser um dos maiores êxitos de bilheteira do cinema português.







“Saudades para D. Genciana” (1983), de Eduardo Geada, transpõe para o cinema o universo literário de José Rodrigues Miguéis e recupera a Lisboa dos anos que antecederam a instauração do Estado Novo, centrando a acção numa pensão da Avenida Almirante Reis.

Nos anos seguintes, Lisboa será cenário recorrente dos mais emblemáticos filmes portuguesas da década de 80: “Crónica dos Bons Malandros” (1984), de Fernando Lopes, “O Lugar do Morto” (1984), de António Pedro Vasconcelos, “O Vestido cor de Fogo” (1985), de Lauro António, “Recordações da Casa Amarela” (1989), de João César Monteiro, este último premiado com o Leão de Prata no Festival de Veneza.







“A Caixa” (1994), de Manoel de Oliveira, cuja acção decorre nas Escadinhas de S. Cristóvão, onde um mendigo cego (Luís Miguel Cintra) defende a custo a caixa das esmolas;





“Corte de Cabelo” (1995), aclamada primeira longa-metragem de Joaquim Sapinho, rodada na totalidade em Lisboa e em particular no Amoreiras Shopping;

“Ossos” (1997), de Pedro Costa, retrato documental da vida no gueto, o bairro das Fontainhas.

E “Capitães de Abril” (2000), de Maria de Medeiros, relato épico das 24 horas mais marcantes da história contemporânea portuguesa.





Recentemente, estreou-se “Desassossego”, de João Botelho, audaciosa adaptação do “Livro do Desassossego” de Fernando Pessoa, a obra fragmentária de Bernardo Soares, ajudante de guarda-livros na baixa de Lisboa.





Lisboa no cinema estrangeiro

No cinema Lisboa já foi Assunción, a capital paraguaia (em “The boys from Brazil”, 1978, de Franklin J. Schaffner) e Santiago do Chile (em “A Casa dos Espíritos”, 1993, Billie August), já foi pano de fundo nunca  identificado em filmes como “The Ninth Gate” (1999), de Roman Polanski, mas foi igualmente cenário privilegiado, quando não protagonista de uns quantos títulos, dos quais o primeiro terá sido “Lisbon” (1956), de Ray Milland, filme de espionagem que incluía na banda sonora o tema “Lisboa antiga”.

Em 1969, James Bond chegava a Lisboa, haveria de instalar-se no Estoril, e acabaria por casar-se e rapidamente enviuvar num dos piores filmes da saga: “007, Ao Serviço de Sua Majestade”, de Peter Hunt.

Amália Rodrigues canta “Barco Negro” em “Amantes do Tejo” (1955), de Henri Verneuil, filme desengraçado mas que vale hoje pela interpretação de Amália e por se ter tornado um documento da Lisboa dessa década.






A luz de Lisboa ficaria eternizada em “Dans la ville blanche” (1983) de Alain Tanner, o que em muito se deve ao trabalho do português Acácio de Almeida, director de fotografia neste filme.

Em “Lisbon Story” (1994), Wim Wenders lança-se numa busca enigmática dos sons de Lisboa, cruzando-se com os Madredeus e com o realizador Manoel de Oliveira numa súbita aparição chaplinesca.

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Ao longo das últimas décadas, Lisboa foi cenário em filmes tão diferentes como “A Casa da Rússia” (1990), de Fred Schepisi, “Noites Bravas” (1992), de Cyrill Collard, “Des Nouvelles Du Bon Dieu” (1996), de Didier Le Pêcheur, “Afirma Pereira” (1995), do realizador italiano Roberto Faenza, ou “The Dancer Upstairs” (2002), primeiro filme realizado pelo actor norte-americano John Malkovich, protagonizado pelo espanhol Javier Bardem e que incluía no elenco Luís Miguel Cintra e Alexandra Lencastre.

E se é certo que nele Lisboa nunca é mais do que uma miragem longínqua, como poderia ficar de fora desta lista o filme em que Lisboa é sinónimo de liberdade, ainda que em trânsito para outro continente? Lisa e Lazlo partem para Lisboa, Rick fica para trás. Podemos ver muitas vezes esta cena, ele nunca tomará aquele avião para Lisboa e no fundo sabemos que foi melhor assim. “Casablanca” (1942), de Michael Curtiz, pois claro.




Fontes:
Base temática de cinema do Instituto Virtual Camões, base de dados Amor de Perdição, e a enciclopédica memória do Carlos Loures



Ray Conniff-Lisbon Antiga
publicado por CRomualdo às 20:00
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Segunda-feira, 11 de Outubro de 2010

José e Pilar

Clara Castilho



Organizado pela Apordoc na segunda metade de Outubro, o doclisboa apresenta todos os anos em antestreia os melhores documentários da última temporada e reúne uma série de programações não competitivas, incluindo a retrospectiva de um autor internacionalmente aclamado.

As masterclasses do festival são públicas e gratuitas. Os encontros informais com os realizadores estimulam o diálogo entre os profissionais e o público.
Ao longo do festival os participantes também podem assistir e participar no Forum Internacional para Co-produções Lisbon Docs (pitching), nos encontros profissionais docbreakfast e na Happy Hour diária, Guest meet Guest.

Pois, no dia 16, em que José Saramago faria 88 anos, ali poderá ser visto o documentário José e Pilar, do realizador português Miguel Gonçalves Mendes (licenciado em Cinema pela Escola Superior de Teatro e Cinema, tendo recebido várias distinções, em que se destacam o prémio Migliore Opera Portoghese di Cultura e Tradizioni d’Europa 2003 por D.Nieves- curta-metragem documental sobre a Galiza e o Prémio Melhor Documentário Português no DocLisboa 2004 por Autografia - um retrato do poeta e pintor surrealista Mário Cesariny de Vasconcelos).



Do texto que nos fala deste filme, que pode ser lido na Visão de 7 de Outubro, podemos ficar a saber que o filme tem estreia comercial simultânea em 22 salas de cinema português, com 16 cópias enviadas para o Brasil, com exibição prevista em 10 cidades brasileiras. O filme resulta de um trabalho de 4 anos, 240 horas de filmagens, cinco meses só para seleccionar imagens, um ano e meio para montar… A leitura deste artigo aguça o apetite. Espero só vir a saber onde poderei ir ver o filme, já que, no dia 16 vai ser impossível.
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publicado por Carlos Loures às 19:30
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Sábado, 25 de Setembro de 2010

Terreiro da lusofonia - Manoel de Oliveira


Sons, cores e palavras do universo lusófono, foi o que prometemos para este Terreiro. Tudo isso existe no cinema. Pois então, que venham os cineastas!
Nem sequer se nos colocou a dúvida sobre qual deveria ser o primeiro a vir ao Terreiro da Lusofonia - Manuel de Oliveira, obviamente.

É um fenómeno! À beira dos 102 anos, continua a trabalhar e a manter uma lista de projectos. Em entrevista dada no final do ano a Gregorio Belinchón do El País, a propósito da estreia em Espanha de «Singularidades de uma Rapariga Loira», com o entusiasmo de um jovem explicou o porquê da escolha – «O filósofo Spinoza dizia que nos julgamos livres porque ignoramos que os nossos actos são comandados pelas mais obscuras forças. Ortega y Gasset, que de dia para dia mais me agrada, fala do homem e da sua circunstância. Isto define o que penso da paixão».



Em 1931, Manoel de Oliveira realizou «Douro, Faina Fluvial» e, desde então, nunca mais parou. Os cineclubistas (há alguns no Estrolabio) conheciam esse filme, fotograma a fotograma. O mesmo acontecia com «Aniki-Bobó», realizado em 1942, de que mostramos as primeiras cenas.




Manoel de Oliveira - uma força da natureza!
publicado por Carlos Loures às 01:05
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