A baixa da notação grega é o toque de finados para a zona euro?
É difícil não considerar as obrigações soberanas gregas como estando na categoria de podres “junks” com rendimentos de 25% para maturidades a dois anos e 15% para dez anos. Nenhum país europeu atingiu uma tal deriva: CCC são três níveis abaixo da solvabilidade.
Esta notação representa definitivamente o toque de finados da dívida grega : ela não vale mais do que apenas uma fracção do seu valor nominal e a ausência de solução a longo prazo para o país não permite mesmo mais uma nota de esperança. A este nível a Standard and Poor' s anuncia perspectivas negativas. Claramente, isto significa que a situação se pode ainda degradar mais. A razão: o risco, agora inegável, de uma reestruturação da dívida grega, inclusive os impactos negativos nos detentores de obrigações. Isto significa, uma falência virtual dos bancos gregos e um impacto severo nos bancos europeus dos quais 3% dos fundos próprios estão investidos em obrigações gregas.
O contexto europeu não ajuda. Este quadro dá uma ideia da situação dos países europeus. Trata-se do custo de uma cobertura de seguro contra uma situação de não pagamento ( Credit Default Swaps). Os outros países estão largamente abaixo de 1%. Aquilo quer dizer que o detentor de uma obrigação de 1.000.000 € está pronto a pagar anualmente 161,000 € para cobrir o risco de não reembolso pela parte da Grécia.
Grèce |
16.1% |
Portugal |
7.0% |
Irlande |
6.9% |
Espagne |
2.5% |
Italie |
1.6% |
Belgique |
1.5% |
Esta notação é o toque de finados da gestão da zona euro: mais ninguém acredita hoje que as tentativas desesperadas de evitar uma reestruturação serão frutuosas. O Parlamento alemão votou a semana passada uma moção que prevê que uma reestruturação implicará reduções de valores para o sector privado. Há um ano, ter-se-ia ter podido evitar esta carnificina. Mas desde as indecisões a medidas erradas ou falsas medidas, diremos, reencontramo-nos agora numa situação já claramente irreversível. Só os actos permitirão voltar a dar esperança. E aqui trata-se de dezenas de milhares de milhões de euros que terão sido deduzidos na conta dos contribuintes europeus.
Esta notação não é o toque de finados para a zona euro. Disse-se demasiado frequentemente que o Euro ia desaparecer ou que a Grécia ia sair da zona euro. A única esperança de salvar a Grécia é mantê-la na zona euro. O regresso ao dracma mergulharia o país numa falência virtual. Além disso para os membros da zona euro, não há outra escolha que não seja a opção de apoiar a Grécia que enfraquece o Euro sem o destruir. O custo da saída da Grécia para as nossas economias calcula-se em centenas de milhares de milhões.
Entre dois males, devemos escolher o mal menor. A agência Standard & Poor’s diminui a nota da Grécia porque há uma grande probabilidade de reestruturação da dívida. Os bancos conseguem ganhos suficientes para absorver uma tal reestruturação. Os bancos gregos deverão ter que ser ou inevitavelmente nacionalizados ou inevitavelmente recapitalizados pelo Governo.
A injecção de capitais a fundos perdidos para evitar uma situação de incumprimento vai ser taxada sobre os contribuintes europeus e não faz mais do que apenas adiar o problema. O plano previsto para a Grécia está agora morto e bem morto.
Tomemos, com coragem, o problema com muita garra mesmo. O tempo das poções mágicas já passou Chegou agora o tempo das grandes e urgenbtes cirurgias. Quanto mais cedo aceitarmos a realidade e reestruturarmos a dívida grega menor será o sofrimento a que seremos sujeitos .
Enviado por Júlio Marques Mota
Traduzido por António Gomes Marques
Zona euro: uma solidariedade deficiente
Durante a crise, as instâncias europeias (a Comissão Europeia, o Conselho, os Estados-Membros) foram incapazes de darem respostas vigorosas. As suas reacções foram tímidas, hesitantes, contraditórias. A sua (ausência de) estratégia não é compatível com o funcionamento dos mercados financeiros; mantendo a dúvida sobre a solidariedade europeia, sobre a possibilidade de certos países faltarem no cumprimento das suas dívidas, elas alimentaram a desconfiança e a especulação.
No final de 2009, o governo grego reviu fortemente em alta os valores do défice público anunciados pelo governo precedente, e foi esta informação que deu a partida para a crise de desconfiança contra a dívida grega. As instâncias europeias e os outros países-membros levaram tempo a reagir, não querendo dar a impressão de que os países-membros tinham direito a um apoio ilimitado dos seus parceiros e querendo sancionar a Grécia, pelo facto de a considerarem culpada por nunca ter respeitado o Pacto de Estabilidade e Crescimento e de ter escondido a dimensão dos seus défices. Os Estados Membros, em especial a Alemanha, anunciaram que ajudariam a Grécia apenas se esta aceitasse assumir o compromisso de organizar um plano de forte redução dos seus défices públicos e que a ajuda seria fortemente condicionada ao respeito deste compromisso, sujeito à regra da unanimidade (ao mesmo tempo, os alemães recordavam que o Tratado europeu proibia a solidariedade entre os Estados Membros e que o seu Tribunal Constitucional poderia proibir que se ajudassem os países em dificuldade), e que a taxa dos empréstimos concedidos “incorporaria um prémio de risco adequado”, o que é absurdo, uma vez que a ajuda tem precisamente por objectivo reduzir a zero o risco de incumprimento. Estas reticências contribuíram, também elas, para preocupar os mercados, o que os levava a continuarem a encarar os cenários de catástrofe.
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